Uma Noite no Halloween. escrita por Ytsay


Capítulo 1
Ela devia acreditar.


Notas iniciais do capítulo

Tem certeza que quer ler isso? Sério? É aqui, entre nós, mas talvez leiamos sangue em algum momento e cortes e os deuses sabem o que mais pode aparecer. Posso te deixar estressado(a) até o fim da história ou talvez até com algum pesadelo...
O.K. Se isso não te impede, eu não insistirei (Porque eu quero que leia! De coração pulsante, quero sim. E quero um oi de/no comentário).
Ah é: Prazer! Meu chamo Ystay, ou Yt se preferir. E sou uma pessoa real aqui, narrando o conto e dedicando algumas horas do dia para produzir e prosseguir. Desejo uma Boa Leitura!



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Ele estava escondido no meio dos humanos fantasiados. Ao mesmo tempo em que era real era irreal; porque era o que aparentava, o que todo mundo via e não notava. A noite apenas tinha começado quando começou a busca por aquele que levaria junto contigo pelo caminho de volta para sua toca. Todos passavam por ele sem preocupação, as crianças fantasiadas, os jovens que aprontavam e os adultos que vagavam e vigiavam seus filhos. Eram muitas opções naquela noite, mas ele seguiu até o fim da cidade, observando cuidadosamente e planejando.

E naquela mesma noite de Halloween, uma garota não sairia de casa. Não viam graça na festa, um tanto pelos pais serem descolados demais e passarem aquela data fora de casa, aproveitando as festas noturnas. Ela ficaria sozinha, fingindo que não existia ninguém na casa, e até imaginava como reagiria de algum engraçadinho quisesse lhe pregar uma peça. E a noite dela se passou com o falatório e músicas na rua do bairro, que estavam enfeitadas com lamparinas bruxuleantes, esqueletos, teias de aranha, monstros e abóboras, muitas abóboras com rostos sinistros.

Não havia humanos que realmente lhe valessem a pena. Seu desejo ainda roncava no seu interior, sob o grosso couro de pêlo negro. Ele precisava fazer aquilo naquela noite, era a sua única chance. As crianças serviriam bem para seu objetivo, mas ainda era outro nível que um dia ia alcançar, então, no momento, escolheria um jovem, mas eles eram instáveis, aqueles que encontrou, ou que mexiam com ele por sua “fantasia”, eram tão indignos de seus planos que prosseguia em sua caminhada solitária.

A meia noite se viu em uma rua sem saída e pouco movimentada de um bairro afastado. Nem notou que andou tanto, pois seguia um grupo de amigos saudáveis e tinha esperança de seguir apenas um, e este seria o seu alvo, mas os três entraram na mesma casa, acabando com seu plano. O silencio estava a toda volta, assim como a noite e a lua cheia. Havia perdido tempo, admitiu pra si. Mas nos poucos segundos que ficou parado sob uma árvore seca de um jardim, notou uma casa de costas para um bosque e a presença única que nela havia. Uma pessoa sozinha, de sangue novo e sem proteção. Era isso que procurava.

Ela havia caído no sono assistindo um canal de vendas, pois não suportava a temática daquele dia encrustada nos outros canais. A casa toda estava apagada, apenas um aquário na sala e de poucos peixes iluminava um espaço com sua luz azulada. Um cão subitamente passou a latir da casa de um vizinho, mas o som era abafado e ela não despertou. Sons de arranhados nas paredes ocorreram, e poderiam ser dos ratos se não fosse o que eram. Se não fosse aquilo que entrava na casa.

A TV se calou no meio da madrugada, de repente. A garota deitada no sofá despertou devagar e confusa, observando a tela negra e o aquário sem luz, tendo apenas o brilho leve que passava pelas cortinas clareando a sala. Lá fora os arbustos do terreno balançavam com um vento que se fortalecia. Era um anúncio de chuva que também significava que seus pais iriam se trancar onde estivessem e dançariam até o novo dia surgir ou o tempo ficar bom.

Voltando a se questionar sobre os aparelhos desligados, a jovem levantou-se devagar e esfregou a vista embaçada com o cochilo. Ela ainda não estava livre da sensação sonolenta, mas caminhou cambaleando pelo corredor e indo para a cozinha, confiante de que conhecia tudo que havia na casa e que nada tinha a temer.

Nas sombras do cômodo, justamente posicionado aonde ela não iria, ele a observou tão imóvel quanto os moveis. A respiração era controlada, os batimentos em seu peito eram agitados, mas silenciosos, e seus olhos amarelados seguiram a jovem em direção ao painel elétrico na parede. Ela acionou as diversas chaves, sem nada acontecer, e desistiu rapidamente em fazer algo com relação à falta de luz causada por ele antes de entrar na casa.

A vista da jovem tinha pouca luz para se adaptar e piorou quando estava no corredor. Teve que usar o tato, tocando as paredes ásperas, e não deu importância para o negro que via, pois isso era tudo, como se estivesse caminhando cega pela casa em que vivia há três anos. Ainda naquele momento acreditava que estava segura, trancada dentro da casa e confiando no mantra que meditava quando o medo lhe soprava um ar frio na nuca: não há o que temer, não é mais uma criança.

Seus passos foram seguidos um por um. Ele se aproximava mais fácil por ser maior, por ter passos mais abertos.

Ela não olhou para trás quando o sopro frio tentou a avisar novamente, mas estacionou no meio do corredor, tentando conter os pensamentos. Por um momento ela mergulhou nas ideias, acreditou nas lendas e refletiu sobre a existência de assombrações e maldições. E nesse momento lutou para esquecer o que ela devia acreditar; esquecer aqueles pensamentos que queriam lhe avisar. A moça se achava forte, cética demais para ficar assustada com coisas que não existia, e até mesmo os filmes de terror acreditava na falsidade, se apegava no fato de serem atores e ser um filme. Mas ela devia ao menos se questionar de onde vinha as inspirações para tanto terror exibidos nas telonas.

Chegou aos pés das escadas e subiu os degraus rapidamente, quase inconscientemente fugindo do que ainda não tinha percebido. A chuva começava a cair, os ventos uivavam e os enfeites, que seus pais puseram na faixada da casa, batiam nas diversas partes onde estavam.

E ele a observou chegar ao segundo andar. Estava convencido de que seria ela. Entretanto, quando subiu os degraus, as garras dos pés arranhavam a madeira, o impedindo de uma subida rápida. Contudo ele não tinha pressa. Podia ouvir os passos dela muito bem, sabia onde ela estava apenas pelo som, sabia que se metera no seu quarto, escancarara a cortina da janela e separava uma roupa limpa do armário para se trocar e ir dormir.

Após estar vestida a moça percebeu que o cheio úmido e térreo não vinha da roupa que vestia o dia todo, ela estranhou e se encaminhou de volta ao corredor do andar. Mas, antes que saísse, parou subitamente na porta com o som do piso que não foi causado por ela. Seu coração disparou e desatou o frio que lhe subiu na coluna ao olhar a escuridão das escadas. Então, com o silencio, ela se xingou, pois era apenas ela na casa, não tinha por que ter o medo. Reuniu coragem e atravessou o corredor entrando no banheiro para a higiene final do dia.

No silêncio do pequeno cômodo escuro, apenas o pote com as escovas sobre a pia e o estranho acento de privada brilhava fluorescente — seu pai tinha um gosto por coisas assim, eram as peculiaridades dele. E graças a isso ela conseguia enxergar as coisas e escovar os dentes. Não demorou muito, ela ouviu mais que os dentes sendo limpos, e parou naquele segundo, com uma pontada no coração. O som do suspiro intenso não era dela e estava próximo, do outro lado da porta, porém sumiu, se tonando uma provável ilusão da mente cansada dela.


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Notas finais do capítulo

Éh, espero não ter assustado com o blábláblá do começo (foi levemente a minha intenção, hehehe).
Parece que estou testando um suspense... E aí, consegui? Porque não sou muito dinâmica em gêneros, estava bem acomodada em ficção e ação, então estou testando um drama em outra fic(Os insólitos, se interessar, também vai ter sangue lá) e aqui um suspense com terror.
Em breve confira a continuação. A meu ver, não chegamos aos 10 capítulos.
Nota: Sou ainda aprendiz de boa gramatica e português, estou disposta a orientações e desculpe se houver erros.