Um Passo para o Amor escrita por LeticiaHeinzmann, Emilisluize


Capítulo 10
Segure-me em Seus Braços




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Minha previsão de que os momentos tranquilos daqui para a frente seriam raros é comprovada já no outro dia, assim que chego na escola. Lucy havia me dito na noite anterior que seria melhor eu não ir para a aula já que estava tão mal, pois havia passado a noite chorando, tive alguns pesadelos, acordei no meio da noite assustada, lembrando-me de John quando ele disse que não poderíamos mais continuar juntos, causando um estresse capaz de não permitir nem que eu durma em paz. Ainda assim, naquela sexta-feira de sol, céu azul e completamente oposta ao meu humor, as coisas ficaram ainda piores, se é que isso era possível mesmo.

Ao chegar na escola e dobrar a esquina do corredor que leva até a minha sala de aula deparo-me com a pior cena que eu poderia ver num momento ruim como aquele: John agarrado com outra menina. Como se não bastasse, era Antonella a garota que ele agarrava, a pior inimiga que eu já tive na vida. Ela era conhecida por ter tido fotos nuas divulgadas pelo ex-namorado depois de uma traição. Por causa disso, ela ficou totalmente revoltada e decidiu que seu novo hobbie seria destruir relacionamentos e, pelo visto, o meu tinha sido seu novo alvo.

Minha vontade era puxá-la pelos cabelos e arrastá-la para longe, mas infelizmente haviam muitos professores no local e eu acabaria prejudicando mais a mim do que a ela. Decido não me humilhar: passo pelos dois de cabeça erguida; mesmo assim, não posso fingir que não vi sua mão percorrendo o corpo de John ou seu corpo esfregando-se de forma vulgar no dele. Mesmo assim, não posso me dar o luxo de chorar ou demonstrar qualquer expressão de aborrecimento na frente de todos, então apenas cerro o maxilar e mantenho a cabeça erguida e a postura ereta sem nem ao menos espiar pelo canto do olho o casal. Casal. Que engraçado atribuir logo esse conceito aos dois. E pensar que há menos de um dia éramos nós dois que definíamos esse termo juntos.

Respiro fundo e sigo em frente. Não posso me distrair com isso agora. Convenço-me de que é melhor assim, talvez seja mais fácil esquecê-lo dessa forma, vendo-o todos os dias com outra. Novamente, minha garganta se fecha ao lembrar dessa possibilidade que havia sido concretizada, mas agora já consigo controlar isso de forma mais eficaz, sem deixar que as lágrimas de fraqueza escorram pelo meu rosto mais uma vez. Vou para a aula e mantenho isso fora do pensamento pelo resto do dia.

Minha rotina segue-se praticamente inalterada sem John fazendo parte dela: de casa para a escola, da escola para a biblioteca e da biblioteca de volta para casa. Passando pelo corredor na saída da escola, vou até o banheiro. Antonella está parada lá e me encara surpresa, mas logo abre um sorriso falso e provocativo, como se estivesse me desafiando a bater em seu rostinho frágil. Não diz uma palavra, o que me deixa aliviada. Se ela dissesse, eu provavelmente perderia a paciência com a sua voz sonsa e falsa tentado me provocar de todas as formas possíveis. É incrível como ela pode me fazer sentir um ódio tão grande por uma só pessoa.

Quando ela sai, tomo conta de quão abalada aquilo me deixou. Olho meu rosto no espelho e apenas meu reflexo já é capaz de fazer com que todos os acontecimentos de ontem e hoje voltem aos meus pensamentos. Tenho vontade de gritar até que minha garganta rasgue e eu fique muda, sem precisar dizer mais nada para ninguém, mas não emito nenhum som além dos gemidos e soluços abafados.

Após alguns minutos, quando toda a tristeza momentânea já deixou de gerar lágrimas, lavo o rosto, mas ele permanece tão vermelho e inchado quanto antes. A escola já estava razoavelmente vazia a essa hora, após todos os alunos que não fazem nenhuma atividade extracurricular terem ido embora, então saio com o rosto assim mesmo.

Me assusto ao virar-me para seguir em direção à porta de saída, pois esbarro com Ethan e cambaleio para trás.

—Ai, meu Deus, me desculpe! — Diz ele, segurando meu braço em uma tentativa de me impedir de cair. — Você está bem?

—Estou. — Respondo, desviando o olhar para o chão para que ele não veja meu rosto avermelhado tanto pela vergonha quanto pelas lágrimas. Entretanto, não funciona, pois ele levanta meu rosto delicadamente com as mãos e deparo-me com seu olhar de preocupação. Parece tão sincero que a vontade de chorar retorna com força ainda maior do que a que me acometeu no banheiro.

—O que aconteceu?

—Eu… — Reflito sobre se contar seria uma boa opção, mas acabo optando por mentir, um hábito que me parece cada vez mais comum e fácil. — Não é nada, juro.

—Vamos fazer um acordo: pouparemos as mentiras. Será mais rápido e simples pra nós dois, okay? — Consinto.

—John estava beijando uma menina hoje quando eu cheguei na escola. — Conto, baixinho, envergonhada.

—Como assim?! Vocês não estão namorando?

—Não estamos mais. Ele terminou comigo ontem. — Ethan faz silêncio por alguns segundos, o que deixa tudo ainda mais constrangedor. Quando estou prestes a inventar uma desculpa qualquer para fugir daquele lugar ele toma uma decisão e me puxa para os seus braços, envolvendo-me em um abraço apertado. De todas as coisas que eu esperava dele, isso com certeza não era uma delas. Mesmo que seja estranho pensar que há poucos dias eu o odiava e sabendo que se não fosse por ele provavelmente eu e John ainda estaríamos juntos, já que ele nunca teria tido uma crise de ciúmes e corrido para Antonella, a sensação de estar com Ethan era boa. Era uma sensação de proteção que ninguém se preocupou em me oferecer num momento em que eu estava frágil e agora ele está oferecendo. E é tão carinhoso, tão protetor que não consigo simplesmente me desvencilhar. Minha mente grita: “Afaste-se, você não pode gostar dele!”, mas meu corpo não consegue seguir essa ordem. Eu estava presa a ele, e gostei de me sentir assim, então apenas permito que continue me abraçando e desejo que nunca mais me solte.


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