Um Passo para o Amor escrita por LeticiaHeinzmann, Emilisluize


Capítulo 11
Venha Passear




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Horas mais tarde, já em casa, não consigo afastar a lembrança daquele abraço. Sinto-me estranha ao pensar nisso dessa maneira. Talvez eu apenas esteja fragilizada por ter acabado de sair de um relacionamento do qual eu gostava tanto, mas por um momento — uma fração de segundo que seja —, admito que senti um calor fulminante subir pelo meu corpo, arrepiar-me e fazer com que eu não tivesse a mínima vontade de bloquear aquele gesto. Por um momento eu realmente senti algo por Ethan, algo bom, muito bom. Quando finalmente fui obrigada a me despedir dele, senti um vazio muito grande invadir meu peito e soube no mesmo momento que ele só poderia voltar a ser preenchido por Ethan. Já que estou sentindo tanta falta dele, decido que devo mandar uma mensagem, ver como ele está.

Aurora: Hey c:

Ethan: Oi, Mack

Aurora: Mack?

Ethan: É, seu novo apelido

Aurora: Pq?

Ethan: Mack, de Mackenzie hahaha

Aurora: Ah ta, okay c: Gostei

Ethan: Que bom. Como você está?

Aurora: Bem melhor. E você?

Ethan: Estou bem

Aurora: Tá fazendo alguma coisa?

Ethan: Não, porque?

Aurora: Queria saber se você gostaria de fazer alguma coisa…

Ethan: Aurora Mackenzie está me convidando para sair?! :o

Aurora: Talvez hahaha

Ethan: E o que faremos?

Aurora: Vamos dar uma volta, um passeio. Podemos ir comer alguma coisa ou assistir um filme, se quiser. Ou você tem uma ideia melhor?

Ethan: Pra mim comer e passear está maravilhoso. Hoje?

Aurora: É, daqui há uma meia hora. Pode ser?

Ethan: Claro. Eu passo aí em meia hora exata.

Aurora: Vou ficar te esperando, não me desaponte! hahahaha Até mais

Ethan: Até, beijos

Largo o celular e vou correndo para o quarto, preciso me arrumar o mais rápido possível. Faço um cronograma mental e distribuo os minutos entre as atividades que tenho que fazer. Cinco minutos para o banho, cinco para escolher a roupa, quinze para a maquiagem e mais cinco para o cabelo. É uma missão quase impossível, mas se eu for ágil consigo realizá-la com pouquíssimo atraso.

Entro no chuveiro e nem lavo o cabelo, apenas passo uma água no corpo para tirar os odores mais fortes. Termino antes mesmo dos cinco minutos, o que me dá tempo de passar um perfume leve.

Troco de roupa, mas não coloco nada de especial, e também não arrumo o cabelo, apenas penteio-o. Sorrio ao olhar para o relógio e perceber que estou quase dez minutos adiantada. Levo uma pequena bolsa junto por causa do dinheiro e do celular.

Desço para o andar debaixo e me sento em uma poltrona enquanto aguardo pacientemente. Ouço passos lá fora e corro para a janela, mas era apenas uma pessoa desconhecida. Bem, talvez não esteja esperando tão pacientemente assim. Sento-me novamente e decido que só levantarei quando tocarem a campainha. Em poucos minutos ouço o som que indica a chegada de Ethan e meu coração bate mais rapidamente. Respiro fundo e controlo meus passos até a porta para não parecer ter muita ansiedade. Abro a porta com um sorriso no rosto.

—Boa noite! — Cumprimento-o, saindo de casa e fechando a porta atrás de mim.

—Muito boa noite, Aurora. Como você está?

—Bem, e você?

—Estou bem também. Vamos lá?

—Vamos. Para onde?

—Ah, tem uma lanchonete aqui perto, achei que seria legal.

—Parece bom. — Concordo.

Caminhamos devagar por alguns minutos, conversando sobre vários assuntos aleatórios, sempre evitando qualquer coisa que pudesse acidentalmente levar ao John ou à Esther. Continuamos andando pelas ruas bem iluminadas, com a gélida brisa atingindo-nos a cada movimento e passados mais ou menos dez minutos finalmente chegamos. O local era belo, muito espaçoso e convidativo. Suas paredes tinham uma tonalidade de azul claro e algumas possuíam textura. As mesas estavam limpas e bem distribuídas. Escolhemos uma próxima à janela.

Comemos, rimos e passamos por alguns momentos um pouco constrangedores, mas a noite acaba sendo muito mais divertida do que eu pensava que seria quando o chamei para sair. Receosos de nos despedirmos optamos por ir dar uma volta. A lanchonete era climatizada e estava quente, então quando saímos o vento provoca calafrios no meu corpo, eriçando cada pelo. Porém, depois que me acostumo ao clima ele passa a ser perfeitamente agradável.

Logo do outro lado da rua estava localizado o maior parque da cidade e um dos únicos que permanecia aberto e policiado até mais tarde. Atravessamos a rua. Ethan me oferece seu braço e engato o meu no dele, mantendo nossos corpos juntos de forma a espantar o frio. Sua pele é quase febril de tão quente em contraste com a minha sempre gelada. Ou talvez seja apenas a sensação causada por uma proximidade tão grande. Tento ao máximo ignorar isso, mas desejo me aproximar mais, sentir todo o seu calor.

—O que achou da noite? — Pergunta-me em tom baixo, como se não quisesse quebrar o silêncio da noite.

—Foi maravilhosa. — Sorrio, observando seu rosto parcialmente imerso em sombras. — Me diverti muito, obrigada por me fazer companhia.

—Eu que agradeço por ter me convidado, por ter me dado mais uma chance depois do que eu fiz. — Ficamos em silêncio por alguns minutos, caminhando por entre as árvores. De repente, ele para e segura minhas mãos. — Eu sei que você me odeia um pouquinho, mas eu gostaria que esquecesse isso, pelo menos por um instante. Gosto de você, nunca quis te fazer mal, te deixar triste.

—Eu sei, já te perdoei. Não foi fácil, mas depois de ver como as pessoas podem ser intolerantes decidi que não queria ser assim. Mesmo as piores pessoas tem um lado bom, ninguém é totalmente mal. Você mereceu uma segunda chance e não me arrependo de tê-la dado. — Sorrio. Durante toda a minha fala eu havia encarado o chão, sabendo que não teria coragem de dizer tudo isso olhando para ele, mas agora que terminei olho diretamente em seus olhos para que sinta a força das minhas palavras.

—Olha, eu não sei bem o porquê… Mas eu gosto de você. Quero te proteger, me preocupo em te ver feliz. Sei que ainda é cedo para que você sinta o mesmo, mas se um dia, mesmo que por um segundo, você cogitar a possibilidade de gostar de mim como gosto de você, estarei aqui, te esperando.

—Talvez não demore tanto assim. — Respondo quase num sussurro, incerta com as minhas próprias palavras, sem saber se quero mesmo que ele as ouça. Lembro de John, dele beijando outra garota apenas um dia depois de termos terminado e me pergunto porque estou me preocupando tanto assim em respeitá-lo. Esse provavelmente é o meu problema, me preocupo demais com o que pode dar errado ao invés de aproveitar tudo o que a vida pode me oferecer. Então ao menos dessa vez eu vou aproveitar, vou arriscar. — Talvez eu já goste um pouco de você.

Aos poucos ele se aproxima de mim, ambos receosos em fazer isso. Suas mãos largam as minhas e sobem pelos meus braços. Ele segura meu rosto com delicadeza e coloco minhas mãos em sua cintura, sem saber ao certo o que fazer. Não era a primeira vez que eu beijava alguém, mas pelas minhas pernas trêmulas de nervosismo poderia jurar que nunca tinha feito aquilo antes. Aproximo meu rosto cada vez mais do seu, e quando finalmente tocamos nosso lábios, sou acometida por uma sensação maravilhosa. Eu estava esperando por aquilo, desejava aquilo desde o momento em que ele me chamou para sair pela primeira vez. Subo as mãos para a sua nuca e apenas nos beijamos, sem ligar para o tempo ou com a possibilidade de ter mais alguém ali. Éramos apenas nós dois em nossa plenitude.


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