Três semanas. Vinte e um dias sem notícias da bandida. E isso o deixava miserável. Nunca pensou que uma discussão daquela a afastaria. Haviam brigado tanto, tantas coisas foram ditas que jamais pensou que ela seria capaz de deixa-lo.

Sim, ele ia se casar com a Toia, havia feito o pedido, estava aprendendo a gostar da mulher mas jamais a amaria. Ele só encontrara amor com a bandida. Toia sabia disso, ele sabia disso. Mas parecia que ninguém estava disposto a aceitar o óbvio.

Em sua cabeça, as noites de amor se chocavam com as lembranças da última noite que se viram. O 'eu te amo' com 'eu vou embora, não era o que você queria?'. Mas o pior era pensar nas vezes em que ela estava ali pra ele e agora simplesmente se foi. Mas ele não estava afim de aceitar isso tão fácil.

Ele já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha ido na cobertura. Toia já havia percebido, ele sabia. Mas agora isso era o que menos importava, ele não conseguia mas conter a aflição, a agonia que lhe atingia.

Nessa noite havia prometido a Toia levar para um jantar. Acabaram de se arrumar, pegou seu carro e foram para um restaurante no centro. O caminho dentro do carro tinha sido de um silêncio ensurdecedor e ao entraram para o restaurante optaram por conversar alguns assuntos aleatórios. Escolheram uma mesa e se sentaram.

Dez minutos ali e pareciam dois desconhecidos. Na realidade ele estava sem saco pra conversinha. Aquilo tudo estava o irritando, sendo assim disse que ia ao banheiro, pediu licença e se levantou.

A bandida não deixava a cabeça dele, ele precisava vê-la. Ele precisava dela. Mil e uma possibilidades de onde poderia estar o invadi-o, e as mil que se passou ele não gostou. Ele estava encostado na pia quando viu um homem sair de uma das cabines.

"Ela é magnífica, cara." Um homem de terno afirmava ao telefone. "Você precisa conhecê-la, ela sim vale a pena." O homem lavou as mãos. "To jantando agora com ela. Se chama Atena." Ele disse antes de deixar o banheiro e Romero sentiu seu coração parar.

Atena? Sua Atena? Não poderia ser possível. Quais seriam a probabilidade de se encontrarem em um mesmo restaurante tendo milhares por ai? Ele não pensou nisso, apenas começou a seguir o homem. Ao chegar na mesa, lá estava ela.

Sua Atena. Impecável como sempre. A roupa caindo perfeitamente nela enquanto agora cachos não moldavam mais o cabelo loiro. O sorriso iluminado era exatamente o mesmo que conseguia mexer totalmente com ele. Mas esse sorriso que tanto ele amava se fechou instantaneamente. Ela o viu e pareceu ficar tão surpresa quanto ele.

"Atena." Ele disse ficando ao lado da mesa. Os olhos marejados se encontravam com o dela cobertos por surpresa e algo mais sóbrio que ele não conseguia distinguir.

"Romero." Depois de algum tempo ela respondeu. Seu timbre estava fraco. "Vamos embora? Eu não estou me sentindo bem." Ela disse pro homem de terno que estava à sua frente. Ele concordou e se levantaram.

"Passar bem." Foi a última coisa dita por ela ao deixá-lo, novamente.