Ela nunca foi ligada a ideia que amor resolve tudo. Jamais teve expectativa em relacionamentos ou pensou que se sentiria completa com alguém. Tudo que sentirá na vida foi carnal, puro prazer, mas não com ele.

Com ele tudo era diferente. Fora avisada por Sueli, por Ascânio que ali era amor e ela simplesmente aceitou. Ela era completamente apaixonada por ele, assim como ele também por ela. Todos sabiam, eles sabiam. Mas ao contrário dela, ele não estava disposto a aceitar.

Parada ali na calçada após deixa-lo em pé no restaurante, ela se mantinha repassando motivos para não voltar lá dentro e falar com ele, gritar mais uma vez e reafirmar o quanto ele foi estúpido por fazê-la de capacho, por não aceitar o amor dos dois e simplesmente se entregar. Por fazê-la amar tanto.

Depois de três semanas longe dele, era como se pouco a pouco a antiga Atena tivesse renascendo. A que nunca deixou um homem trata-la de qualquer jeito, a que jamais se entregou tanto para um homem. Ela o amava, mas antes de tudo amava a si também. Não viveria nada por baixo, muito menos relacionamento. Se fosse pra começar algo, seria no mesmo nível. Essa era a sua certeza.

Por outro lado, ele estava incrédulo no restaurante, ainda tentando entender o que acabará de acontecer. Ela simplesmente havia virado de costas para ele. Sem falar nada, sem deixa-lo falar. Mas não ficaria assim.

Olhou o redor do restaurante e correu em direção a saída. Ao chegar na rua, viu ela na calçada e pensou se estaria esperando alguém. Mas aquilo não importava. Ele chegou por trás dela e a puxou pelo braço. Ela começou a xinga-lo alto e algumas pessoas os encaravam, mas isso também não importava.

"Você tá louco?" Ela disse depositando tapas em seu ombro ao pararem.

"Louco? Você simplesmente me deixou lá igual um idiota." Ele despejou sua raiva e ela gargalhou de ironia.

"Idiota você sempre foi. Não te devo nada, Romero."

"Me deve explicação. Onde você tava? Você simplesmente sumiu." Ela sentiu a irritação lhe tomar.

"Explicação? Sério?" Uma risada seca lhe rasgou a garganta. "Agora tu não tá sendo só idiota como um completo ridículo." Ela fechou os olhos e respirou fundo. "Acabou, tá? Acabou eu atrás de você, acabou eu sendo seu capacho enquanto você tá com a favelinha declarando seu amor, planejando um futuro tão ridículo como você dois. Você desejou tanto que eu te deixasse e aconteceu, Romero. Aceita." Sua voz estava repleta de certeza e ele desejou que aquilo fosse só um blefe.

Ela começou a andar em direção a frente do restaurante.

"Então é isso, encontrou outro para aplicar o golpe e não quer mais resolver nada entre nós?" Tudo parecia só piorar. O reencontro dos dois foi totalmente diferente do que ele imaginava. Talvez ele realmente estava sendo idiota, principalmente por achar que ela nunca ia se cansar da situação caos que era a dos dois. De achar que nunca cansaria dele.

"Resolver o que? Eu indo pra cobertura e você vivendo com a sua noivinha pra quando você tiver exausto vim recorrer a uma noite comigo?" Ela se virou e ele continuo calado. "Talvez eu realmente deva procurar um outro pra dá o golpe. Um que eu faça de otário, não o contrário." Ela disse por fim.

Entrou no carro do cara que estava lhe acompanhando e foi embora, deixando um 'comunistinha' muito puto com ela.