P.O.V. Luciana.

Lá estava eu, na escola tendo aula de matemática quando ouço uma voz conhecida. Uma que pensei que nunca mais ouviria.

–Não me toque plebeu! Eu entro onde eu quiser e quando eu quiser!

–Por favor minha senhora, se não se retirar terei que chamar a segurança.

–Eu não vou sair! Saia do meu caminho seu escravo insolente!

–Mamãe?

–Amara! Minha filha, minha linda filha.

–Como pode ainda estar aqui, depois de todo esse tempo?

–Seja lá o que você fez afetou a linhagem toda. Afetou a mim e a todos os seus irmãos.

–Então o elixir de Qetsyah afetou todos nós. Como um efeito cascata.

–Qetsyah? A menina Bennett?

–Sim. Ela e Silas eram viajantes.

–E você escondeu isso de mim?! Traiu minha confiança!

–Mamãe, ela era minha amiga. Minha melhor amiga e eu amava Silas com todas as minhas forças. Os viajantes são um povo especial, mas nem por isso são maldosos. Você é mais cruel do que eles.

–Como pode dizer isso?! Eu estava apenas querendo proteger o Reino e você.

–Então você devia ter me matado também. Eu também sou nascida numa linhagem de viajantes, o que faz de mim uma deles.

–Não. Isso não é verdade.

–É sim. Qetsyah e eu treinávamos a magia juntas todos os dias.

–Não. Não é verdade, não é.

–O papai era viajante. Você se casou com um viajante e teve uma filha viajante!

–O que está acontecendo aqui?

–Prove. Prove-me que é uma daquelas aberrações.

–Infelizmente quando bebi o elixir eu perdi meus poderes. Não se pode ser imortal e viajante ao mesmo tempo mamãe.

–Ótimo. Aquele elixir foi obra dos deuses.

–Não. Foi obra de Qetsyah. Ela fez o elixir.

–Então você se envolveu com a magia negra daquele povo.

–Não é magia negra mamãe. Você não faz a menor ideia do que é magia negra.

–O que está acontecendo aqui?! Eu exijo saber!

–Cale-se mortal! Isso não lhe desrespeito!

–Tudo o que acontece no meu colégio me desrespeito!

–Você ousa olhar pra mim e levantar a voz para mim?!

Todo o corpo estudantil do Leal Brazil estava olhando a briga entre minha mãe e Minelau.

–Quem é a senhora?

–Eu sou a Rainha Melisandre! Filha de Atena! Uma deusa na Terra.

O diretor começou a rir, o que não agradou a minha mãe e quando eu vi ela já estava encima dele.

–Não mama! Pare!

–Eu não serei desrespeitada por um plebeu mortal!

–Mama! Os tempos mudaram.

–O que isso quer dizer?

–Olhe em volta. Eles não acreditam mais em nada, não tem mais respeito por nada e acham que a senhora é louca.

–Mas, eu não sou louca! Eu sou o que eu sou e quem eu sou!

–Eu sei mama, eu sei. Porque não vamos pra casa?

–Como vamos voltar para o Egito?

–Não vamos. A minha casa é aqui agora, minha família está aqui.

–Sua família? Nós somos sua família!

–E os meus pais também. Eles cuidaram de mim e guardaram meu segredo. Me aceitaram como eu sou.

–Eu sei.

–Como eu pude ser tão cega. Como pude não perceber que este povo conseguiu se infiltrar na minha família como cupins que comem a madeira lentamente.

–Mama!

–Me desculpe querida. Eu estava cega, pelo ódio, pelo preconceito e pela raiva. Mas, eu amei você e ainda amo. Viajante ou não você sempre vai ser a minha garotinha.

Nós nos abraçamos.

–Mas você não era grega?

–Eu sou grega e egípcia. Minha mãe é egípcia e o meu pai é descendente de búlgaros que nasceu na Grécia o que faz de mim grega. Eu nasci na Grécia.

–Mais que mistura ein? Grego com Egípcio e Búlgaro.

–É.

–O seu nome é grego sabia? Eu conheci o Rei Minelau, ele era um tirano que abusava de seu povo e de sua esposa tanto é que ele foi deposto e a mulher dele o trocou por outro homem.

–A senhora está falando da lenda do cavalo de Tróia?

–Não é uma lenda. Aconteceu, eu estava lá eu vi a cidade queimar.

–A senhora precisa de tratamento psiquiátrico.

–Acha que eu sou louca plebeu?

–Mama deixa pra lá. Apenas fique quieta e não diga mais nada.