Meu Amor Imortal.-Luciana e Rodrigo. escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 2
Reconhecida.


Notas iniciais do capítulo

Elas cantam Rather Be.



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P.O.V. Lu.

Vou comprar tecido hoje pra começar a fazer o meu vestido para o baile no fim do ano.

A Lívia está comigo.

–Porque estamos aqui? Não é mais fácil nós comprarmos um vestido pronto?

–É. Mas, não faz o meu estilo.

Assim que nós entramos na loja me arrependi amargamente.

–Como posso ajudar as duas lindas mocinhas?

–Gostaria de comprar um metro de tecido.

–Você! Como é possível? Você não mudou nadinha.

–Me desculpe senhora o que?

–Não se lembra de mim?

Claro que eu me lembrava dela. Flora Castelo Branco, éramos as melhores amigas de todos os tempos.

–Eu nunca te vi antes senhora.

–Sou eu, a Flora. Nós costumávamos passar as tardes juntas, costurando e jogando conversa fora.

–Senhora, quando foi isso?

–Foi na década de cinquenta quando eu era uma mocinha e dançava nas discotecas!

–Olha, caso a senhora não tenha notado eu sou uma adolescente de 17 anos.

–Eu sei que é você. Posso ser velha, mas não sou esclerosada.

Comprei um lindo tecido azul e enfeites de borboleta. Várias camadas para fazer a saia.

Ainda tenho uma estrutura de aço que deixará a saia bem armada, um espartilho para afinar a cintura, as jóias da minha mãe biológica Melisandre.

Fiquei meses e meses fazendo o vestido, dando atenção á cada detalhe.

P.O.V. Lívia.

Ela fez os nossos vestidos. O meu é lilás e o dela é azul.

–Olha, deu um trabalho lascado, mas eu finalmente terminei.

–Posso ver?

–Não. Só na hora.

–Mas, e se eu não gostar?

–Vai gostar. Á propósito, sinto te informar que vai ter que usar corpete embaixo.

–Corpete?

–Espartilho.

–E os penteados?

–Relaxa. Eu faço isso á muito tempo. Seremos as mais lindas e mais autênticas do baile.

–Temos que comemorar.

–É.

Nós começamos a cantar que nem umas loucas. Nós chegamos na escola todas saltitantes.

–Posso saber porque estão tão felizes.

–Porque finalmente os vestidos estão prontinhos.

–Só por isso? Vocês estão tão animadas por causa de dois vestidos?

–É.

–Qual é a dificuldade em se fazer um vestido?

–Você tem que começar por baixo. Passando o tecido ao redor da armação de aço, depois tem que fazer as camadas da saia, uma de cada vez, encaixar tudo uma dentro da outra, colocar o tecido colorido encima e fazer a parte superior do vestido. E na parte superior tem que ter espaço para caber o espartilho e a parte de cima tem que encaixar perfeitamente na de baixo para que se possa costurar.

Depois que fiz tudo isso eu comecei a colar os enfeites e verificar se os pontos não estavam aparecendo e se eu tinha tirado todos os alfinetes do lugar.

Ainda acha fácil?

–Não. Você fez isso tudo em uma semana?

–Não. Fiz isso tudo duas vezes em dois meses e meio.

–Temos que comprar os acessórios e marcar hora no cabeleireiro.

–Eu tenho acessórios e vou fazer meu penteado sozinha. Posso fazer em você se quiser.

–Claro! Sabe, eu nunca tive uma amiga que fizesse tudo o que você faz.

–E nunca mais vai ter. Não existe no mundo outra como eu.

–E as unhas?

–Relaxa. Sei fazer isso, bom a minha mãe é manicure. Acho que ela vai adorar fazer as nossas unhas.

–Legal.

O cabelo da Lívia é muito curto, vou ter que dar um jeito nisso e rápido.

–O que foi?

–É que seu cabelo é muito curto. Acho que vou ter que alongar se não não dá pra fazer nenhum penteado.

–Tudo bem.

–Se você gostar do seu cabelo comprido nós mantemos e se não gostar tiramos depois do baile.

–Beleza. Mas, diz ai onde foi que você aprendeu a costurar?

–Era o que se fazia na minha época. As moças eram treinadas para a vida doméstica e as que tinham emprego eram criadas, como eu. Trabalhávamos dia e noite sem parar fazendo desde cozinhar até pentear os cabelos das nossas Dominas.

–Dominas?

–Senhoras. Nós preparávamos os banhos delas, dávamos banho nelas, arrumávamos seus cabelos, suas camas, limpávamos sua sujeira, esvaziávamos os penicos de manhã. Essas coisas.

–Penicos?

–É. Os filhos delas usavam penicos.

–Sei.

–Ás vezes você fala de um jeito super estranho.

–Estranho como?

–É como se você tivesse saído de um livro de história. Como se fosse de outro século.

–Bobagem. Imagine, de outro século. Mas, que coisa mais louca.

–É.

–O que foi?

–A senhora disse que conheceu você nos anos cinquenta.

–A pobre senhora deve estar esclerosada.

–Ninguém chama mais os idosos portadores de alzaimer de esclerosados.

–Me desculpe senhorita sabe tudo.

P.O.V. Lívia.

Depois da escola voltei na loja e fui falar com a senhora. Ela me mostrou uma foto dela com a Lu. A foto era em branco e preto e parecia estar bem gasta e ser realmente antiga.

–Posso levar para xerocar?

–Claro, apenas traga de volta e não mostre a ninguém.

–Claro que não.

–Sabe, eu sabia que ela era especial. Só não imaginava o quanto, até hoje.

–Obrigado senhora Castelo Branco, tenha um bom dia.

–De nada minha jovem, tenha um ótimo dia.

Tirei xerox da foto e comecei a procurar, a pesquisar. Encontrei vários relatos, quadros de diversas épocas diferentes onde ela estava retratada. E cheguei a uma conclusão.

–Ela é imortal.

–Quem é imortal minha filha?

–Ninguém.

–Sei. Espero que você saiba que pode me contar qualquer coisa.

–Eu sei. Qualquer coisa menos isso.

–Isso o que?

–Imagine a reação das pessoas se soubessem que existem pessoas como ela? O que fariam contra ela, o quanto a vida dela seria um inferno.

–De quem estamos falando?

–De ninguém! Já disse que não posso contar!

–Tudo bem. Tenha calma.

–Eu tenho que ir.

Antes de sair apaguei o histórico e me certifiquei de não deixar nenhuma ponta solta.


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