— Por favor, me desculpe de verdade. – Karin insistiu mais uma vez, apenas para se certificar de que não tinha estragado tudo com sua falta de jeito.

— Está tudo bem. – Inoue disse com um sorriso amarelo, ela havia levado uma bronca de Unohana, já no primeiro dia.

E, depois de sair zonza da sala de sua difícil chefa, ela se deparou com Karin andando de um lado para o outro no corredor, e agora elas estavam sentadas na cantina em frente a escola, tomando um café, por insistência da Kurosaki que havia pedido desculpas, talvez pela vigésima vez.

— Ufa. – Karin disse aliviada por não ter colocado tudo a perder. Ela nunca tinha visto Ichigo olhar para uma garota, como ele havia olhado para Orihime.

Aquilo tinha de significar alguma coisa, a Kurosaki pensara com determinação, não estando pronta para desistir de seu irmão ainda.

— Então, eu sou Karin Kurosaki... – A morena disse dando ênfase ao nome Kurosaki, para ver a reação de Orihime, mas ela não demonstrou nenhuma reação especial, e ela não conseguia extrair nenhuma informação útil.

Restando-lhe deixar-se levar por sua intuição, e trazer a jovem para mais perto de si. Pois, assim cedo ou tarde, ela se encontraria com Ichigo, e Karin tinha a esperança de que assim, que o caminho de Ichigo se cruzasse com o da garota... A química milagrosa da paixão, o faria esquecer a pulha da Senna.

— Sou Inoue Orihime. – A ruivinha dissera de um modo amigável.

E, logo as duas engataram uma conversa agradável. Karin tinha perdido sua mãe muito cedo, e seu pai sofria de esquizofrenia, então ela não pode contar muito com ele... Apenas com Ichigo e sua irmã gêmea, que apesar disto era muito diferente não apenas na aparência, mas também na personalidade.

Agora, ela havia ido fazer intercâmbio no exterior, restando apenas Ichigo. Orihime também foi criada pelo irmão, os pormenores ela não falou, mas a julgar pelo seu olhar, Karin sabia que ela tinha suas dores.

O irmão da jovem havia morrido algum tempo atrás, e ela estava sozinha no mundo. Aquilo inspirou a empatia de Karin.

Ela tinha o seu namorado Uryuu, mas ainda assim se sentia solitária na maioria das vezes, já que nos últimos tempos ela não conseguia contar muito com Ichigo.

Elas trocaram ideias sobre a carreira, mesmo sendo jovem Orihime estava formada, e estava começando a trabalhar na escola em que Karin recém estava começando a definir seu caminho profissional.

Falaram sobre moda, sobre séries de TV, sobre horóscopo... E, quando deu por si estava escurecendo, mas a conversa estava boa que Karin realmente não queria se afastar de Orihime.

Havia se aproximado com segundas intenções, porém acabou deparando-se com alguém que ela realmente apreciara a companhia.

Então, seu celular tocara e Uryuu mandara uma mensagem, dizendo que estava passando por perto da escola, e se ela queria carona.

Um rubor cobriu as bochechas de Karin que dera um sorriso abobalhado.

— Hm. Alguém está apaixonada... – Orihime disse baixinho, um tantinho constrangida, não queria ser invasiva, mas achara tão fofa a expressão de Karin que ela não conseguiu evitar.

— Sim, é o meu namorado Uryuu Ishida. – Karin dissera mostrando uma foto dela, e de um rapaz muito alto de profundos olhos azuis e cabelos negros, abraçado com ela, parecendo sério, mas simpático de alguma maneira.

— Estamos juntos há seis meses. – Karin disse em um tom confessional. – Ele era o melhor amigo de meu irmão mais velho, e eu achei que ele nunca iria me dar bola... Mas, ficamos no último natal, e ele foi meu primeiro beijo e também... – Karin ficou ainda mais vermelha, em estar fazendo confissões do tipo para alguém praticamente desconhecido. Mas, ela não tinha com quem compartilhar aquelas coisas. – Bem você entendeu.

Orihime balançou a cabeça, embora não tivesse entendido nada. Só sabia que Karin estava apaixonada e tinha um namorado, e ela se sentiu feliz por sua mais nova amiga.

Embora, uma parte pequenina dela ficasse ansiosa, para que chegasse logo a sua vez. Ela nem mesmo havia sido beijada ainda.

— Só um minuto... – Karin disse começando a digitar, uma mensagem para Ishida para que ele a encontrasse ali e depois a levasse para casa.

— Prontinho! – Karin disse sorridente, sendo acometida por uma dúvida óbvia. - E, você é solteira, Orihime? – A ruiva era belíssima, então não seria de se estranhar que ela tivesse alguém.

Mas, então Orihime reiterou o qye já havia deixado entender: ela estava sozinha. Não havia mencionado nenhum namorado até então, e ela quase admitiu que se quer havia sido beijada, mas não queria parecer uma abobalhada diante de sua mais nova amiga.

Logo, o namorado de Karin chegou, depositando um beijo em sua bochecha, e a abraçando pela cintura, o que deixou Orihime um tantinho envergonhada, pois não queria ficar segurando vela.

— Amor, essa é Inoue Orihime... Uma nova amiga... Assim espero. – Karin disse resvalando um pouco nas palavras, não queria parecer muito carente, nem oferecida, mas para seu alívio Orihime pareceu confortável com suas palavras.

— Olá, muito prazer. – Ishida disse ficando impressionado. A garota era muito bonita, parecia uma dessas modelos de capa de revista. Não é que ele estivesse a cobiçando, estava satisfeito com sua namorada, mas mulheres bonitas existiam para serem admiradas, não?

Ainda assim, nada ficou implícito em seu semblante frio quando ele apertou sua mão em um gesto absolutamente impessoal.

Eles ficaram conversando um pouco, ela ficou sabendo que Ishida era bioquímico e trabalhava em um laboratório na cidade vizinha. Seus dois pais eram médicos, e ele estava um pouco afastado deles, porque ambos não aceitaram sua decisão de não seguir o ramo da medicina.

Ele também tinha uma irmã que era professora de literatura em outra cidade. Seu nome era Nanao, e ela tinha um namorado que era músico. E, ele faria um show na cidade, e isso rendeu a Orihime um convite, que pareceu uma oportunidade perfeita para Karin para aproximar Orihime e Ichigo.

Ela só tinha que descobrir como arrastar seu irmão idiota para o show de Hisagi.

...

Uma hora mais tarde, Ishida levara Orihime em casa, por insistência de Karin e dele próprio, que não deixaram que a jovem ruivinha pegasse de novo um carro por aplicativo.

Ela sabia que tinha de tirar carteira e adquirir um carro, mas seu imã natural para acidentes a faziam ter receio de tentar algo assim.

— Vocês não querem subir? – Orihime ofereceu educadamente, embora ela não estivesse muito afim de fazer sala para seus dois mais novos amigos.

Não é que ela desgostasse da companhia deles, mas ela estava cansada e queria pensar em tudo o que vinha acontecendo em sua vida.

Novo trabalho, novos amigos... Faltava apenas um novo amor.

Mas, felizmente Ishida e Karin tinham seus próprios planos, e a deixaram na porta do condomínio, depois de muitas despedidas, principalmente da parte de Karin.

Rolando os olhos, Ishida, pisou no acelerador e preparou-se para arrancar o carro, mas então alguém atravessara repentinamente a rua, forçando Ishida frear inesperadamente.

— ISHIDA! – Karin assustou-se estando grata pelos dois estarem de cinto de segurança.

Indiferente ao que aconteceu, Tatsuki seguira correndo no mesmo ritmo até Orihime que distraída também não percebeu.

— Só pode ser louca. – Uryuu dissera entredentes, enquanto notava uma mulher de cabelos curtos, e roupas esportivas ir até Orihime com quem seguiu conversando, indiferente ao fato de ter atravessado a rua feito um animal irracional.

Felizmente, ele era uma pessoa calma e contida, que não arranjou briga por causa disto.

...

Mais tarde já aconchegada nos braços de Ishida, Karin contou sobre seu plano, e seu namorado como sempre reclamou que ela se preocupava demais com o idiota do Ichigo, pois tinha sua própria vida para viver.

Se ele não queria se ajudar não havia nada o que fazer. Isso rendera duas ou três discussões entre eles, e uma delas quase os levou ao término do relacionamento.

— Bem, se eu te disser minha opinião, você vai brigar comigo e vai dormir no sofá... – Ishida disse deslizando a mão pelo corpinho pequeno de sua namorada.

— Uryuu a Senna foi embora, Ichigo está se enterrando em vida por causa disso... Poxa, ele é meu irmão...

— Ele quer ficar sofrendo por quem não está nem aí para ele. – Uryuu dissera impaciente, enquanto afundava a boca no pescoço de Karin, ele era fissurado naquele cheiro.

Quando a irmãzinha, dois anos mais jovem de seu melhor amigo, se declarou para ele... Uryuu achou que não tinha feito nada para merecer seus sentimentos.

Mas, ele aceitou os sentimentos de Karin, e as coisas foram se tornando sérias, agora eles dividiam o mesmo apartamento. Sendo que por ele, os dois já teriam firmado um compromisso mais sério, mas Karin não queria.

Era toda moderninha, dizia que o relacionamento deles não precisava de aliança, papel, ou nada que não fosse a vontade deles de ficarem juntos.

Mas, esse tipo de coisa as vezes o deixava inseguro. Ele gostava de estabilidade, foi criado dessa maneira, uma família perfeita e bem-sucedida, estável como uma rocha.

Karin então o beijou, desistindo enfim de falar sobre Ichigo.

Ele achava que sua namorada carregava muita preocupação com sua família complicada.

Uryuu já achava que cada um era dono de seu caminho, e que deveria arcar com as próprias escolhas sozinho, como ele mesmo fizera, quando resolveu cursar aquilo que ele gostava e não o que seus pais mandavam.

Unohana e Ryuuken, cortaram toda forma de auxílio e ele teve de se virar fazendo um financiamento estudantil e vários estágios para conseguir se manter no caminho que tinha escolhido, e valeu a pena.

Ele pensou enquanto afundava o beijo em Karin, sentindo a maciez do seu corpo abaixo de si, ele era um homem de sorte por ter aquela pequenina todinha para si, mas ele perguntava-se porque ele se sentia tão solitário, na maioria das vezes?

...

— Nossa foi um dia cheio, hein? – Tatsuki disse soltando uma risada espontânea.

As duas estavam no elevador, conversando abertamente sobre seu dia, e era reconfortante ter alguém para dividir seus perrengues e suas conquistas.

Mas, no fim cada uma foi para sua casa, depois de prometerem de se encontrarem com mais calma no dia seguinte.

Mas, Orihime tinha que tomar um banho e descansar, porque no dia seguinte ela seria uma trabalhadora assalariada, com um grande desafio pela frente.

Mas, depois de comer um ramen de porco, e deitar-se nas cobertas ela não conseguiu tirar certo ruivo de sua cabeça, e ela não conseguiu deixar de imaginar se essa Karin Kurosaki, não teria alguma ligação com ele.

Então, em seus sonhos, ela o encontrava, os dois se apaixonavam, e ela se casava com Ichigo, com Karin sendo o padre que abençoava aquela união e depois eles saiam em uma nave espacial, para um mundo só deles.

Era um sonho maluco, mas que pusera um sorriso nos lábios de Orihime.