You escrita por PepitaPocket


Capítulo 20
Consequências




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— VAI EMBORA.

Tatsuki dissera dramaticamente a plenos pulmões, enquanto mantinha as costas escoradas na porta, enquanto mantinha os dedos sobre seus lábios, sem acreditar que tinha tido o seu primeiro beijo.

— Tatsuki, a gente precisa conversar.

Ishida, porém não se deu por vencido e continuou pressionando a campainha, com insistência.

— EU QUERO QUE VOCÊ VÁ EMBORA.

A outra insistira, se odiando por estar sendo tão covarde, mas a questão é que perto daquele quatro olhos com obsessão por branco, ela não conseguia responder direito por seus atos, e isso a assustava demais.

A prova disso é que ela deixou que aquele idiota, cometesse a heresia de beijá-la. Sendo que ela tinha prometido a si mesma, só fazê-lo quando sentisse que fosse com alguém que valesse a pena.

E, em seu julgamento racional Ishida, apenas não valia.

Ele era um homem comprometido, e se era verdade que tudo tinha terminado com Karin, ela não queria ser esse tipo de mulherzinha que arruinava a relação dos outros.

— Eu não vou embora... – Uryuu dissera com teimosia. – Vou continuar aqui a sua espera, uma hora você vai ter de sair dai e agir como uma adulta.

— Quem não está agindo como adulto aqui é você. – Tatsuki disse segurando a mão para não girar a chave na fechadura. – E EU NÃO VOU SAIR PARA FALAR COM VOCÊ.

A outra disse saindo pisando duro em direção ao quarto.

E foi a vez de Uryuu ter de lutar com a vontade de enfiar, o pé naquela porta e agir como alguém que era totalmente desconhecido para ele.

Tatsuki batera com força a porta de seu quarto, onde tinha vários pôsteres de suas equipes esportivas favoritas.

A sua cama era de casal apenas, porque na época ela encontrou um bom mobiliário do tipo em promoção.

A estante ao lado com centenas de medalhas e troféus que ela ganhou desde que era criança, não apenas como carateca, mas também como triatleta e maratonista.

Deslizara a mão por uma medalha, de latão totalmente desbotada e com a fita amarelada.

Correra os dedos, pelo objeto metálico enquanto lutava com a vontade que estava sentindo de chorar. Coisa que ela raramente fazia, mas as lembranças que aquele objeto lhe traziam, lhe causavam dor.

“Okaa-san, veja GANHEI uma medalha”. – Ela tinha quatro anos, quando entrou correndo em sua casa, cheia de entusiasmo para mostrar a sua primeira conquista, competindo com uma aluna da outra turma da pré-escola que ela frequentava.

A mulher estava ali em pé parada, com sua pele muito clara, e os olhos cinzentos e expressivos.

— Muito bem, pequenina. – Sua mãe tentara sorrir, mas seus olhos estavam muito triste.

— Hum. – O sorriso de Tatsuki desmanchou-se assim que a viu daquele jeito.

— Você acha que o papai vai gostar?  – Ela perguntou um pouco receosa da resposta que ia ouvir. Ultimamente, o homem andava trabalhando demais, o tempo livre que ele normalmente passava com sua família, ele fazia fora de casa.

Reduzindo drasticamente os passeios, e as partidas de futebol no quintal de casa.

Um soluço escapara dos lábios da mãe de Tatsuki, que a enlaçou em seus braços, sem nem mais conseguir conter o pranto.

— Seu pai foi embora, Tatsuki. Ele nos trocou por uma sirigaita mais jovem. – A mulher não medira as palavras para a criança, que não entendeu o significado daquilo, mas não gostou de qualquer maneira.

Pois, depois daquilo a única coisa que ela teve de seu pai foi o cheque de pensão que ele pagou religiosamente em dia. E, sua mãe perdera totalmente o brilho, afundando-se no trabalho, sorrindo apenas quando ela trazia uma nova medalha para casa.

É por isso que Tatsuki se sentia tão mal.

Ela estava se comportando como a mesma mulherzinha que arruinou o casamento de seus pais.

— Desculpe, Ishida... Mas, eu não vou me envolver com você. – A jovem dissera se deixando chorar, enquanto olhava o retrato dela e de sua mãe, abraçadas nas últimas férias que passaram juntas, há dois anos.

Agora Tsume Arisawa, encontrava-se morando com sua irmã na Califórnia, enquanto a jovem permanecera no Japão, simplesmente porque amava o seu pais. Mas, mesmo longe, ela não queria fazer nada para decepcionar a mulher que a criou desde que tinha quatro anos de idade.

— E, certamente se envolver com um cara que terminou o namoro, só para ficar comigo, a decepcionaria. – Ela murmurou para si mesma, pensando em dar uma atenção ao Renji que já havia lhe mandado várias mensagens.

Mas, a insistência de Ishida na campainha, não deixava a jovem carateca, nem ouvir seus pensamentos.

”Saco, eu odeio você”.

Tatsuki sussurrara para o rapaz, que continuara ali, cumprindo sua palavra de que não sairia até que ela saísse.

Então, eles estavam em um impasse. Porque se precisasse hibernar ali que nem os ursos fazem no inverno, ela o faria.

Ela disse se deixando cair na cama, e tapara a cabeça com o travesseiro, tentando ignorar o som estridente e irritante da campainha.

...

O quarto estava na penumbra, e Ichigo acordara com um peso sobre seu peito, e um vislumbre do semblante sereno de sua doce Hime, era a melhor das visões que ele poderia ter tido aquela manhã.

Exceto, pela dor em sua virilha.

Ao ver o quão ereto ele estava, Ichigo ficou agradecido por ter acordado antes que Orihime. Não queria que sua gatinha o achasse um tarado, por ficar daquele jeito, só por olhá-la adormecida.

Por isso, cuidadosamente tratou de afastá-la de seus braços e acomodá-la no travesseiro ao seu lado, lamentando em ter de sair da cama.

E, fora direto ao banheiro.

...

Quando acordou, Orihime deu um pulo da cama, assim que deslizou a mão ao lado onde Ichigo deveria estar, e não o encontrou.

Porém, ela logo se aliviou, quando o viu sair do banheiro, com os cabelos molhados, e usando apenas a mesma calça de moletom do dia anterior.

Mesmo sem ter outra roupa para botar, ele não conseguia ficar sem um banho, logo que saia da cama. Era seu ritual, pessoal, para de fato despertar.

— Porque não me disse que iria tomar banho? – Orihime dissera levantando-se da cama, e caminhando até ele com uma expressão cheia de culpa, o que pareceu um tremendo exagero, na opinião de Ichigo.

— Eu que peço desculpas gatinha, por bancar o abusado e usar seu chuveiro sem pedir. – Ichigo disse a enlaçando pela cintura, e se esforçando para lhe dar um sorriso sincero.

E, aquilo pareceu agradar Orihime, que lhe presenteou com um selinho nos lábios, ao mesmo tempo que deslizava a mão por seus cabelos molhados. E, ela descobriu que gostava de senti-lo desse jeito.

Será que Ichigo, ficaria zangado se ela mantivesse um borrifador por perto, só para deixar o cabelo molhadinho?

— Posso beijá-la? – Ichigo perguntou lutando com o impulso de tocar os lábios de sua amada, mas não queria assustá-la com um movimento sem aviso.

Orihime, por sua vez se derreteu toda, com toda a gentileza do rapaz, em dormir com ela, sem exigir nada além de sua companhia. E, ainda ser tão cavalheiro ao beijá-la.

— Já era para estar beijando. – Ela disse querendo ser mais ousada, mas só conseguiu avermelhar que nem um tomate ao dizer isto.

Por sorte, ele nem percebeu isto. Pois apressou-se em enlaça-la pela cintura e tomar seus lábios, com ternura, mas sem deixar de aprofundar o beijo, e invadir sua boca com sua língua.

As mãos dele deslizaram por suas costas, esfregando de um jeito que deixou Orihime um pouco nervosa. Ainda mais, quando seus corpos se colaram mais ainda, e ela o sentiu “em todo seu vigor”, mesmo depois dos esforços dele de disfarçar sua vontade.

— Gomensai. – Ele disse afastando-se assim que notou que a moça se retesou em seus braços.

— Hum. Venha, eu vou secar seu cabelo e vou conseguir uma roupa para você.

Mas, antes que ele ficasse ainda mais encucado, Orihime, sorriu e o segurou pela mão, levando-o em direção ao banheiro mais uma vez.

...

Karin acordara aquela manhã se sentindo indisposta.

Tanto que nem teve energia de sair do futon onde estava deitada, desde que Rangiku praticamente a empurrara, insistindo que ela passasse a noite ali, na casa dela.

Era desagradável, ter de estar comendo pela mão dos outros. Mesmo, que os outros fossem amigos queridos.

— E esse é o problema... – Ele disse sabendo que estava sendo cruel com as palavras, mas não ia deixar de ser sincero. – Você não avança, continua no mesmo lugar, andando em círculos como uma barata tonta.

Por algum motivo, ela lembrara naquele momento das palavras de seu ex-namorada. E, seus olhos castanhos muito escuros, marejaram-se de tanta tristeza, ao lembrar das coisas duras que ele lhe disse.

“Credo vai comê-lo com os olhos, se continuar o olhando desse jeito”.

Acabou quase rindo quando se lembrou do que Yuzu lhe dissera, logo nos primeiros tempos, quando o que ela sentia por Uryuu, era uma mera atração.

O cara sério e fechado, que estava sempre na cola de seu irmão. Era quase um clichê de romance adolescente... Ela quase nem acreditou, quando um dia totalmente no impulso, ela se declarou.

O modo como os olhos azuis de Uryuu se arregalaram, diante de suas palavras. E, o modo como ele se aproximou, e segurou sua cintura, e a beijou.

Foi como se ela tivesse dentro da cena de um filme naquela época.

Mas, uma vez alguém lhe disse que a realidade é canalha, e a prova era tudo o que estava acontecendo em sua vida.

Cansada, de ficar ali se enroscando cada vez mais no edredom, ela reuniu todos os resquícios de força, que ela tinha e tratou de com muito custo, buscar ajuda da única pessoa no mundo que ainda tinha alguma obrigação no mundo de ajuda-la.

“Yuzu, a sua proposta de eu ir morar com você, ainda está de pé?”

Karin, digitou essa mensagem, inocentemente para sua irmã.

Para Lorenz, autor da teoria do caos “é como se o bater das asas de uma borboleta no Brasil, tempos depois, causasse um tornado no Texas”.

Pequenas coisas, pequenos detalhes, que separados, parecem não ter nenhuma importância.

Mas, quando ligados a outros acontecimentos...

Karin mandou uma mensagem para Yuzu.

Que quis saber os detalhes, e Karin que estava precisando desabafar contou sobre seu término abrupto com Uryuu, colocando pormenores na história que não condiziam exatamente com a realidade, mas era como ela enxergava todos os acontecimentos.

“Uryuu, me trocou para ficar com a vaca da amiguinha de Orihime”.

...

— Tem certeza, que você não se importa? – Ichigo perguntou se sentindo estranho dentro daquelas roupas tão estranhas.

Uma calça jeans azul, uma camisa social, e um sapato que ficou um pouco apertado no seu pé, mas até isso Orihime fez questão que ele vestisse.

— Hai. – Ela disse dando-lhe mais um selinho, enquanto terminava de ajeitar o colarinho da camisa, que também era de seu irmão.

Era a primeira vez, que ela via alguém vestindo aquelas roupas depois de tanto tempo.

A maioria das coisas, ela doou, mas algumas poucas coisas ela fez questão de guardar, como aquela muda de roupa.

— Certo. Eu devolvo, assim que as peças voltarem da lavanderia. – Ichigo dissera beijando-lhe na testa, notando a nostalgia no olhar de sua garota.

— Não tem pressa. – Ela disse dando um sorriso, mas que não alcançou seu olhar.

               Tudo que remetia a Sora, ainda lhe causava muita dor. E, ela duvidasse que iria conseguir superar totalmente a perda do alicerce que a sustentou até que ela chegasse até ali.

               Aborrecida com a direção de seus próprios pensamentos, Orihime balançou a cabeça, pois ela sentia que toda vez que ficava triste, ela estava traindo a memória de seu irmão de alguma maneira, que iria querer que ela sorrisse e fosse feliz.  

— Fome? – Ela perguntou conduzindo suas mãos para suas costas, enquanto o encarava com uma estranha expectativa.

E, estando perto de Orihime, Ichigo percebia que se sentia faminto de muitas maneiras. Ao mesmo tempo, que era preenchido por um novo tipo de disposição e bom humor.

— Um pouquinho. – Ele diz querendo fazer charme, mas seu estômago o traiu, fazendo com que Orihime sorrisse de orelha a orelha, entusiasmada com a ideia de ter o primeiro café da manhã com seu precioso Kurosaki-kun.

Mas, antes que Orihime, alcançasse a geladeira, a campainha de seu apartamento, tocou... Pois, Uryuu achou que era uma boa ideia, ir até Orihime e pedir para que a ruivinha o ajudasse com Tatsuki.

Já o celular de Ichigo tocou, trazendo uma mensagem de Yuzu, que parecia ter lembrado que tinha um irmão em sua terra natal.

Mas, o conteúdo da mensagem não deixou o Kurosaki, nada feliz.  

E, ver Ishida ali com “toda sua cara de pau” foi ainda pior, na opinião de Ichigo.

— MALDITO, como se atreve a fazer isso com minha irmã? – Ichigo dissera puxando Ishida, pelo colarinho da camisa, e ficando cara a cara com o outro que franziu o cenho, aborrecido por seus problemas aparentemente não terminarem.

Já Orihime que estava com uma caneca de porcelana na mão a deixou cair, assustada com a atitude violenta de Ichigo.

Seria aquele o fim de seu conto de amor?


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