Revenge Angel escrita por V Giacobbo


Capítulo 6
Masks and lies




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Ele parou sob o batente da porta, a mão na maçaneta. Seu olhar tornou-se frio e, por mais que ele pudesse tentar esconder, triste.

- Hoje é o último dia do mundo bruxo como o conhecemos. – respondeu ele, a voz rouca, fazendo-me arrepiar – Hoje é dia 31 de julho, V.

Ele saiu sem falar mais nada. Eu permaneci parada, olhando o espaço vazio que ele deixara como uma débil-mental, minha mente sem conseguir raciocinar depois do que ele dissera.

Então os pensamentos vieram como uma tsunami, devastando-me. É impossível saber qual certeza se formulou primeiro na minha mente devido à velocidade e volatilidade dos pensamentos. Eles vinham e iam tão rápido que eu mal tinha tempo de realmente compreendê-los.

Talvez minha nomeação tenha me ocorrido primeiro. Snape me chamara de V e não mais daquele maldito Srta. Skywalker. Os pensamentos que se relacionavam com isto eram confusos e cheios de suposições. Eu me perguntava qual era a intenção dele ao usar meu codinome, se seria com seriedade, respeitando minha decisão de abandonar meu antigo nome, ou se apenas para me desdenhar. Eu estava confusa, não conseguia entender.

Então uma outra linha de pensamento veio e toda a rede de suposições sobre as intenções de Snape sobre meu codinome se extinguiu. 31 de julho, o último dia do mundo bruxo como o conhecíamos. Foi o que Snape havia dito e eu não duvidava. Se minha vida virou do avesso com um simples feitiço, mesmo este feitiço sendo a Maldição da Morte, o mundo também poderia se transfigurar em algo irreconhecível através de poderes mais intensos.

- Hoje é aniversário do Potter. – eu consegui formular uma frase coerente e, depois disto, retomei o controle de meu raciocínio – Ele já tem maioridade bruxa. O que será que vai acontecer? – eu me perguntei, olhando para a janela.

O céu estava estrelado e não havia lua. Senti-me triste e incompleta. Eu amava a lua e ela sempre me confortava. Suspirei e me ergui, pondo-me em frente à janela.

- Amanhã tudo irá mudar. Mas... mudar para o que? – eu apoiei a cabeça no vidro, os olhos fechados – Se, na pior das hipóteses, o Ministério cair... Potter terá muitos problemas.

Suspirei novamente. Se Voldemort matasse Harry Potter, minha promessa nunca seria cumprida. Eu tinha a certeza de que para que eu triunfasse Harry Potter também teria que vencer.

- Acho que vou me arrepender disto. – bufei depois de pensar por alguns minutos.

Eu retirei o rosto do vidro e fiquei completamente ereta. Coloquei a mão sobre meu peito e respirei fundo, olhando para as estrelas. Eu não sabia as consequências do que eu estava prestes a fazer, sabia apenas que, se ainda fosse uma jedi, teria um imenso significado.

- Que a Força estava com você, Potter. – desejei, retirando a mão do peito e a estendendo para o céu, como se ali houvesse uma oferenda.

De fato, eu oferecia força e sorte para O Eleito, basicamente, concedia-o a minha benção. Eu só não sabia se ele a receberia.

=.=.=

Sonhos estranhos, como na minha infância. Apesar disto, eram apenas sonhos e não vislumbres do futuro. Acordei várias vezes durante as noites que se seguiram. O silencio tenebroso da casa me causava arrepios. Não pelo silencio em si, mas pelo que eu conseguia concluir dele. Snape estava ausente desde a noite do dia 31.

Já havia se passado uma semana e isto me assustava. Se o dia primeiro de agosto se tornara o primeiro dia de um mundo bruxo totalmente novo, só podia significar uma coisa: Lord Voldemort assumira o poder, direta ou indiretamente. Eu torcia pelo Potter e, talvez, minha benção não seria o suficiente para ele. Na pior das hipóteses, ela não teria efeito algum.

Durante o dia, na solidão daquele quarto, eu não conseguia evitar de pensar no pior que pudesse acontecer além daquela casa quieta. Eu ai dormir com um aperto no peito e uma tristeza sobre a mente cada vez maior. O medo que eu reprimira a vida inteira corria em minhas veias como adrenalina em uma batalha. Medo pelos meus amigos, minha prima, meus irmãos. Todos eles, Rafael principalmente, eram como irmãos para mim.

Ao deitar em uma noite, cheguei a chorar por eles, de medo, de carinho, de saudades. Foi como uma das noites das minhas férias de verão anteriores, quando Luke era muito cruel e o conforto que eu sentia com meus amigos parecia uma ilusão. Naquelas noites eu tinha sonhos estranhos, embora me transmitissem muita paz e amor. Eram paisagens belíssimas, um lago rodeado por montanhas e um grande gramado verde vivo cheio de flores com cataratas ao fundo. Completando aquelas imagens maravilhosas havia uma canção entoada por uma voz masculina, serena e carinhosa.

Aquela mesma canção, aquele mesmo timbre acolhedor embalaram meu sono aquela noite. Eu estava tão desprotegida sentimental e mentalmente que tive o delírio de ouvir a voz e a canção antes mesmo de dormir. Durante a noite, tive a sensação, mesmo em meio àquelas imagens maravilhosas, que havia alguém comigo, ao meu lado. Essa sensação ficou tão forte que eu despertei, meu instinto de defesa alerta.

Foquei o olhar na porta, primeiramente. Minha visão estava desacostumada com a escuridão, então não consegui enxergar direito. Não conseguia mesmo, já que vi a maçaneta girando. Pura loucura minha. Olhei em torno, avistando o quarto inteiro. Não havia ninguém ali. Minha sensação era apenas ilusão.

=.=.=

Acordei na manhã seguinte sem conseguir lembrar direito dos sonhos que tivera. As imagens belas eu me recordava, já os outros sonhos estranhos não. Isso era típico de sonhos estranhos. Depois de ter feito minha higiene, sai do banheiro e olhei para a escrivaninha, onde meu café da manhã sempre aparecia.

- Opa... – sussurrei sem entender – Cadê você?

Caminhei até a escrivaninha, onde não havia sequer sinal do meu café da manhã.

- Só pode ser brincadeira. – bufei, afastando-me do móvel para não chutá-lo.

Olhando pela janela, vi a manhã típica de verão ser rompida por nuvens de chuva que vinham do horizonte.

“Maravilha, chuva! E eu aqui nesse quarto.” – pensei, revoltada.

Eu havia abandonado a ideia de me teletransportar para fugir a muito tempo. Eu tinha certeza de que se fizesse isto, perderia a oportunidade de matar Snape.

Fiquei olhando as nuvens de chuva se aproximarem velozes, trazendo consigo alguns relâmpagos e trovões. Quando as primeiras gotas de chuva bateram na janela, eu me afastei e comecei a andar em círculos, pensando em como utilizar daquele tedioso tempo para que ele passasse mais rápido.

A temperatura caiu o suficiente para que eu sentisse frio com meus shorts e camiseta. Peguei um sobretudo de dentro da minha mochila, que ainda estava sobre o armário, e o vesti.

- Que fome. – sussurrei, colocando a mão sobre a barriga que se contorcia.

Por um rápido momento, um lapso de insanidade passou pela minha cabeça. Eu caminhei até a porta de saída e girei a maçaneta. A porta abriu, para meu espanto. Fiquei parada, em choque, olhando a porta aberta e o corredor além dela.

- Aberta? – questionei com a voz baixa.

A surpresa passou e eu fiquei alerta. Olhei através dos dois lados do corredor, comprovando que ele estava vazio. Procurei na estante oposta à porta por minhas adagas, que estavam ali algumas semanas antes, quando eu ainda estava presa àquela cadeira.

“Merda!” – dei um soco sobre o móvel.

Olhei preocupada para o inicio do corredor, onde havia o começo da escada para o primeiro andar. Respirei fundo e me dirigi à escada. Estava escuro lá embaixo, eu desci os degraus com cuidado e o mais silenciosa que podia. Havia uma porta ao pé da escada. Eu girei a maçaneta e abri uma fresta da porta.

O outro aposento estava mal iluminado, então eu abri mais a porta para poder ver melhor. Era uma sala pequena com todas as outras paredes da sala eram revestidas de livros e, no centro, um sofá, uma poltrona e uma mesinha.

Fiquei fascinada pela quantidade de livros ali. Entrei na sala, a boca semi-aberta pela surpresa. Parei em frente à estante do lado da porta e passei os olhos pelas lombadas encardenadas de couro negro e castanho. Eram títulos que eu nunca vira antes, mas eu conseguia distinguir o apelo às poções.

Caminhei em torno da sala, os dedos passando pelas lombadas e os olhos pelos títulos. Fiquei embebida naquilo. Eu era apaixonada por livros desde minha infância. A biblioteca de Hogwarts era como um paraíso para mim. É claro que eu não era como Hermione Granger. Ela era um pouco psicótica por livros. Eu não, o que eu sentia era apenas prazer em ler e não necessidade obsessiva.

Eu estava do outro lado da sala, na estante oposta à porta pela qual havia entrado, quando parei para ler com mais atenção o titulo de um livro de couro negro. Depois de assimilar o titulo, fiquei toda arrepiada. Com os olhos arregalados, estudei os títulos dos livros próximos a mim.

Por um milésimo de segundo eu não consegui respirar. Aqueles livros eram de magia negra. Ao estar do lado deles depois daquele curto tempo, eu pude sentir a energia negra que elas páginas exalavam.

Afastei-me da estante, dando alguns passos para trás. Toda a boa sensação que eu sentira com os livros anteriores se esvaiu. Eu me senti mal, um aperto no peito e um frio na barriga. Por um segundo senti minha mente estremecer dentro de mim. Vi fleches velozes de imagens terríveis. Estava prestes a dar um grito quando ouvi um barulho às minhas costas.

Fiquei paralisada e mal ousei respirar. Minha mente voltou ao equilíbrio e uma chama se acendeu em meu peito. A percepção da energia dos livros e a opressão dela sobre mim diminuiu tanto que eu parei de senti-la e até me esqueci dela. Eu tinha algo mais importante para me preocupar. Alguém estava ali comigo e eu fora inútil o suficiente para não percebê-lo. Estava muito óbvio quem estava ali.

- Há quanto tempo, V. – disse-me ele, Snape.

Eu me virei com o rosto congelado de seriedade. Ele estava sentado na poltrona, as mãos juntas com os cotovelos apoiados nos braços do móvel e a expressão vazia como os olhos.

- Surpresa em me ver? – perguntou ele.

Dei um sorriso desdenhoso, encarnando por completo o anjo vingador que eu havia me tornado.

- Um pouco, afinal, você esteve fora todos esses dias. – respondi, escolhendo as palavras e o tom com cuidado.

- Estive ocupado. – Snape falou, uma mescla de orgulho pintando sua face.

Fiquei séria de novo, as hipóteses sobre o mundo bruxo retornando à minha mente. Ele percebeu a minha mudança e deu um sorriso sádico.

- Seja lá qual for a fantasia que você montou em sua mente, a verdade é que, finalmente depois de tantos anos, o Ministério está sobre o controle do Lord das Trevas.

Não fiquei muito surpresa com aquilo. Já estava óbvio demais.

- Imagino que ele deve ter te recompensado pela morte de Dumbledore, não é? – fui o mais sarcástica que o assunto me permitia, afinal de contas, falar sobre a morte de Dumbledore ainda me abalava.

Porém, eu me lembrei da marca na palma da minha mão. Eu cerrei a mão esquerda em punho, pressionando com os dedos a marca da minha promessa. Vi o olhar de Snape oscilar do meu rosto para meu punho e voltar ao início com um brilho de diversão.

- Muito mais do que recompensar eu diria. – o peito dele estufou tamanho seu orgulho e felicidade.

Ah! Como eu odiava aquele jeito sonserino de ser.

- Jura? – eu dei uma risadinha descrente.

- Hogwarts vai reabrir dia 1º de setembro. – disse ele com um enorme sorriso.

Eu ergui uma sobrancelha. Hogwarts nunca havia fechado, então, como poderia reabrir? Snape tomou a mesma linha de pensamento.

- Ela será reestruturada com novos professores e novas diretrizes, além de, é claro, um novo diretor. – seu sorriso se alargou.

Eu saquei imediatamente onde ele queria chegar. Provavelmente alguns comensais da morte lecionariam em Hogwarts e ele seria o novo diretor de Hogwarts. Não pude esconder o alarme diante daquilo. Senti meu rosto tomar uma máscara de espanto e meu olhar ficar vago.

- V! – exclamou Snape, acordando-me.

Eu pisquei várias vezes e balancei a cabeça antes de encará-lo séria novamente. Durante os segundos de silêncio que se seguiram, nenhum de nós sem desviar o olhar um do outro, eu pensei rapidamente no que ele acabara de me contar e as consequências daquilo.

Snape iria para Hogwarts, ele não poderia me levar para lá, não poderia me manter presa lá, não em meio aos meus amigos e outros professores, não comigo na Grifinória. Ele iria me soltar. Era perfeito!

Fiquei tão feliz com minha conclusão que dei um sorriso enorme. Snape arqueou uma sobrancelha, certamente não acreditando na minha expressão.

- Qual o motivo da sua felicidade? – perguntou ele, um pouco irritado.

- Você vai para Hogwarts, não pode me levar junto. – meu sorriso se alargou ainda mais, eu me sentia triunfante.

Fora daquela casa, livre do domínio de Snape, eu poderia me preparar para um ataque. Não era difícil se infiltrar em Hogwarts com a minha habilidade de teletransporte. Eu iria matá-lo. A imagem da minha vingança formou-se na minha cabeça, inebriando-me.

Contudo, contrariando todas as minhas expectativas, Snape soltou uma risada sonora e fria. Eu saí da minha fantasia e o olhei séria.

- Você acha mesmo que eu vou te soltar? – questionou ele, voltando a rir em seguida.

A chama no meu peito ganhou um pouco de força. Eu fechei meus punhos e bufei. Isso pareceu causar efeito em Snape, pois ele parou de rir e ficou extremamente sério.

- Você irá para Hogwarts sim! Não vou te deixar livre, não com essa sua obsessão em me matar. – falou ele, a voz dura.

- Ótimo! Faça isso! – eu ri desdenhosa – Dentro ou fora de Hogwarts eu irei te matar! – dei um sorriso vitorioso – E lá eu terei ajuda.

A chama dentro de mim ganhou ainda mais força, aquecendo-me e dando-me coragem e ousadia.

Snape me encarou, a carranca de Mestre de Poções presente em sua face. Eu permaneci ereta e imponente, segura de meu triunfo. Sem desviar seu olhar de mim, ele colocou uma das mãos dentro de seu sobretudo negro e retirou um rolo de pergaminho.

- Está vendo isto? – ele me perguntou, a voz serena e fria.

Eu dei de ombros.

- O conteúdo desde pergaminho é, exatamente, os nomes e endereços de... adivinhe quem? – a postura dele era a mesma de minutos antes, a voz e a expressão também, o que me fez ser mais cautelosa e até abandonar minha posição de triunfo foram seus olhos, eles estavam ainda mais negros e sem vida do que o habitual.

Engoli em seco e desviei o olhar por um segundo. Para tentar voltar à minha posição confiante, cruzei os braços e fechei a cara, encarando-o desafiadora.

- Gabriela Atwood, Glenda Diggory, Layla Milan, Rafael Scalabrini e Tiago Armstrong. – Snape citou os nomes pausadamente.

Cada sílaba dita me feriu, cada nome fez com que minha posição fosse destruída e minha máscara desafiadora quebrada. Eu encarei o pergaminho, a mente trabalhando rápida em algum plano mirabolante que me permitisse retirá-lo das mãos daquele homem. Avancei apenas um passo, instintivamente, e Snape puxou o pergaminho para perto de seu peito, ainda permitindo que eu o visse, mas não que o alcançasse.

- Agora você vai me ouvir e fará o que eu mandar. – sentenciou ele.

Eu neguei com a cabeça, cerrei as mãos em punhos e bati um dos pés no chão, erguendo a cabeça imponentemente.

- Não! – exclamei.

Snape franziu o cenho e balançou a cabeça em desaprovação.

- Você ainda não entendeu, V? – questionou ele.

- Eu acho que você ainda não entendeu. – retruquei, ácida e voraz – Se eu te matar aqui e agora esse pergaminho não terá efeito algum. – eu comecei a me concentrar, a me preparar para um duelo, para uma luta, para o inferno que seria instaurado naquela sala se nós dois começássemos a lutar.

- É ai que você se engana. – um sorriso triunfante desenhou-se nos lábios de Snape enquanto ele se erguia – Você me julga idiota o suficiente para ter apenas uma cópia disto? – ele ergueu o pergaminho para mim enquanto andava na minha direção com passos lentos e curtos.

Ele estava certo, mas ir contra o que eu havia dito estava fora de questão.

- E onde estaria a ou as outras cópias deste pergaminho?! – eu o desafiei, perguntando mais alto, avançando também, o encarando como se fosse matá-lo em breve, e era o que eu pretendia.

Nós paramos de andar quando estávamos frente a frente, menos de um passo nos separando. O pergaminho preso firmemente pelos seus dedos na altura do meu peito e muito próximo de mim. Eu olhava para cima, nos olhos dele, e ele olhava para baixo, nos meus olhos.

- O nome Fenrir Greyback lhe é estranho? – perguntou Snape, a voz sussurrante e fria.

Meu corpo não reagiu, mas minha mente deu um grito e estremeceu na minha cabeça. Eu não podia acreditar naquilo. Eu estava certa de que ele estava blefando, eu tinha que acreditar nisso ou iria cair no jogo sujo dele.

- Blefe. – eu respondi no mesmo tom de voz dele, adicionando apenas uma mescla de desafio.

- Eu não sou do tipo que blefa, garota. – retrucou ele, a voz ficando rouca devido ao tom baixo fazendo-me arrepiar.

Eu o encarei por algum tempo em silêncio, tentando encontrar na minha mente alguma lembrança que pudesse me ajudar naquele caso, algum argumento que contradissesse Snape. Um sorriso muito sutil brotou no canto do meu lábio quando eu me senti segura novamente.

- Você não é tão leal assim ao Voldemort, sabia? – levantei a pergunta em tom de escárnio – Pois, se fosse, teria deixado ele matar o Potter naquele jogo de quadribol.

- Qual a relação entre a minha lealdade ao Lord das Trevas e o assunto em questão? – ele ergueu um pouco o pergaminho, quase o deixando tocar meu queixo.

A pergunta dele me fez perder o foco. Meu argumento pareceu inválido naquele momento. Porém, meu orgulho não permitia que eu voltasse atrás.

- Você protegeu Harry porque tinha uma divida com James Potter, não é? – perguntei e não precisei de resposta, Snape reagiu como se tivesse levado um tapa, mas não se afastou, apenas encarou-me com raiva – Antes de ser um comensal da morte, você é um professor de Hogwarts, você tem um dever a cumprir para com a escola e seus alunos. Você não pode colocar os alunos em perigo.

Ao contrário do que eu esperava, Snape deu um sorriso largo e triunfante.

- Quer arriscar? – questionou ele.

Aquilo me desarmou. Eu engoli em seco antes que conseguisse impedir. O sorriso dele aumentou ainda mais.

- Uma cópia lacrada deste pergaminho está com Fenrir Greyback. – informou ele, dando-me as costas e retornando para a poltrona, onde se sentou com uma postura vitoriosa – O lacre será rompido em dois casos. Primeiro, se eu ordenar; e, segundo, se eu morrer. O lobo já tem ordens de matar as pessoas cujos nomes estão escritos no pergaminho. Contudo, conhecendo-o como eu o conheço, sei que ele não apenas os matará, se é que me entende V. – seu sorriso tornou-se sádico.

Eu fiquei olhando-o em silêncio, minha mente tentando assimilar aquilo. Snape estava falando a verdade, ou pelo menos estava mentindo com muita maestria, e eu não queria descobrir se era ou não teatro da parte dele. Mais uma vez ele me tinha em suas mãos, sob seu completo controle.

- Sente-se. Eu lhe direi tudo o que deverá saber. – o tom dele era divertido, ele notara que eu já havia me rendido.

A chama negra que ardia dentro de mim já tinha apagado há muito tempo. Eu apenas suspirei, olhando para o teto, desejando nunca ter saído daquele quarto. Sentei-me no sofá, o mais distante possível de Snape, apoiei os cotovelos nos joelhos e juntei as mãos, deixando meu tronco inclinado para frente, meu olhar fixo em um ponto vago no meio de uma das estantes.

- Você irá para Hogwarts comigo no dia primeiro sob uma nova identidade. – disse ele com calma, como se especulasse sobre o tempo.

- E minha aparência? – perguntei, raciocinando um pouco, apesar da mente turbulenta, e o encarando – Poção Polissuco tem efeito limitado e feitiços de transfiguração podem ser desfeitos muito facilmente. Isso não vai dar certo! – sentenciei com firmeza.

- Dará certo sim! Você só precisa agir conforme eu disser e seus amigos estarão seguros. – ralhou ele um pouco alterado, dando um soco no braço da poltrona.

- Ok! Ok! – exclamei ainda mais irritada, mesmo que nenhuma chama ardesse dentro de mim – Só me diz como esse plano louco vai funcionar!

- Plano louco é o que você tentou fazer. – criticou-me ele com um tom pra lá de sarcástico.

- Vai falar ou não?! – dei um bufo sonoro e cruzei os braços, jogando minhas costas de encontro com o sofá.

Snape colocou a mão dentro de seu sobretudo novamente e retirou de dentro do bolso um fraco com um líquido transparente.

- Essa é uma poção que eu mesmo criei, sendo assim, apenas eu sei como cancelá-la antes que seu efeito termine sozinho. – ele não pareceu arrogante, seus olhos estavam fixos no frasco, parecia alguém normal, um simples professor de Hogwarts e não um comensal da morte.

- O que ela faz? – fiquei um pouco curiosa, admito.

- Ela altera totalmente a sua aparência, como a Poção Polissuco. Porém, existem duas particularidades únicas. Primeiro, seu efeito dura aproximadamente trinta horas; e, segundo, a nova aparência pode ser qualquer uma, basta que a sua imagem esteja formada em sua mente. Entendeu? – ele perguntou em tom irônico, como se duvidasse da minha capacidade mental.

Eu girei os olhos e bufei de leve.

- Imagem formada na minha mente. – eu repeti o que ele dissera – Eu só preciso imaginar quem eu quero me transformar? – ele assentiu com a cabeça – Então, se eu quiser me transformar em Voldemort eu posso?!

Foi a vez dele revirar os olhos. Ele se levantou e caminhou até uma das estantes presentes atrás de mim. Eu o segui com os olhos e o vi desaparecer por uma porta secreta. Pouco depois ele voltou com um livro e parou na minha frente, estendendo-o para mim.

- Aqui estão todas as informações que você tomará, de agora em diante, como verdade sobre si mesma.

Eu peguei o livro e o abri, enquanto ele retornava para sua poltrona. Na primeira página havia uma ficha com todos os dados da minha nova identidade. Meu nome seria Laureen Ebony, filha de um casal de bruxos norte-americanos que havia falecido há pouco tempo. Minha transferência para Hogwarts seguia como ordenado pelo meu novo tutor, o próprio Snape.

- Eu não serei isto! – exclamei com revolta, jogando o livro no colo dele.

- Você não decide nada, garota. Tudo já foi arrumado. Documentos e provas de seu sangue-puro. – bradou ele, erguendo-se com o livro em uma das mãos.

- Eu não sou puro-sangue!

- Mas será! – ele se inclinou sobre mim, agitando o livro na altura dos meus olhos – Assim como será Laureen Ebony.

Eu tomei o livro das mãos dele, assustando-o um pouco já que ele se afastou o suficiente para eu me reerguer.

- Eu não vou conseguir fazer esse teatro mascarado. – andei pela sala, folheando o livro, que possuía a história detalhada de Laureen Ebony.

- Você passou sua vida inteiro fingindo não ser o que era. – acusou ele, fazendo-me parar de caminhar de costas para ele pelo choque da denúncia – Assim, conseguirá ser Laureen Ebony ou a lista de vítimas do Greyback crescerá. – completou ele, ameaçador.

Fechei o livro com um baque, bufei e, fechando os olhos, me visualizei matando Snape com minhas garras.

- A poção deve ser ingerida todas as noites, antes de dormir, para garantir sua aparência contínua. Todo domingo você deve ir à minha sala, pois te darei a quantidade exata de frascos para uma semana. Entendeu? – a explicação retirou-me de minha fantasia.

- Certo. – eu abracei o livro ao cruzar os braços e me virei para encará-lo – Então, eu devo imaginar minha aparência todos os dias ao tomar a poção?

- Não, a primeira dose define os efeitos das seguintes. – respondeu ele, sentando-se espaçoso e confortável no sofá.

- Ótimo. – mal terminei a palavra e já saí com passos rápidos em direção à porta para o segundo andar.

- Ainda não terminei, V. – disse ele em tom de censura.

Eu bati o pé e me virei, fitando-o com o máximo de raiva que eu conseguia sem a chama queimando dentro de mim. Ele apenas ergueu as mãos, em uma havia o frasco da poção e em outra uma varinha.

- Sobre a varinha: eu alterei sua aparência, mas ainda é a sua varinha. Estou devolvendo-a para você porque não há motivos nem recursos para ir atrás de uma nova. Lembre-se que se algo acontecer comigo, o pergaminho de Greyback se abrirá. Sobre a poção: beba, pense em uma nova aparência, coloque uma das roupas que estão dentro do guarda-roupas e desça para tomar o café da manhã. – orientou ele falando pausadamente para que eu gravasse melhor, como se eu realmente precisasse daquilo.

Fiquei surpresa por ele me devolver minha varinha. Ele estava muito seguro de seu plano, confiante o suficiente para me dar uma arma que pudesse matá-lo. Era óbvio demais que eu não faria nada. Ele já havia notado minha fraqueza, meus amigos.

Eu voltei até ele e tomei o frasco e a varinha de suas mãos, dando um sorriso falsamente educado.

- Estou sem fome. – dei-lhe as costas e retomei minha caminhada.

- V! – exclamou Snape, sua voz pela primeira vez alterada desde o dia 31.

- Mas que inferno! – berrei, virando-me para ele, um incêndio explodindo dentro de mim.

- Bem vinda ao meu mundo. – ele parecia tão embalado pelo ódio quanto eu.

Eu apenas bufei e sai. Dentro do quarto, joguei o livro e a varinha sobre a cama e bati a porta com um estrondo.

- Ah que ódio! – berrei sem me importar que Snape ouvisse.

Ainda com o frasco da poção em minha mão, tive o impulso de jogá-lo na parede, mas impedi-me antes de fazê-lo.

- Mas que merda! – ao invés de jogar o frasco, atirei a escrivaninha e tudo o que havia em cima dela no chão.

Eu precisava extravasar o ódio antes que o incêndio me consumisse. Fiquei xingando em voz alta enquanto atirava tudo ao meu alcance no chão e paredes. No inicio o ódio era contra Snape, todo o seu jeito de ser, toda a sua forma de falar e seus olhares e modos completamente sonserinos. Mas com o passar dos segundos, minha mente trabalhando veloz, impulsionada pelo incêndio que queimava todo o meu interior, aquele sentimento forte passou a ter outros alvos. Especificamente cinco.

Gritei de ira contra meus amigos. Por causa deles eu não poderia cumprir minha missão, minha vingança, minha promessa. A marca em minha mão iria arder, quando eu não sabia, mas não importava quanto tempo restava até o fato, o que importava é que ele aconteceria e por culpa deles.

Nunca fiquei com tanta raiva do meu grupo anteriormente. A minha relação com eles nunca antes foi tão ingrata e posta em jogo. Por alguns segundos aleatórios eu desejei que nunca tivesse ficado amiga deles, que nunca tivesse descoberto que Gaby era minha prima, que nunca tivesse aberto a porta de casa para um garoto da vizinhança.

Durante esse tempo de loucura tive o impulso de arremessar o frasco da poção no chão ou na parede mais duas vezes. Na vez seguinte fiquei mais irritada com aquilo do que com todo o resto. Eu segurei o frasco com firmeza e o encarei com muito ódio como se ele fosse o próprio Snape.

- Como a coitada da Lilian Potter conseguiu ser sua amiga durante tantos anos? – abri o frasco e tomei a poção, jogando o vidro na parede em seguida.

Por um segundo o incêndio abrandou e um pensamento coerente formou-se na minha mente. Eu devia me controlar e seguir em frente, jogando com o destino, aceitando as ordens de Snape para aguardar o momento certo para apunhalá-lo. Segui o pensamento, respirando fundo por um longo tempo, apagando o incêndio aos poucos.

“Uma nova aparência, totalmente diferente. Pense V, imagine!”

Imaginei-me mais alta e bem magra, como modelos famosas que eu vira nas revistas de Alice, minha mãe. Eu iria ter olhos claros de cor não muito classificável, entre o azul e o verde, um rosto fino e delineado e cabelos compridos cor de mel com cachos grandes e definidos.


Antes mesmo de terminar minha projeção eu já sentia o meu corpo formigar, todo ele, até mesmo meus olhos. Senti também meus cabelos crescerem, as pontas dos fios acariciando minhas costas cada vez mais próximo da cintura.

Quando a sensação terminou, fui até a cama e, com alguns feitiços simples da varinha, arrumei o quarto. Depois, abri a porta do guarda-roupas e retirei a primeira peça que vi, um vestido de verão com alças todo branco e de bordados em verde.

“Sonserino como sempre!”

Enquanto trocava de roupa, notei que uma franja batia em meu rosto, logo acima dos olhos, e que meus cabelos estavam como cascata em minhas costas, lisos demais. Eu não havia imaginado nem a franja nem o cabelo liso.

“Tem algo errado aqui.” – pensei, calçando o chinelo e, depois, dirigindo-me ao banheiro.

- Puta que pariu. – exclamei quase sem fôlego, a voz morrendo em minha garganta.

Sem a menor dúvida eu estava ferrada. Cabelos vermelhos como fogo e olhos verdes esmeraldas. Quem me encarava do espelho era Lilian Potter. Eu era Lilian Potter sem uma única diferença.

- Danou-se. – sentenciei, confiante da minha desgraça.

Então eu percebi algo a mais, um detalhe além da aparência nova. Meu rosto estava completamente liso, sem nenhuma cicatriz. Apalpei minha bochecha e encarei meu novo reflexo com olhar critico. Eu não estava tendo uma ilusão. Para eliminar qualquer dúvida, dei um leve tapa no local onde jazia a cicatriz. Esperei a dor me atingir, mas ela não veio. Olhei todo o meu corpo e belisquei levemente onde sabia que existia uma cicatriz. Nada. Nem dor nem cicatriz.

Eu sorri por um único segundo, feliz por não possuir tamanho ponto fraco em meu corpo.

Saí do banheiro, porém voltei logo em seguida com a varinha na mão. Um aceno simples resultou em um rabo de cavalo alto. Prendi a varinha no próprio rabo de cavalo, cruzando-a entre minha cabeça e o elástico que prendia os fios. Aproveitei para selá-la ali com outro feitiço, impedindo-a de ser retirada por outras mãos ou por um feitiço qualquer.

Desci para o primeiro andar. Snape não estava na sala, então fui para a cozinha, cuja porta oculta estava entreaberta. Durante os poucos passos, eu me preparei para qualquer reação de Snape, fosse agressiva ou não. Minha mão já formigava, requisitando a varinha entre seus dedos.

Respirei fundo e entrei em silêncio. Snape estava de costas para mim, de pé, dando orientações para alguém que eu não conseguia ver.

- Snape. – chamei com calma.

Ele se virou e sua expressão de superioridade se desfez quando me viu, quando viu Lilian Potter.

- Temos um problema. – disse-lhe o óbvio, caminhando até a mesinha que havia atrás dele.

Além da mesinha eu vi uma pequena elfa-doméstica com os trapos comuns que explicitavam sua condição escrava. Sem sequer pensar, dei as costas para Snape enquanto parava ao lado da mesa e olhava para a elfa, que também me fitava.

De repente fui abraçada por trás. Não assimilei o fato instantaneamente, pelo contrário, apenas fiquei em choque, meu rosto paralisado e meus olhos fixos no rosto surpreso da elfa. Porém, quando percebi que estava sendo abraçada por ninguém menos que Snape, quase enlouqueci.

- Snape! – berrei, livrando-me de seus braços e me afastando.

Ele me olhou com os olhos arregalados de surpresa e confusão.

- Você se drogou ou realmente acha que sou Lilian Potter? – perguntei e, pela reação de Snape, pareceu que eu lhe metera uma facada no peito.

- Como é que é? – questionou ele, tão confuso que não conseguia ter certeza de só mesmo.

- O que diabos está pensando Snape? – retruquei voraz – Eu sou V. a garota que você manteve presa todos esses dias. O anjo da vingança que com certeza vai te matar!

Ao término da minha ultima sentença ele pareceu voltar ao normal. Sua expressão era a típica carranca de Mestre de Poções. Ele me olhou de cima abaixo, deixando-me constrangida pela primeira vez.

- Porque fez isso? – grunhiu ele, aproximando-se de repente e segurando-me pelo braço com um pouco de violência.

- Não foi minha culpa! – defendi-me enquanto tentava me soltar.

- Então como explica isto? – ele me segurou com ainda mais força e, com a outra mão, passou os dedos entre meus novos cabelos ruivos, que estavam jogados sobre meu ombro.

- Eu não sei como isso aconteceu. Eu imaginei outra aparência.

- Antes ou depois de tomar a poção? – ele estava descontrolado, seus olhos nunca pareceram tão sem vida e fundos, como um buraco negro.

- Depois! Você disse depois. – respondi tão certa da minha resposta que teria feito qualquer um acreditar, mas Snape estava fora de si.

- É claro que não! Eu disse para você pensar em uma aparência e depois beber a poção. – ralhou ele, me apertando tão forte que já marcara minha pele.

- Não foi isso que você disse. Antes de me dar a poção você disse: “...beba, pense em uma nova aparência...”. Beber e depois pensar! – eu exclamei, todo o meu auto-controle sendo posto à prova para que minha varinha não fosse parar entre meus dedos e um feitiço doloroso no peito dele.

Nós nos encaramos, ele enlouquecido e eu impedindo a ira de me tomar.

- Diretor... – ouvi uma voz baixa e insegura falar.

Eu desviei o olhar de Snape e o pousei sobre a pequena elfa, que estava mais próxima e oscilava seus olhos em mim e Snape.

- Diretor, ela está certa. Eu o ouvi dizer exatamente o que ela disse, senhor. – disse ela, a voz ainda baixa, mas mais confiante.

Snape ainda me encarava quando voltei meus olhos para ele, um sorriso arrogante em meus lábios. Então ele me largou e virou-me as costas, sentando-se na cadeira do outro lado da mesinha em seguida.

- Sente-se. – ele ordenou enquanto se servia de café preto.

Eu obedeci, ficando oposta a ele na mesa, e lancei um olhar rápido para meu braço. Toda a mão de Snape estava gravada na pele clara. A elfa-doméstica começou a trabalhar, provavelmente seguindo as instruções anteriores de seu mestre. Eu me servi de suco e torradas, comendo com calma apesar da muita fome. Snape abiu um jornal e sumiu atrás dele.

Esperei até quase terminar minha refeição antes de dizer algo, com receio de perder a oportunidade de encher o estomago graças ao estado descontrolado que Snape se encontrava pouco antes.

- O que você vai fazer agora? – perguntei, mantendo minha voz calma e até educada.

Snape não respondeu, sequer deu sinais de ter ouvido. Pelo canto do olho vi a elfa parar seus afazeres e me olhar.

- Snape! – exclamei sem alterar o tom ou o volume, apenas chamando-o.

- Eu não vou fazer nada. Você vai. – respondeu ele sem abaixar o jornal.

- Eu? O que eu posso fazer?  - fiquei surpresa com sua resposta e seu tom de descaso.

- Vai ler aquele livro e aprender tudo o que há nele. – respondeu ele ainda sem me olhar.

Eu encarei o jornal perplexa, sentindo minha pálpebra esquerda tremer por alguns segundos. Então girei os olhos s suspirei.

- Estou falando da minha aparência.

- O que tem ela? – demorou um único instante para ele retrucar, um instante de hesitação que eu não pude deixar de notar.

- Não posso ir para Hogwarts igualzinha à Lilian Potter. Há professores lá que lecionaram para ela, para vocês dois. Slughorn será o primeiro a perceber a semelhança. – argumentei com calma e sutileza.

- Não importa, não há outra maneira. – ele foi seco ao por um ponto final na discussão, ao tentar.

- Há sim, é só você me libertar! – eu exclamei perdendo um pouco o controle de minha voz e falando um pouco mais alto e atrevido.

Não houve resposta ou reação. Assim, permiti-me bufar e me levantar com um toque de violência. Na terceira passada em direção à porta, porém, fiquei paralisada, incapaz de mover um único músculo.

- O que foi?! – perguntei com a voz fingidamente inocente.

- Seu modos, você os esqueceu à mesa, senhorita Ebony. – a voz de Snape foi difícil de classificar.

Eu bufei o mais silencioso possível antes de respirar fundo e começar a atuar sob a máscara de Laureen Ebony que ele havia me imposto.

- Com sua licença, diretor Snape, irei me retirar. – minha voz foi tão suave quanto seda e fria como o gelo.

Ao invés de uma resposta, ganhei meu corpo liberto do feitiço. Saí da cozinha com passos rápidos e silenciosos. Quando entrei no quarto, desejei que o mundo se explodisse pela primeira vez em toda a minha vida.


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