A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 5
Invocadores visionários


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoal! O clima está começando a esquentar. Um mistério está a caminho. Espero que gostem !!!



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Voltamos para o casarão e todos estavam em silêncio. Eu havia visto um vampiro. Um vampiro de verdade. Era uma fera. Era um monstro. Uma lenda. O pior era que era real. E todas as vezes que eu fechava os olhos, via aquela criatura de olhos de fogo.

– Por que os olhos eram daquele jeito? – eu insistia naquela pergunta.

– Olhos de vampiros são assim. – respondeu Doc. – Não há motivo, apenas são.

Estávamos sentados em poltronas de couro no que seria a sala de estar do casarão. As cortinas negras não estavam bloqueando a luz, mas mesmo assim Yves lia com uma luz por cima do livro. Jasper estava treinando arco e flechas e Gillis vendo um seriado na televisão, Sobrenatural para ser exato. Doc e eu estávamos sentados, olhando para o tempo. Perguntei-me se seria sempre assim.

As horas passavam e o único som que ouvíamos era das folhas. O vento ali uivava e aquilo não me dava medo. Acho que nada mais dava, podia esperar qualquer coisa naquele lugar.

Eu ainda não tinha um daqueles cristais no pescoço. O de Doc era mais escuro e fosco do que o de Yves, mas era vermelho. Os olhos dele também eram vermelhos, só que mais castanhos. Era como se ele fosse mais humano. Ou mais normal. Podia já dizer que havia feito uma amizade e que a pessoa seria Doc. Mas não queria me precipitar, nunca fui de fazer amizades.

O tempo estava calmo demais e começou a entardecer. As folhas batiam umas nas outras da mesma forma e foi dessa forma que fui pegando no sono. Calmo, leve e de repente de uma hora pra outra.

"A chuva caía e molhava ferozmente o chão. O relógio marcava onze horas da noite. Estava escuro, mas a pálida lua nos iluminava. E eu perguntava:

Como?

O fogo queimava mais feroz do que a água que caía. E aquele, eu sabia muito bem...

Era o nosso fim.

Raios cruzam o céu e encontravam o gramado em que estávamos. Mas nós não nos mexíamos. Estávamos apenas molhados, cercados de fogo...

Em um círculo.

O vento passava uivando. Como um lobo. Os cabelos molhados balançavam e se chamuscavam nas pontas. Um vento feroz como o de uma tempestade.

Ou um tornado.

Abaixei a cabeça. Eu estava no meio daquele círculo elemental desastroso com mais três pessoas. Três pessoas sem sorte. Mas faltava um elemento. Uma pessoa.

Terra.

Foi entre chuva, raios e rajadas de vento que o terremoto começou. E eu sabia o que significava.

Que o fim do mundo começou."

Acordei sufocado e com três pessoas em volta de mim, como no sonho. Mas eu sabia que não eram essas pessoas, bom, pelo menos não dava para saber. Meu cabelo estava molhado e eu sentia minha testa formigando. E sentia calor, muito calor, principalmente vindo dos olhos.

– O que você viu? – Rhodes perguntou assim que abri os olhos.

Respirei fundo, mas ainda me sentia sufocado. Um dos lacaios cinza me trouxe um copo de água e eu tomei como se estivesse morrendo de sede. E eu estava. Minha língua estava com um gosto estranho.

– Hooper, o que você viu? – ele perguntou novamente.

– É só um sonho idiota. – respondi.

– Não é um sonho comum. – Rhodes falou como se eu fosse um idiota que não sabia o que estava acontecendo e eu não sabia mesmo.

– Foi só um sonho. – eu insisti.

Ele caminhou pela sala e os lacaios fecharam as janelas. Yves segurava seu livro próximo da janela e olhava lateralmente para mim. Doc mantinha um olhar curioso e cuidadoso.

– Hooper, alguns invocadores nascem com dons, exclusivamente o dom de ter visões do futuro. – disse Rhodes lentamente. – E o que você viu, não é normal. Não é um sonho comum. Você arfava lentamente enquanto sonhava, mexia os lábios como se estivesse falando e parecia calcular com os dedos. Diga o que viu Hooper.

– Como assim dons? – eu havia parado naquela parte.

– Na última vez em que Drácula esteve aqui, o antigo senhor deixou anotado em um diário as palavras que o senhor dos vampiros disse para ele. – explicou Rhodes. – Yves, pode fazer as honras?

Notei que o livro que Yves segurava não era de uma história comum. A capa era de couro negro e a lombada estava velha. Era um caderno antigo, com páginas amareladas e palavras escritas com tinta vermelha. Ela abriu o livro e sob a pálida claridade, começou a ler.

– A partir desta visita, os próximos invocadores tocados pelas borboletas de fogo, serão tocados pelas chamas. Terão o dom de ver o futuro. Mas apenas os com destinos incríveis assumirão tão sorte. Poderão mudar o futuro, seja para o bem ou para o mal. O fim do mundo ou o início de uma nova era.

– O que? – arregalei os olhos, assustado.

– Você tem um dom Hooper. – disse Rhodes. – Yves também consegue ter visões e ela deixa todas anotadas num caderno.

– Minhas visões costumam ser turvas, como se eu visse do lado de fora. Costumo ver fogo e brilhos alaranjados em volta das coisas.

– Deve anotar as suas também. – disse Rhodes. – Mas agora diga, o que você viu Hooper?

– Não se assusta com as visões? – perguntei para Yves.

– No começo sim, mas depois comecei a prever quando um invocador seria tocado. – ela respondeu. – Por isso eu estava lá quando sua casa pegou fogo. Eu estava lá para trazê-lo. As visões ajudam bastante, você poderia ter morrido.

Era um dom útil, tinha que admitir. Saber o que vai acontecer era muito bom, evitar desastres, concertar as coisas. Mas acontece que a minha visão era de caos e não era bom, nada bom e confortante.

– Então as visões acontecem? – perguntei temeroso.

– Não costumam acontecer da forma que vejo. – Yves respondeu, Mas costumam acontecer, mas pode não acontecer também. Eu ainda estou tentando aprimorar meu dom para tentar descobrir quando o próximo invocador será tocado.

– E conseguiu?

– É imprevisível.

– Conte sua visão Hooper. – pediu Rhodes novamente.

Reconfortei-me na cadeira e comecei a contar o que me lembrava. E era pouca coisa. Apenas lembrava as chamas, da chuva, da ventania e dos raios, mas tinha também o tremor de terra. Eles arregalaram os olhos como se algo que não esperavam fosse acontecer.

– Os cinco elementos. – disse Rhodes. – As outras sociedades estão envolvidas. Estamos todos no mesmo barco.

Rhodes estava com um olhar desesperado. Eu não sabia o que aquilo queria dizer, mas sabia que não era bom.

– Como assim outras sociedades? – perguntei.

– Somos cinco sociedades para cinco elementos, para cinco criaturas que se alimentam na terra. – respondeu Rhodes. – Vampiros, lobisomens, sereias, ogros e dragões.

Arregalei os olhos e segurei meu rosto. Eu estava suando e era quente como o fogo. Senti minha temperatura subir, senti meu sangue bombear mais sangue e foi aí que eu disse a coisa que não me lembrava da visão:

– Era o fim do mundo.


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Notas finais do capítulo

Hora dos comentários. Vamos lá fantasminhas deixem um oi. Kkk Espero que tenham gostado!!



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