A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 4
Esfera dos vampiros


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Quarto capítulo já, espero que gostem e comentem ^_^!



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Segui-os correndo para dentro da casa. Doc estava gritando de animação e Gillis disparou como um touro numa tourada. Yves andava rápido e senti que a única pessoa que deveria acompanhar era ela. Calma e decidida. Uma garota forte. Ou estranha anormal se preferir.

Todos corriam para um arco que estava ao lado do fim da escada. Quando passei por ele meus olhos arderam. Não era claridade, mas uma luz vermelha. E aquele pequeno cômodo era apenas para uma escada caracol e negra.

Desci as escadas com o mesmo passo apressado. Fazia muito barulho, mas apenas eu. Balancei a cabeça. Sempre sou o errado e inexperiente.

No fim da escada o que nos esperava era algo que eu nunca tinha visto. Não conta filmes de terror ou livros de fantasia.

Era um salão imenso, divididos em nove quadrados do tamanho do antigo refeitório da minha escola e isso significa que cabiam cinquenta pessoas em cada quadrado, nós estávamos no do meio. No da frente estavas espécies de geladeiras transparentes, mas o gelo não permitia eu ver do que se tratava, haviam quatro mesas com espécies de amarras, assim como também tinha um tanque com uma água azul esverdeada. No do lado esquerdo do da frente estava uma sala de vidros com uma aparelhagem estranha, como se fizessem testes lá ou raios-X, quem sabe ressonância?! No lado direito do da frente estavam espécies de macas ou algo que poderia ajudar a carregar alguém, ou algo. No meu lado direito estavam vários armários, que se estendiam até o teto que de alguma forma era alto demais para um porão normal e sufocante. No do meu lado esquerdo estavam computadores imensos, como radares de naves que passam em filmes de ficção científica. Atrás de mim estava mais armários, mas estes pareciam como os de escola. Do lado esquerdo do de trás estavam mais painéis de controle. No do lado direito estavam coisas estranhas dentro de um armário transparente, não era burro, aquelas coisas pareciam armas.

– Bem vindo ao porão dos Rubis. – disse Rhodes que estava bem na minha frente e do lado dele quatro pessoas. – Estes são meus companheiros. Num dia normal você encontraria mais pessoas aqui, mas tivemos um incidente no outro lado do mundo e o outro grupo está tirando uma pequena folga, voltam amanhã.

– Quem são vocês? – perguntei.

– Eles não vão te responder Hooper. – disse Doc. – Eles são leais apenas a uma pessoa, só falam e agem se Rhodes quiser. São lacaios cinza.

– O que é um lacaio cinza? – perguntei.

– São humanos que descobriram a verdade e que não estão aptos a ser um de nós. Viram escravos. – respondeu Jasper.

Os olhos dos lacaios cinza eram negros, sem pupila, como monstros. Sua pele era acinzentada e as veias saltavam no pescoço. Não traziam nenhuma expressão, nem medo, dor ou felicidade. Vestiam roupas negras, um macacão era o uniforme. Os cabelos eram grisalhos, mas não pareciam ter idade avançada.

– Não precisa ter medo deles. – disse Gillis. – São idiotas.

– Como você. – rebateu Doc.

– Chega de enrolação, Doc, dê o equipamento para Hooper. – disse Jasper. – A missão é leve, mas ele é novato.

Segui Doc até a parte onde ficavam os armários que pareciam de escola. Um já tinha meu nome.

“Hooper Rubi”.

Doc me entregou a chave e disse para eu abrir a porta. E foi o que fiz. Havia um cabide com uma capa negra, tirei-a e a vesti. Um par de luvas negras estava no fundo, junto de uma mochila negra e de couro. Coloquei-a nas costas e vesti as luvas, ajustavam perfeitamente, como se fossem feitas sob medida e talvez fossem mesmo.

– Só falta uma coisa. – disse Yves caminhando até mim.

– O que? – perguntei.

– Isso. – ela me entregou o que parecia com um cinto de utilidades. – E tira a mochila, não vai precisar hoje.

Assenti e coloquei o cinto. Ela não sorriu, deu de costas e abriu seu armário, colocando por cima da roupa a capa negra. Yves parecia um daquelas garotas incríveis que sabem de tudo. Poderia ficar impressionado, mas aquilo já estava me irritando. Tudo aquilo já estava.

Depois de todos com suas capas, foi a vez do equipamento. Sim. O cinto era de utilidades mesmo. Rhodes pediu para cada lacaio cinza nos entregar o equipamento. Era meu primeiro dia e não esperavam muita coisa de mim, pelo menos foi o que pareceu quando me entregaram duas lanternas grandes e uma garrafa com líquido rosado.

– Só isso? – protestei.

– É legal cara, você vai ver. – disse Gillis com uma animação esperada e o mesmo equipamento que eu, tirando a garrafa.

Doc carregava o que se parecia com uma super arma, dessas que tem que colocar em cima do ombro. Era metálica e tinha listras vermelhas próxima da grande abertura, que era do tamanho de uma cabeça.

Jasper segurava um arco, as flechas estavam na bolsa que carregava nas costas. Ele parecia mais sério e mais medonho.

Yves era a única pessoa que carregava uma mochila nas costas. Usava dois cintos e ambos estavam lotados de líquidos estranhos, uns até gosmentos.

– Acho que podemos ir. – ela terminou de colocar as luvas negras.

Estávamos lado a lado. Rhodes olhava para nós com um sorriso no canto da bochecha, como se gostasse do que via.

– Boa sorte, invocadores. Que a lua esteja alta e que os ventos do sul tragam a vida. – disse Rhodes.

Segui os outros invocadores para a outra escada, esta que ficava perto das macas. Subimos a escada e chegamos num outro cômodo minúsculo. Jasper armou seu arco e Gillis abriu a porta cautelosamente.

Estávamos no meio da mata e estava claro. Mas mesmo assim o tempo parecia morto, pelo menos como se alguém tivesse morrido. As árvores dali eram iguais as árvores do lado de fora da casa. Olhei para trás, a casa estava atrás de nós, a cem metros, mas dessa vez um muro nos separava dela.

– Vamos seguir para a área do portal. – disse Yves.

Todos nós a seguimos. Ela desviava facilmente do mato, enquanto eu parecia querer arrancar todo o mato possível. O que eu podia fazer? Não estava acostumado.

Limpei o suor da testa. Como eles conseguiam viver isso tudo? A adrenalina da incerteza. A vida em risco e incêndios catastróficos. Sem família, apenas a sociedade dos estranhos. Uma vida dedicada a vampiros. Dedicada a lendas.

– Silêncio. – disse Doc.

Ele ativou a arma que carregava. E nada aconteceu. Absolutamente nada. Eu estava no meio de pessoas loucas que achavam que iam fazer contato com um vampiro. Girei os olhos e foi aí que escutei um bater de asas.

Arregalei os olhos quando aquela criatura esquelética, branca e nua (que mais se parecia com um extraterrestre), pousou bem na nossa frente. Não tinha cabelos no corpo e parecia com um corpo definhando, esquelético, branco, nu, enrugado e principalmente assustador. Os olhos eram vermelhos como o fogo. O mesmo fogo que matou toda a minha família. A boca tinha dentes enormes e todos eles afiados, manchados de sangue. A criatura já havia se alimentado. Gritava palavras estranhas em outro idioma, parecia latim, mas não era.

– É a língua de Draccur. – disse Jasper. – Todas as criaturas inteligentes que se alimentam na nossa dimensão a falam. Todas mesmo.

– Acione os holofotes! – pediu Doc.

Gillis e eu ligamos as lanternas e a apontamos para o vampiro. Ele parou de gritar, mas ainda olhava assustado ou com ódio para nós. Ou como se estivesse nos amaldiçoando.

– Eu amo meu trabalho. – disse Gillis animado como sempre. – Melhor do que trabalhar no Mc Donald’s.

Yves tirou uma bola de cristal de dentro da mochila. Era vermelha e parecia conter fumaça em seu interior. Caminhou até o vampiro e colocou a esfera no meio de duas rochas que pareciam feitas para aquilo.

– Não consegue encontrar o portal? – ela estava conversando com o vampiro.

Ele continuava olhando para ela com os mesmos olhos assustados.

– Eu vou te ajudar. – Yves queria tranquilizar o animal e parecia conseguir.

O vampiro estava imóvel. Ela tocou o sangue que escorria da boca da criatura e em seguida limpou o dedo na esfera. Imediatamente a esfera liberou a fumaça que guardava, abrindo o portal. A criatura abriu as asas e Yves se afastou. Fechei meus olhos e pensei que aquilo era um sonho, mas não era.

– Que Drácula te guie do outro lado. – disse Yves.

A criatura passou pelo portal e em seguida ele se fechou.

Desligamos os aparelhos e a floresta pareceu mais clara do que antes. Yves segurou a esfera e a colocou em seguida na mochila.

– Pra que serve? – perguntei.

– É a saída de emergência deles. – ela respondeu. – Mas só abre se o vampiro tiver se alimentado de animais. Se tiver se alimentado de um humano, nós devemos matar, por segurança.

– O que acontece se quebrar? – perguntei.

– Existiam anteriormente cinco esferas vermelhas, dadas pelo próprio senhor dos vampiros. Agora existem quatro esferas vermelhas e se as quatro se quebrarem, os vampiros morrem, presos sem alimento em sua dimensão. O pior de tudo é que só ganhados uma esfera a cada século.

– E quando ganharemos outra? – eu estava curioso.

– Quando Drácula vier para nossa dimensão. – ela respondeu.


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