A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 43
Treze trovoadas


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Tudo bem? Capítulo novo chegando, espero que gostem pessoal! É um capítulo calma, kkk em parte. Até pessoal!



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Acordei antes de todos. Algo não queria me deixar dormindo. Era o medo, eu sei disso. Levantei do colchão e desviei dos que estavam espalhados pelo lugar. Eu havia dividido o colchão com Yves e ela levantou logo que eu tropecei sobre uma cadeira.

– Vai acordar todo mundo. – ela riu.

– Você já está fazendo isso. – respondi com um sorriso.

A invocadora caminhou até mim. Não segurou a minha mão, nem fez um gesto mais carinhoso. Apenas me observou com os olhos de traço forte e avermelhados.

– Não pode levantar antes de todo mundo. – disse Yves enquanto subíamos as escadas até a cozinha.

– Sou uma pessoa rebelde.

– Não. – ela respondeu. – Você não é. Hooper, você está nervoso e com medo. Invocadores não costumam ter medo, mas agora virou rotina. Eu odeio isso.

– Você odeia muitas coisas.

– Bem observado. – Yves respondeu séria. – Vamos comer.

Pegamos uma maça cada. Aquilo era suficiente para três horas ou duas de treino. Mas hoje era como um feriado para os humanos, ninguém queria mover um músculo, estávamos nos poupando para o que viria a noite.

Delaware veio até nós. Seus olhos cinzentos brilhavam e ela parecia preocupada. Mas sendo quem ela era, sorriu para nós. Pegou uma maça e fomos para a varanda.

Era difícil imaginar e relembrar o que aconteceu e o que iria acontecer. Nossas vidas mudaram drasticamente. De estudante, passei a ser invocador. Minha vida monótona se transformou num caos e tudo que eu acreditava era mentira e tudo que era lenda era real.

Charlotte e Rivera vieram até nós. As duas haviam criado uma amizade. Esse era um dos lados legais em ser invocador. Não importa de qual sociedade você seja, somos todos como uma única irmandade, onde todos são parceiros um do outro. Agora a Ordem do Obscuro fazia parte disso. Hazel surgiu logo atrás, junto de Malleus e Doc.

– Ninguém quer ficar na cama hoje. – disse Rivera. – A hora do pesadelo está chegando.

– Mais otimismo, por favor. – disse Charlotte. – Não quero morrer agora. Quero viver minha nova vida.

– Ninguém quer morrer. – disse Doc.

As horas se passaram e Rhodes sugeriu um treino individual. Cada um por si. Malleus me ajudou, ele era um bom adversário e era experiente. Depois da minha visão, todos queriam ficar conversando com ele sobre como venceu uma hidra. E ele explicou tudo, todos os detalhes de como venceu, embora fosse alguns anos mais novo na época e não se lembrasse direito. Os invocadores absorveram cada palavra. Estávamos nos armando com armas e conhecimento.

Ninguém queria ficar distante um do outro, andávamos em grupo para qualquer lugar que fosse. Parecia que a qualquer momento um de nós seria vítima de algo. Nosso grupo não se desgrudava, sempre em quatro pessoas, na maioria do dia era Yves, Doc, Rivera e eu.

Naquele momento estávamos na floresta, perto do lago onde matamos o dragão. Sentamos na beira do lago e Doc começou a lançar umas pedras na água. Nenhum de nós queria ficar em um ambiente de tensão.

– Quanto tempo falta? – Rivera perguntou.

– Pra que? – perguntei enquanto pegava uma pedra e também a lançava na água.

– A lua. – disse Yves olhando para o céu e segurando os joelhos. – Acho que pouco tempo.

– Queria ter morrido no incêndio. – Doc atirou uma mais forte.

– Todos nós queríamos. – Yves cochichou e eu coloquei a mão nas suas costas. – Mas é o destino e nós temos que aceitar. Não é culpa nossa.

– Isso não existe. – Rivera riu, mas sabíamos que ela estava tensa por dentro, querendo arrumar uma forma de fugir do que vinha pela frente. – Crença de humano. – ela falou com desprezo.

O vento soprou frio. Os cabelos de Rivera se movimentaram, os de Yves não, estavam presos num rabo. Olhei para Doc e ele abaixou a cabeça, não estava bem. Ninguém estava.

A invocadora de sereias se levantou no exato momento que um raio negro atravessou o céu, sem encontrar no chão. Em seguida nós repetimos seu movimento e encaramos a anomalia no céu. Atravessava o céu de canto a canto, nunca encontrava o chão. Parecia estar formando uma camada.

Dei um passo para trás e os dedos de Yves encontraram os meus. Ela tremia. Estava nervosa assim como todos nós. Medo. Nosso mais novo sentimento comum.

Cinco minutos. Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez. Onze. Doze. Treze. Treze trovões estrondosos que fizeram o chão tremer. Segurei firme o braço de Yves, agora era eu quem estava tremendo.

– Que porra é essa? – Rivera observava o céu enquanto caminhava lentamente para trás.

– O fim do mundo. – as palavras saíram de minha boca como se fosse a concretização de uma maldição, e era.

Os raios continuaram no céu, mas nenhum trovão dessa vez. No lugar dos trovões, o céu começou a escurecer, como um grande nevoeiro de escuridão. A noite. Uma noite projetada. Criada pelas damas da noite. Fechei os punhos. Havia chegado a hora.

Começamos correr de volta para o casarão. Estava escuro. Escorregamos em lodo, tropeçamos em raízes. Tínhamos que chegar logo em casa. Medo. Por. Toda. Parte. Estávamos tomados pelo desespero. Nada poderia nos parar. Estávamos correndo para sobreviver e morrer num próximo momento. Esse é um dos efeitos no medo. Achamos que a qualquer instante podemos morrer.

Yves caiu no chão e eu a levantei. Seu nariz sangrava, mas não poderíamos ajudar, não naquele momento. Continuamos correndo. Desesperados.

Avistamos a entrada do casarão e todos estavam lá. Olhando para o céu. Um estado de choque coletivo. Invocadores aterrorizados. E ali estava o motivo, no alto do céu. Nós nem havíamos notado enquanto corríamos desesperados. Lá estava ela. Vermelha. Brilhando no céu. A imensa e apavorante lua vermelha, o começo da morte. A imensa esfera que dava poder as bruxas.

– Meu Deus. – disse Corea de boca aberta e fitando a lua vermelha.

– Só uma lua de sangue para fazer você se referir a Deus. – disse Jasper com a mesma expressão.

– Não enche. – Corea não deixava de ser Corea nem nos piores momentos.

Yves limpou o nariz. Corremos para dentro do casarão. Era um lugar que pensávamos que fosse seguro, mas era o planeta inteiro. Não existe essa de lugar seguro, só se fosse numa outra dimensão.

Fomos para o subsolo e a tela do computador ficou vermelha. Algo estava acontecendo. Rhodes e Hank começaram a digitar algo. O senhor do casarão se virou para nós. Ele sorria, mesmo estando com medo. Aquilo era bom?

Corea caminhou até ele. Leu os códigos e também abriu um sorriso. Eu estava confuso. Muito confuso. O que estava acontecendo de fato? Foi então que Rhodes anunciou a melhor notícia até então.

– Peguem suas armas, invocadores e cavaleiros. – disse Rhodes. – Drácula chegou com seu exército de vampiros. Vamos acabar com aquelas bruxas.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo pessoal! Olha sei que tem muita gente lendo a história, espero que deixem um comentário, pode ser até um sorriso pessoal, e aos meus leitores que já estão acostumados a comentar, adoro vocês!