A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 41
Magia temporal


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Tudo bem com vocês? Hoje vim com uma pergunta pra vocês, qual foi o capítulo que mais gostaram até agora??? Bom, hoje o capítulo é um tanto revelador. Espero que gostem pessoal. Até!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/655640/chapter/41

Voltamos para o casarão. Todos continuavam nas suas atividades. Na sala de estar estavam Rivera, Delaware, Doc e Charlotte. Os quatro estavam sentados no chão e o livro no meio.

– O que descobriram? – Yves perguntou enquanto ia até eles.

– Muitas coisas. – Doc respondeu. – A maioria das magias aqui nós já ouvimos falar. Mas tem umas páginas em branco, não entendo o motivo.

Yves se abaixou e abriu espaço, ficando de frente para o livro negro. Abriu em uma das páginas em branco e colocou as mãos em cima de cada página, formando um X. Ficou de joelhos e abaixou a cabeça, deixando os cabelos caírem sobre as páginas. Em seguida começou a proferir palavras em latim:

I revelare secretum. Animae mortuorum lumen amissum. Verum quam praebuerat vivis servavit inferam. Non aperte revelatus verba.

(Tradução: Eu revelo o segredo. Pelas almas dos mortos perdidos na luz. Trago a verdade para os vivos. Eu revelo as palavras).

As pontas dos cabelos de Yves começaram a formar palavras sobre o livro, era como se estivesse escrevendo. O feitiço começou a ser escrito. Todos olhavam fixamente para o livro, cheios de curiosidade. Logo em seguida, quando as duas páginas estavam escritas, Yves sentou novamente, tirando o cabelo de cima das páginas.

– Está aí. – disse Yves.

– O que você fez? – Charlotte perguntou.

– Magia cinza de nível dois, quase negra, mas todas as sociedades a usam. Chama-se magia de visibilidade. – a invocadora respondeu. – Faz revelar palavras ocultas, muitos invocadores usam isso para ler coisas secretas, coisas de antepassados, essas coisas. Sei também a de ocultar as coisas, mas é preciso sangue, então prefiro não fazer.

– Eu quero aprender isso! – disse Charlotte com uma animação visível.

– Talvez. – Doc sorriu para a invocadora nova. – Mas agora vamos ler logo essa magia. Se ela está escondida deve ser perigosa.

– Ou esconde algo, uma coisa que não querem que nós leiamos. – disse Rivera debruçada sobre o livro. – Magia temporal. – ela leu o título em letras góticas. – O que significa?

– Viagem no tempo. – todos nós falamos juntos.

Rivera colocou o livro sobre a mesa e nos encarou, esperando que disséssemos mais alguma coisa, mas ninguém acreditava naquilo. Yves arregalou os olhos e ficou de frente para o livro.

– Temos que fazer isso. – disse Delaware. – Não querem saber mais sobre as damas da noite? Essa é a chave.

– Não sabemos se funciona. – disse Doc. – Pode ser perigoso.

– Delaware está certa. – disse Yves. – Precisamos fazer isso. Não tem perigo algum, só não queriam que descobríssemos isso. Não vamos estar lá, só vamos ver o que aconteceu.

– Tem certeza? – Doc não estava se sentindo seguro.

– Não precisa ir com a gente. – disse Rivera que também lia mentalmente o texto. – Só cinco pessoas podem fazer isso. Quem vem?

Doc não queria ir, ele achava perigoso e estava desconfiado, era sua mania de ser cauteloso e ao mesmo tempo ousado. Ele era sem dúvida uma pessoa confusa.

– Então o resto vem. – disse Yves colocando o livro no chão.

Nós cinco ficamos em volta do livro. Segundo Yves tínhamos que dar as mãos formando uma estrela de cinco pontas, uma estrela como a de um pentagrama. Assim que demos as mãos, não conseguia mais me soltar. Estava preso. Fechamos os olhos e Yves começou a falar o falar o feitiço.

– Somos soldados de um tempo futuro. Buscamos respostas e a solução de tudo. Somos guerreiros de uma terra sem futuro. Queremos ver o passado, queremos mudar o futuro. Pedimos visibilidade, queremos as respostas. Criamos um canal para o passado, queremos ver as damas da noite e sua história. Do início até o presente.

Tudo a nossa volta ficou cinzento, cheio de fumaça. Senti vontade de vomitar, mas não conseguia, estava preso na garganta. Olhei para os lados e não parecia mais que nós estávamos na sala. Era um lugar diferente. A fumaça se transformou em um novo lugar.

Estávamos num vilarejo, visivelmente na Idade Média. Em algum lugar da Europa. Nós cinco não estávamos mais de mãos dadas, mas permanecemos no mesmo lugar. As casas eram construídas com precariedade, uma mulher levava um jarro d’água na cabeça e crianças corriam de um lado para o outro. Um dia bonito. Um entardecer realmente bonito. Os homens voltavam para casa com seus machados e dois bois puxavam uma carroça com madeira. Até que a noite caiu e nós não havíamos percebido até então o que estava no céu. Vermelha. Uma lua cheia, uma lua de sangue. Todos foram para suas casas, até que um homem aparentemente bêbado surgiu na escuridão. Do lado contrário uma mulher apareceu. Seus cabelos eram negros ao extremo e sua pele era branca como a neve, na boca um batom preto, seus olhos já eram da forma esperada. Negros e vazios. Nas mãos trazia um galho de árvore, totalmente seco. Suas unhas eram longas e a outra mão estava na cintura. Vestia apenas um vestido negro, porém transparente. Era o tipo de criatura que daria prazer para depois matar. O homem caminhou até ela e tentou tomá-la para si, segurando na cintura, mas antes disso a criatura sorriu, seus dentes eram pontudos, feitos para perfurar. “Humanos e suas desumanidades, hoje começa o seu fim” – disse a criatura. Seu sorriso se abriu ainda mais, sua boca havia ficado mais larga e seus dentes encontraram rapidamente a boca do homem, mas quando soltou, ele estava sem os lábios. A mordida havia levado também parte de seu rosto e a dama da noite arrancou o resto da pele, em seguida levou a unha na garganta do humano. Levando-o a morte.

Novamente tudo foi tomado pela fumaça, nos levando para um novo lugar. Estávamos numa tribo de índios, provavelmente no Brasil. Era noite e no alto a lua vermelha brilhava. Os índios estavam todos para fora de suas ocas, em volta de uma enorme fogueira. Parecia ser um ritual típico. Mas eles mal sabiam o que iria acontecer. Do céu um raio vermelho atingiu o centro da fogueira. Todos olharam assustados, com os olhos arregalados. A fogueira se apagou, as chamas agora eram negras e no centro dela estava uma mulher de pele branca, cabelos negros e sorriso mortífero. Dama da noite. O vento soprava forte, era como se uma tempestade estivesse se formando. Em volta das mãos da bruxa estavam duas nuvens de escuridão. Nada de vassoura. Seus cabelos eram lambidos pelo vento e nas pontas eles se transformavam em morcegos, que saíam dos cabelos e voavam em volta dos índios que a adoravam. “Ninguém pode ser salvo do destino” – disse a bruxa. Da nuvem negra raios vermelhos começaram a se formar, percorreram o corpo em chamas da dama da noite e chegaram nos cabelos. Os morcegos eram um canal com a bruxa e este canal levou toda a eletricidade para eles, que caíram no chão logo em seguida. Do céu novas damas da noite surgiram e estas avançaram sobre os corpos mortos, estavam famintas. Abriram os corpos e começaram a devorá-los. De dentro de uma oca uma criança surgiu na entrada, vendo aquele massacre emitiu um grito e as damas da noite olharam diretamente para a criança, que logo em seguida caminhou até elas, em transe. O garotinho caminhou até a dama da noite que estava na fogueira. A bruxa colocou a palma da mão na testa do menino e ele começou a tremer e em seguida caiu morto. “Menos um”.

Mais uma vez tudo ficou cinzento. Em seguida a fumaça formou o novo lugar na linha do tempo. Era um campo de guerra. Estávamos em uma trincheira. Primeira guerra mundial. A última vez que uma dama da noite se alimentou na Terra. O cheiro era de sangue e de algo estragado. Ratos corriam no chão e o som de tiros deixava até nós desorientados. Um soldado a nossa frente parecia ter pouco mais que quatorze anos, no braço estava a bandeira da Inglaterra, ele fez o sinal da cruz e se posicionou para atirar no inimigo. Tudo ali cheirava a desespero. Fechei os olhos, se uma guerra entre humanos já era aterrorizante, imagine contra damas da noite. No arame farpado na beirada da trincheira, vários corpos estavam fincados. Naquele momento um novo corpo surgiu, caiu do lado do garoto e havia levado um tiro no pescoço, puro azar. Então tudo se fez silencioso. Era a hora. Uma névoa se concentrou no chão do buraco onde estávamos. O cheiro que ela exalava não era de veneno, era algo pior, o mesmo cheiro de quando matamos uma aranha. Todos os soldados ali olharam para os lados. Assustados, temendo a sua morte. Dos dois lados duas bruxas surgiram. O vestido era rendado e era possível ver as roupas íntimas que usavam, sempre preto. Seus cabelos pareciam ter vontade própria, balançavam para todos os lados, mesmo sem ter vento. Os olhos negros e vazios buscavam comida. Elas sorriram e caminharam até suas vítimas. O garoto fez novamente o sinal da cruz, o homem do outro lado não teve sorte e começou a ser devorado. O menino tentou atirar na criatura, mas cada bala que atingia o corpo era transformada em pó. Magia negra. A dama da noite começou a devorar o garoto, quebrou seu pescoço e cortou sua garganta. Toda crueldade do mundo. O homem do lado tentou se afastar, mas uma terceira surgiu e fincou as unhas em seu braço. Mas ele reagiu, do bolso tirou um isqueiro, o acendeu e a chama brilhou ainda mais vermelha. “Morra satanás” – disse o soldado. Ele jogou o isqueiro ainda pegando fogo, na bruxa. Ela gritou. O fogo a noite era arma das damas da noite, mas o fogo com a luz do sol virava o jogo. Mas a última frase daquela bruxa era o início do nosso pesadelo. “Nós vamos nos vingar”.

Tudo voltou ao normal. A fumaça foi sugada pelo livro que se fechou logo em seguida. O choque do livro se fechando, nos fez ser jogados contra as paredes.

Levantei do chão tonto. Não sabíamos que grau de fato era essa magia. Não parecia arriscado. Graças a ela descobrimos algo importante sobre as damas da noite. O fogo de dia era mortal para elas.

– É magia negra. – Yves levou a mão no nariz que sangrava muito. – É magia negra.

Senti um gosto forte de ferro na minha boca. Do canto dos lábios o sangue escorria. Comecei a vomitar sangue, embora não sentisse dor. Rivera levou as mãos nos ouvidos, estava visivelmente desesperada. De seus ouvidos o sangue estava escorrendo. Delaware do outro lado estava chorando sangue, ela insistia em limpar, mas nada fazia parar de escorrer. Das unhas de Charlotte o sangue escorria, onde ela encostava ficava manchado pelo sangue.

– Não é o tipo de magia para invocadores fazerem. – disse Yves caindo desmaiada logo em seguida.

– Tudo tem um preço. – o livro se abriu e na fumaça estava formado o rosto de uma vidente inca, logo em seguida desmaiei. – Invocadores curiosos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora? O que vai acontecer com o Hooper e os outros? Mistérios! Kk Hora de comentar, favoritar e recomendar!