A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 38
Prédio em chamas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu ia postar esse capítulo só de noite, só que aí uma certa leitora estava desesperada por ele. Kkk Dedico este capítulo a você The Little Bear. Tocada pelas chamas. Até pessoal!



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Rhodes quebrou o vidro da porta principal com o cajado. O porteiro imediatamente acordou. Estava assustado e desconfiado de nós. Por que não estaria?

– Quem são vocês? – ele perguntou assustado.

– Acho que você não quer morrer. – disse Rivera e o homem balançou a cabeça negativamente. – Então corra.

O porteiro olhou para nós e em seguida fez o sinal da cruz. Corea deu uma gargalhada. Ela achava aquilo engraçado, mas eu respeitava, assim como a maioria ali.

Subimos as escadas do prédio rapidamente. Rhodes ficou lá embaixo iria ligar para os bombeiros. Era um incêndio provocado pelas borboletas de fogo, mas tinha algo das aranhas da escuridão.

– Para um adolescente se tornar invocador de damas da noite, é preciso muitas mortes. – Jasper explicou.

A fumaça irritava nossos narizes. Não era tóxica para nós. Mas era horrível sem dúvida. Nada poderia nos impedir de chegar lá em cima.

Podia escutar o grito dos humanos. Estridentes, cheio de dor. Eram de desespero. Alguns desciam as escadas desesperados, outros já estavam mortos no meio do caminho e nós não podíamos cuidar deles, o máximo que podíamos fazer era pular sobre eles.

– Não gosto disso. – Delaware segurava a pistola, estava firme em seus dedos, ela estava pronta para tudo. – Por que o fogo daqui não está nos ferindo? Não somos invocadores de vampiros.

– É que há muitos invocadores de vampiros no mesmo lugar. – Yves respondeu. – Estamos protegendo vocês de certa forma.

Até o andar da garota eram muitos degraus. Subir com toda aquela velocidade nos cansava, a fumaça não ajudava e o pior de tudo era ver os corpos. Um homem com o corpo pegando fogo rolou da escada e caiu sobre os pés de Rivera. Rapidamente ela ultrapassou o corpo que já estava morto.

– Quantos mortos. – disse Rivera com um tom de pena.

– Foi pior na Sociedade Ametista. – disse Johanne.

A invocadora que trazia o machado nas mãos tinha um corte cicatrizando no rosto, entre a bochecha e a orelha. Era um ferimento de batalha, de algo ruim que aconteceu recentemente. Nós já imaginávamos o que era.

– Foi a maior carnificina que já testemunhamos. – disse Johanne. – Deram sorte de não acontecer hoje. Perdemos quase metade dos nossos invocadores. Tentamos impedir a iniciação de uma invocadora de damas da noite, mas as invocadoras eram mais fortes e tinham uma arma. Uma que vocês usaram contra elas hoje.

– Qual? – Doc perguntou. – Que arma para uma invocadora de bruxa? Não é possível que isso exista.

– A coragem. – Johanne respondeu. – Já que elas ficam mais fortes com o medo. Um ferimento causado por alguém corajoso e confiante pode ser fatal para uma invocadora de damas da noite. Por isso Hooper conseguiu as parar.

Olhei para a invocadora de ogros. Então a coragem era nossa maior arma? Era estranho escutar isso, já que era difícil manter coragem e confiança perto de pessoas manipuladoras como as invocadoras de damas da noite. Mas eu havia conseguido e acho que Drácula estava orgulhoso em seu mundo. O vampiro havia feito uma boa escolha.

O fogo estava por toda a parte. Fomos obrigados a acelerar o passo. Invocadores não eram afetados por essas chamas, mas um iniciado que passasse muito tempo ali poderia morrer. E tudo que não queríamos era a morte da futura invocadora. Tínhamos que garantir que ela ficaria viva.

O andar da nova invocadora estava tomado pelas chamas. Haviam cinco corpos carbonizados no corredor, um era de uma criança. Rivera fechou o punho. Ela tinha um coração e odiava ver essas coisas acontecendo. Todos nós já tínhamos vivido aquilo, era horrível lembrar tudo isso. Nós vimos nossos pais mortos queimados, irmãos, todas as pessoas que mais amamos. E estava acontecendo de novo. A ordem natural dos invocadores de vampiros, a família do invocador inteira morre pelo fogo. A ordem natural das invocadoras da noite, todas as pessoas ao redor da invocadora morrem.

Otto arrombou a porta e nós entramos no apartamento. Era uma reunião de família. Os corpos em chamas, tudo pegando fogo em volta da mesa. A comida da ceia pegava fogo também. As chamas devastadoras das borboletas de fogo levando a morte, trazendo uma nova vida.

Havia uma árvore montada no canto da sala. Luzes pela casa pegavam fogo e explodiam uma vez ou outra. Caixas se desmanchavam e tornavam-se cinza. Havia um corpo em chamas, caído entre a cozinha e a sala de jantar. Fechei os punhos. Não podia ser.

– Que dia é hoje? – perguntei.

– Dia vinte e cinco. – disse Delaware. – De dezembro. – quando ela acabou de falar, seu tom diminuiu, era pior do que todas as outras iniciações.

– Dia de natal. – disse Collins. – Essa invocadora tem mais azar que nós.

Um grito veio do banheiro. Corremos para lá em seguida. A porta estava trancada. A garota esmurrou a porta várias vezes. Seu grito já estava rouco. Ela estava ficando fraca. Logo não teria forças para pedir socorro.

– Se afaste da porta! – Jasper pediu.

Em seguida o invocador arrombou a porta com um chute. O banheiro pegava fogo nas cortinas, que fazia divisão para o chuveiro, que também pegava fogo. A garota estava no chão, num canto onde o fogo não a alcançava. O medo que ela sentia eram óbvio, qualquer um poderia ver. E todos nós já nos sentimos como ela, só havíamos nos esquecido.

– Viemos te ajudar. – disse Yves. – Fique calma.

A garota chorava muito. Olhou para nós, seus olhos castanhos estavam inchados de tanto chorar. Estava assustada. Havia perdido toda a família numa noite de natal. Com certeza o maior pesadelo dela era melhor do que o que testemunhava naquela noite.

– Quem são vocês? – ela perguntou em meio o choro.

Yves caminhou até ela. Seus olhos também estavam envoltos por lágrimas. A invocadora se abaixou, ficando frente a frente para a nova invocadora.

– Somos sua proteção. – disse Yves. – Viemos te ajudar, se acalme. Não vamos fazer mal a você.

– Estou com medo. – ela tampou os olhos com as mãos. – Não quero que elas me levem. Diga-me que vocês não são elas.

– Elas quem? – Doc perguntou.

– Estou com muito medo. – a menina soluçava cada vez mais. – Por favor, me diga que não são elas.

– Nós não somos. – Yves deu a mão para a garota. – Viemos aqui para te salvar delas. Fique calma. Nada vai acontecer a você. Elas não irão te levar. Nós todos prometemos. – a garota limpou as lágrimas. – Agora vamos.

Rivera e Corea que estavam caminhando pela casa a procura de algo da garota, chegaram com um livro de capa negra nas mãos. Yves caminhou rapidamente até elas, parecia reconhecer o objeto.

– Sabe o que é essa coisa velha? – Corea perguntou.

– É um dos três livros de magia negra. – Yves respondeu. – Nós temos um e os outros dois estavam perdidos, mas parece que encontramos mais um. O que isso faz aqui? – Yves estava surpresa, não sabia se era uma coisa boa ou ruim.

– Era da minha mãe. – a garota respondeu entre os soluços que ainda dava. – Minha avó havia deixado para ela de herança, para proteger o livro até quando chegar a hora, minha mãe nunca me deixou ver, ela dizia que era coisa ruim. Que não era coisa pra mim.

– E ela está certíssima. – disse Rivera.

– Estava. – Corea continuava sendo ela mesma.

Descemos as escadas as pressas. Não podíamos deixar a garota se deparar novamente com tudo que ela testemunhou. Eu sabia como era e ficava satisfeito por não lembrar direito. Mas era recente para ela, mas com toda certeza no dia seguinte ela não se lembraria de nada. Assim como cada um de nós. Era um dos efeitos da iniciação, tirar a dor das perdas recentes.

Quando chegamos lá embaixo, demos de cara com Rhodes com um olhar temeroso. Ele olhou para a garota e a abraçou. Era só um gesto de união, que significava que nós seríamos sua nova família. Ela continuava chorando, mas tínhamos que sair dali, os bombeiros já estavam chegando. Os humanos deveriam pensar que era apenas um incêndio causado por coisas comuns. Corremos de volta para o portal e antes de atravessá-lo Delaware a perguntou:

– Qual seu nome?

– Charlotte Butler. – ela respondeu. – Mas meus amigos me chamavam de Lotty.

– Não. – Rhodes respondeu. – Agora você é Charlotte Rubi, da Sociedade Rubi, invocadora de vampiros. E pela primeira vez não darei parabéns, todos nós estamos vivendo dias ruins.


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Notas finais do capítulo

Oi pessoal! O que acharam? Uma nova invocadora para os nossos invocadores! Comente!