A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 25
Medo da noite


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Esse é um capítulo de continuação do anterior, acho que alguns ficarão com medinho, até eu fiquei quando escrevi. Kkk boa leitura!



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Saímos da cabana de Mc Duu e corremos atrás de Valentina. Ela tinha muitas coisas para explicar. Corea não tinha medo do que poderia acontecer, então eu também não tinha. Invocadores não possuem medo. Não faz parte da nossa natureza.

Entramos na casa e todos estavam espalhados. Descemos para o subsolo e apenas Rhodes e Jasper estavam lá.

– Viram a Valentina? – Corea perguntou.

– O que quer com ela? – Rhodes respondeu com um ar de desconfiado.

Olhei para a invocadora e conhecendo rapidamente Corea, ela queria matar Valentina. Abaixei a cabeça. Conhecendo eu mesmo, poderia responder que meu desejo era o mesmo. Era o instinto de invocador.

– Você vai saber, sem dúvida vai. – ela respondeu. – Pra onde ela foi?

– Saiu com Hiden e Doc. – Jasper respondeu. – Acho que é melhor eu acompanhá-los.

– Então vamos. – disse Corea. – Se algo acontecer conosco Rhodes, já sabe atrás de quem nós estávamos.

Saímos os três do casarão. Entramos na floresta e olhamos para todos os lados. Evitando nos afastar. Os dois invocadores conheciam bem aquele lugar, mas eu ainda não.

– Vamos nos dividir. – disse Corea.

Encarei-a assustado. Como assim? Eu não conhecia aquele lugar direito. Havia poucos dias que estava ali e tudo de ruim que acontecia era comigo.

– Não adianta falar não. – disse Jasper. – Corea está certa, vamos achar a garota mais rápido se for assim. Mas uma pergunta não para de girar na minha cabeça, o que querem com ela?

– Embebedamos o gnomo e ele fez pequenas relações entre as damas da noite e Valentina. – Corea respondeu. – E Jasper cá entre nós, deve ter lido algo sobre Morgana, ela usava outro nome. E você sabe qual?

O invocador assentiu e Corea sorriu. Era essa conexão que eu achava interessante. Todos se entendiam quando não eram manipulados. E Corea e Jasper eram impossíveis de manipular.

– Salomé. – Corea respondeu a própria pergunta. – E quem garante que as damas da noite não resolveram ter suas invocadoras mais uma vez? Algo me diz que a ligação que essa menina tem é muito maior. E eu não quero ver mais gente morrendo.

– Vamos pegar logo aquela garota. – Jasper sorriu, o mesmo sorriso que Corea tinha no rosto. – Você fica aqui Hooper, quando ver a garota é só segurar seu cristal. Ele vai emitir um sinal para nós, o mesmo vale para nós também. Agora vamos, não podemos deixar os dois sozinhos com Valentina ou o quer que chame.

Os dois saíram correndo por caminhos distintos. Eu havia ficado sozinho. Estava escurecendo e o vento batia nas folhas. Olhava pros lados, em busca de escutar algo. Nada.

Abaixei a cabeça. Nunca havia pensado em como eu estava agindo. Apenas sabia que havia mudado meu jeito. Eu não era mais eu mesmo. O Hooper de antes não estaria no meio da mata aquela hora, não teria lutado contra vampiros possuídos, não acreditaria em nada daquilo. Mas Yves apareceu em minha vida e me fez ver tudo de uma forma diferente. E foram Yves e Rivera as primeiras a desconfiarem de Valentina. Então esse era eu, quem deveria ser.

Olhei para o céu. Quantas estrelas? Qual seria a explicação que os invocadores davam para isso? Não éramos os donos do mundo, mas protegíamos as criaturas e os humanos. Mas quanto o espaço?

Eram devaneios desnecessários, mas eu fazia essas perguntas para mim. O tipo de coisa que me fazia pensar sobre quem eu era de fato. E sempre tinha a mesma resposta. Invocador de vampiro.

Peguei uma pedra que estava no chão. Era brilhante e translúcida. Parecia com a pedra que cada invocador carregava no pescoço. Apenas com aquela diferença na cor. Olhei para os lados. O que aquilo significava? Coloquei-a no bolso e imediatamente senti frio. Era como se tudo estivesse desmanchando, era como se eu estivesse congelando.

Já estava completamente escuro e um par de olhos surgiu na minha frente. Olhos negros e vazios. Os olhos de Valentina. Tentei tocar o meu medalhão, mas não conseguia me mover.

– Acha mesmo que pode? – a voz era de Valentina, ela estava se aproximando, até que se encostou no tronco da árvore da frente. – Eu amo esses jogos.

– O que tá fazendo garota? – as palavras custaram sair.

– O que você acha? – ela sorriu, agora conseguia enxergar um pouco ela graças a luz alta no céu. – Não é obvio? Você deve saber, não é esperto como aquelas garotas, mas acho que deve imaginar.

– O que tá fazendo? – repeti.

Ela girou os olhos e caminhou até a minha frente. Branca ao extremo e agora com os lábios vermelhos. Era a mesma garota, mas havia mudado. Até o tom de voz estava diferente.

– Vamos lá garoto, você sabe, todos sabem, só não consegue ver.

– Valentina. – falei seu nome e ela gargalhou.

– Acha mesmo que eu me chamo assim? – ela parecia se divertir. – Vou deixar pensar que tenho esse nome, como um presente.

– O que está acontecendo?

– O começo. – ela sorriu. – Deve saber o começo de que, agora estamos indo para o meio. E você não vai gostar nenhum pouco do final. – Valentina gargalhou novamente.

Tentei me mover, mas não conseguia. Minhas pernas estavam travadas e tudo estava gelado. Tentei mover os dedos, mas não conseguia senti-los. Era um pesadelo.

– Primeiro, você teve aquela visão. – ela começou a contar demonstrando com os dedos. – Segundo, vocês receberam aquele recadinho. Terceiro, aquela mulher te reconheceu. Quarto, a sereia te atacou. Quinto, eu apareci. Sexto nós possuímos as criaturas, só para mostrar que o poder está crescendo. Qual será a próxima evidência? Eu estou ansiosa.

– Eles irão achar você. – tentava e tentava me mover, mas não conseguia.

– Não sou a única, docinho. – Valentina se aproximou ainda mais de mim. – Você e aquela mulher de olhos puxados já sabem. As outras duas desconfiam e Doc, bom, ele já descobriu também. Mas querido, invocadoras de bruxas tem suas armas e não são físicas. São psicológicas. E eu te pergunto, do que você tem medo?

– O que fez com Doc? – tentei gritar, mas não tinha potência para isso.

– O mesmo que farei com você. – ela respondeu. – Então responda invocador insolente! Do que você tem medo?

Pisquei os olhos. Comecei a sentir sono. Continuava imóvel e dessa vez não conseguia falar. Valentina se aproximou de mim. Era mais frio, mas tenso. E sentia dor. Olhos negros e vazios. Olhos que estavam frente a frente. Uma boca que se abriu e que encostou no meus lábios.

Eu tenho medo.

Medo de não ser mais eu mesmo.

Tenho medo de decepcionar as pessoas.

Tenho temor da morte, do que fui, do que sou e do que serei.

Não quero ver sangue derramado.

Nem ver mais amigos morrendo.

Quero ter minha vida de volta.

Tenho medo de ter medo.

Tenho medo da dor.

O medo de todos os humanos, o medo da morte.

O medo de ser o último.

Eu não tenho medo da noite, tenho medo do que está no céu.

Medo das damas da noite.

As senhoras do escuro e do sangue.

As donas da vida e da morte.

Senti falta de ar. Tontura. Aos poucos recuperei meus movimentos, mas na minha frente os mesmos olhos a se distanciarem. Olhos de Valentina ou qualquer que sege seu nome. De uma invocadora de bruxas ou de damas da noite, dava no mesmo. O perigo era o mesmo.

Estava tudo embaçado. Não conseguia enxergar direito. Estava tonto e mal pude ver ela retirando o medalhão negro de minhas mãos.

– Isto é meu. – disse a invocadora. – E você não vai lembrar de nada quando acordar.

Fechei os olhos. Mente pesada e sono, muito sono. Pisquei algumas vezes. Mas era lento e de uma hora pra outra dormi. Sono profundo. Sem sonho. Era um sono da morte em que eu acordaria. Aquela era a morte da minha memória sobre o que tinha acontecido. Era uma arma de uma garota misteriosa. Mas que garota?

Dormi. Dormi muito. Sentia o sereno da noite caindo sobre mim. Ouvi sons com o passar do tempo. Passos pesados e trotar de cavalos. Pressa muita pressa. Ainda estava sonolento, mas um golpe no estômago me fez levantar.

– Acorde invocador de vampiro. – não conhecia aquela voz. – Sua gente tem muito que explicar.


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Notas finais do capítulo

Oii de novo pessoal! O que acharam? Não esqueçam de comentar, ajuda muito na construção da história. Quem tiver alguma ideia ou teoria, é só falar em?! Até o próximo comentário!