A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 23
Entre o passado e o agora


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Capítulo calmiiiinho, vamos nos recuperar do que aconteceu. Certo?! Hoje temos um acontecimento esperado, façam suas apostas! Espero que gostem e boa leitura!



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Já no casarão era impossível negar a tensão que estava. Os olhos pesados e coloridos estavam com o olhar abaixado. Tristes.

Recebemos a notícia que um dos invocadores de ogros havia falecido, da mesma forma que Gillis. E aquilo não nos confortava em nada. Só piorava as coisas.

– O que vamos fazer agora? – Doc olhava para o jardim, sentado na varanda e tentando organizar um cubo mágico.

– Comecem me explicando. – disse Collins.

O filho de Abbey já estava usando roupas de invocador de dragão. Seus olhos continuam normais, ele ainda não havia sido invocado. Mas aquelas roupas não o fazia ser parte do nosso mundo. Foi tudo muito de repente. Até eu havia sido atingido.

– Sua família inteira morreu com acidentes envolvendo o vento. – disse Murphy. – Isso significa que algum dragão, dado como um ser divino, enganou sua mãe para você se tornar um invocador de dragão. É o que sempre acontece e sempre vai acontecer.

– Agora você é um iniciado. – disse Doc. – O natural seria você ter sido buscado pela Sociedade Esmeralda, mas por conta dos acontecimentos, Rhodes achou melhor você ficar aqui mesmo.

Collins continuou em silêncio. Eu havia passado pelo mesmo que ele, todos nós tínhamos. Mas com ele parecia ser diferente, ele não parecia conseguir entender e acreditar.

– E você protege os dragões. – disse Rivera. – Gatinho, é melhor acreditar logo. Você não é um humano normal. É um de nós, como Hiden.

– Então todas essas criaturas existem? – ele perguntou com tom de deboche.

– E graças a essas criaturas você existe Collins. – falei. – É a mais pura verdade. A realidade onde vivemos. O mundo que protegemos.

– Não quero fazer parte disso. – ela tampou o rosto com as mãos.

– Você não tem escolha! – Yves disse com o tom de voz elevado, mostrando que ainda era fria como antes. – Aceite logo e lide com isso. Bebês chorões morrem facilmente no campo de batalha. Você precisa aprender a lidar com a dor. Precisa se alimentar disso e crescer. Olhe para nós, perdemos Gillis, mas estamos de pé. Estamos lidando com a dor. Cresça logo e compreenda.

O lugar se tornou silêncio. Apenas o som dos pássaros era ouvido. Esse era o jeito de Yves. Anunciar a realidade como um soco no estômago e deixar claro que levará muito mais socos. Era esse o jeito que até eu estava me tornando.

– Acho que estou começando a entender. – disse Collins. – Então esse mundo é real. Então todas essas criaturas existem. – ele limpou os olhos envoltos de lágrimas. – E meu trabalho agora é esse? Proteger essas criaturas.

– Cumprir a lei. – Murphy completou. – Não pode deixar uma criatura atacar um humano ou um humano ver uma criatura. É o nosso papel. Manter o equilíbrio.

– Mas tem sido bem difícil manter esse equilíbrio. – Doc segurou o queixo, havia terminado de decifrar o cubo. – E o estopim para o fim dos tempos começou ontem à noite.

– Estamos em tempos escuros. – disse Rivera. – E não sabemos se haverá saída. Pelo o que parece, tudo vai piorar. Perdemos Gillis e podemos perder qualquer um. Você perdeu sua mãe, mas isso já era previsto.

– Era para ter perdido antes. – disse Rhodes vindo até nós.

Olhamos para o senhor da casa. Suas palavras pareciam sem sentido, mas parecia que algo muito maior estava pronto para ser dito. Era uma revelação.

– Contatei novamente com a Sociedade Esmeralda e pelo o que contaram, Abbey já conhecia o destino seu, Collins. – contou Rhodes. – Mas ela pediu mais algum tempo e o líder dos dragões aceitou. Mas parece que o prazo acabou e os grilos de vento vieram buscá-la. Acho que Doc já deve imaginar o resto.

– Hiden assumiu a invocação que seria de Collins. Sendo assim, ele faz parte do herdeiros dos elementos. Nunca imaginei que esse tipo de acordo poderia existir. Ainda mais com dragões.

– Então Collins precisa ser invocado! – disse Yves. – Não podemos perder tempo.

– E não vamos perder. – disse Rhodes. – Será uma invocação exclusiva na sede da Sociedade Esmeralda. Collins já decidi quem irá acompanhá-lo e será Yves. Vocês irão hoje a noite.

O invocador saiu andando para o interior da casa. Collins ainda parecia transtornado e Yves cruzou os braços. Não parecia muito afim de sair do casarão.

– Espero que não se metam em encrenca. – disse Yves. – Não podemos perder mais um parceiro. Agora venha comigo Hooper, precisamos conversar.

Saímos do casarão em silêncio e todos os outros olhavam para nós. Eu não sabia o que Yves iria dizer, mas sentia que tinha peso. Que era algo importante para ela.

Entramos na floresta e caminhamos a uma certa distância, como se tivéssemos medo de nos aproximar. Ela caminhava calada, como se tentasse evitar algo. Enquanto eu estava na minha. Quieto e temeroso.

Yves parou de andar e se encostou no tronco de uma árvore. Seus olhos avermelhados olhavam para mim e desviavam para o chão. Ela temia algo, tinha medo de dizer.

– O que houve? – perguntei.

Ela continuou em silêncio, mas desta vez com o olhar fixo em mim.

– Invocadores não sentem medo. – disse Yves. – Muito menos da morte.

Yves entrelaçou suas mãos e notei que ela ainda usava a jaqueta que eu havia dado de presente. Seus cachos estavam bagunçados e seus sapatos sujos de barro.

– Senti medo a noite. – ela abaixou a cabeça. – Isso não é normal. Muito menos para mim.

– Sou seu amigo, pode contar. – falei.

Yves sorriu fracamente.

– É por isso que você vai rir e eu não quero que ria disso. Porque realmente me trouxe medo.

Cruzei os braços e encostei no tronco da frente. Ela olhou novamente para mim e nossos olhares se cruzaram.

– Prometi a você que o faria lembrar. – disse Yves. – Senti medo de morrer e não cumprir a promessa. – ela fechou os olhos. – Já falhei muitas vezes nisso. – em seguida os abriu. – Já sentiu medo de perder alguém?

Não respondi. Apenas continuei a observando e ela olhou para o lado, como se buscasse uma saída.

– Nunca quis ser esse tipo de gente. – Yves cruzou os braços. – É estranho porque estou começando a achar que Rivera está me influenciando nisso. – ela riu e bateu a mão na própria testa. – Senti medo de te perder Hooper, mesmo não o tendo. Senti medo de não contar a você o que eu não contei naquele dia porque fui iniciada.

– Não estou entendendo.

O sol bateu na sua face, um único fecho de luz. Ela não sorria. Estava inexpressiva e com as bochechas rosadas. Seu olhar não era o de uma garota apaixonada que desviava para o chão. Yves era corajosa e eu já sabia o que ela iria falar, já imaginava. Seus olhos estavam fixos em mim e os meus nela. E o respeito por segundos havia acabado. Yves não era o tipo de pessoa que se apaixona ou despreza. Era o tipo de mulher fria, rabugenta, que precisa mais que tudo de alguém ao contrário dela. Para a fazer transbordar. E eu lembrei enquanto a fitava de uma coisa.

– Eu lembrei. – falei.

– Do que? – ela perguntou.

– Seus olhos eram azuis. – respondi. – E quando estive o mais próximo possível deles, eles ficaram vermelhos por segundos. – aproximei-me dela e continuou parada. – Lembra daquele momento? Você se esqueceu, mas nós nos encontramos naquele dia.

Três centímetros de distância. Continuava sem expressão e continuava me encarando. Piscou. E de repente notei o brilho azulado.

– Consegue se lembrar? – perguntei.

Ela piscou novamente, simbolizando um sim.

– Agora eu me lembro. – respondeu Yves. – E tenho um pedido. Não se aproxime de Valentina, ela já percebeu que você é um dos nossos. Collins vai fazer isso.

Assenti e ela continuou me observando. Não queria se distanciar, assim como eu também não queria.

– Acho que você está com vergonha. – falei.

Yves desviou o olhar para o chão, mas logo fixou os olhos em mim. Sem sorriso, sem lágrima. Esse era o jeito dela. Séria e fria.

– Vou com Collins para a invocação, mas volto ainda hoje. Podemos dar uma caminhada por aí.

Os três centímetros diminuíram, quando nossos lábios se encostaram e minha mão deslizou para sua cintura. Duas pessoas resolveram atrapalhar o que estava prestes a acontecer.

– Desculpe casalzinho destinado, mas temos um problema. – disse Rivera junto de Jasper.


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Notas finais do capítulo

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