A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 2
Chamas do nascimento


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoal! Segundo capítulo, espero que gostem!!! Aguardando comentários ^_^. Vamos mergulhar ainda mais neste universo!



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Acordei num quarto de paredes negras e um cheiro forte de pimenta, estava em volta da janela, como se protegesse. A lâmpada do quarto era avermelhada e por mais que estivesse de dia, ela estava acesa. A porta de madeira era pintada de vermelho e do lado dela, havia um espelho, onde eu mesmo na cama podia me ver. A cômoda estava num canto e com um livro grande em cima da mesa do lado. O chão de madeira era bem lustrado e senti pena de pisar nele.

Até que alguém bateu na porta e senti que não deveria gritar para entrar, mas sim abri-la. Por educação apenas. E aquilo não era nada comum, pelo menos não da minha parte.

Atrás dela estava a mesma garota que cheirava a queimado. Nada de sorriso dessa vez. Yves estava inexpressiva e segurando uma lanterna de luz negra. Estranho.

– O que é isso na sua mão? – perguntei.

– Antes de abrir a porta deveria vestir uma roupa, você não é garoto de programa e muito menos modelo de outdoor. – dura, com toda certeza ela era.

Olhei para mim. Estava apenas de bermuda de dormir. E o pior era que não lembrava de ter me trocado. Coisas estranhas estavam acontecendo e eu não sabia com que frequência. Mas era bastante.

– Confortável. – respondi como se fosse, mas apenas queria que ela parasse de me encarar.

– Cala a boca, curioso. – ela respondeu naturalmente e foi isso que fez parecer sério. – O senhor da casa quer falar com você.

Senhor da casa. Havia um líder pelo visto. Assim sendo, havia regras, havia deveres, mas também direitos. Até no mundo real vivemos obedecendo a ordens.

Fechei a porta assim que Yves saiu. Notei que seu cabelo cacheado e castanho escuro tinha uma mecha vermelha. Ela estava usando uma saia vermelha até os joelhos e uma camisa larga e preta do Ramones. No pescoço carregava um medalhão com uma pedra vermelha.

Abri minha cômoda e deparei com gavetas organizadas. O short saiu e deu lugar a uma calça larga e jeans, a camisa que vesti foi a primeira que encontrei, ainda mais porque bateram novamente na porta.

– O que foi dessa vez? – perguntei fechando a porta enquanto saía do quarto.

– Têm horários a cumprir garoto. – era Yves e ainda com o humor pior.

Meu quarto ficava num corredor cheio de portas, provavelmente mais quartos. E cada um deles possuía um nome e o meu já estava cravado na porta. Hooper Rubi. No final do corredor havia uma espécie de varanda interna, onde no final havia uma escada, daquelas de filmes. Descemos cheios de pressa, essa principalmente da parte de Yves. No fim da escada encontrei alguém que não esperava, pelo menos que fosse daquele jeito.

No meio daquele enorme salão estava um homem de casaco vermelho e camisa social preta, onde uma gravata cor de vinho, parecia tímida. O cabelo estava preso num rabo de cavalo baixo e era tão cacheado quanto o de Yves. Carregava o mesmo medalhão com a pedra vermelha, era como um símbolo. Com as mãos no bolso da calça social preta, ele parecia sério, mas não dava pra ignorar aquela cara de louco.

– Espero que as roupas tenham servido. – disse o homem que em seguida, empurrou os óculos que carregava por cima do nariz.

Ele tinha olhos avermelhados, assim como Yves.

– Essas serviram bem. – respondi tímido, não sabia como agir na frente daquele cara estranho.

Caminhou até mim e esticou a mão pra um cumprimento e quando o cumprimentei, ele segurou minha mão e se apresentou:

– Sou Senhor Rhodes Rubi. Senhor do casarão da mata, invocador de vampiros da Sociedade Rubi.

– Prazer em conhecê-lo senhor, mas eu ainda estou confuso, o que sou agora?

Estava sendo sincero. Meu suor estava escorrendo frio da testa, o toque das mãos do homem era ainda mais gelado. O pior era a expressão, confiança era o que via naquele olhar. E pessoas confiantes fazem loucuras.

– Hooper Rubi, invocador de vampiros e membro da Sociedade Rubi. – Rhodes explicou.

– Isso é sério mesmo? – ainda não acreditava.

Ele soltou minha mão e em seguida gargalhou. Fiquei assustado, mas tentei não demonstrar.

– Isso sempre acontece. – a gargalhada era alta e estridente, louco.

Yves estava agora do lado dele, séria e de braços cruzados. Girava os olhos como se quisesse que aquela situação passasse logo. Mas ainda era engraçado demais para Rhodes. Até que do nada ele ficou sério e seus olhos se comprimiram, como se estivesse me julgando. E estava.

– Mais um como você, Yves. – ele concluiu ainda sério. – Vocês jovens não sabem como levar a vida de modo feliz.

– Ele acabou de perder a família. – pela primeira vez senti que ela iria me defender. – Ainda nem sabe como as coisas são. Dê um tempo para ele, deixe a cabeça de humano normal ir embora e a de invocador assumir seu papel. Isso sempre acontece, você sabe que nem todo mundo é como Gillis.

Rhodes suspirou e se deu por vencido. Era incrível como Yves conseguia soar real e em chamas. Não aquele tipo de garota morta ou as movidas à internet e status. Ela era a garota forte que não se importava com os outros, apenas com o que lhe parecia correto. Yves parecia me induzir a acreditar dela e apoia-la em maluquices que nem sabia se era capaz. E eu não fazia ideia sobre no que estava me metendo.

– Yves, chame os outros e quando escutar o silêncio, entre com eles.

Ela saiu com todo o calor que estava no lugar. Senti frio e anseio de uma só vez. Aquele homem não parecia comum, nem era. Ficamos de pé, nos encarando, mas ele fazia mais do que isso, tirava conclusões silenciosas.

– Hooper, ontem sua casa pegou fogo e toda sua família morreu.

– Eu sei disso. – respondi tentando não me lembrar do incidente.

– Exatamente. – era uma palavra longa e pronunciada de uma forma inteligente. – Você deve saber que há ligações desse incêndio com o de toda sua família. Todos morreram de forma estranha, mas em todos havia fogo.

– Não pensei nisso. – falei.

Meus avós morreram um ano depois de eu nascer, ambos morreram num incêndio de proporções mínimas, mas que levaram a morte. Eles tinham três filhos e o mais velho, que era meu tio, morreu num incêndio numa fábrica têxtil há treze anos. A filha mais nova morreu numa explosão quando o carro caiu de uma encosta, ela tinha uma filha, dois anos mais nova que eu, que morreu na mesma explosão, há cinco anos. Agora foi a vez de meus pais e minha irmã mais nova. Um incêndio onde só eu sobrevivi. Perdi toda a minha família, com tudo em chamas.

– Aposto que pensou agora. – Rhodes queria sorrir, percebi seu lábio erguendo, mas ele soube que aquilo não seria legal. – Hooper, é das chamas que nasce um invocador de vampiros. A família inteira morre com fogo e só um sobrevive. Garoto, todos nós perdemos familiares, todos nós nascemos do fogo.

– E se eu evitasse? – perguntei. – E se o incêndio não tivesse acontecido?

– É impossível evitar. – ele me interrompeu antes de fazer outra pergunta. – Ninguém evita, os mentores nunca falham.

– Quem são os mentores?

– Vampiros. – Rhodes estava com o olhar fixo em mim, sério e verdadeiro, não parecia louco. – Abençoam as crianças e lhes dão dons, fazem isso por meio de uma negociação.

– Minha família nunca faria isso. – era impossível, sabia que eles não aceitariam isso.

– Sua mãe passava por uma gravidez de risco e um vampiro ofereceu ajuda, disse que te salvaria e que você ganharia dons, que seria abençoado. O vampiro provavelmente se apresentou como um anjo e ocultou a parte do fogo por todo lado. Eles costumam fazer isso.

Era um absurdo. Um vampiro se fazendo por anjo e minha mãe topando uma loucura, não parecia o tipo de coisa que ela faria. Não mesmo.

– Como sabe disso? – ainda não acreditava.

– É o que aconteceu com todos nós. – ele respondeu com certo pesar. – E ontem aconteceu com você, assim como pode acontecer com alguém amanhã, ou depois. É o mundo real. Estamos cercados de seres incríveis e também perigosos. Bem mais perigosos. – ele sussurrou a última frase.

– O que os invocadores fazem? – aquele era o ponto eu queria chegar de verdade.

Rhodes respirou fundo, piscou os olhos, desviou o olhar e enfim me respondeu:

– Invocadores mantêm os vampiros em seu verdadeiro lugar. Sãos e salvos, longe dos humanos.


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Notas finais do capítulo

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