O Desfastio de Mara Dyer escrita por Layla Magalhães


Capítulo 19
19




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MARA
ALGUNS ANOS DEPOIS

— VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE BRINCADEIRA, MÃE — Ani está num misto de irritação e timidez, e não sei se é certo achar engraçado, mas acho. E muito.

Estamos sentadas no sofá, uma de frente para a outra. Não fazem nem dez minutos que Stu, um rapaz que Ani gosta, saiu de casa. Nós o convidamos para jantar, mas aparentemente eu o envergonhei demais e o impedi de manter sua dignidade, fazendo-o ir embora.

Bobagem tamanha eu nunca ouvi antes. 

— Suponho que seus pretendes passarão por testes maiores na vida do que tolerar a mãe de sua namorada. E, além do mais, já que seu pai adora ver como vocês pisam nos garotos que trazem para cá, eu devo bancar a mãe protetora.

É assustador o quanto minhas filhas conseguem manipular os garotos que trazem para cá apenas com um piscar de olhos. Eles parecem mais robôs do que pessoas pensantes. É curioso e engraçado, mas terrivelmente assustador. Nunca achei que seria possível ver o poder de encantar as pessoas que Noah possui em mulheres, então me surpreendi ao vê-lo nelas.

— Você vir com a história de que consegue que as pessoas morram caso você queira eu entendo. Você quer mostrar que se ele me machucar, terá volta. Eu compreendo. Mesmo. Mas vir me envergonhar em seguida? — ela levanta as mãos num gesto de incompreensão — Você só quer me matar de vergonha? Fiz alguma coisa da qual mereça esse castigo?

Respiro fundo.

— Ani, está no manual de como ser mãe. Deve ser o capítulo sessenta e dois, algo similar a: como tratar os, abre parênteses, futuros ou não, fecha parênteses, namorados ou namoradas de seus filhos ou filhas. Tenho certeza de que é a cláusula vinte que diz que devemos mostrar fotos embaraçosas para eles.

Manual de como ser mãe? Está mais para manual de como ser uma péssima mãe.

Manual de como ser uma mãe maneira.

Manual de como ser uma mãe que constrange as filhas e encaminha-as para a solteirice eterna. Sorte sua que aprendi bem demais a usar meu charme com papai. Daqui poucas horas Stu nem lembrará mais do que aconteceu.

Suspiro.

— Não sei se acho seu pai um glorioso professor ou um terrorista por ter te ensinado tais coisas.

Sorrindo, ela concorda.

 — Você não tem o que temer, mãe.

Isso só faz com que eu tema mais, e forjo um arrepio. Ani gargalha e jogo uma almofada nela.

Com dezoito anos, Ani se tornou uma bela moça. Seus cabelos castanhos longos e encaracolados vão até o meio de suas costas e os olhos azuis do pai ganham corações que vão a quilômetros de distância. Muito charmosa e inteligente, Ani não precisaria da beleza etérea que puxara do pai para ser incrível, mas o mundo não ligou de despejar tudo isso nela.

— Graças a mim, Stu agora viu como você era uma graça quando era bebê, e então não parará de pensar em como quer que os filhos dele sejam iguais a você.

Malas sem alças enormes e excêntricas? — Syrena surge do corredor que sai da cozinha e zomba da irmã mais velha.

Você é maravilhosa, Rena — o tom de escárnio sobrecarrega o elogio, o que me dá vontade de rir. Ambas estão de castigo por brigarem demais, então elas devem se elogiar no lugar de trocarem palavras ofensivas. Noto que ela está mastigando alguma coisa, o que não passou desapercebido por Ani. — E o que você está comendo?

Você que é incrível, oina —Syrena retruca com o acrônimo de Anioł. Embora seja dois anos mais nova, sua altura é superior à de Ani. Seu cabelo liso cai com frieza sobre seu crânio e seus olhos acidentados brilham em desafio. — Estou só provando uma coisinha que papai está cozinhando.

 — Sacanagem, Rena. Estou com fome e não fico beliscando o que vejo pela frente.

Porque você não quer — Syrena sorri sarcasticamente para ela —, fica se privando porque vive e respira os garotos com que sai.

A Rena tem razão! — Noah grita da cozinha, o que faz com que ela sorria mais ainda.

Olhando feio para a irmã, Ani pega a almofada que eu jogara nela mais cedo e atira em Rena. As duas sempre brigam assim, mas sem perder o humor.

— Vá buscar um pouco pra mim.

— Vai você.

— Quem queria um par de meninas mesmo? — ouço a voz de Noah antes de vê-lo, pois ele coloca só a cabeça para fora, no corredor. Há algumas mechas grisalhas em seu cabelo maravilhoso, o que, na minha opinião, o deixou mais sexy. Syrena corre em direção aos quartos, fugindo da irmã, e Ani vira os olhos.

— Você queria, Noah. Lembro-me de te ter ouvido dizer como meninas são adoráveis.

As damas são. As quietas. Que não discutem por causa de comida. — Ani mostra a língua, zombando dele, o que só o faz afirmar o argumento. — Mara, eu queria meninos.

— Bem, se você está tão desesperado, ainda posso arrumar alguns para você — brinco. Noah fez vasectomia há alguns anos. Ele tinha trinta e nove anos na época, e decidimos que a fábrica decididamente deveria fechar.

Ele volta para a cozinha, emburrado, e ouço-o gritar:

Com os óvulos doados de quem?

Filho da mãe.

— Não ligo caso vocês decidam adotar um irmão para mim — Ani diz, maliciosa. Sei que aí tem.

— Você não ligaria mesmo, filha?

— Claro que não — Ani estala a língua — , desde que meu irmãozinho tenha dezoito anos e seja bonito, por mim, tudo ótimo.

Entro na brincadeira, querendo irritar meu marido.

— Eu também não me importo, neste caso. Ele poderia me chamar de mamãe e tudo mais. — Pisco para Ani.

Mamãe até o colocaria para dormir toda noite! — Syrena grita de algum lugar da casa.

— Claro. É o mínimo que eu poderia fazer para um filho.

— Engraçadas, vocês. Muito engraçadas. Tenho mais certeza ainda de que queria meninos, Mara.

Levanto do sofá aonde estava escrevendo e vou até a cozinha, apoiando-me na parede do corredor e cruzando os braços. Observo Noah cortar algumas cenouras com destreza, sua habitual camisa branca dobrada nas mangas, mostrando seus braços fortes e firmes em movimento, e a calça jeans descansando elegantemente no quadril. Seus pés estão descalços, e seus lábios estão comprimidos, um indício de que ele está zangado mas não tão zangado. Trazendo à tona as memórias de nossa adolescência, percebo que muita coisa não mudou — talvez os olhos dele estejam num tom mais sóbrio e vívido de azul, como se as partículas tivessem se unido numa solidez que não existia antes — e continuam as mesmas, embora nós tenhamos crescido muito mais com o nascimento das meninas. Fora difícil muitas vezes, demonstrava ser quase impossível na maior parte, mas lidamos bem com a paternidade. E por mais que o mundo dissesse que dividir nosso amor com duas pessoas pudesse enfraquecê-lo, tiramos a prova de que só nos fortalecemos.

Lieben nos ajudou em momentos que nenhuma força terrena poderia. Nos guardou sempre que precisávamos ou não de sua atenção. E a correntinha que ele me dera uma vez em um sonho nunca perdera o calor de seu toque.

— Não adianta vir me distrair, não depois de me provocar — Noah avisa, nada ameno, mas com um sorrisinho de lado que esforça em esconder.

— Não posso fazer nada? — faço bico. Dá certo com as meninas, talvez dê certo comigo.

— Não.

— Nadinha mesmo? — Tiro o bico e adiciono uma expressão insinuadora.

Essa parece surtir efeito.

— O que você tem em mente?   

É, mãe, o que você tem em mente? — Escuto Ani dizer.

Ignoro-a, porém abaixo meu tom de voz para impedi-la de ouvir mais alguma coisa.

— Se você não ficar emburrado, posso até dizer.

Noah franze a sobrancelha.

— Tenho de saber pelo quê estou desistindo antes de deixar de lado meu mal humor — ele diz, sério, entretanto não soa mal humorado de jeito nenhum. 

Não se faça de difícil, Shaw.

Focado nas cenouras, ele não volta a olhar para mim.

— Você vai me ignorar?

Ele dá de ombros.

— Você sabe que, se continuar com isso, terei de convocar A Tropa, não é?

Noah olha de imediato para mim, sua mão se tensionando sobre a pia.

— Você não faria isso. 

Não faria? — Ele nega com a cabeça. Se tem uma coisa que aprendi com os Shaw ao longo do tempo fora não negar um desafio, o que me leva a respirar fundo, arquear uma sobrancelha e gritar — Meninas, preciso da Tropa na cozinha.

Ouvindo os passos apressados das garotas, Noah larga a faca no balcão e se afasta da pia, não querendo ficar preso. Seu rosto está pronto para o combate, embora seus olhos estejam gargalhando como uma criança.

As duas aparecem na cozinha e ficam à postos: alongam os dedos e estalam o pescoço.

— Qual é o problema, general? — Syrena analisa o pai em busca de provas. 

— Como vocês podem ver — indico Noah com a mão—, o pai de vocês está sendo totalmente um porre.

— Não estou não. — Ele tenta negar, apesar de ser tarde demais. Nosso combinado é de não dar para trás após A Tropa ser solicitada.

— Podemos ver que está, pai. — Com a mão no queixo, Ani continua, dirigindo-se a mim. — Como devemos proceder? 

— Dois minutos de tortura sufocante devem bastar.

Tortura sufocante não — reclama Noah—, eu odeio a sufocante mais que todas as outras. Escolham a abdominal, ou até mesmo a tortura de gás tóxico, mas não a sufocante.

Elas olham para mim, em busca de orientação.

Já cedi outras vezes, só que hoje não.

Tortura sufocante. Dois minutos. Agarrem-no.

Rena e Anioł não hesitam. Pulando em Noah, elas mostram que toda aquela prática de esportes veio a calhar: em poucos segundos o pai dela já está no chão, no meio da cozinha, com cada uma segurando um braço dele. Como general, meu papel é imobilizar a vítima, portanto sento sobre suas coxas, um pouco acima do joelho, e prendo suas mãos com as minhas. Ele tenta escapar algumas vezes, embora logo veja que é impossível.

— Preparem-se, meninas. — elas correm em direção ao pé de Noah, o que o faz chorar sob sua garganta. — Dois minutos serão contados, à começar... agora!

Minhas filhas não falham. Põem-se logo em ação, fazendo cócegas nos pés de Noah sem cessar. Ele se contorce sob mim, sua risada explodindo involuntariamente da boca, os olhos escorrendo com lágrimas.

— Parem! — Sua cabeça balança desesperadamente de um lado para o outro. — Por favor, parem!

— Só parem se a vítima estiver sob os efeitos do atordoamento! — Ordeno sob os pedidos desesperados de Noah.

Vocês são impossíveis!

— É só dizer as palavrinhas mágicas, pai!

As palavras mágicas, no caso dele, seriam: não serei mais um porre, já que o acusei exatamente disso.

— Palavras mágicas, é?— Ele consegue dizer entre uma risada histérica e outra. — Tenho outras aqui para dizer à vocês: vou fazer xixi nas calças!

Nós três cedemos do controle que tínhamos dele ao mesmo tempo. Noah demora para se estabelecer novamente, o que não extingue seu sorriso.

— Ai. — Ele aperta a barriga, querendo terminar seu acesso de riso. — Eu odeio cócegas nos pés.

— Pelo menos a tortura fora eficiente. — Ani e Syrena dão um high-five.

Pelo menos a tortura fora eficiente — imita Noah de mal gosto—, não sei porque vocês continuam fazendo A Tropa. Sua mãe e eu a criamos para torturar vocês, e não para sermos torturados.

— A Tropa vive enquanto as pessoas precisarem dela. — Eu e as meninas dissemos em uníssono.

— E se vocês continuarem insistindo nisso, o jantar não sai hoje.

— Está bem — resmungamos, novamente, em uníssono.

Noah sorri, vitorioso. Ele sabe que brincar com comida já é covardia.

As meninas se ocupam com a arrumação da mesa enquanto eu lavo a louça que é utilizada para preparar a comida. Noah sorri enquanto termina silenciosamente os últimos detalhes, enquanto salpica o último toque de tempero. Nossos dias são assim: Syrena vai para a escola e Ani à faculdade na parte da manhã junto com Noah, que vai para o consultório. Eu escrevo e estudo as diversas teorias sobre habilidades genéticas que Kenji me envia diariamente até a hora em que devo preparar o almoço para as meninas, que chegam por volta da uma da tarde. Noah chega às três. Passamos a tarde juntos, nós quatro. Não é por falta de opção ou programas, e sim por gostarmos de ficar em família. Alguns dias Katie se junta a nós, trazendo nosso sobrinho e seu marido, James; vemos Jamie  com frequência também, junto de Daniel.

Levo as travessas de comida até a mesa e Noah abre um vinho para acompanhar. Tudo cheira muito bem, e o aspecto da comida é bom. Salivo, com fome, e logo devoramos todo o jantar.

— Pai, a comida estava muito boa. — Ani elogia com um sorriso satisfeito no rosto.

— Acho que percebemos isso quando você repetiu pela terceira vez. — Syrena caçoa e Ani dá de ombros, respondendo — Ser bonita gasta muita caloria.

— Vocês deveriam subir — Noah diz, sério —, preciso conversar com a sua mãe.

— Xi — Syrena sussurra —, alguém está numa enrascada.

— Vamos antes que nós fiquemos também — Ani pega a mão da irmã e some pelas escadas.

Tomo meu vinho em silêncio, ganhando tempo. Noah apenas me olha, o queixo apoiado nas mãos e os olhos quietos nos meus.

Com o último gole descendo por minha garganta, encaro-o inocentemente.

— Você queria falar comigo?

— Sim.

Engulo em seco.

— Sobre o que seria?

— Mais cedo, você disse uma coisa.

Umedeço os lábios. Mais cedo eu dissera muitas coisas.

— Você precisa ser mais específico.

— Você propôs fazer alguma coisa para me tirar do estado emburrado.

Compreendendo seu ponto, olho-o, cética.

Você fez todo esse drama para isso?

— Você propôs — ele continua como se eu nada tivesse falado —, e não cumpriu.

— Lembro-me de tê-lo visto rir bastante na cozinha.

— Foi tudo mentira — Noah ri. O bastardo.

— E esse sorriso agora?

Ele sorri mais, coisa que eu achava impossível.

— É mentira, também.

Não posso impedir o meu mesmo de surgir.

— Você é um cara de pau.  — Murmuro com o rosto em mãos. 

— E você tem de cumprir sua sugestão.

Não vejo saída. Ele levantará esse assunto até me vencer pelo cansaço.

— E o que você quer que eu faça?

Noah saboreia um gole do seu vinho. Levanta de sua cadeira e para atrás da minha. Puxando meus cabelos para o lado, ele beija a parte acessível de meu pescoço. Nesses anos, ele cultivou em seu rosto uma barba rala e bem feita, o que me arrepia inteira. Meu pescoço é um campo minado em que bombas de calor explodem com tanta frequência como as de frio, fazendo meu corpo convulsionar com os arrepios.

— O mais fácil seria perguntar o que quero que você não faça.

— Tudo bem — respiro fundo, meu coração disparado problematizando o processo —, o que você não quer que eu faça?

— Que fique aqui, sentada, no lugar de ir para nossa cama.

— Tudo bem — repito, e rapidamente estou no quarto. Noah me segue, devagar, e está zombando de minha pressa quando me alcança.

— Nós poderíamos tentar ter aquele filho do qual conversamos mais cedo— ele sugere.

— O bonitão de dezoito anos? — Debocho. — Ter um filho de sangue e fazer as coisas que imaginei não seria tão ético.

Ele finge uma risada.

— Você sabe que não podemos tê-lo.  — Comento, mas sem perder nosso precioso tempo -- tiro minha roupa na mesma velocidade em que subi as escadas em direção ao quarto.

— Sei, embora tentar com afinco nunca deixe de ser divertido.

Divertido.

Você é divertido — murmuro, meus olhos caindo para a parte visível de seu braço, a camisa tornando-o mais atrativo.

— Só divertido? — Noah começa a desabotoar a bendita camisa.

— E lindo. E um ótimo pai. Um maravilhoso cozinheiro. Um médico sem igual. — Ele tira a camisa e visualizo o peitoral definido dele, a temperatura subindo mais uns três graus.  — E sexy. Você é sexy. Muito sexy. Mais sexy do que seria considerável saudável.

— É mesmo? — Meu marido tira a calça e a cueca de uma vez, caminhando até mim na cama e deitando-me sobre os lençóis. Seus lábios alcançam os meus e se demoram neles antes de correr novamente até meu pescoço. Gemo baixinho sob seu toque, o que o faz gemer de volta.

— E barulhento. Noah, você faz muito barulho. Nós fazemos muito barulho.— Lembro-o.

— As meninas não ouvirão. — Ele diz entre o pescoço e a clavícula.

— E se elas desenvolverem super ouvidos?

— Azar o delas. Elas levaram todo esse tempo sem aflorar nenhum dom. Escolher logo agora, e super audição, ainda por cima, é uma tremenda falta de sorte.

Os beijos dele alcançam minha barriga e arquejo, tentando encontrar o ar que me faltava.

— Você tem argumentos tão bons. — Acaricio seu cabelo, sabendo que não são seus argumentos que me venceram, e sim a embriaguez que seu toque causa em mim.

Ele faz um som que se projeta do fundo da garganta dele, concordando.

— Já te distraí o suficiente? — Puxo-o de volta para minha boca e olho-o nos olhos. Os cabelos estão bagunçados, as bochechas coradas e os lábios brilhando.

— Na verdade, não. — O sorriso é safado em seu rosto.

— Bem — jogo-o deitado na cama, abaixo de mim —, há algum pedido em especial que queira fazer?

A mão dele dança espalmada por minhas costas, alcançando minhas nádegas.

— Ame todas as partes do meu corpo com o mesmo ardor que você ama a mim.

Gosto de seu pedido. Tenho certeza de que estou sorrindo.

Beijo-o nos lábios, no peito, no pescoço, na barriga, no umbigo, no osso pélvico, em sua cintura, e antes de descer mais, paro, fazendo seus gemidos irem do prazer para a irritação.

 — Tenho uma pergunta — digo, rindo de como ele ficara chateado com minha pausa.

— O que é?

— Posso amar uma parte de seu corpo com mais ardor do que as outras?

Noah se contorce na cama, entendendo o que eu quisera dizer.

— Pode.

— As outras partes não ficarão com ciúme?

Ele morde o lábio inferior em expectativa.

— Não mesmo.

Beijo sua bochecha antes de continuar minha descida, mas Noah me para.

— Mara.

Olho para ele e espero. Seu polegar brinca com meu lábio inferior e lambo-o antes de beijá-lo.

— Eu te amo.

Sorrio, apertando sua mão na minha.

— Eu também te amo, Noah.

— Achei que já te amava muito antes, mas me enganei. Hoje eu te amo mais do que há dez anos, e há dez anos eu te amava mais do que amei em quinze. Meu amor por você só cresce, Mara. Mais e mais, a cada dia que passa. 

Penteio-lhe os cabelos e desenho sua sobrancelha.

— Acho que posso dizer o mesmo sobre você.

Ele se aconchega mais sob mim, fazendo com que mais partes do meu corpo entrem em contato com o dele.

— Acha?

Beijo-o no ombro.

— Tenho quase certeza.

As mãos dele deslizam por minha coxa e as puxam, enroscando-nas em sua cintura.

— Tenho quase certeza que daqui dez anos nos amaremos mais do que toda a vida.

— Tenho quase certeza — replico —, que daqui dez anos nos amaremos mais do que toda a humanidade junta.

E aqui estamos nós — ele canta o verso de a beautiful mess. Here we are.

— Você por acaso já está cansado de ouvir-me falando para sempre toda vez que uma frase envolve nós dois?— Brinco.

— Não. Nunca.

Cheiro seu perfume incrível antes de continuar.

— Bem, se é assim, então para sempre. Estaremos juntos para sempre.

— Existe algum período de tempo depois do sempre? — Ele questiona, enrolando uma mecha de meu cabelo em seu dedo.

— Provavelmente, embora não seja conhecido pelo homem ainda.

— Então nós o conheceremos — ele afirma, setencia, promete.

— E a espera valerá totalmente a pena — afirmo, setencio, prometo e inicio nossa jornada em busca do pós para sempre. 

 


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