Tudo pareceu tão real, se ela não tivesse acordado naquele momento, nunca cairia a ficha de que aquilo tudo foi um sonho. Katherine se lembrava de poucos, mas do pouco que ela lembrava, aquele foi o mais real.
Ela acordou atordoada, mas queria saber o que foi e qual o por quê daquele barulho.
Ela levantou e se olhou no espelho, seu cabelo castanho claro cacheado estava arrepiado, seus olhos verdes demonstravam sono, sua expressão ainda estava ruim. Então, ela foi até o banheiro, e jogou água no seu rosto, e isso, a fez despertar.
Ela escovou os dentes e trocou de roupas. Katherine viva num internato na parte rural de Long Island. Ela e quase todo mundo era órfão, mas ela não sabia por quê eles não chamavam aquilo de orfanato. Ela nunca saiu de fato de lá, vive aí desde pequena, nunca saiu pra explorar os Estados Unidos.
Lá, Katherine dividia um quarto com outras três meninas, as crianças que não eram adotadas, visitavam seus pais no final de semana.
Ela desceu escadas, passando por várias pessoas, de dois em dois degraus. Ela é do tipo de pessoa simpática, mas que prefere ficar só, mesmo assim, ela tem seu melhor amigo que se chama Yan, eles são amigos desde pequenos, e ela acabou de encontrá-lo.
–Yan! - Katherine gritou.
Ele estava no refeitório, comendo torradas com manteiga e suco de goiaba.
–Oi - ele cuspiu várias migalhas, infelizmente, ele tinha esse mau hábito de falar de boca cheia.
–Você quer? - ele perguntou.
–Não, obrigada, eu não estou com fome.
–Sinceramente, eu não entendo como alguém pode não ter fome - ele deu uma mordida na torrada e bebeu suco - comer é tão maravilhoso, é a melhor coisa que o ser humano faz, como pode alguém não querer comer?
–Cara, você é doente.
–Ah tá - ele falou com ironia - Você que vai ficar doente se não comer nada.
–Você tem 13 anos, e come como um gordo de 20 anos.
–O quê você tem contra os gordos de 20 anos? Comer é vida, entendeu? V-I-D-A.
–Deixa pra lá... Que tal... Hum... Sairmos deste lugar? Odeio ficar confinada em lugares assim. Quero respirar ar puro.
Yan olhou pra comida como se estivesse decidindo em comer mais, ou agradar sua amiga.
–Mas... Ah ok!
Ele revirou os olhos e olhou em todas as direções, então foi sorrateiramente até a cozinha e pegou cinco torradas e encheu uma garrafinha com suco. Ele conseguia pegar as coisas tão facilmente, Katherine achava que, se ela tentasse isso, seria pega em cheio.
Ele colocou tudo em uma sacola.
–Garoto, como você consegue fazer isso sem ser pego? E como consegue comer tanto sem engordar?
–Eu tenho uma ginga especial amor.
–Amor? E-C-A. Fique com sua namoradinha mesmo.
–Eu e... Você Sabe quem? - ele não pronunciava o nome dela, ninguém sabia o porquê.
–É.
–Nós terminamos.
–Ah, que pena.
–Pois é. Eu nem gostava dela mesmo.
–Bobo - Katherine riu.
Yan começou a correr de repente, e Katherine demorou um segundo pra processar aquilo, ela correu de repente também, o que fez ela quase tropeçar, Yan não tinha dificuldade com isso.
–Esse é seu máximo Kath?! - ele gritou.
–Claro que não, idiota! - respirei fundo - só preciso me concentrar.
Kath acelerou o ritmo das pernas, e eles finalmente chegaram ao jardim, desviando de vários órfãos.
–Eu não sei - Yan parou de falar, colocou a mão no joelho e suspirou de cansaço - porquê você gosta tanto desse lugar.
–Nem eu sei... Aliás... Tenho que te contar uma coisa.
–Espera.
Ele levou Kath ao interior do jardim, que mais parecia uma floresta. Então, sentaram em um tronco deitado.
–Eu tive um sonho estranho.
Então Kath contou cada detalhe, o trigo, a terra, a imagem de Demé, seu jeito doce, os campos infinitos, tudo sobre o que ela lhe falara.
–Extinto? Campos infinitos? Ela te trouxe até lá? Bom, parece bem estranho, mas Kath... É um sonho.
–Eu sei, e eu acordei com um barulho estranho, o que foi?
–Veio da floresta do lado, ninguém sabe o que foi.
Kath pensou.
–Ninguém sabe até agora.
–Como assim?
–Não seja lerdo Yan. Nós vamos descobrir do que se trata.