Ela estava em meio a um campo de trigo, o céu brilhava, raios de sol atravessavam as nuvens, e penetravam no seu rosto bronzeado, os ventos rodopiavam e faziam pequenos grãos de trigo se desprenderem.
Ela deu um passo e sentiu a terra úmida, e deu mais um passo, Katherine gostava daquele espaço. Suas pernas deslizavam pelo trigo, o que coçava um pouco. Ela andou cuidadosamente - algumas vezes, pisando em pequenas pedras - até que viu uma figura tremeluzente, que estava apoiada numa árvore, no fim do campo de trigo.
Ela reluzia em seu rosto, não tanto quanto os raios de sol, mas quase como ele.
Ela semicerrou os olhos pra ver com mais nitidez, e viu que tratava de uma mulher com aparência jovem, de pele branca, roupas como a de uma camponesa, e um cabelo castanho, que caia sobre os ombros, e ia até o quadril, um cabelo ondulado, ela usava um chapéu, provavelmente, para o sol não bater no seu rosto, Katherine queria um desses agora, e ela estava curiosa, queria saber mais sobre aquela mulher, e também, repousar sob a sombra convidativa da árvore.
Ela apressou o passo, e viu que a mulher a olhava fixamente, como se também estivesse curiosa para conhecê-la.
O calor já estava aumentando, o suor não escorria, mas já fazia a roupa e os cabelos de Katherine grudar nela mesma. E aquilo era irritante. Quanto mais se aproximava daquela mulher, Katherine percebia que o solo ficava mais fofo, úmido, e o trigo, com a aparência melhor, aliás, Katherine não sabia quando o trigo estava com a aparência melhor, ela deduziu.
A imagem da mulher já estava ficando mais sólida, talvez o calor tenha feito Katherine ver a imagem trêmula. Ela então, chegou próximo à mulher, parou na sombra da árvore, e se abanou com as mãos.
De perto, Katherine via que as mãos da mulher estavam cheias de terra, e que seu olhar castanho era doce, tão convidativo quanto a sombra da árvore.
–Oi - Katherine disse - onde eu estou?
–Olá! - ela abriu um leve sorriso - bom, você está em um campo de trigo, não percebe?
–Sim, mas não há nenhuma localização certa para estes lugar? Aliás, meu nome é Katherine.
–Não querida, eu te trouxe até aqui, você vê o fim? Está sob meu domínio, são campos infinitos sem localização exata. Eu me chamo Demé.
–Campos infinitos? - ela parou pra observar melhor - Sem localização exata? Como eu vim parar aqui?
–Já te disse, eu te trouxe aqui, eu te trouxe até mim.
–Como? Eu me vi aqui de repente. Vi sua silhueta ao longe, como você pode ter me trago até aqui?
–Sua curiosidade te trouxe até aqui, seu extinto - ela disse enquanto colocou a mão sobre o coração de Katherine.
–Eu já não entendo mais nada... Meu extinto? Quero saber como vi parar aqui, já! Não me enrole mais.
–Não estou te enrolando, olhe! - ela apontou para os campos infinitos - tudo isso está à sua disposição, você está livre, não estou te prendendo, sua curiosidade pode te levar mais além, você está solta para fazer o que quiser.
–Seu olhar... É tão... Acolhedor...
–Seu coração necessita de acolhimento.
Eu arrastei os pés na areia úmida.
E ao olhar pro céu novamente, fechei os olhos, e com um barulho horroroso, quando os abri de novo, tudo havia se dissolvido, eu estava deitada na minha boa e velha cama.