Hermes esperava comentários como:
"Quando faremos?" ou então "Como serão os formatos" ou até mesmo "Pra que iremos usá-los".
Em vez disso, recebeu o comentário idiota de Apolo:
–Porque não pode ser Os Artefatos de Apolo?
–Ou Os Artefatos de Hefesto? - perguntou Hefesto.
Hermes revirou os olhos. Ele já revirou tanto os olhos hoje, que já estava pensando em ter tanquinho no músculo ocular.
–Vai ser esse nome que eu escolhi, porque eu tive a idéia.
–Que tal: Os Artefatos de Apolo Hermes Apolo Hefesto Apolo?
–Porquê seu nome se repete três vezes? - perguntou Hefesto.
–Porque eu sou o mais interessante.
Adivinha o que Hermes fez?
Revirou os olhos.
–CHEGA!! - Hermes gritou.
Marta e George saíram do bastão e se entrelaçaram no braço dele, seus olhos entraram em chamas, as cobras sibilavam à Apolo.
Este também se levantou, e encarou Hermes com a mesma feição, com seu arco e flecha na mão, sua flecha em chamas, como os olhos de Hermes.
Os olhos de Apolo irradiavam luz, todos os poros do seu corpo irradiavam luz.
E enquanto a luz ficava crescente, e as cobras Hermes armavam seu veneno, Hefesto personificou um martelo gigante em suas mãos e colocou no ombro.
–Não me obrigue a participar dessa discussão, eu estou querendo reverter as coisas. Saiba que eu tenho bastantes "brinquedinhos" de bronze celestial. Vocês não vão gostar de ver a força deles se unir à minha... Vão?
O brilho de Apolo se apagou, assim como a chama de Hermes. Marta e George voltaram ao cajado.
–Prefiro ficar nos braços de Hermes, do que no Caduceu - comentou George.
–Muito bem.
Quando Hefesto queria ser o terror dos feios, ele conseguia.
–O nome vai ser Os Artefatos de Hermes e ponto! - gritou Hefesto, autoritário.
–Não gostei desse "e ponto" no final do nome - reclamou Apolo.
–Tão bonito e tão burro - disse Marta.
Apolo se calou.
–Como serão os Artefatos?
Hermes abriu um pergaminho tecido com seda.
Havia cinco desenhos no pergaminho tecido. Cinco objetos, cinco funções.
Hefesto analisou.
–Interessante...
–Vindo de você - Apolo disse - até que não está ruim.
–E pra que serviriam? - perguntou Hefesto.
Aquelas palavras fizeram o frio percorrer pelo corpo de Hermes, ele havia passado desde que eles entraram na Sala dos Tronos.
–Eu... Não sei.
–Não sabe?
–Eu estou com uma sensação estranha, um frio percorrendo pelo meu corpo, sussurros...
–Você não está supondo que... - disse Hefesto.
–Que a Terra irá se erguer? - interrompeu Apolo.
–Eu não sei. Mas eu quero deixar um presente para os semideuses, pronto aqui no Olimpo, caso tenhamos um momento ruim.
–Vamos fazê-lo então.
Apolo concordou.
Os três então foram à Metalurgia de Hefesto, e lá eles começaram o trabalho.
Havia bronze celestial por toda parte. Havia ruídos, faíscas, rangidos, ferrugem. Um espaço amplo, que deixaria qualquer mecânico maluco.
Depois de um dia inteiro, Hefesto descansou:
–Os Artefatos de Hermes estão prontos.