Um amor humilde escrita por Beatrix Costa


Capítulo 4
Fantasmas do passado


Notas iniciais do capítulo

Lá vem mais uma surpresa...
Espero que gostem!



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Anteriormente…

–Olá Jane.

–O…Olá… Não estava à tua… espera…

De repente o enorme sorriso nos lábios de Casey desapareceu, dando lugar a uma expressão de espanto e susto.

–Jane… esse bebé…

–Não não… não é nada disso que tu estás a pensar. Entra por favor…

Casey entrou e cumprimentou Maura que o saudou de igual modo. A detetive pediu à amiga que levasse a criança lá para dentro. Maura acedeu ao pedido rapidamente deixando-os a sós.

–Como é que sabias que eu estava aqui…

–Eu fui a tua casa, não estavas lá e portanto eu presumi que estivesses aqui com a Maura… Só não esperei que estivesses com um bebé ao colo – ele pôs uma expressão mais séria – à quanto tempo é que eu fui embora Jane? 11 meses…

–Tu estás a perceber tudo mal! Deixa-me explicar-te… (agora Casey estava a ouvir atentamente) Aquele bebé foi deixado à porta da Maura.

Jane contou toda a história acerca do bebé e como a criança tinha ficado a cargo de dela e de Maura. Casey, embora um pouco confuso, percebeu. A seguir foi a vez dele de falar. O ex-militar fez um pequeno resumo de como tinha sido estar no Afeganistão novamente e das saudades constantes que tinha tido de Jane. Ela questionou-lhe sobre a falta de contacto durante os últimos meses. Casey defendeu-se, argumentando que não pôde falar com ninguém durante muito tempo por causa dos constantes cortes nos meios de comunicação causados pelos tropas inimigos. Depois de porem os pontos nos i’s, o lado mais emocional de ambos começou a evidenciar-se. Jane beijou Casey. Ambos tinham saudades da boca um do outro mas também do toque, do cheiro, de se olharem, de estarem frente a frente. Mesmo loucos de saudade, conseguiram resistir à tentação de fazer amor no sofá da casa de Maura. Ficaram algum tempo abraçados, somente abraçados, calados perante o silêncio da noite e com o coração mais aconchegado do que nunca. No entanto, algo estava mal. O ex-militar sentiu a detetive distante, talvez até um pouco fria…. A certa altura Casey disse que tinha de se ir embora mas, antes de sair, disse uma coisa que ecoou fortemente na cabeça de Jane… - Sabes, eu não me importava que aquele bebé fosse nosso – e antes que ela pudesse responder ou ter qualquer tipo de reação, Casey bateu a porta e saiu. Segundos depois Maura surgiu do corredor que dava para o quarto (Jonathan estava agora a dormir no quarto). Sentou-se no sofá junto da amiga.

–Então… Como correu?

Jane não respondeu e o seu rosto ficou lavado em lágrimas. Maura tentou acalmá-la mas em vão. Jane estava muito feliz mas ao mesmo tempo sentia um aperto no coração pelo facto de ter ocultado a Casey que tinha estado grávida e agora começava a sentir um pouco de culpa. Ficara a saber que Casey gostaria de ter um filho. Maura aconselhou-a a contar tudo ao ex-militar. Afinal, o que poderia correr mal. Jane deu-lhe razão e, depois de parar de chorar disse que no dia seguinte tomaria uma decisão.

E… vocês…

Não Maura. Não fizemos amor – disse Jane que tinha percebido logo a pergunta pelo sorrisinho da amiga. Também um pequeno sorriso lhe surgiu nos lábios.

–OK ok… Também vais deixar isso para amanhã? – brincou a patologista.

Depois de muito rirem foram dormir. Maura fez questão que Jane dormisse no quarto maior, mas Jane insistiu que Maura fizesse o mesmo. Jonathan dormia tranquilamente no quarto de Maura. Não chegaram a acordo e então dormiram juntas no mesmo quarto.

No dia seguinte Jane foi a primeira a acordar. Nesse dia iriam a Harvard interrogar os alunos de Emma. A detetive perspectivara que iria ser um longo dia. A primeira coisa que fez quando acordou foi ver se Jonathan estava bem. Para seu alívio tudo estava normal. Pegou na criança e começou a embalá-la lentamente enquanto lhe cantava uma música que Angela lhe cantava, a ela e aos irmãos, quando era pequena.

“My little'll wake up

My little'll smile

And you will make a flower bloom

As well as a smile my”

Maura abriu lentamente a porta do quarto e conseguiu ouvir o cantar de Jane. Sorriu e disse que 76% dos bebés desenvolviam as suas capacidades cognitivas com a música. Perguntou-lhe se já tinha tomado uma decisão acerca de Casey.

–Sim… Eu decidi que não lhe vou contar, não vale a pena faze-lo sofrer e o que lá vai, lá vai.

–Tens a certeza que é isso que queres?

–Não… mas é o que está certo – finalizou Jane preparada para soltar uma lágrima que conseguiu conter por pouco.

Maura não insistiu, embora lhe custasse muito ver a amiga sofrer. Fizeram a rotina habitual e dirigiram-se para a sede. Assim que lá chegaram Maura dirigiu-se para a morgue com Jonathan. Já Jane, Frost, Korsak e Frankie foram até Harvard para interrogarrar os alunos de Emma. Jane sentia que aquilo era um tiro no escuro. Era imensa gente e nem sequer tinham a certeza se o rapaz era mesmo um aluno de Emma, ou não. Abigail cedeu-lhe uma das salas de aula para poderem falar com os alunos. Ela acrescentou uma informação ao seu depoimento. Lembrara-se que o aluno que vira a sair do gabinete de Emma levava na mão esquerda uma mochila preta. Todos os convocados estavam presentes. Muitos alunos deram informações boas sobre Emma. Uma excelente professora, um exemplo a seguir etc… Outros, não ficaram assim tão infelizes por ela já não estar entre eles. Diziam que era demasiado exigente e que nunca os incentivava. Não tiveram informações úteis, até que chegaram ao 54º aluno, Collin Green. Um rapaz de estatura média com cabelos aos caracóis e uma mochila preta entrou pela porta da sala bastante nervoso. Frost começou a suspeitar e pressionou-o até que ele confessou algo muito importante…

–Eu confesso… eu…eu

–Tu o quê rapaz! – insistiu Korsak.

–Eu tráfico droga aqui na faculdade… E a Emma era a minha dealer.

–Tu estás a dizer que a tua professora Emma Carter, que trabalha aqui em Harvard é traficante de droga! – clarificou Jane.

–Sim… Mas eu não matei ninguém, garanto.

Collin contou que foi por causa de Emma que se meteu na droga. Ela propôs-lhe dar-lhe 20 a todas as frequências em troca de ele vender a droga aos alunos da faculdade e ficar com o dinheiro. Jane informou-o que provavelmente Harvard lhe iria pôr um processo. O rapaz parecia extremamente arrependido. O telemóvel de Jane tocou. Era Maura. Os detetives ficaram a fazer mais algumas perguntas enquanto Jane atendia.

–Sim Maura…

–Jane, eu estive a analisar melhor o corpo e cheguei a uma conclusão… A pessoa que matou a Emma era canhota.

–Tens a certeza?

–Claro que sim. Também estive a ver umas fotos do local do crime, bate tudo certo.

–Ótimo. Nós estamos a interrogar os alunos mas parece que já encontramos um suspeitol Eu depois vou ai falar contigo.

–Muito bem. – finalizou Maura

Jane desligou a chamada e voltou para perto da secretária onde estavam a interrogar o aluno… Collin não tinha um álibi sólido, segundo ele, estava sozinho em casa no pequeno apartamento que alugara perto de Harvard. Deu-lhe o documento da confissão para assinar. Ele pegou na caneta com a mão esquerda e assinou. Jane segredou a Korsak e Frost o que Maura lhe tinha dito.

–Collin Green está detido por suspeita de homicídio de Emma Carter. Vai ter de nos acompanhar até à esquadra – informou Jane.

–O quê?! Não! Não fui eu não!

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa já Frost tinha algemado o rapaz. Iriam para a esquadra juntamente com Jane. Korsak iria continuar com os interrogatórios juntamente com Frankie. Assim que saíram da sala, uma fila de alunos que parecia não ter fim lançava olhares mortíferos e espantados a Collin que estava não só envergonhado como também cheio de medo. No meio de um dos corredores passaram por Ethan. O aluno de direito entendeu logo o que se passava.

–Não… Tu não...

E num impulso lançou-se para cima. Jane teve de pará-lo e pediu a Ethan para se acalmar explicando-lhe que nada estava confirmado. O rapaz disse que era amigo de Collin e que não acreditava que tivesse sido ele. Jane ficou com uma certa pena dele e depois de convencer Ethan a tentar esquecer aquele momento, seguiram caminho.

Na morgue, Maura analisava cuidadosamente um cadáver que tinha chegado há pouco tempo sob o olhar atento de Jonathan que parecia não se incomodar com o cheiro da morte a que a patologista estava tão habituada. De repente ela ouviu a porta a abrir-se. Para sua surpresa era Casey. Maura não estava à espera daquela visita, e quando ele disse que precisava de falar com ela, Maura descalçou as luvas, pegou em Jonathan que se encontrava na sua cadeirinha e conduziu-o até ao escritório.

–Então… Suponho que estejas aqui por causa da Jane – especulou Maura que tinha a criança ao colo.

–Sim… Eu queria saber o que é que se passa com ela. Pareceu-me distante quando estive com ela.

–Pudera! Estives-te quase seis meses sem lhe dar notícias – clarificou Maura um pouco chateada.

–Eu sei. Mas eu sinto que há outra coisa que a Jane não me quer contar.

–E vieste ter comigo para saber (ele abanou a cabeça em tom positivo). Podes esquecer. Eu sou amiga da Jane e ela não quer que tu saibas… - Maura sentia que tinha falado de mais e estava com uma estranha vontade de bater em si própria.

–Ela não quer que eu saiba o quê… Maura, por favor! Eu quero ajudar a Jane seja o que for que se passe com ela.

Maura suspirou e tomou a coragem necessária para dizer o que sentia que tinha que dizer – Casey… A Jane esteve grávida de ti. E depois sofreu um aborto – A patologista sentiu um alívio a invadir-lhe o corpo e ao mesmo tempo um peso colossal na consciência.

Casey, completamente apático, ficou sem saber o que dizer.


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Notas finais do capítulo

Ai ai que isto vai aquecer. Prontos para o que vem a seguir?
Leiam, comentem, partilhem e adicionem às vossas histórias preferidas se quiserem ;)



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