Um amor humilde escrita por Beatrix Costa


Capítulo 3
Vítima e culpados


Notas iniciais do capítulo

Este ficou um pouco mais comprido...
Espero que gostem!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/655406/chapter/3

Anteriormente…

–Rizzoli… Hum… Como assim não há vagas?!

Quando a chamada foi desligada Jane barafustou tanto que Korsak mandou-a ir ter com Maura para se acalmar. Chegou à morgue e mais uma vez a indignação falou mais alto…

–Isto é absolutamente inadmissível! Como é que é possível que em Boston inteiro não haja uma única vaga num centro de acolhimento.

–Tens de ter calma. O que é que a assistente social disse?

–Lamentamos imenso mas não há vagas – disse Jane imitando a voz da senhora – e que passava por cá amanhã. Portanto, isso quer dizer que hoje temo-lo por nossa conta. – a detetive rasgou o seu inconfundível pequeno sorriso.

–Sabes, embora as pessoas não tenham a noção, estas situações são muito comuns. Na altura do natal a maioria dos centro aumenta a taxa de acolhimento em cerca de 32% e…

–Blá blá blá… Isso não interessa, a única coisa que eu sei é que tão cedo não vamos ver esta situação resolvida. – a detetive olhou atentamente para a criança que se mantinha bem acordada e se distraia com um cubo mágico que Maura lhe tinha dado para as mãos – tenho tanta pena deste pequenino.

–Não tenhas… pelo menos enquanto está connosco está bem. Ele parece ser um bebé muito inteligente. Olha só, dei-lhe o cubo à cinco minutos e ele já resolveu três vezes duas faces.

Jane sorriu e acalmou-se.

Dirigiram-se para casa da patologista. Optaram por lá ficar pois o cantinho de Maura era mais espaçoso. Antes de irem para lá passaram pelo supermercado. Jane já devia saber que era um erro ir a uma loja, fosse qual fosse com a amiga. Quando saíram de lá a detetive levava o bebé num dos braços (a cadeirinha tinha ficado na esquadra para ser analisada) e três sacos de compras no outro. Já Maura levava não três, não quatro, mas sete sacos grandes de plástico, divididos pelas suas mãos.

–Maura, nós não sabemos quanto tempo é que vamos ficar com ele, até pode ser só esta noite, para quê tanta coisa?

–Uma criança com a idade dele precisa de cuidados. E se o Tommy não estivesse com a Lydia e com o TJ em N.Y aposto que seria uma boa ajuda.

–A sério… o Tommy uma boa ajuda – ironizou Jane murmurando para o bebé que com certeza estaria mais seguro com elas.

Chegaram a casa completamente vencidas pelo cansaço e assim que organizaram as coisas não resistiram em sentaram-se no sofá para um merecido descanso. O pequeno estava bem acordado com os seus redondos olhos cor de avelã fixados na morena de cabelos negros. Maura sugeriu que lhe arranjassem um nome temporário. Jane, embora não acreditasse que o bebé iria ficar muito tempo junto delas, concordou. Maura sugeriu nomes como Issac, Albert, Charles ou Amadeu (todos de cientistas e filósofos famosos) … Jane incutiu logo que estavam todos fora de questão. Após uma extensa discussão ambas chegaram a um acordo: Jonathan. Decidiram-lhe dar um banho. A água demorou cerca de meia hora a estar à temperatura exata a que Maura queria pois segundo ela regulava melhor a circulação sanguínea. No final as duas estavam completamente encharcadas. Deram-lhe de jantar e sujaram-se todas pois Jonathan fez uma enorme birra para beber o leite que Maura havia decidido comprar. A parte mais fácil foi deitar a criança. A detetive tinha comprado umas barras que se usavam nas laterais da cama para que a criança não caísse. Depois dele adormecer Jane voltou para junto de Maura, na sala, que estava a ler um livro sobre bebés.

–Sabias que os bebés bocejam antes de nascerem?

–Curioso – ironizou a detetive pensativa – Gostavas de ter filhos?

A patologista olhou para a amiga algo surpreendida com a questão.

–Sim… Olha quando era pequena lembro-me de querer ter seis. Depois li um estudo que dizia que dois era o mais indicado para alguém que trabalha mais de dez horas por dia. Mas sim… adorava ver a minha barriga a crescer e comparar com o dia anterior. Segundo um estudo realizado nos Canadá a mãe sente-se mais confiante quando acompanham a sua própria gravidez em todos os aspetos.

–Só tu minha amiga…

–E tu? Pensas em voltar a engravidar?

–Talvez. Mas ainda é muito cedo para pensar nisso, eu nem sei como é que o Casey vai reagir quando souber de tudo o que aconteceu.

Depois de uma conversa encurtada pelo cansaço Jane e Maura adormeceram juntinhas no confortável sofá da casa da patologista. Eram nove da manhã quando Maura despertou do seu sonho. Estava deitada sobre o peito da amiga. Levantou-se e a primeira coisa que foi fazer foi tomar um duche fresco para acordar. Alguns minutos depois foi a vez de Jane acordar. Espreguiçou-se e foi até ao quarto para ver a criança mas assim que lá chegou ficou apavorada com o que viu.

–Maaaaaaaura!!!!!

–O que é que se passa Jane?! – interrogou a patologista que tinha o seu robe vestido – Oh não!

O bebé estava mais vermelho do que um tomate e parecia estar com muitas dificuldades em respirar. Maura aproximou-se rapidamente dele e fez-lhe cuidadosos e rápidos movimentos no seu pequeno abdómen. Jane estava totalmente em pânico, as lágrimas corriam fluentemente pelos olhos enquanto implorava à amiga para que salvasse Jonathan. Após várias tentativas Maura conseguiu finalmente remover o objeto que, segundo ela, tinha ficado preso na traqueia do bebé. Tinha sido um pequeno pingente sem fio de Maura que ele tinha conseguido (sabe-se lá como) tirar da gaveta da mesinha de cabeceira ao lado da cama. Depois de se acalmarem e antes de irem para a esquadra passaram pelo hospital para fazer alguns exames à criança. Para grande alívio delas tudo estava normal. Eram já dez e meia da manhã quando chegaram ao trabalho. Depois de ter dado as explicações do atraso aos seus colegas Jane foi convocada juntamente com Frost para irem interrogar a madrasta de Emma. Audrey Lewis, mãe de Theresa, era uma mulher deslumbrante. Ex-modelo fazia agora campanhas de solidariedade e publicidades de produtos bastante procurados. Entraram na sala de interrogatórios. Audrey parecia muito triste. Jane começou por lhe perguntar como era a sua relação com a jovem. Ela respondeu que era melhor do que boa, na verdade elas eram bastante chegadas, adiantou-se e disse que sabia da gravidez de Emma e que a jovem não queria ter o bebé. A próxima pergunta era um clássico. Frost interrogou-a sobre onde estava na hora do crime. Audrey, embora estivesse profundamente desgostosa com a morte da enteada não se sentiu ofendida com a pergunta. Tinha um álibi muito sólido: tinha estado a assistir a um desfile de moda na primeira fila em Brooklyn. Por fim, interrogaram-na acerca da última vez em que tinha visto Emma. Ela respondeu que fora dois dias antes da sua morte, depois da discussão com Ethan. Antes de sair lamentou-se mais uma vez pela morte da enteada e disse que qualquer informação de que se lembra-se lhes ligaria. A seguir, foi a vez de Abigail a diretora de Harvard ser interrogada desta vez na sebe. Não havia muito para acrescentar ao que tinha sido dito antes. Ela não tinha um grande álibi. Segundo a própria, estava sozinha em casa. Antes de sair lembrou-se de um pormenor que fazia toda a diferença.

–Sabem, eu vi, ou melhor, ouvi uma coisa estranha no dia da morte da Emma…

–O quê? – inquiriu Frost curioso.

–Eu fui ter ao gabinete da Emma para falar com ela e ouvi uma conversa entre ela e um aluno atrás da porta sem querer… Ele parecia estar muito nervoso. Na altura não dei importância pois pensei que fosse alguém que estava a tentar convence-la a subir-lhe a nota. A Emma é muito exigente e só os melhores é que conseguem uma boa nota com ela. – Abigail estava a reviver a conversa na sua mente.

–Vai ter de se esforçar mais – iniciou Emma.

–Eu tentei, não pode dizer que não – disse o rapaz muito nervoso.

–Eu sei… Por isso acho que merece o que me pediu.

(Abigail ouviu uma gaveta a abrir)

–Muito bem, agora pode ir. Já sabe, sempre que precisar de alguma coisa venha cá ter – finalizou ela aumentando o tom de voz.

–Depois o rapaz saiu do gabinete e eu entrei. Não lhe consegui ver a cara, ele estava com um capuz. Ainda perguntei à Emma quem era mas ela deu-me uma desculpa esfarrapada. Ela estava perfeitamente normal mas como foi no dia do seu assassinato pensei que pudesse ter alguma importância.

–Fez muito bem. Bom, muito obrigado pelo seu depoimento assim que tivermos mais informações contactamo-la. – finalizou Jane.

Ela vestiu o seu casaco de pele e saiu da esquadra. Jane, Korsak, Frost e Frankie , que tinha acabado nesse mesmo dia uma operação secreta nos narcóticos para a qual tinha sido convocado, reviram todos os pontos da investigação no quadro do escritório.

–Então, temos a jovem de 20 anos Emma Carter assassinada – iniciou Frankie.

–Grávida de um mês e com um namoro secreto com o aluno Ethan Miller do qual duas pessoas tinham conhecimento, Abigail Jones, diretora de Harvard onde a Emma trabalhava e a madrasta, Audrey Lewis. – afirmou Jane.

–E com a meia-irmã Theresa Lewis que pelos visto nada tinha contra ela. – disse Frost.

–Pelos vistos ninguém tinha exceto o Ethan que nem sequer tem alíbi. Mas duvido que tenha sido ele. – observou Korsak.

–Então, temos de encontrar o aluno com quem a Emma estava a falar. Se ele foi uma das últimas pessoas a vê-la viva pode ser que saiba de alguma coisa. – concluiu a detetive – temos de investigar a vida dela a fundo, as pessoas com que falava, os sítios que frequentava.

Sim! – disseram todos em conjunto.

Alguns minutos depois um guarda chegou à porta do escritório e pediu à detetive Rizzoli que descesse pois estava uma mulher à sua espera no bar. Ela presumiu logo que fosse a assistente social e mandou uma mensagem a Maura para que fosse ter com ela ao bar juntamente com Jonathan que estava com ele na morgue. Assim que se sentaram na mesa do bar, Jane fez questão de mostrar a sua indignação com o facto de não haver nem uma vaga nos centros de acolhimento. A assistente social explicou o melhor possível a situação mas que naquele momento não havia realmente condições para acolher mais ninguém e que o mais provável era o menino ter de ser transferido para fora de Boston. Nesse momento Jane teve uma ideia que na altura lhe pareceu brilhante.

–E se nós tomássemos conta dele? – perguntou a detetive enquanto Maura olhava para ela algo nervosa e lhe sussurrava ao ouvido “desculpa! o que é que estás a sugerir…”.

–Bom… Como deve calcular estas situações não são comuns mas… tendo em conta as condições não vejo porque não. – aceitou a assistente um pouco hesitante olhando para a criança carinhosamente.

–Pois, talvez devêssemos pensar melhor… - tentava dizer Maura, mas foi calada pelo pé de Jane que a calcava intencionalmente.

–Muito bem… Bom, visto que se ofereceram as duas, ambas terão que assinar.

Jane assinou com um sorriso nos lábios e passou a caneta a Maura com uma cara intimidadora. A patologista assinou e a assistente social afirmou que assim que tivesse uma vaga num dos centros de acolhimento levaria a criança e enquanto isso ambas ficariam com a custódia da criança. Ela saiu.

–Mas qual foi a tua ideia?! – perguntou Maura enraivecida.

–Isso pergunto-te eu. Qual é o drama… Já tomamos conta dele duas noites mais algum tempo não vai custar nada.

–Tens noção qual é a taxa de acidentes com crianças em casa com pessoas que não têm experiência. Olha o que aconteceu hoje…

–Não te preocupes, vai correr tudo bem.

Jane lá acabou por convencer Maura que a ideia talvez não fosse tão má como lhe parecia. A detetive voltou para o escritório e a patologista regressou à morgue juntamente com Jonathan.

O resto da tarde foi passada a investigar a vida de Emma. A professora universitária tinha crescido sem mãe e tinha tido alguns problemas com pequenas quantidades de droga na adolescência que pelos vistos tinham sido superados. De resto tinha tido uma vida absolutamente normal sem contar com o facto de ter feito apenas um dois de faculdade e de se ter tornado logo professora em Harvard. O mandato para revistar a casa de Ema iria chegar no dia seguinte. Jane e Maura foram para casa, como sempre cansadas.

Maura tinha elaborado um plano detalhado sobre as atividades de Jonathan.

Banho – 20:10

Jantar – 20:35

Embalar – 21:00 até às 21:20

Deitar – 21:30

Jane achou tudo aquilo um pouco ridículo mas tomou a opção de não questionar os estranhos métodos de Maura. Fizeram tudo o que estava na lista com o maior rigor. Ambas estavam muito apegadas ao bebé. Jane sentia uma ligação especial com ele e Maura gostava de falar com Jonathan (como se o bebé percebesse tudo o que ela dizia). Às 21:12, enquanto Jane estava a embalar o bebé ao lado da amiga alguém bateu à porta. Ambas olharam uma para a outra seriamente.

–Estás à espera de alguém? – indagou Maura.

–Não… e tu? – perguntou Jane à qual a resposta foi negativa. - Ok, se for outro bebé vou por um letreiro à porta a dizer que isto não é um centro de acolhimento…

Jane levantou-se e abriu a porta com a criança nos braços. Do outro lado estava a pessoa que ela menos esperava com um grande sorriso nos lábios…

–Olá Jane.

–O…Olá… Não estava à tua… espera…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hum... Quem será que bateu à porta desta vez?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um amor humilde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.