Begin Again - Em edição escrita por Hese, Theleader


Capítulo 2
Enchanted to meet you - Estas são as palavras que segurei


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo!
Eu só queria avisar que os capítulos não são diários, e que só estou postando esse para igualar com o spirit.
Espero que gostem ^^



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O vento bagunçava minha franja, mas eu tentava não me importar, focando nas palavras de Peeta.

Eu andava com as mãos juntas atrás das costas, e a bolsa pendendo em meu ombro. Peeta, ao meu lado, andava gesticulando e às vezes se virava para mim esboçando um sorriso lindo. Eu notei que ele estava diferente; talvez apenas uma bobagem da minha cabeça, porém, antes seu sorriso era tímido, e combinava com seu olhar que perguntava o mesmo que eu queria saber: "Já nos conhecemos?"

Ele parecia tão entretido falando sobre como costumava passar os Natais quando era criança, que eu não me perdoaria se o interrompesse.

— Eram sempre os mesmos filmes, mas eu nunca me cansava. - Seus olhos tinham um brilho bonito, e me perdi por um momento, desejando que ele não sumisse. - Você também deve ter algo assim, não?

Concordei rapidamente desviando os olhos dos seus.

— É impossível falar de natal sem se lembrar da árvore - soltei o ar pelo nariz, contendo uma risada - Meu pai sempre fazia uma bagunça na decoração dela, mas depois de um tempo eu percebi que era só porque ele adorava me ver organizando de novo.

— Então eu estou certo. - Ele parou por um momento, me fazendo acompanhá-lo. - Você parece ter problemas com organização e limpeza.

— Perdão? - murmurei, franzindo levemente a testa.

— Não se preocupe com isso, é bem charmoso. - Ele riu.

Eu achei que deveria me ofender - mesmo que minimamente- no entanto, foi impossível quando vi a sinceridade explícita em sua risada. E ele estava certo.

— Geralmente isso é visto como um grande defeito. - Ele olhou para mim, fazendo uma careta. Abri um pequeno sorriso forçado, pois era acostumada com as críticas sobre isso.

— Eu acho charmoso, Katniss. - Ele completou, pronunciando as palavras lentamente me fazendo aliviar um pouco aquele sorriso.

— Agora eu realmente queria saber algo sobre você que não fosse obviamente charmoso - só me dei conta do que havia dito depois que o fiz, e não demorou para sentir minhas bochechas esquentarem.

— Se tivermos mais oportunidades para recriarmos esse tipo de conversa, prometo não esconder nada.

— Nada? - arqueei uma sobrancelha ao dizer. Peeta balançou levemente a cabeça e piscou para mim.

— Apenas esconderei o necessário. Você disse que quer saber sobre meu lado sem charme, então quando nos vermos novamente - ele sorriu - o que eu espero que aconteça, digo com certeza que descobrirá esse tipo de coisa.

— Eu também acho que seria muito bom conversar com você de novo.

— Mas pra isso funcionar, tem que ser como uma troca. Também quero saber mais coisas sobre você, e me arrisco a dizer que essa não será a única coisa que acharei charmosa.

Quando ele falou daquela forma, eu tive a impressão de que nem mesmo depois de um tempo eu seria capaz de não ruborizar com suas palavras.

— Bom, foi uma manhã muito boa, Peeta - falei quando avistei meu carro - Obrigada por me acompanhar.

Tentava ao máximo não parecer rude enquanto procurava uma forma de finalizar a conversa. Ele pareceu compreender, e sorriu. Eu não sabia como me despedir, em parte porque não queria que aquilo acabasse.

— Foi um prazer, Katniss. - Ele estendeu a mão, e quando fiz o mesmo ele a levantou e a beijou. Me surpreendi com seu gesto, mas não pude evitar sorrir. Não pareceu forçado, e sim de sua natureza gentil. - Então, acha que nos veremos novamente?

— Você sabe onde me encontrar. - Eu disse ao destravar o carro. Ele concordou com um aceno e deu um passo para trás quando eu entrei no veículo.

Eu queria abrir a porta e lhe perguntar se ele havia percebido que eu estava encantada em conhecê-lo. Mas algo na forma com a qual ele encarou meus olhos me fez perceber que aquilo era explícito.

Eu dei partida no carro, acenando para Peeta, que esperou na calçada até que eu saísse.

Não queria ter saido dessa maneira, mas todos os meus pensamentos levados para o lado ruim eram ofuscados pela forma com a qual eu estava maravilhada com tudo tudo aquilo.

***

— Espero que tenha aproveitado o tão protelado dia de folga. - Annie tinha a cabeça inclinada, esperando alguma reação minha.

— Não é como se eu trabalhasse em algum lugar pra tirar um dia de folga, Annie. - revirei os olhos, mexendo nas mãozinhas do bebê que era praticamente uma cópia de Finnick.

— Você entendeu. Eu quis dizer uma folga dessa tristeza toda.

— Você não entende. - Sussurrei sem tirar os olhos do bebê, que agora apertava meu indicador delicadamente. - Não estou assim porque quero.

— Tá, tá...eu já ouvi tudo isso antes. - Annie revirou os olhos e bufei por pura frustração - Onde você estava mais cedo?

— Fui até a cafeteira. - murmurei sem muito animo, mas sorri ao me lembrar de Peeta.

— Você está brincando? -ela disse sem acreditar - Isso parece um grande passo.

— Pare de exageros, Annie!

— Quando você fala assim até parece que não esteve aqui durante esses meses - ela respondeu, me olhando seriamente.

Eu peguei o bebê no colo, balançando devagar. Annie sempre era sincera, e às vezes isso doía, mas justamente porque era verdade.

Já não aguentava mais ouvir sobre como meu estado era desnecessário. Mesmo sendo óbvio que já tinha terminado eu não conseguia aceitar isso. Não existe um tempo exato para esquecer alguém, e eu ainda estava tentando deixar minha história com Cato para trás.

— Annie, eu estava lá. E por isso sei mais do que ninguém o que doeu. Mas como você mesma disse, hoje eu deveria tirar uma folga dessa tristeza. Então por favor, deixei-me focar nessa delicia de bebê.

Ela sorriu diante da minha mudança de assunto nada sutil.

— Eu acho que você mima Henri demais. Você vai estragar ele.

— Bobagem. É impossível estragar um bebê - beijei a testa praticamente sem cabelos dele.

— Como se já não bastasse o Finnick criando uma bolha em volta dessa criança - Annie pôs as mãos sobre a cintura, encarando seu filho, que sorria em meu colo.

— Às vezes eu paro e penso no quão inacreditável é tudo isso - Annie levantou o rosto, os olhos me encarando repletos de desentendimento - Eu me refiro à Finnick e você. E Henri, é claro.

— Eu me sinto da mesma forma - ela falou, não controlando um sorriso lindo e visivelmente sincero - Mas jamais me permitiria reclamar. Eu não acreditei na velocidade com a qual as coisas aconteceram. Em um momento, eu estava reclamando com você sobre como Finnick me importunava, e no outro estava no altar dizendo sim. E logo veio o segundo homem da minha vida. - ela beijou as mãozinhas de Henri.

Ouvimos o barulho da porta sendo aberta, e ele se agitou em meu colo como se já soubesse quem havia chegado. Finnick passou pelo hall de entrada, chegando na sala, e olhou surpreso quando me viu com seu filho.

— Katniss!

— Boa noite, Finn.

— Que bom que finalmente veio. Já estava achando que teríamos que fazer o batizado no seu quarto para que você pudesse participar.

Depois de colocar o casaco preto no cabideiro, ele foi até Annie e lhe deu um beijo rápido. Eu me surpreendi quando vi o rubor em suas bochechas. Mesmo depois de todo aquele tempo, eles ainda pareciam tão apaixonados quanto no começo da relação. Finnick veio até mim e pegou Henri, me dando um beijo na testa em seguida.

— Não seja tão exagerado - falei emburrada por terem pego meu afilhado.

Henri parecia completamente radiante no colo do pai. E Finnick por sua vez, olhava para ele como se sua vontade fosse guarda-lo em uma bola de vidro, bem como Annie havia dito.

— Mas eu estou feliz em te ver aqui, de verdade - eu sorri abertamente, seguindo até a bancada que separava a sala da cozinha - Você veio poucas vezes depois que Henri nasceu.

— Eu estava um pouco ocupada - abaixei a cabeça, seguindo a vontade repentina de encarar minhas sapatilhas azuis.

Annie passou por mim, e eu não precisei olhar para saber que ela me encarava em sinal de reprovação. Finnick pigarreou, provavelmente percebendo a tensão.

— Finn, acho que deve colocar Henri no berço agora.

— Mas eu acabei de pega-lo - Finnick tinha uma expressão similar a de uma criança depois que tomam seu brinquedo favorito. Mas não precisou de muito mais que um olhar de Annie para que o assunto fosse encerado.

Ele subiu as escadas, e Annie me entregou a louça, para que eu arrumasse a mesa de jantar, e assim eu o fiz. Finnick logo se juntou a nós, se servindo de uma taça de vinho branco.

— Ele já está dormindo feito uma pedra - ele falou, se referindo a Henri.

— Igual o pai - Annie completou. Ao receber um olhar revoltado do marido, ela continuou - Convenhamos amor, a casa pode estar pegando fogo mas você não vai acordar até tirarem seu travesseiro.

Eu ri, sendo acompanhada por Annie. Finnick fingiu uma risadinha, revirando os olhos.

— Eu senti falta da sua comida - falei, levando uma garfada de lasanha até a boca.

— Da forma que fala, parece até que só veio por causa dela.

— Claro que não - sorri reconfortante - Também tem Henri.

Annie me mostrou a língua e foi a vez de Finnick rir. Parei um minuto para observar os dois e me perguntei como consegui ficar tanto tempo sem aquilo.

***

Respirei fundo ao chegar em casa. Deixei minha bolsa sobre a mesa, enquanto retirava as sapatilhas, que já agonizavam meus pés. Sentei no sofá, observando o nada por alguns instantes. Em suma, havia sido um dia realmente bom, mas infelizmente não me sentia totalmente satisfeita.

Encarei o teto e respirei fundo novamente, tentando encaixar os acontecimentos. Já passava das nove, então decidi que a melhor coisa para me fazer relaxar era um bom banho quente.

Vesti-me com um dos meus pijamas mais confortáveis, e fui até meu quarto, na intenção de ter uma boa noite de sono, mas minha mente que parecia borbulhar atrapalhou meus planos. Talvez fosse pelas poucas taças de vinho que ingeri junto de Annie e Finnick, ou o dia tivesse sido mais inspirador do que eu pensava.

Me sentei na cama, encarando a parede por alguns segundos, antes de me levantar e pegar meu notebook.

Me surpreendi ao encontrar alguns textos antigos sobre Cato, e não fazia ideia sobre quanto tempo aquelas pastas estavam escondidas. Não queria pensar nele novamente, então após deletá-las tentei me distrair com a escrita, mas meu livro começou a tomar um rumo incerto, onde Cato se encontrava em cada palavra.

"Droga, Katniss" me amaldiçoei mentalmente enquanto apagava as frases, e me levantei frustrada com a situação. Era irônico o modo com que pensava nele. Uma raiva imensa me atingia ao mesmo tempo que a saudade e eu odiava esse sentimento.

Fui até a cozinha e fiz uma caneca de café quente, com a esperança de limpar minha mente.

Tomei um longo gole e suspirei. Estava cansada de tudo isso, esse sentimento parecia me matar aos poucos.

Encostei meu corpo na parede fria e fechei os olhos, e então eu pensei em Peeta sorrindo e imediatamente também o fiz, mas isso era tão irreal... Eu não me sentia confortável com alguém daquela forma fazia meses. E não planejava que isso mudasse tão rápido.

Música do capítulo

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