Em Meio a Guerra escrita por Cinthia Feitoza


Capítulo 3
Outono de 1917


Notas iniciais do capítulo

As coisas estão ficando sérias hein?! Prontos para mais um capítulo? Ai vai!!!

Musiquinha dele: https://www.youtube.com/watch?v=QBbcl05Bx1U



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A guerra conseguiu piorar e parecia que não haveria final! Agora não só as armas eram nossas inimigas, mas o clima também. O número de baixas por doenças se tornava cada vez maior. Soldados e mais soldados, caindo no campo de batalha, vencidos por resfriados fortes, pneumonias, ferimentos infeccionados e febrões era enorme. Remédios eram trazidos junto com armamentos dos países da América, mas nem mesmo eles eram capazes de conter que as doenças se alastrassem como praga em plantações. Muitos de nossos homens estavam sucumbindo enquanto nosso inimigo, acostumado com as mudanças climáticas de seu território, avançava sobre nosso batalhão com força. Aquele dia estava incomumente ensolarado, mas não estava quente. A infantaria, da qual Ronald, Percy e eu fazíamos parte, se preparava para um ousado ataque às trincheiras inimigas. Jorge deveria vir conosco, mas a pneumonia o tirara do campo de batalha já há cinco dias; mais do que difícil, seria arriscado investir com tão poucos homens, mas correr riscos era um ônus daquilo que nos prepararam para fazer ali. Nos esgueiramos pelo caminho, tentando nos manter longe da vista, até alcançar a distância necessária para atacar; agachados na viela, aguardando o sinal de Percy para que atacássemos, retirei do bolso do uniforme a fotografia que Gina me dera na estação ferroviária. O papel já estava gasto, desbotado, mas o rosto dela ainda estava perfeito; eu ainda podia ver o sorriso acalentador em seus lábios, o brilho alegre em seus olhos, a brancura de sua pele. Fechei os olhos, pressionando o papel contra meu peito, numa súplica a Deus que me guardasse mais esta vez, porque eu precisava voltar para ela. Só agora eu percebia quanto tempo havia desperdiçado por medo de enfrentar os irmãos dela, por receio de perder a amizade que havíamos construído desde criança, por não me achar bom o suficiente pra tê-la. Naquele instante tudo o que eu queria era voltar no tempo e beijar Gina Weasley.

— Sonhando acordado, Harry? — Ronald sussurrou próximo de mim, sorrindo travesso ao avistar o rosto da irmã na fotografia em minha mão.

— Pedindo a Deus que me deixe cumprir minha promessa! — falei simplesmente, desviando o olhar de Rony para a foto uma última vez antes de guardá-la.

— Você vai cumprir, amigo! Tenha fé! Só mais essa batalha e vamos todos voltar para casa. — Ronald falou e eu me agarrei à confiança em suas palavras para prosseguir. Percy nos enviou o sinal para atacar, mas a investida durou muito pouco; assim que adentramos parte do acampamento alemão, uma densa névoa branca tomou o ambiente, impedindo que enxergássemos com clareza o campo inimigo. Tiros de metralhadora foram ouvidos tão rápidos quanto os gritos de agonia de alguns soldados. O inimigo havia liberado um gás tóxico que fazia nosso corpo arder por dentro. Tentei não respirar, cobrindo o nariz com o uniforme, mas meus olhos ardiam absurdamente. Nos separamos e, mesmo contra a névoa, avançamos sobre o inimigo, disparando tiros desenfreados com as metralhadoras, incendiando seus acampamentos, arrancando as máscaras dos rostos de nossos inimigos, forçando-os a provar do próprio veneno. Eu corria feroz, segurando a metralhadora em minhas mãos, não mais me importando com o ardor em meus olhos e garganta; avancei o máximo que podia e atirei até que não restasse uma só bala. O inimigo recuou, fugindo do gás tóxico e dos tiros, dando-nos a vitória, pequena, mas importante. Havíamos conquistado mais um espaço. Logo os alemães seriam obrigados a liberar o território belga de uma vez. Caí de joelhos na terra, exausto, sentindo lágrimas grossas se formarem em meus olhos em chamas; fechei-os num impulso e tornei a abri-los, mas nada do que via me parecia claro. Aos poucos os borrões a minha frente foram se tornando cada segundo mais escuros. Eu esfregava os olhos desesperado, tentando melhorar minha visão, mas quanto mais fazia isso, mais escuridão eu avistava. Tentei me por de pé e pedir ajuda, tateando o chão em busca de algo em que pudesse me apoiar, mas as pernas falharam quase me derrubando na terra, se não fossem dois braços me envolverem pelo tronco, me impedindo de cair.

— Força, Potter! Só mais alguns passos e as enfermeiras vão poder cuidar de você! — senti meu braço esquerdo ser erguido e passar por trás do que era provavelmente a cabeça do homem que me ajudava, enquanto tentava organizar meus pensamentos para descobrir em ele era.

— Quem é você? — perguntei, a voz soando cansada e fraca, enquanto praticamente arrastava os pés guiado pelo homem ao meu lado.

— Não precisa me agradecer por não ter deixado você morrer depois de ter inalado tanto gás cloro de uma vez, Potter! — e então o costumeiro sarcasmo exalou de suas palavras e eu percebi que o meu salvador só poderia ser ele, o cara que fora meu rival em todos os anos de colégio, o idiota que gostava de aparecer e humilhar todos à sua frente, principalmente a mim. Talvez ele tivesse crescido ou talvez a guerra o tivesse mudado, porque eu não consegui acreditar que Draco Malfoy estava fazendo aquilo que jurou nunca fazer... Ajudar Harry Potter.


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Notas finais do capítulo

Chegamos a metade de Em Meio a Guerra! o/ o/ Espero que estejam gostando até aqui ^^



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