Ally: Jogo de Amor escrita por Ella


Capítulo 64
Ligação


Notas iniciais do capítulo

Ally está muito perto de acabar, são os últimos capítulos. Se preparem!



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Domingo, 18 de Outubro. (Continuação)
  - Oh Meu Deus! - Exclama chocada. - Edward! - Sublinha. - Edward, como... Como conseguiu meu número? Uaau... 

Ele ri da surpresa dela:
  - Ally, Ally... Ainda tão inocente. - Detalha com tom malicioso. 

  - Edward... - Tenta se acalmar. Respira fundo. - Não me respondeu... Como conseguiu meu número?

  - Eu tenho meus truques, minhas fontes. Sou esperto, você sabe. - Se gaba metido.

  - É... Eu sei... Sei bem. - Se lembra do passado. - Edward... Eu nem sei o que perguntar. Você apareceu assim do nada... Por que?

  - Porque estou com saudade, Ally. Já disse. - Insiste.

  - Saudade? Edward...

  - Me chame de Ed, Ally. Pelos bons tempos... - Diz atraente.

Ally se sente tonta, se segura no guarda-roupa:
  - Não estou entendendo nada... - Murmura para si mesma. - Edward, o que você quer? Por que apareceu depois de tanto tempo? 

  - Não consegue imaginar o porquê? - Diz sarcástico. 

  - Eu preciso saber, me diga logo. DIGA!— Grita. 

Elly entra no quarto de repente, ela se assusta e deixa o celular cair; a bateria, e capa se soltam, e a película se quebra, como se acontecesse em câmera lenta. Ally respira uma grande quantidade do ar gelado da rua ao ver sua mãe na porta, seus olhos ardem:
  - Ally! O que foi isso? - Indaga.

  - Eu... Eu me assustei. - Junta as partes do celular do chão. Monta.

  - Meu Deus! Está funcionando? 

  - Sim, acho que sim. - Procura a bolsa. 

  - Mas o que estava fazendo que se assustou tanto quando entrei?! - Questiona encabulada. 

  - Eu... - Pensa rápido, age rápido, fica sem foco numa só coisa. - Eu, eu vou sair. - Pega a bolsa saindo. 

  - Sair?! Ally, está nevando!! - Exclama preocupada. 

  - Eu levo uns casacos. - Grita da escada. 

  - Ally, Ally... - A ouve bater a porta de saída. - Que menina teimosa!

Ela termina de vestir os casacos enquanto caminha pela calçada sem rumo, sai vapor de sua boca, olha ao redor sem prestar muita atenção, sua cabeça está muito abalada, não consegue pensar direito mais.

Após caminhar um pouco ela para no parque que fica uns quarteirões de casa, observando a neve cair devagar, Ally respira lentamente, sua respiração fica um pouco rala, mas se concentra e logo passa. A neve vai cobrindo seu cabelo, e o roxo se torna branco gradativamente, o frio começa a ficar mais denso, e a nevasca também, mas ela não se importa.

Balançando o cabelo, Ally tira quase toda a neve, e sem querer toca o pescoço.
  - Ai! - Resmunga.

Seu pescoço vermelho e dolorido a faz se lembrar da noite passada, todos os momentos aparecem na sua mente. Thomás que não a atacou apenas àquela vez, já a fez perder o sono muitas outras vezes e todos os momentos em que Ally esteve presa em suas mãos vão passando em forma de filme na sua cabeça. Cada cena pior que a outra, mas nada pior que o pesadelo de ter Thomás a matando sufocada e Nick rindo sem ajudá-la. Thomás a sufocando no sonho e no supermercado, essas cenas ficam lado a lado em sua mente; ela se pega chorando, lágrimas caindo sem perceber.
  - Agora não é um bom momento para chorar, Ally. Não seja idiota... - Caminha de volta para casa, dessa vez prestando bastante atenção ao redor. 

Quase chegando ela pega o celular e liga para Baby. Logo atende:
  - Olá, Ly! Como está?

  - Estou bem... Melhor. - Se senta na varanda. 

  - Ótimo! - Exclama. - Soube que está nevando muito aí. Perfeito para tomar chocolate quente em frente da lareira. 

  - Sim. 

  - Se te conheço bem, está fazendo isso. - Diz com certeza. 

  - Na verdade... Estou na varanda. 

  - Na varanda?! - Indaga. - Ly... Está muito frio!

  - Eu sei. 

  - Ly... O que foi? Disse que estava melhor, mas não é o que parece. 

  - Estou precisando de você. Saudade. 

  - Também estou com saudade, Ly. Estou juntando todo o dinheiro que consigo para passarmos nosso aniversário juntas. O mês de dezembro todo. - Conta. 

  - Espero que dê certo. - Torce não muito animada.

  - Sim, vai dar sim. - Assegura. 

  - Baby...

  - Diga, Ly. 

  - Eu acho que estou enlouquecendo. E dessa vez não é porque estou me apaixonando. 

  - Hã... Como assim? 

  - Bem... Antes de te contar como está minha mente, precisa saber de uma coisa. 

  - Está me deixando nervosa. 

  - Baby, Edward voltou! 

  - Impossível!

  - Mas é verdade.

  - Caralho! Explica isso direito.

  - Okay...

Ally passa horas conversando com Baby, contando tudo o que está se passando na sua mente, toda a loucura que está sua vida.
Deitada no sofá, cheia de cobertas e já tomado diversas xícaras de chocolate quente, ela recebe mensagens no WhatsApp, sem muito esforço alcança o celular.
"Nick:
Ally, você está bem?"

"Nick:
Não falou mais nada. Fale comigo, preciso saber se está bem."

"Nick:
Não precisa conversar se não quiser, tendo noticias suas já me sinto melhor, me sinto melhor se a notícia for boa, claro!"

"Nick:
Sabe que não sou de mandar muitas mensagens, então me responda quando ver, por favor."

"Nick:
Ally?"

"Ally:
Estou bem, Moço.
Não se preocupe tanto."

"Nick:
Está? O que está fazendo?"

"Ally:
Estou deitada aqui na sala. Vendo filme, tomando chocolate quente...
Sim, estou bem.
s2"

"Nick:
Ok."

Ela não responde.
Nick digita "te amo", e apaga, digita "te adoro", pensa um pouco e também apaga.

Segunda, 19 de Outubro.
Estão na escola, estudando na mesma sala, mas Ally parece tão distante quanto como era quando ainda nem se conheciam.
No intervalo Nick tenta se comunicar com ela, se aproximar:
  - Vamos nos sentar alí. - Aponta para o gramado.

  - Eu vou comprar algo para comer. 

  - Ah! Então vamos. - Se propõe a ir.

  - Douglas parece estar te chamando. - O vê acenando de longe. 

  - Falo com ele depois. Vou com você. 

  - Não precisa ir se não quiser...  Estou bem. 

  - Ally... Eu quero...

  - Olha, ele está gritando seu nome. - Avisa. - Vai lá e eu venho já. 

  - AFF. Tá. 

Nick vai até Douglas sério.
  - Achei que não me veria nunca. Te chamei um monte. - Douglas conta reclamando.

  - Eu sei, Ally me avisou. - Fica quieto.

  - O que foi? 

  - Parece que ela está me evitando. - Diz inquieto. 

  - Não, acho que não. Por que te evitaria?

  - Não sei, não sei. - Aumenta a voz. - Só sei que não estou conseguindo conversar com ela direito. Parece fugir de mim. 

  - Deixe de bobagem. Lembre que Ally está vivendo situações muito tensas esse ano, situações de vida ou morte, só fique do lado dela, tá?

  - Humrum. Tá bem. 

A aula acaba. Nick vê Ally saindo da sala distraída, corre para alcançá-la.
  - Ally! - Toca seu ombro.

  - Nick! Desculpe, estou muito desligada, não lembrei de você. 

  - Deixa isso pra lá. Quero te levar para um lugar. - Comenta. - Vem comigo! - Pede meigo.

  - Hã... - Hesita. - Está bem. 

  - Ótimo. Vamos para o carro.

Sem saber para onde ele a está levando, ela só espera. Ao chegar se depara com muitas lembranças.
  - Este lugar...

  - Eu sei que é muito perto de onde recebeu notícias ruins, mas é que naquela noite não conseguimos aproveitar a bela paisagem do topo desta escadaria. 

Ele a leva para a mesma escadaria que eles pediram desculpas um para o outro antes dela saber do acidente do pai.
  - Sente-se. - Sugere. - Achei que seria legal ver o pôr do sol daqui. É muito lindo!

  - Deve ser mesmo...

Sentam lado a lado.
Nick a observa, parece séria e pensativa.
  - No que está pensando? - Olha para frente.

  - Na minha vida... Está tão turbulenta e difícil de viver, que mal consigo respirar direito. 

  - Ally, pode sempre contar comigo. - Toca sua mão. 

Ela o olha:
  - Eu sei. - Segura a mão dele de volta. - E como está a sua vida?

  - Minha vida... Eu não sei dizer.

  - Por que? 

  - Eu digo que vivo para me sentir um pouco melhor, porque na verdade não estou fazendo nada com nada. Se está assim agora, imagina o futuro. - Lamenta.

  - Você pode mudar isso... 

  - Sim. Mas eu não quero virar o meu pai. 

  - Você tem outras opções... - Insiste.

  - Mas eu não sei o que quero para minha vida. - Frisa. - Nossos futuros parecem bem distintos.

  - É? Por que? 

  - Você vai fazer faculdade, trabalhar, abrir sua confeitaria... Realizar seus sonhos. Eu não tenho sonhos, não tenho interesse em trabalhar minha vida toda, não sei o que fazer depois da escola. É um futuro de merda o meu. 

  - Você ainda vai achar o que ama.

  - Você tem muito mais chances de ser feliz no futuro do que eu... - Deixa escapar distraído com o sol.
 
Ficam em silêncio. Ally pensa no que Nick disse, pensa em cada futuro baseado em cada escolha e opção, e percebe que dificilmente o futuro deles se entrelaçariam.
  - É realmente um belo pôr do sol! - Ela ressalta cortando o clima tenso.

  - Sim. É! - A admira. - Allyson! 

Ela o olha, seus olhos brilham e suas bochechas estão rosadas:
  - Você... Você é linda! - Toca seu rosto. A mão sente sua bochecha quentinha.

A vendo sem fala, ele sente um pingo de coragem para falar:
  - Você foi a única que já deu algum significado a minha vida. Obrigado! - Olha no fundo dos seus olhos. 

Encostando os lábios devagar ele sente suas respirações sincronizadas. A beija devagar, doce e lento, com mordidas e beijos no pescoço delicadamente; sem hora para parar.

A noite cai, juntamente com o frio e a neve.
  - Podemos ir? 

  - Sim. - Sorri leve. 

  - Ok. - Liga o carro.

No meio do caminho Ally recebe uma ligação e se treme ao ver quem é. Ao lembrar de Nick tenta disfarçar a tensão, o que ele percebe.
  - Quem era? - A vê desligar rápido. 

O celular toca de novo, dessa vez ela atende sem medo:
  - Oi, mamãe. Estamos indo, chego já. 

Nick fica encabulado.
  - E essa rachadura na tela?

  - Eu deixei meu celular cair. Estava bem distraída. - Conta por cima. - Mas foi só a película.

  - Hum. Vou levar uma película amanhã para trocar. 

  - Está bem. Obrigada. 

  - Hum. - Resmunga pensando o porquê dela estar estranha.
 
Quarta, 21 de Outubro.
Para mudar um pouco a rotina de Ally, Nick a busca para tomar café da manhã numa cafeteria no centro, uma das melhores da cidade. Os dois sentam juntos, sem ninguém para atrapalhar a refeição.
  - O que está achando dos ovos?  

  - Estão ótimos. - Responde de boca cheia. Ela engole. - Desculpe! Está tudo uma delícia. - O diz fofa. 

  - Que bom! - Sorri leve. - Então... Já soube da festa de Halloween? 

  - Sim... É só o que se fala na escola. Parece que quase todos vão. - Come o iogurte com cereais.

  - Verei se vou... 

Ela para e o encara:
  - O que foi?

  - ... Nada. - Volta a comer.

Novamente mensagens atrás de mensagens chegam no celular dela, Ally ignora, mas Nick de novo estranha como ela reage.
  - Acabou? 

  - Humrum. - Termina de beber o suco. 

  - Então vamos. Temos um dia longo na escola ainda. - Se levanta e paga a conta. 

Mais um dia cansativo estudando. Momentos antes de tocar para o intervalo as malditas mensagens enchem o celular de Ally de notificações.
  - Vocês podem sair para o intervalo. - O professor avisa. - Ah! Lembre-se de deixar o celular no silencioso durante a aula, Allyson.

  - Desculpe, professor. - Pede.

  - Que não aconteça novamente. - Sai da sala.

  - Aish. - Guarda o material pegando o celular. 

  - Está acontecendo alguma coisa? - Nick chega por trás.

  - Aah! - Ela se assusta. - Nossa! Que susto! - Respira. - Vamos comer? - Caminha para fora da sala.

  - Hum. 

Na saída da escola seu telefone toca, ela atende nervosa:
  - Meu Deus, será que não cansa?! 

  - Ally! - Nick a chama vindo. 
 
Ela desliga rápido. Ele novamente percebe algo estranho:
  - Vamos? - Abre a porta do carro.

  - Humrum. - Entra.

Fazem um percurso quieto.
Chegam na casa Fllower e Nick resolve conversar com ela:
  - Ally, está...

Dessa vez o celular dele toca:
  - Oi, mãe. 

  - Tenho que ir... - Ally cochicha descendo. - Beijos. 

  - Hã... - Tenta pedir para esperar, mas desiste. - Não mãe, nenhum problema. Pode falar... O que mais é para comprar? - Dirige. 

Ally entra em casa. Vai direto para o quarto, não janta, nem toma banho, apenas deita na cama e apaga. Só dormindo para ficar em paz, às vezes nem assim. Pesadelos podem perturbar seu sono.

Sexta, 23 de Outubro.
Faltando pouco tempo para a segunda maior festa do ano, a escola fica repleta de folhetos e cochichos pelo corredores. Cada um dizendo uma coisa diferente. Ally anda em direção a saída, para e lê alguns folhetos no quadro de avisos:
"Nessa festa o tema é Halloween, mas as bruxas vão fugir quando ouvirem o som que vamos emitir."

"Lista de por que não faltar:
1.   Terá bebidas. Muuuuitas, bebidas.
2. Música alta. Eletrônica até o amanhecer.
3. Quartos para pegação.
4. Piscinas de diferentes tamanhos e tipos.
5. Já falei que terá bebidas?
6. E um bar?"

"Lista do que não levar:
Não leve nada e ainda vai sair com menos coisas do que levou."

  - Nossa..! Essa festa vai dar o que falar. - Resmunga consigo mesma.

  - Ouvi dizer que a casa é longe das redondezas. Ou seja, dificilmente vão reclamar do barulho. 

  - Vamos virar a noite.. Uhuu!

  - Amiga, vamos mais do que tudo é virar o copo. - Riem.

Ouve garotas conversando perto da escadaria.
  - Boa sorte para voltarem vivos no outro dia, quem for... - Continua falando com si mesma. - Com licença. - Pede e desce para o térreo.

 

Chegando no metrô Ally se senta num banco, abre um livro, começa a lê-lo. Ouve o celular tocar, o procura na bolsa cheia de papel.

  - Aish, cadê? - Resmunga. - Por que tanto papel picado?! - Procura com a mão como louca. - Achei! Achei! - Grita. 

Todos a olham, ela fica envergonhada e sorri amuada:
  - A-alô? Ah! Oi, oi Nane. 

  - Olá, querida. Onde está?

  - Estou no metrô. Esperando.

  - No metrô? - Indaga.

  - Sim. Achei que o Nick iria sair com Sophie hoje, então resolvi ir para casa de metrô. - Explica.

  - Ele está aqui, disse que não te viu mais quando acabou a aula. Venha jantar aqui, era para ter vindo com ele.

  - Ah! Tudo bem. Eu vou. - Avisa. 

  - Quer que ele vá te buscar? - Pergunta já o chamando com a mão, ele se levanta do sofá.

  - Não, não precisa. Acabei de embarcar, chego já aí. - Comunica se sentando num banco da locomotiva. 

  - Está bem. Tenha cuidado. - Pede atenciosa.

  - Okay. Beijos. 

Volta a ler seu livro, se distrai o percurso todo.
Está frio, o céu é branco, assim como as árvores, as ruas, as calçadas, os telhados das casas. Calça escura, moletom, casaco, casaco grosso, luvas, meias, sapatilha de veludo, touca, cachecol; é tudo que Ally usa para se aquecer naquele quase frio do inverno.

Ally chega na casa Blacker e bate na porta. Sopra as mãos geladas, espera na neve alguém abrir.
  - Está frio... - Diz com a voz trêmula.

  - Olá, Ally! - Doris a cumprimenta ao abrir a porta. 

  - Olá. 

  - Entre rápido. - Diz a vendo tremer levemente. - Está muito frio! 

  - Obrigada. - Entra. 

Se acomodando no meio da sala, Ally já sente o frio a deixando.
  - Ally! - Sophie aparece descendo a escadaria. - Como está, querida?

  - Olá, Sophie. - A abraça. - Estou bem.

  - Está gelada! - Se assusta. 

  - Está bem frio lá fora. - Conta. - Mas estou bem. - Reforça.

  - Venha se aquecer na lareira. - A leva. — NICK!— Grita o chamando. - Nick, venha aqui meu filho! 

  - O que foi, mamãe? - Ele chega meio estressado. Vê Ally sentada no sofá o olhando. - Ally! - Exclama surpreso. 

  - Querido, Ally precisa se aquecer. Fique aqui com ela que eu vou terminar de fazer o jantar. - O pede já saindo. 

  - Ok... 

Ele vai até o lado dela e se senta.
  - Você é teimosa, hein? - Olha bem fundo nos seus olhos. - Quer um edredom? 

  - ... Não, estou bem. - Responde. - Nem estou mais com frio. 

  - Ok. Quer um café?

  - Sim, aceito.  

Ela o vê ir até a mesa pegar. Coloca o café na xícara atencioso:
— Por que disse que sou teimosa? - Pergunta do nada.

  - Eu disse alguma mentira? - Vê que ela o encara calada. - Bem... Você sumiu depois que acabou a aula, e quando Nane ofereceu que eu fosse te buscar, você negou. Chegou gelada e com frio, e mal aceitou minha ajuda para te aquecer. É teimosa, Ally. - Frisa. 

  - Não sou não. - Discorda como uma gatinha manhosa. 

Nick ri ligeiramente de sua expressão fofa.
  - Ora, Ally. Você acabou de ser. - Informa seguro. 

  - Aish. Eu...

O telefone fixo da sala toca.
  - Quem será agora? - Ele reclama. 

  - Não vai atender? - O vê não se levantar. 

  - Aff... Vou atender aqui. - Pega o telefone. - Alô.

  - Alô. Nicolas? 

  - Pai... - Hesita. - Sou eu. 

Ally fica tensa, não sabe o que vai ser dessa conversa. Nunca entram num bom senso.
  - Nicolas, estou ligando porque ainda tenho esperanças que você vai conseguir ser alguém na vida. Tenho falado com seus irmãos, eles estão muito bem caminhados e seria muito bom se você também conseguisse isso.

  - Como? - Tenta apenas ouvir. 

  - Venha morar comigo próximo ano. - Diz sem hesitar.

  - O... O quê? Quer que eu vá para o Japão?! - Indaga.

  - Sim. Eu vou te ensinar tudo que sei, e poderá me ajudar com os negócios. Nick, sua vida iria mudar. Iria deixar de ser um jovem malandro, iria ser igual à mim. 

  - Uou uou uou... Espera. E quem disse que eu quero ficar igual à você? - Questiona meio estúpido.

  - Nicolas, você é um rapaz de quase 20 anos, deveria estar na faculdade, trabalhando, se tornando independente, fazendo um caminho bom para sua vida. E tudo que está fazendo é terminar o ensino médio por ter repetido milhares de vezes, por ser um aluno desleixado. - O chama a atenção. - Comece a fazer algo na sua vida para não virar um homem de 30 anos que mora com a mãe e a avó. 

  - Você quer que eu me torne um escravo da sociedade como meus irmãos, mas eu não vou fazer isso. Não é sendo um homem de 30 anos morando com sei lá quem, que vai fazer de mim alguém ruim ou de menos valor. Eu não tenho o mesmo espírito ambicioso que você! - Retribui se alterando.

  - Não é ser ambicioso, é ser esperto. É crescer na vida! - Destaca.

  - Ok... Então serei esperto. - Afirma. - Eu não vou para a porcaria do Japão ficar seguindo ordens de você e de ninguém. Nem que eu venda jornais e revistas numa banca, eu não me tornarei você. - Informa consciente. 

  - Nicolas, uma hora você vai ter que admitir que estou certo. - Insiste. - Sua mãe te mimou demais, fez de você esse moleque exibido e grosso. 

  - Eu já estou de saco cheio. Quer saber... Vai se foder! - Grita.

Nick bate o telefone desligando na cara de seu pai. Ally que durante todo o momento se manteve pensativa, percebeu que Nick tem mais problemas na vida do que tinha ciente, sem saber o que queria para sua vida ele estava basicamente perdido, mas não mais perdido que a relação dele com o pai.
  - Você tem que resolver a relação de você e seu pai. Vocês tem que resolver. - Ressalta.

  - Por favor, Ally. Não quero falar disso. - Avisa tentando não ser grosso.

  - Okay... - Faz uma pausa. - Não pensa em fazer algo próximo ano? - Pergunta calmamente.

  - Viajar, sumir para ver se param de pegar no meu pé. - Diz alterado e sai sério.

Ela fica parada no meio do sofá, seu olhar transmite vazio.

O jantar finalmente fica pronto, Sophie chama todos para a cozinha. Eles sentam como uma família de comercial, mas nem tão felizes assim.
Sem esperar muito depois da refeição ter acabado, Ally já avisa que tem de ir embora.
  - Não quer ficar mais um pouco? Podemos ver um filme. - Sophie sugere. 

  - Sinto muito, Sophie. Mamãe já está me ligando. - Conta a abraçando. - Tenho que ir. 

  - Está bem. Quer mesmo ir de metrô?

  - Não se preocupe, são só 20h. -Despede-se.

  - Já que tem que ir embora logo, venha amanhã. Passamos o dia nos divertindo. Podemos ficar dançando, fazer bagunça na cozinha, ver filme, ir tomar sorvete. - Nane sugere. - Faz tempo que não passa um tempo aqui. - Lembra.

  - Sim. Verdade. - Concorda. - Está bem. Eu venho. - Aceita. - Agora tenho que ir. Beijos. Avisem ao Nick que mandei um beijo.

Ele está no quarto, ficou de mau humor depois de falar com o pai:
  - Pode deixar, falamos sim. 

  - Tchau! - Acena amável.

  - Tchau, querida!

Sem se importar muito ela pega o metrô, chegando em casa um pouco mais tarde do que tinha imaginado.
Sobe direto para o quarto para não ouvir a mãe e o pai discutindo, joga a bolsa da escola no chão, se joga na cama e liga para Baby, com quem fica horas conversando.

Após apagar e acordar com a mãe batendo na porta mandando ela desligar a luz, Ally toma banho e desce para a cozinha:
  - Que fome! - Resmunga abrindo a geladeira. Lá de dentro ela pega um iogurte de frutas vermelhas.
 
São 01h30 e ela está a preparar um sanduíche americano de creme de amendoim e geléia.
  - Parece que ficou bom! - Morde. - Hum... Delícia! 

O celular toca para sua não surpresa.
  - Aish... Alô? - Atende.

  - Não deveria estar dormindo essa hora? 

  - Hum? Nick? - Interroga.

  - Nick? Quem é Nick? 

  - Droga... - Murmura baixo. - Edward, você de novo? Não para de me ligar?! Que saco! - Reclama.

  - Eu paro de ligar com uma condição. - Avisa. 

  - Qual? - Pergunta de boca cheia.

  - Quero te ver, se encontre comigo. - Pede. 

  - O quê?! - Indaga engasgada. Tosse respirando fundo. - Se encontrar com você?

  - Sim, Ally. Não há nada difícil nessa frase, é de fácil compreensão.

  - Edward, eu não vou me encontrar com você. - Afirma.

  - Ora, por que não? - Questiona. - Já fomos bons amigos, Ally. Qual o problema?

  - O problema é que você sumiu e apareceu do nada, agora quer me encontrar. Isso é muito estranho. Eu nem sei o que você quer realmente... - É interrompida.

  - Quero te ver, só assim te deixarei em paz. Ah! Se puder vir com esta mesma roupinha que está agora, eu amarei. - Diz malicioso. 

  - O quê?! - Se assusta.

  - Tchau, Ally. - Desliga. 

  - Edward! Edward! - Vê que desligou. - Mais que saco!! - Joga o celular na mesa.  

"Ah! Se puder vir com esta mesma roupinha que está agora, eu amarei." ecoa na sua mente. Assustada ela olha em volta e vê tudo fechado:
  - Que merda está acontecendo?! - Passa as mãos na cabeça. - Já não me basta o Thomás?! - Sua frio. - Thomás... - Resmunga olhando tensa para os lados. - Aish! Se acalme, Ally, se acalme...

 


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Notas finais do capítulo

Deixem sua opinião se querem Ally: jogo de amor - Parte II. Vai ajudar muito.
Beijos!



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