Ally: Jogo de Amor escrita por Ella
Terça,13 de Outubro (continuação)
Nick tenta ficar melhor da ressaca, toma um bom banho, e descansa na sala até dar a hora da escola.
Ally almoça na casa Blacker junto à todos, se arruma com as roupas dela que tem na casa. Se sente totalmente à vontade lá, por já ser seu segundo lar.
Sophie acha melhor Nick não dirigir, decidindo assim, os levar para o colégio.
- Vamos filhos. Não vão se atrasar. - Os chama.
- Estamos indo. - Ally fecha a portão. - Nick ainda está fora do mundo. - Brinca o vendo distraído, entra no carro.
- Dor de cabeça. - Conta e entra em seguida.
Deixados na escola, eles andam de mãos dadas pelos corredores. Vão para a aula, mas mal se concentram. Ally tem sua mente atormentada, com lembranças de Thomás e as mensagens anônimas que está recebendo atualmente. Nick sente dor de cabeça e enjôo, dificilmente olha para o professor, fica com a cabeça deitada na mesa para descansar.
O intervalo chega, Ally guarda o material e vai até ele, que adormecera na sala:
- Nick... Nick. - O chama. - Vamos... Está no intervalo.
- Hum? - Acorda. - AFF! - Se levanta sonolento.
— Eu sei que está cansado, mas tem que beber água, tentar comer algo. - Ela o ajuda. Passa o braço dele por cima do pescoço, e o seu braço nas suas costas, o apoiando.
- Não estou conseguindo comer. - Fala indo com ela.
- Eu sei. - Frisa.
Eles passam na cantina, compram dois bolinhos de cenoura e encontram Douglas na área verde. Está sozinho, o que já é estranho:
- Olá, Doug! - Ally o cumprimenta.
- Oi, Ally. - Responde ameno.
Nick se senta num dos bancos:
- Ainda está de ressaca? - Brinca.
- AFF.... É uma droga. - Começa a comer um bolinho. - Tudo é amargo.
- Da próxima tente beber de estômago cheio. - Ela o chama a atenção.
- Aish. Ok, mamãe. - Diz sarcástico.
Douglas permanece sério:
- O que foi Doug? - Sua amiga o vê calado.
- Hum?
- Está bem? Geralmente teria falado algo depois do que eu disse, sabe que seu amigo extrapola. - Comenta.
Douglas só sorri de lado levemente, nem fala:
- Hum.. O que houve? - Seu melhor amigo pergunta. - Você não perde uma oportunidade de mostrar minhas burrices. Aconteceu algo. - Assegura.
Doug respira fundo:
- Sim. Eu e Carina... Não sei mais... - Diz confuso.
- Como assim? Acabaram?! - Ally indaga surpresa.
- Não. - Suspira. - Vou explicar.
- Explique. - Nick diz de boca cheia.
- Carina conseguiu entrar numa grande universidade dos EUA. É uma oportunidade única. Mas... Já tínhamos combinado que depois dela terminar a faculdade aqui, íamos para a Inglaterra. Agora ela quer ir para os EUA quando acabar este ano, ela diz que o curso lá é bem melhor, e eu sei que é, mas parece que sou o único que pensa como isso afetaria nosso relacionamento. É muito longe, namoro à distância?! Isso não dá certo. Estávamos tendo várias discussões, eu pensando no que seria melhor para nós, e ela me dizendo que sou egoísta por não querer que ela vá. A coisa explodiu, brigamos ontem e foi feio. Ainda não nos falamos, liguei para ela hoje e não me atendeu. Cara... Não sei o que faço.
- Deixa ela se acalmar, tente ligar de noite. - Ally sugere.
- Eu queria poder voltar ao normal. Está difícil até conversarmos. - Conta.
- Saia para jantar com ela. Faça algo romântico. - Ela o tenta ajudar.
- Ally... - Nick a encara.
- O que foi? - Encara de volta. - Eu estou tentando ajudar. - Se cala.
- Ela está certa... Preciso pensar em algo. - Douglas começa a pensar.
O intervalo acaba, o sinal toca:
- Bem... Vou ficar pensando.
— Está bem. - Eles se levantam.
- Até já amigo.
- Até.
O restante das aulas passam rápido, na saída Douglas aborda Nick e Ally em estado elétrico, os assusta.
- Eu já sei! - Puxa Nick com força.
- Wow! - Se assusta. - O que foi?!
- Já sei o que posso fazer para melhorar meu relacionamento. Quer dizer... Fazer ele voltar ao normal. - Informa animado.
- Então nos conte. - Ally pede.
- Venham, conto no caminho. Vou os deixar em casa. - Avisa.
Vão até o carro dele, abrem a porta.
- Você vai para a casa Blacker, Ally? - A pergunta.
- Não. Vou para casa. - O responde.
- Ok. Vou te deixar primeiro. - Dirige para fora da escola.
- Okay. Conte agora. - Insiste.
- Dia 16 minha mãe vai viajar e volta dia 19. Poderíamos fazer uma festa do pijama lá em casa, vemos um dia bom. Eu e Carina, e você e Nick. Seria um momento para os casais... Ela não ficaria sozinha. Quero muito ficar bem com ela. - Conta.
- Seria bom! - Exclama. - Gosto da ideia.
- Sim. É uma oportunidade que não posso perder. - Afirma. - O que acha Nick?
- Olha... Não gosto da ideia de dormirmos juntos, sabe? Mas... Se for para te ajudar, conte comigo. Sei como Carina é importante para você.
- Muito obrigado, amigo. Vamos marcar o dia.
- Ok.
- Chegamos, Ly. - Douglas para o carro.
Ela abre a porta do passageiro e desce. Se aproxima da janela:
- Obrigada, Doug. - Agradece educada. - Nos falamos mais tarde, Nick.
Ele beija sua testa de dentro do carro:
- Sim. Até já. - Se depende meigo.
- Até. - Sorri fofa.
- Tchau, Ly. - Doug diz já dirigindo.
Ally os vê ir, se afastam gradativamente, até que eles somem de sua vista. Ela vira, sobe a escada, abre a porta e entra em casa.
Na sala vê sua mãe vendo canal de filmes antigos, seu preferido.
- Olá, querida. - Diz quando a vê.
- Oi, mamãe. - Vai até ela e a beija a testa. - Onde está papai?
- Não sei. - Reage fria. - Deve estar em algum canto da casa.
- Aish. - Suspira. - Vocês dois tem que se resolver.
- Quando seu pai se mostrar atencioso comigo... Só então vai se resolver. - Acentua.
Ally resmunga:
- Okay. Vou para meu quarto. - Avisa.
- Está bem. Desça para jantar depois.
- Sim. - A deixa na sala e sobe a escadaria.
No corredor ela encontra o pai.
- Oi, filha. - Ela se abaixa e o abraça, ele está na cadeira de rodas. - Como está?
- Um pouco cansada, mas bem. - Sorri leve.
- Que bom. - Tudo se silencia. - Minha filha, eu amo você... E sua mãe. - Destaca amoroso.
- Eu sei papai... Também te amo, os amo. - Retribui.
Marcelo se sente mais calmo com a situação entre ele e Ellie, sabendo que não atingiu Ally muito fortemente.
- Vá descansar, filha. - Pede. - Depois desça para jantar.
- Está bem.
Fazendo o que ele pediu, ela entra em seu quarto, guarda a bolsa e vai verificar as notificações no celular. Atualiza o Facebook, curte as fotos no Instagram, e vai responder as mensagens do WhatsApp. Responde das mais recentes para as mais antigas, vai passando as conversas, chega na mais velha, mandada ainda quando estava no colégio.
- Número estranho... Mas pelo menos tem número. - Respira fundo. - Tá.. - Cria coragem e abre a conversa.
"...
Estou tão perto, você não faz ideia, Ally.
É idiota.
Hahaha
Idiota..."
Ela se senta na cama, sua respiração fica devagar, tenta se manter calma.
- Isso tem que acabar. - Diz com a voz fraca, sente medo. - Tem que acabar.
Sábado, 17 de Outubro.
Chega o dia da festa do pijama, Ally espera em sua casa, Nick vai buscá-la para irem até Douglas.
São 16h30 quando ele chega e buzina:
- Mãe, estou indo. - Pega a bolsa. - Beijos. - Avisa com a voz alta e sai.
Chegando perto do carro, Nick abre a porta para ela por dentro.
- Cavalheiro. - Brinca entrando. - Olá. - Fecha a porta.
- Oi, princesa. - A dá um selinho.
O caminho até a casa de Douglas não é longe, mas é desgastante por causa do trânsito ruim.
- Estamos quase chegando. - Informa. - Pode pegar meus óculos e meu celular no porta luvas, Ally? Não quero esquecer aqui. - Pede.
- Sim. - Abre e paralisa. - Nick...
- O que foi? - A vê congelada.
- Tem uma arma aqui. - O olha séria.
- Sim. É minha. - Afirma.
- Sua? - Indaga assustada.
- Sim. Sempre esteve aí. - Para o carro.
- Mas...
- É uma 38, relaxe, Ally. Tenho porte legal. - Abre a porta. - Agora vamos, estão nos esperando.
- Hã... Tá. - Desce ainda confusa.
Eles deixam as coisas na sala, falam com Carina e Douglas.
- Vamos ter que fazer compras. - Doug avisa. - Vim agora da cozinha e não tem nada. Esqueci de olhar antes.
- Tudo bem. Vamos agora para não perder tempo. - Nick pega a chave de seu carro. - Vamos no meu carro.
- Ok. Então vamos. - Eles saem.
No supermercado eles se separam para serem rápidos.
- Uma lista das meninas e uma nossa. Nos encontramos na padaria. - Nick divide a lista ao meio e dá uma metade para Carina.
- Sempre mandão. Decide o que fazer e pronto. - Sarcástica.
- Óbvio. - Ironiza. - Não demorem.
- Ok.
Se separam.
- O que tem aí? - Ally pergunta.
- A primeira coisa é sorvete. - Conta.
- Opa, gosto! - Exclama.
- Gostamos!
Com cada dupla com sua lista eles pegam as coisas rapidamente, as meninas mais rápidas, vão atrás da última coisa da lista delas.
- Falta a Muçarela. - Carina conta à Ally.
- Pegamos e esperamos eles. - Sugere.
- Sim.
Após riscarem o último item, elas aguardam no corredor.
- Fomos mais rápidas. - Carina se gaba. - Quero só ver se eles vão demorar muito.
- Depois ficam reclamando. Bobos! - Ri.
Elas conversam como amigas se divertindo.
- Aish... Demora. - Ally reclama.
- Sim. Concordo plenamente. - Revira os olhos.
- Me dê a lista, deixa eu conferir. - Pede.
- Aqui. - Entrega.
Olha atentamente cada item:
- É, está tudo aqui. - Levanta o rosto.
- Está?
Ela perde a voz:
- Oi, Ally. - Thomás sorri malicioso.
Instintivamente Ally tenta correr, mas ele está bem em sua frente e a segura forte.
- A solte. - Carina grita e bate dele.
- Cale a boca. - Frio e sem sensibilidade a dá um soco no olho e ela cai no chão.
- Thomás... Me deixe ir... - Ally pede o vendo tão seco como deserto. - Por que agora?
- Eu sempre estive perto, Ally. Muito perto. - A prende na parede. - Idiota!
- Thomás... - Ele não a deixa falar.
- Cale a boca... Cale a boca, vadia. - Sem controle ele a começa a sufocar.
Suas mãos ao redor do pescoço de Ally a apertam forte, e cada vez mais vão tirando seu ar. A vendo perder o oxigênio, Thomás sorri de lado, ela tenta se soltar, o bater, chutar, gritar, mas ele a paralisa e imobiliza a tirando a força.
- Não, não faça isso. - Carina se levanta com o rosto sangrando.
Ela tenta o puxar, o machucar para salvar a amiga. Não vendo resultado começa a enlouquecer:
- Socorro! Socorro! Ele vai matá-la. - Grita no supermercado. — SOCORRO!!— O puxa.
Totalmente tomado pelo o incontrolável e a adrenalina, Thomás não perde o foco de Ally mesmo com Carina gritando e o batendo, ele a prende forte e aperta seu pescoço tão descontrolado que suas mãos começam a doer. Ally começa a buscar por ar, arfa loucamente por oxigênio, e ele sorri sendo o psicopata que é.
- Solte ela! - Começam a gritar no mercado.
- Ele é maluco!
- Ele está matando ela!!
O olhando nos olhos e vendo a escuridão que é sua alma e a pedra que substitui o seu coração, lágrimas caem dos olhos repletos de pânico de Ally.
"Não. Por favor, não faça isso Thomás. Por favor... Me deixe ir. Não, não me mate...
Thomás... Quem é você? O que é você?!"
Ela implora em seu pensamento, perde o ar quase que por completo e consequentemente começa a perder a consciência.
- ALLY!
Thomás a solta, dá um soco muito forte em seu pulmão e ela cai com força no chão, sem firmeza alguma; inconsciente e com as marcas das mãos grossas e grandes de Thomás no pescoço.
Ele corre para fora do supermercado. Nick o segue automaticamente, não para nem para ver o estado de Ally. Douglas fica sem saber o que fazer, seguir Nick que está furioso ou socorrer Ally que está inconsciente.
Nick corre desgovernado até o estacionamento onde Thomás se afasta aos poucos, ele vai até seu carro; sua raiva o deixa ofegante.
O vê já um pouco longe, respira fundo.
- Não vai escapar.
Ele levanta a mão que segura seu revólver, firme e sem tremer, insensível como uma pedra. Nick mira na cabeça de Thomás, sua respiração é lenta, mas seu coração está descontrolado.
- Adeus. - Seus dedos impulsionam puxar o gatilho.
- Não. - Douglas o puxa. - Nick, pare! - Segura seu rosto.
- O que está fazendo, Nick?! - Indaga perplexo. - Está louco?!
- Eu vou acabar com isso. - Se solta. - Me deixe, Douglas. - Volta a mirar em Thomás.
- Não. Nick, você vai ser preso! - O segura. - Não pode fazer isso. Por favor meu amigo, entenda. Eu sei que quer ajudar a Ally, mas existem outros meios.
- Eu não posso perdê-lo de vista. - Insiste.
- Nick! - O chama a atenção e o encara. - Vamos para dentro.
Douglas o empurra devagar, Nick vai andando com ele. Por começar a pensar em milhares de coisas, aperta a arma que carrega, desvia de Doug com o ótimo reflexo que tem e volta. Com a mira já em Thomás, ele atira.
Doug levanta seu braço:
- Não. Eu preciso ajudar a Ally. - Ele ressalta.
- Me dê esse revólver. - Tenta pegar de sua mão. - Nicolas!
- Ele está fugindo. - Não o deixa pegar.
- Nick!!
Os dois caem no chão.
- Me dá essa porcaria! - Grita.
Douglas luta para conseguir pegar o revólver, mas Nick o estapeia e chuta como uma criança. Há muito tempo os dois amigos de infância não brigam tão bobamente de cair no chão.
- NICOLAS! - Doug grita sem paciência. - Matar um homem?! Por que?!
- Se eu o matasse a Ally ficaria livre, estaria segura e poderia viver em paz. - Comenta alterado. - É a única forma de se livrar de vez do Thomás.
- Matá-lo vai te levar para a cadeia, e a Ally precisa de você livre, ou acha que o único perigoso da vida dela é e/ou será o Thomás? Me poupe, Blacker. - Ele se levanta e o puxa para pé. O segura forte. - Mesmo que o Thomás sumisse, outros perigos existem nessa vida, e a Ally ainda irá precisar muito de você. Neste mesmo momento ela está lá dentro. - Aponta para o supermercado. - E está precisando de você, está inconsciente porque um psicopata maluco, mas que não é seu único perigo, a sufocou e a teria matado se estivéssemos demorado mais um pouco.
- Eu... - Ele não sabe o que falar.
- A Ally pode ficar traumatizada, Nicolas. - Frisa. - E você está aqui, tentando matar um homem por ódio. - Segura seu rosto firme. - Vai ajudar a garota que ama a protegendo e acolhendo, ou indo parar atrás das grades por matar um homem que não é todo o perigo do mundo?! Então... Decida-se, Nick.
Ele olha para o mercado e lembra de Ally, involuntariamente começa a chora de raiva e preocupação.
...
- Ally, Ally. - Nick a vê no colo de Carina.
- Ela acordou, mas está fraca. - Conta.
- Ally. - Ele a alisa o rosto.
- Meu pescoço está doendo. - Ela comenta tossindo.
- Venha, vamos para casa. - A coloca nos braços.
- Vamos para minha casa mesmo, é a melhor escolha. - Douglas deduz.
- Sim. - Sai na frente a carregando para o carro.
Carina se levanta, suspira:
- Você está bem? - Doug a pergunta vendo seu olho roxo e ao lado sangrando.
- Estou. Não foi nada demais. - Abaixa o rosto.
- Rum. - Levanta seu rosto. - Vou cuidar de você. - Sela seus lábios.
- Okay. - O dá as mãos.
Nick coloca Ally no banco do passageiro, Carina senta com ela e Douglas no banco do carona. Ela respira profundamente várias vezes, buscando o ar que foi tirado por um tempo.
Ninguém ousa falar, a tensão pesa com toda a atenção em Ally. Chegando na casa de Douglas, Nick a ajuda a andar com cuidado, tudo muito lento.
- Não é melhor levá-la ao médico? - Douglas pergunta para Nick.
Estão na sala, afastados do sofá, onde Ally está com Carina, elas conversam. Eles falam baixo:
- Estou pensando nisso. - Nick a olha preocupado. - Mas não sei exatamente o que fazer. Só queria matar aquele desgraçado.
- Nick... - Doug o encara erguendo as sobrancelhas.
- Hey! - Carina os chama.
Eles vão até elas.
- Vamos fazer algo para comer. - Sugere. - Não podemos ficar sem comer nada.
- Sim. Está certa. - Douglas concorda. - Faremos nós dois. Fique com ela. - Cochicha baixo no ouvido de Nick.
Carina e Doug vão para a cozinha. Nick vê Ally quieta no sofá, respira fundo, e vai até ela, se senta ao seu lado devagar, tem medo do que ela pode estar sentindo, pensando, guardando.
- Ally... - Levanta seu rosto. Está pálida, abatida. - Como está? - Vê seu pescoço. Está vermelho sangue, as marcas das mãos grossas de Thomás são visíveis perfeitamente.
- Nick... - Se segura para não chorar. - Eu tenho medo. - Lágrimas escorrem lentamente.
- Eu sei... - Alisa sua bochecha enxugando seu rosto.
- Eu tenho medo de morrer pelas mãos dele. - Abaixa o rosto chorando mais forte.
- Minha garota... - Ele fica desconfortável. Não gosta de a ver chorar.
Ele a coloca em seu colo e apóia sua cabeça em seu peito.
- Me desculpe, Ally. Me desculpe por não estar lá. - Beija sua cabeça. Sente o cheiro do cabelo dela, seus olhos enchem de lágrimas mas ele inspira e se segura. - Eu não vou deixar isso se repetir. - A faz cafuné. - Desculpe.
Por um tempo os dois ficam sozinhos na sala, Nick a acalma; o único som que se ouve é o choro de Ally passando gradativamente e o vento frio da Europa.
Depois de jantarem, ou pelo menos tentarem (ninguém come muito, apenas alguns pedaços para preencher o estômago), vão para o quarto, onde os colchões estão no chão, com vários travesseiros, lençóis e bichos de pelúcia; como uma festa do pijama adolescente.
Carina e Douglas ficam num colchão e Nick e Ally em outro, não muito próximos, mas não tão distantes.
- Como está seu olho? - Doug pergunta a sua namorada.
- Está melhor. Só dói um pouco em volta. - Responde levemente séria.
- Amor... - Coloca a mão em sua bochecha. - Não acha que está na hora de ficarmos bem? É muito difícil ficar nessa situação. - Diz ameno e enamorado.
- Eu sei. - Lamenta. - Eu não quero que acabe mal, vamos nos resolver. É só planejar direito e vai dar certo.
- Sim. Vamos fazer tudo dar certo. - A dá um selinho. - Eu te amo.
- Eu também te amo. - Ela o beija.
Enquanto um casal se beija num canto do quarto, o outro gasta o tempo de beijos com cuidados.
- Você já avisou a minha mãe? - Ally pergunta deitada ao lado de Nick.
- Sim.
- Aish. Não deveria. - Reclama.
- Allyson, tentaram te matar! - Destaca.
Ela fica séria, sem expressão.
- Eu sei. - Assegura.
- Como se sente? Posso fazer algo para te ajudar? - Pergunta atencioso.
- Eu... - Boceja.
- Precisa descansar. Durma. - Beija sua testa.
- Tá.
Não é possível negar que Ally não está bem. Seus olhos estão inchados e com olheiras de chorar, suas mãos tremem ao lembrar, seu pescoço marcado é como uma grande facada nas costas que deixou cicatrizes profundas, seu rosto não sorri, sua boca mal abre, seu olhar é vazio e cheio de medo. Como ajudar alguém assim? À beira do trauma para a vida toda?
Na madrugada todos já dormem, Ally adormece com o cafuné de Nick, ao qual adormecera alisando seu cabelo. Por mais calmo que a noite esteja, isso não a impede de ser interrompida.
Ally acorda de 03h34 tossindo forte e com falta de ar, ela se levanta bruscamente. Buscando o ar e o tórax doendo, ela respira fundo tentando se acalmar. A tosse arde a garganta, coloca a mão no peito, e cai de bruços se segurando com um braço, puxa o oxigênio várias vezes, e levanta o rosto suada. Finalmente sua respiração começa a se normalizar e ela se acalma. Há uma garrafa de água ao lado do colchão, enche o copo e bebe.
Nick dorme ao seu lado e nem percebe seu ataque. Cansada, Ally deita novamente, mas dessa vez o abraça, ficando com o corpo um pouco em cima do dele; dessa forma se sente mais segura e calma. Apaga rapidamente.
Domingo, 18 de Outubro.
Nick acorda às 07h50, não sabe o motivo de acordar cedo. Ele caminha até a cozinha e encontra Ally na mesa sozinha, se surpreende:
- Bom dia, minha garota. - Beija sua testa.
- Bom dia. - Tenta sorrir mas não consegue.
- Dormiu bem? - Se senta.
- Mais ou menos. - Conta.
- Hum. Já tomou café? - Prepara um sanduíche.
- Sim. - Responde com poucas palavras.
- Estava bom? Espero que tenha comido direi...
- Nick. - O interrompe. - Eu... Eu quero ir para casa. - O conta de expressão abatida.
- Hã... Está bem. Vou só comer este sanduíche e vamos. - Entende. - Ok?
- Está bem. - Balança a cabeça. Se levanta da mesa e vai arrumar a bolsa.
Após comer e avisar ao casal a saída deles, os quatro se despedem rapidamente e sem muita cerimônia.
Até em casa Ally não fala, tosse algumas vezes, a respiração se desregula uma vez e outra, mas fica bem depois.
- Você não falou nada o caminho todo. - Nick acentua parando em frente a casa dela.
- Eu não sei se estou bem. Preciso descansar de verdade. Dormir, talvez só não fazer nada. - Comenta. - Eu gostaria de esquecer tudo e tirar esta marca do meu pescoço.
- Quer que eu fique com você? - A pergunta preocupado e sem saber o que fazer.
- Não. Também está cansado, melhor ir para casa, dormir, comer, relaxar. - O beija a bochecha. - Nos falamos mais tarde. - Abre a porta e sai.
Bate a porta e olha pela janela:
- Te adoro. - Ela sorri com os olhos levemente e caminha para casa.
Ele abre a boca e hesita:
- Também te adoro. - Ela não o ouve. A vê abrir a porta e entrar.
Ally não encontra ninguém em casa, procura na sala, cozinha que é onde sua mãe mais fica, no quarto de seus pais, e por fim até no quintal. Entra no seu quarto, deixa a bolsa na cama e vê um bilhete na cabeceira:
"Fomos para casa de suas tias.
Não demoraremos.
Beijos.
Papai."
- Okay. - Ela tira a sapatilha e arruma a cama para se deitar.
O celular apita e chega mensagem, ela olha, e estranha. Chega mais uma, ficando mais estranho cada vez mais, mensagens seguidas de mensagens:
"Essa é a milésima mensagem que mando e você não me responde."
"Quero falar com você, sinto saudade."
"Soube que seu cabelo está roxo. Quero vê-lo pessoalmente."
"Me responda. RESPONDA PORRA!"
- O que... O que é isso?! - Indaga assustada e confusa.
Sem saber o que fazer, ela fica paralisada e de repente seu celular começa a tocar. Ally engole seco.
- Número desconhecido.
Depois de hesitar e pensar um pouco, ela se decide:
— Vou acabar com isso. Alô. - Atende. Ninguém responde. - Alô?
- Olá, Ally. Sua voz não mudou. - Uma voz desconhecida diz calmamente.
- Hã... Como sabe meu nome? - Questiona. - Quem é você? - Interroga.
- Não se lembra de mim? Não reconhece minha voz? - Ironiza. - Que pena!
- Hã... - Não sabe o que falar.
- Tivemos momentos tão bons juntos. Como pode esquecer? - Diz malicioso.
- O que? - Ela começa a ficar cada vez mais confusa.
- Não lembra mais do gosto do meu beijo?
Ally congela lembrando:
- Eu nunca esqueci. Saudades, Ally! - Fala num tom atraente.
- Não é possível! - Suas pernas e mãos começam a tremer.
- Sim... Eu estou de volta. - Assegura.
Ela arregala seus olhos negros assustada, quase não fica em pé, sente o coração se contorcendo:
- Edward! - Exclama perplexa, sem acreditar.
- Olá, bebê! - Malicia.
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