Ally: Jogo de Amor escrita por Ella


Capítulo 57
Pesadelo




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Terça, 29 de Setembro.
Ally acorda às 08h35, arruma a cama, toma banho, se troca e desce para tomar café da manhã. Sua mãe e seu pai tomam café sentados ao redor da mesa, ela puxa uma cadeira sentando ao lado deles.
  - Mamãe, papai, preciso falar com vocês. - Diz branda.

  - Diga filha! - Seu pai exclama. - Aconteceu alguma coisa?

  - Sim... Aconteceu. - Os encara.

Vendo que sua expressão está séria, eles param de comer e prestam atenção nela.
  - O que houve? - Ellie questiona preocupada.

  - Eu e o Nick transamos. Não sou mais virgem. - Conta sem pensar muito. 

Marcelo paralisa, fica sem reação:
  - Quando... Quando isso aconteceu? - Sua mãe gagueja.

  - Ontem, aqui em casa. Não foi nada forçado ou irresponsável. Tenho a total consciência do que fizemos, não se preocupem. Ah! E nós nos protegemos, não precisam se preocupar com isso também. - Ela se mantém firme. 

  - Nossa, eu imaginei que isso iria acontecer, mas não pensava que fosse ficar tão surpreso. Acho que nenhum pai está totalmente pronto para ouvir que sua filhinha fez sexo. - Marcelo comenta.

  - Bom, eu já achei que estava demorando. Você e o Nick tem uma ligação muito intensa! - Destaca. - Bem, eu fico feliz se você estiver feliz querida. 

  - Eu estou mamãe. Estamos! - Assegura. 

  - Qualquer coisa é só nos falar. 

  - Eu sei. Vou subir agora, estudar para a aula hoje. Até já. - Se despede.

  - Mas você mal comeu filha! - Ellie ressalta.
 
  - Não estou com fome. Beijos! - A responde e sobe.

Seus pais, por mais que tenha tentado os aliviar, ficam sem saber como reagir à aquele fato novo.

Na saída para a escola ela liga para Nick, mas por algum motivo que não sabe, ele não atende, então decide ir de metrô. Chegando na entrada o vê no portão com Douglas e outros amigos.
  - Olá! - Cumprimenta meiga.

  - Oi Ally! - Douglas a abraça.

Nick apenas sorri. Eles caminham para dentro do colégio, enquanto conversam. Ally se aproxima dele devagar tentando pegar sua mão cautelosa, para entrelaçar seus dedos, mas ele se afasta e mal a olha, distraído com os amigos.
  - O que há com Nick? - Pergunta para Douglas.

Eles andam afastados dos outros:
  - Como assim? 

  - Não sei, ele parece avoado. Liguei para ele antes de vir para a escola, e não atendeu. Aí agora mal percebe minha presença. - Conta. - Não notou nada de diferente nele?

  - Não. Está normal aos meus olhos. Mas vou prestar atenção, ok?

  - Está bem. Obrigada Doug! - Se despede.

  - De nada. - Sorri leve.

  - Até! - Vamos? - Fala com Nick.

  - O que? - Indaga confuso.

  - Temos que ir para a aula, Nick. - Sublinha levantando as sobrancelhas.

  - Ok. Até galera!  

Eles sobem a escadaria até a sala calados, ela remói vários pensamentos.
  - Eu... Eu falei com meus pais. - Informa receosa.

  - Como eles reagiram? - Interroga.

  - Melhor do que eu esperava. - Responde. 

  - Eu sabia que iria conseguir. - A olha. 

  - Obrigada! - Admira seu olhar brilhante. 

  - Sem conversa agora, a aula já começou.- Ele entra na classe virando o rosto.

  - Hã, okay. - De novo não entende a reação dele.

O intervalo chega rápido, vários cantos da área verde são ocupados por grupinhos, um deles é o de Nick, onde ele fica todo o tempo enquanto Ally lê na grama sozinha.

Após serem liberados, ela vai até a garagem já que não o encontra em outros lugares do colégio. Do jardim consegue vê-lo sair dirigindo com seu carro, levando uns amigos atrás.
  - Ele não me esperou. - Resmunga.

Respirando fundo, ela sente um vento frio tocar em sua pele, a fazendo tremer; veste o cachecol que leva na bolsa, e caminha pelas ruas até a estação de metrô.
Assim que se senta, pega o celular colocando os fones; liga música. Ao olhar pela janela, vê um vulto no meio da multidão e procura ao redor curiosa para saber o que era. Perto da banca de revista percebe um rapaz, está de costas, porém mesmo assim a parece familiar. Esperando para ver se ele se vira, ela tem sorte por assim que a locomotiva começa a se movimentar, seu rosto fica exposto.
Ally congela, não só pelo vento frio que entra pelo corredor, mas por ver Thomás ali. Em transe ela se assusta quando a tocam no ombro:
  - Desculpe! - Pedem por a ter assustado bruscamente. - Posso me sentar aqui?

  - Ah! Pode... Pode sim. - Olha para fora, mas não vê ninguém mais. A locomotiva se move rápido. 

  - Obrigado. 

  - De nada. - Agradece.

Sua mente pensa todo o caminho até em casa, na possível volta de Thomás.

Passado horas, o relógio já marca 21h47. Terminado de arrumar a cozinha depois do jantar, Ally sobe até seu quarto, se jogando na cama.
  - Ele não falou comigo ainda Luna. Não sei se deveria me preocupar. O que acha? - Conversa com Luna, deitada ao seu lado.

Ela pega o celular:
  - Okay, vou falar com ele. 

"Ally:
Nick?"

  — Vamos ver se ele responde. - Morde a mão, alisando Luna em seguida. - Ficou on! - Se senta ligeiro. - Está digitando. 

"Nick:
Estou aqui."

"Ally:
Não me esperou hoje."

"Nick:
Devia ter te avisado que não daria para te trazer em casa. Filme com os garotos, mas já foram."

"Ally:
Ah!
Tudo bem."

Ele visualiza e não responde:
  - Preciso contar uma coisa para você. Responda qualquer coisa! - Pede falando sozinha. - Aish, vou falar assim mesmo.

"Ally:
Preciso te contar uma coisa."

"Nick:
Diga depois, estou ocupado."

Ele fica offline.

  - Ocupado?! Às 22h?! Nane está lendo e Sophie trabalhando... Então só se estiver transando Nicolas! - Deita com tudo, para e pensa. - Será?! Não!  

Ela escreve:

"É importante!"

Mas apaga, não envia.
  - Não seja chata Allyson. Não seja. - Murmura. - Apenas durma, é só dormir. - Fecha os olhos. 

Luna vai até ela e a acaricia o rosto.

Na profunda madrugada, onde a escuridão reina, Ally revira na cama cheia de pesadelos. Thomás a persegue nos sonhos, deixando sua noite um tormento e a mente atordoada. Seu rosto e lembranças de suas ações aparecem em seu quarto, pois todo ele vira um grande pesadelo dentro de sua mente adormecida.

Quarta, 30 de Setembro.
Ally acorda indisposta, com olheiras e rosto abatido, após uma noite mal dormida. Para tentar disfarçar a expressão de cansaço ela passa um pouco de base e pó ao redor dos olhos. Não vendo muito efeito, ela simples deixa de lado e desce para ir a escola.
  - Mamãe, eu já vou. - Diz a ela passando pela sala. - Diga a papai que não disse 'tchau' para ele por estar dormindo. 

  - Tudo bem querida. Tenha uma boa aula. - A deseja doce. 

  - Beijos! - Sai pela porta e a fecha.
 
Indo em sua bicicleta decorada, Ally pedala calmamente atravessando os sinais. No meio do percurso um sinal fecha e ela aproveita para trocar de música no celular, distraída escolhendo na lista o sinal abre. Ao olhar para o lado, vê um carro preto seguindo pelo mesmo caminho, os vidros abaixam e ela perde o controle.
Ver Thomás ali, do seu lado, mesmo que não a vendo, a deixa com medo. Ele está mais perto do que imagina?!
Sem controle, as rodas cambaleiam e a bicicleta bate no batente da calça, fazendo ela cair.

Por não conseguir mais pedalar, ela prefere seguir o resto do caminho a pé, mancando e guiando a bicicleta. O portão quase fecha por chegar atrasada, mas consegue entrar. Nick a vê guardar a bicicleta, depois caminhar para dentro da escola.
  - O que houve? Chegou tarde. - A pergunta chegando por trás. Carrega expressão séria.

  - Eu tive uns incidentes. Caí da bicicleta.- Mostra o joelho ralado. 

  - Hum... Como foi isso? - Interroga.

  - Eu perdi o controle. - Relembra de Thomás. - Nick, preciso conversar com você. 

  - Fale. - Seus amigos o chamam. - Quer saber, fala depois. 

  - Mas... - Resmunga. 

Ele vai até os amigos e some. Ela para em frente a escadaria, encara todos aqueles degraus:
  - E eu achando que me ajudaria a subir isso. - Lamenta. 

Mesmo com dor, ela sobe tudo sozinha.

Às horas passam, com consequência o intervalo chega.
Tendo cuidado para não cair novamente, Ally passa pelos batentes devagar. Douglas a segura por quase cair nas pedras:
  - Ally, o que houve com você? - Indaga a vendo machucada. 

  - Eu tive uns incidentes vindo para a escola. - Ela se senta com a ajuda dele. 

  - Nick sabe? 

  - Sim. Mas ele nem se dispôs a me ajudar. - Conta abatida.

  - Hum. Eu tenho o observado, ele parece normal, mas alguma coisa está fora do eixo quando se trata de você. Ontem ele mudou de assunto quando perguntaram sobre vocês dois. - Comenta. - Eu vou ver se faço alguma coisa. 

  - Está bem. - Sorri leve.

Acabando o descanso ela vai até o bebedouro e o encontra no caminho.
  - Nick... Nick... - O chama.

Ele a parece ignorar:
  - Nick! - Puxa sua camisa.

  - O que foi Allyson?! - Questiona grosso.

  - Hã... Pode me levar para casa hoje? Não sei se consigo levar minha bicicleta todo o caminho andando. - Pede.

  - Não sei. Vou ver. - Responde.

  - Nick, estou machucada. Meu pé está doendo.

O sente paralisar:
  - Isso não é problema no meu ponto de vista. - Acentua.

  - Como não?! - Indaga. - Nick! - O vê sair.

  - Não seja chata Ally! - A deixa só.

  - Mas eu só quero que me ajude! - Resmunga confusa.

Na saída, Nick vai até o carro com uns amigos. O vendo lá, Ally corre sem poder:
  - Nick... Nick. - Tenta alcançá-lo. - Nick!

Ele a vê, porém mesmo assim não para o carro:
  - NICK!

O carro quase a pega, mas se afasta bruscamente e cai. Ele passa direto:
  - Ally! - Douglas a levanta. - Você está bem?!

  - Estou! - Bate a roupa.

  - Mas o que está acontecendo com esse moleque?! - Murmura falando de seu amigo. - Quer que eu te leve para casa? 

  - Hã... Agradeceria se levasse minha bicicleta, mas eu vou resolver uma coisa no leste. Queria que o Nick fosse comigo, mas...

  - O que vai resolve no leste? - Fica levemente preocupado, já está anoitecendo.
 
  - Não é nada demais. - Diz para acalmá-lo.

  - Está bem. Qualquer coisa pode me ligar. 

  - Okay. Leva minha bicicleta? - Pergunta.

  - Sim. Claro! - Informa.

  - Obrigada! Eu vou indo. - Começa a sair.

Douglas balança a cabeça e a vê sair.

No metrô, já sentada na locomotiva, Ally pega um papel no bolso e o abre; é um endereço.
Seguindo tudo como está anotado, ela caminha sozinha pelas ruas estranhas da zona leste, até que chega em uma casa com a pintura já gasta e portão enferrujado. Bate na porta, alguém aparece:
  - Olá, procuro pela mãe de Thomás! - Informa.

  - Thomás de que? - Questiona.

  - Thomás Queiroz! - Responde. 

  - Sou eu, o que quer comigo? - Desconfia. 

  - Eu sou Ally Fllower, preciso saber sobre o seu filho. Se ele está por perto, é muito importante. - Treme.

  - Ally?! - Resmunga. - Por favor, entre. 

  - Obrigada! 

Elas se sentam na cozinha. Ally observa que só há mais uma criança na casa e um gato:
  - Aceita café, chá, suco, água? - Pergunta educada.

  - Água. Obrigada! - Bebe. 

  - Meu filho já falou muito de você. - Conta. - Ele só falava em você nos últimos tempos, até que sumiu. 

  - Sumiu? - A encara. - O que houve? Sra. Queiroz, quem é o Thomás? - Indaga.

  - Moça... - Fica tensa. - Meu filho nunca foi um garoto muito bom, ele matava os gatos dos vizinhos a pedradas, e desde que você surgiu, ele perdeu a razão. 

  - Como assim? - Se assusta.

  - Ele parece que ficou obcecado em ter você, te tirar do... do...

  - Do Nick! - Exclama. 

  - Sim. Disse que te quer, que vai conseguir você de qualquer jeito. Na última vez que o vi ele estava totalmente diferente. - Ressalta.

  - Qual foi a última vez que o viu? - Se apavora.

  - Semana passada, ele apareceu aqui em casa de surpresa, no meio da noite. Moça, eu não a conheço, mas eu sei que corre perigo. Ele está obcecado. Não sei onde está morando, mas sei que está perto, bem perto, de todos nós. - Frisa. - Não abaixe a cabeça na rua, durma de olhos abertos. Não é fácil para mim saber que meu filho se tornou um psicopata. Tenha cuidado! 

  - Hã... O... Obrigada! - Se levanta quase caindo. 

Ally sai correndo da casa, está com o coração cheio de pavor, tudo aquilo é como um pesadelo. Transtornada ela entra em ruas desconhecidas, começa a notar homens estranhos a encarando, então tenta fugir de onde está. Conforme anda, mais escuro o caminho fica e mais medo tem.
  - Ei boneca, está sozinha?

  - Venha aqui, está frio! Me deixe te aquecer.

Eles a chamam, até que um corre e a segura pelos braços:
  - Me solta! - Pede tremendo. - Me solta!

  - Ela está comigo! - Um carro para perto deles. - Está comigo. - Douglas desse correndo e vai até eles. - A solte! - O encara.

O homem a solta, Douglas leva Ally para o carro, saindo imediatamente dali. No caminho eles conversam:
  - Está bem? 

  - Estou. - Responde fraco. 

  - Está pálida. Quer parar para comer algo, ou tomar um chá, café? - Pergunta preocupado. 

  - Não, não precisa. - Nega. - Como me achou?

  - Depois que deixei sua bicicleta na sua casa, falei com Nick e ele não me deixou nem falar que você saiu só pelo lado leste. Então achei melhor vir atrás, não sabia onde estava, mas tentei a sorte. Ainda bem que te achei. - Conta.

  - Obrigada. Se não tivesse aparecido, poderia estar bem encrencada agora. Não sei por que estava esperando pelo Nick. - Vira o rosto quase chorando. 

  - Porque é normal que ele te proteja. Vocês se... 

  - Talvez isso tenha mudado. - Sugere. 

Sem saber o que falar, Douglas se cala; os dois ficam calados até a casa Fllower.
  - Obrigada novamente. Tenha uma boa noite Doug. - Deseja meiga. 

  - Você também Ly. - Balança a cabeça.

Ela entra em casa indo direto para o quarto. Toma banho e cai na cama, pega o celular ligando para Nick. Após tocar muito, a ligação cai e ele não atende, então ela o manda mensagem.

"Ally:
Nick?"

"Nick:
O que é?"

"Ally:
Preciso falar com você."

"Nick:
De novo? Já não falou?!"

"Ally:
Não. Não consegui. Você disse que estava sem tempo."

"Nick:
Se for asneiras não precisa falar."

"Ally:
É importante!"

Ele visualiza e não responde:

"Ally:
Nick... Por favor."

Não recebe resposta:

"Ally:
Você precisa saber para me ajudar."

"Nick:
Ajudar? Tem várias pessoas que podem fazer isso!"

"Ally:
Não, só você."

"Nick:
Não é uma pergunta Allyson, é uma afirmação.
Agora me deixe."

  - Eu não acredito... - Resmunga. - Nick?!  

Ele desliga o celular e não a responde mais.

Madrugada, se ouve o relógio batendo. Ally revira na cama com pesadelos.

No quarto entra uma penumbra da luz dos postes da rua, está frio, mas não neva. Algo em cima de sua cama faz ela acordar:
  - Thomás?! - Arregala os olhos. 

Ele tampa a boca dela e a segura embaixo dele:
  - Achou que tinha me esquecido de você?! Eu só vou parar quando eu morrer! - Destaca. 

Apavorada ela tenta gritar, mas sua voz falha. Olhando para os lados vê Nick na escuridão, ele a encara:
  - Nick... Nick... - O chama. - Me ajuda... - Sua voz sai fraca.

  - Ele não vai te ajudar. Ele não vai!

Thomás posiciona as mãos em seu pescoço, começa a apertar gradativamente. Lentamente a sufoca:
  - Nick... Nick... - Tenta o chamar. - Ni.. Nick...  

Nick ri canalhamente, ele ri descontrolado vendo a cena na sua frente.
  - Você vai morrer Ally! - Thomás fala louco enquanto a tira o ar. 

Aterrorizada ela começa a chorar. Às lágrimas escorrem pelo rosto, ao mesmo tempo que Thomás a sufoca cruelmente e Nick ri dela. Os dois caem na gargalhada vendo Ally estarrecida e vulnerável. As risadas enchem o quarto, ela grita pelos olhos.
 — NICK!— Sua voz ecoa pavor.

Assustada Ally acorda dando quase um pulo da cama. Aquele pesadelo acaba com sua noite, ela chora descontroladamente. Cada risada que lembra faz as lágrimas descerem mais fortes.

Quinta, 01 de Outubro.
Naquela manhã que chega, as olheiras tomam conta dos olhos de Ally, além de uma dor de cabeça insuportável que a consome. No café da manhã seus pais notam o cansaço em seu rosto.
  - Tem dormido direito querida? 

  - Não muito mamãe. Estou tendo pesadelos, alguns bem horríveis. - Conta tomando café.

  - Pesadelos? Que tipo de pesadelos filha? - Seu pai pergunta.

  - Pesadelos com algumas pessoas, como com o Nick. - Prefere não encará-los.

  - Ele tem falado com você? - Questionam. 

  - Não muito, está meio estranho. - Explica. 

  - Ally, está tudo bem filha? - Sua mãe interroga preocupada.

  - Está. - Engole o pão. - Vou estudar no meu quarto. - Sobe rápido.

Nick a busca em casa sem avisar.
  - O que faz aqui? - Ela se surpreende.

  - Vim te buscar. Não pode forçar o pé. - Relembra sério. 

  - Ah! Sim, verdade! - Se anima. - Já vou mamãe, até já. 

  - Tchau filha. - Acena.

Achando que ele voltara ao normal, ela procura conversar:
  - Eu acho que posso te contar o que quero agora!

  - Quero silêncio. Estou com dor de cabeça. - Frisa grosso. 

  - Mas... - 

  - Silêncio Allyson. - Realça. 

Constrangida e totalmente sem nexo ela apenas faz o que a pede.
Na escola ele não dirige a palavra a ela, como se fossem desconhecidos.

Rapidamente o horário escolar acaba, na saída Ally prefere não esperar por Nick e segue em direção ao metrô. Se afastando um pouco do colégio, ele a alcança:
  - Entre! - Manda.

Ela entra no carro. O silêncio predomina, nem o trânsito consegue quebrar o clima tenso que tem naquele carro.
  - Hoje os carros estão desgovernados demais, né? - Arrisca um assunto.

  - Não acho que isso seja problema seu. - Sublinha.

  - Eu só estou tentando conversar contigo. - Reclama.

  - É melhor desistir. 

  - Okay. - Ela abre a porta e sai.  

  - Hey, aonde vai?! - Indaga. - Allyson!!

Ally anda pela rodovia sem olhar para trás, seu pé dói mas a raiva encobre a dor.
  - Allyson, volte para o carro, agora!! - Grita. 

  - Não. - O ignora. 

  - Droga! - Sai do carro. - Allyson!! Volte para o carro!! - Segura o braço dela. 

  - Me solta. - O empurra. - Eu não sei o que aconteceu com você, mas sei que está insuportável. Nick... Eu... Eu me entreguei para você, precisei de muito tempo para isso, muito. E agora está assim, em vez de me dar carinho, está me dando patadas. VOCÊ SÓ QUERIA ME TER POR UMA NOITE PARA ME CHUTAR DEPOIS!— Se descontrola. 

  - Claro que não!! Por favor Ally, não diga asneiras! - Pede.

— Como não?! O que vou pensar de suas atitudes?! Nick, você nunca gostou de mim? Sempre fui um brinquedo para você? - Interroga.

  - Entre no carro. - Pede.

  - Eu não quero entrar nessa porcaria de carro! - Grita magoada.
 
  - Estamos no meio da rodovia Ally! Entra no carro, vamos conversar lá dentro. Por favor! 

Ela o encara, com os olhos cheios de lágrimas entra no carro em silêncio.
  - Vamos para um lugar mais calmo. - Dirige.

Entrando na rua da casa dela, Nick para. O local está tranquilo:
  - Ally, agora me diz, o que está acontecendo? - Pergunta.

  - O que está acontecendo?! - Indaga. - Nicolas, você começou a me tratar mal, como se eu fosse uma qualquer, quando eu cai nem se mostrou preocupado ou se importar. Mal fala comigo e quando se dispõe a isso, é para ser grosso e rude. - Conta. - Eu preciso tanto de você, preciso saber que está comigo. Caramba, tentei tantas vezes te contar de Thomás, contar que ele não está longe, mas você simplesmente me deu respostas secas. 

  - Ally...

  - Você está sendo tão imbecil quanto antigamente Nicolas. - Grita aborrecida. - É uma merda se sentir maltratada dessa maneira. Caralho, que tipo de pessoa você é?! Será que me deixaria morrer sendo que poderia me salvar?

  - É claro que eu te salvaria Ally. - Tenta falar.

  - Será? Será mesmo?! Eu tive um pesadelo. Thomás entrava no meu quarto e me sufocava com as próprias mãos, e você... você ria de mim, ria do meu desespero. - Chora. - Você estava lá, mas não me ajudava. Você me deixou morrer!  Foi horrível, eu acordei apavorada. 

  - Eu nunca deixaria isso acontecer. - Segura seu rosto fazendo ela o olhar. - Eu sempre vou proteger você.

  - Não. Ontem precisei de sua ajuda, e você não apareceu. Você me enganou todo esse tempo. 

  - Ally, acha mesmo que eu ficaria ao seu lado todo esse tempo, depois de tudo que já aconteceu, só para transar contigo e depois "tchau"!? - Indaga. - Ora, claro que não! Eu jamais faria isso. Ainda mais com você, sou incapaz de fazer isso com você.

  - Está fazendo. Vai me deixar. - Soluça.

  - Não, não irei. - A vê soluçar. Ele respira fundo. - Me perdoe, eu vejo que fui muito chato. Eu só não sabia mais como agir. O Blacker ficou sem saber como agir com você. Eu vejo que só precisava estar ao seu lado, como tenho estado há um tempo. Me desculpe, minha garota! 

  - Eu... Doeu tanto. - Baixa o rosto. - Precisei de você, do seu abraço e carinho, mas não os recebi, foi só patadas e grosserias. 

  - Desculpe, desculpe. - A abraça. - Aish, fui tão babaca e retardado. Me desculpe! - A aperta.

Ela finalmente sente alívio no peito, o abraça forte, sentindo seu coração acelerado.
  - Desculpe. - Beija sua testa. 

Nick alisa sua bochecha, se aproxima e a sela os lábios. Ainda magoada ela se leva pelo gosto dele, o beijando reciprocamente. Eles se beijam devagar, por um longo tempo.

Entrando no quarto, já em casa, Ally joga a bolsa na cama e pega o celular, que apita instantaneamente. Chega mensagem:

"Mãe de Thomás:
Moça, Thomás esteve aqui. Ele está quase fora de si, tome cuidado.
A qualquer momento ele pode ir atrás de você."

  Ela engole seco.

"Mãe de Thomás:
Ele falou que se não conseguir ter você, a morte te terá.
Ou seja, te matará!"


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