Ally: Jogo de Amor escrita por Ella
Domingo, 26 de Julho. (Continuação)
Nick chama por Ally temendo apavoradamente:
- Vamos Ally, abra os olhos! Por favor, não faz isso comigo! Abra os olhos, acorde, acorde Ally! - Pede. - Por favor, abra os olhos! - Grita. - Por favor!
Ele abaixa a cabeça sentindo o coração doer, Victor observa calado o desespero nos olhos dele:
- Nick, ela se mexeu! - Exclama.
- Ally! - A chama esperançoso. - Ally!
— Ni...— Um som muito fraco sai da boca dela.
Ally abre os olhos com um pouco de dificuldade. Nick suspira aliviado:
- Ally, você consegue se mexer? Mexa as pernas e os braços, por favor! - Pede.
Ela tenta, sem sucesso:
— E... Eu... Não consigo...— Diz muito baixo.
- Vamos, tente de novo! - Insiste. - Você consegue!
Com muito esforço ela se move:
- Mexeu! - Exclama. - Os braços e as pernas! Ótimo! - Suspira. - Está com dor?
— Aham!— Resmunga baixo.
- Acha que quebrou algo? - Pergunta tenso.
— Nã... Não...— Balança a cabeça lentamente.
- Ok.
- Nick, o que vai fazer?! - Victor indaga o vendo a pegar nos braços.
- Fique aqui com Philippe, volto com ajuda! - Ressalta.
- Nick, é longe para você levá-la assim! - Grita com ele já afastado. - Nick!
Durante o caminho Ally se mantém parada, calada e sem muita consciência, ele fica a olhando com freqüência para garantir que está acordada.
- O que aconteceu?! - Sophie indaga muito assustada. - Meu Deus, Ally! Querida, o que houve? Nick, o que aconteceu?!
- Eu não sei mamãe, ao que parece ela caiu com Philippe. - Diz a colocando no sofá. - Eu não vou poder cuidar dela, faça isso para mim, por favor! - Pede. - Eu tenho que voltar com Seu João e Seu José para pegar o Philippe, o Victor ficou com ele. - Olha para Ally. - Chame um médico, eu não sei qual o estado dela! - Diz receoso. - Eu... Eu preciso ir!
- Está bem! Cuidado querido! - Sophie grita preocupada. - Ally, vai ficar tudo bem querida! - Diz a acariciando. - Vou chamar um médico. Mamãe! - Grita.
Segunda, 27 de Julho.
Nick acorda cedo e vai para a sala:
- Mamãe, onde está Ally? - Pergunta a vendo no sofá.
- Está dormindo filho. - Responde.
- O que o médico falou? - Indaga sentando ao lado dela.
- Ele disse que ela não teve nenhuma lesão grave, e que vai ficar bem, temos apenas que cuidar dos ferimentos, ficar trocando os curativos. - Diz cuidadosa.
- E o corte na cabeça? - Questiona preocupado.
- Ele disse que não foi fundo, então não afetou nada. Fique tranquilo querido, ela vai ficar bem. Tenha fé! - Fala doce e sai.
Ele fica sentado pensando no pior, então decide se levantar, e caminha devagar. Abrindo a porta do quarto de Ally lentamente ele a vê dormindo calma, para ao lado da cama e se abaixa. Sorri aliviado:
- Parece que você está bem mesmo! - Sussurra passando a mão na bochecha dela. - Eu... Eu... Eu fiquei...
- Nick! - Escuta alguém o chamando. - Nick o veterinário chegou! - Grita.
A olhando, ele sai e fecha a porta.
De 10h00 Ally acorda, com um pouco de dor se levanta e se arruma.
- Bom dia querida! - Sophie diz a vendo entrar na cozinha.
- Bom dia filha! - Nane exclama.
- Bom dia. - Responde suave e se senta na mesa.
- Como está se sentindo? - Preocupada Nane indaga.
- Estou... Estou só com um pouco de dor! - Diz respirando lento. - E meio fraca!
- Isso é porque está sem se alimentar. Coma um bom café da manhã, depois tome seu remédio para passar a dor e respire ar fresco, para se sentir mais, viva! - Sophie ressalta.
- Está bem! - Sorri leve.
Assim como Sophie pediu, ela come, toma o remédio e caminha ao redor do sítio. Chegando perto de um dos estábulos dos cavalos ela vê Nick, ele parece inquieto:
- Ally, ainda bem que está aqui! - Para quando a vê. - Preciso falar com você.
- O que houve? - Pergunta calma.
- Vamos para o canto. - Eles vão para o lado do galinheiro. - Eu... O veterinário acabou de ir embora! - Informa.
- E como está Philippe? - Questiona preocupada.
- O veterinário o examinou, e...
- E?
- Ally, o Philippe vai ter que ser sacrificado. - Fala com o coração apertado.
- O quê?! - Indaga com os olhos vermelhos.
- Ele quebrou as duas patas traseiras e se machucou muito na queda. - Explica.
- Não! - Resmunga.
- Eu sei como está se sentindo, meu coração também está doendo. - Sublinha. - Mas precisa ser feito, ele está sofrendo muito, está com muita dor.
- Como vai ser feito isso? - Pergunta de cabeça baixa.
- Bem, o veterinário estava sem meios de fazer isso então ele deixou nas nossas mãos, ele aconselhou a não demorar, fazer logo, pois quando antes feito, menos dor Phillipe sente. - Explica.
- Então?
- Dentre as pessoas que estão aqui, eu sou o único que sabe usar uma arma Ally! - Esclarece. - Eu não quero, mas tenho que fazer isso, não posso deixar o Philippe sofrer!
- Você vai matá-lo! - Exclama assustada. - Não... Não...
- Ally, ele está sofrendo. Preciso fazer! Preciso sacrificá-lo, tenho que o tirar a dor! - Lamenta. - É melhor você entrar!
- Vai fazer isso na frente dos outros cavalos? - Questiona.
- Não, ele está só. Por favor Ally, entre! - Pede.
- Nick! - O olha com os olhos cheios de lágrimas.
Ele lamenta com o olhar e caminha em direção ao estábulo. Encostada no galinheiro Ally não o obedece, fica do lado de fora, tremendo e se culpando. Um silêncio cresce, os pássaros param de cantar, o barulho da água correndo no rio desaparece, e o vento cessa, até que um som de tiro corta o horizonte, ela chora escorregando na parede, um segundo tiro surge, Ally se desaba em lágrimas. Toda a dor que Phillppe deixou de sentir passa a ser dela, e toda a culpa sobe ao coração.
- Ally, não era para estar aqui! - Nick ressalta a vendo agachada no chão chorando acompanhada de soluços. - Ally, eu sinto muito! - Se aproxima dela.
- Não toque em mim! - Ela se esquiva bruscamente. - Não se aproxime Nick!
Com o rosto coberto de lágrimas ela se levanta:
- Eu... Eu não consigo acreditar que fiz isso! - Diz com soluços e sai.
Preocupado e chateado ele fica parado, se encosta na parede, olha para a mão e vê a arma ao qual sacrificou Philippe.
Depois de um tempo Nick vai para casa e encontra Ally sentada no sofá do terraço, ele se senta ao lado dela. Ela está de cabeça baixa, quieta:
- Não foi sua culpa! - Ele diz baixo.
A escuta soluçar:
- Eu... Eu sou culpada sim! - Frisa com a voz fraca.
- Ally, pare com isso! - Pede.
- Você não entende, se eu não tivesse ido cavalgar com ele, se eu tivesse desviado daquela cobra nada disso teria acontecido! - Fala chorando.
- Cobra?
- Eu estava com a cabeça na lua pensando, eu não a vi, eu... ela assustou o Philippe, ele ficou desesperado, a neve cedeu e nós caímos, eu bati a cabeça numa pedra e apaguei. - Soluça. - Eu podia ter desviado, eu podia ter ido por outro caminho, eu podia ter o salvado, eu devia estar atenta, mas eu não estava. Eu o levei para o perigo. - Chora descontrolada. - Eu o levei para a morte!
- Não, não! - Abraça. - Ally, você também podia ter morrido, novamente correu risco! Você não é uma pessoa ruim Ally, jamais será. Imagina como ficaríamos se tivéssemos lhe perdido. Seria um pesadelo!
- Eu... Eu sou a culpada de tudo... Eu...
Ally o abraça forte enquanto toda a dor desce pelos olhos, ele sente o coração apertar:
- Vai ficar tudo bem! - Exclama acariciando seu cabelo.
Ela soluça com o rosto encostado em seu peito.
***
"Apenas feche seus olhos
O sol já se pôs
Você ficará bem agora
Ninguém mais pode lhe ferir.
Perdão
Sinto às lágrimas escorrendo pelo meu rosto
Que Deus cuide de seu espírito.
Sinta
Estamos sãos e salvos
Anjo."
— De Ally, para Philippe. De sua dor.
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