Magic escrita por Paul


Capítulo 33
Capitulo 33


Notas iniciais do capítulo

Seus olhos brilharam em meio a escuridão.
Eles eram de um azul escuro.
O lobo de um passo para frente e todos a sua volta recuaram.



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O enorme urso saltou por cima das arvores, caindo a uns três metros de nós. Me perguntei como uma criatura daquele tamanho, conseguiu dar um salto daqueles. O urso era da altura de um lobo, seu pelo era de um marrom escuro e parecia estar brilhando.

Dei um passo em sua direção.

— Espera. – disse Andrew se colocando na minha frente, ele segurou a mochila com força. – Ele é amigo.

— Como? Perguntei voltando à forma humana. Senti o vento frio atingir meu corpo nu.

— Pega. – disse Andrew me jogando a mochila.

Tirei a calça que estava dentro dela e me vesti.

— Quem é esse cara? Me coloquei ao lado de Andrew e encarei o urso .

— Eu sou Joseph. – disse o garoto, parado aonde antes estava o urso. – Eu sou um Gurah. 

O garoto era praticamente uns cinco centímetros mais alto que eu. Seus olhos eram da mesma cor que o pelo do urso, e combinavam com sua pele morena. Ele deu um pequeno sorriso, e acenou com a cabeça.  

— Um homem urso. – balancei a cabeça. – Bem. Foi mal quase atacar você, sabe como é né.

— Não confie em ninguém, em tempos prestes a começar uma guerra. – ele balançou a cabeça de volta e caminhou até nós. – Mas todas as alianças sempre serviram.

— Paul, acho melhor você entrar. – gritou Stelar, da minha varanda. – Tipo agora, e Andrew, acho que você tem que entrar também.

Troquei um breve olhar com Andrew e disparei pro lado de dentro. Corri escada à cima, seguindo os gritos que começavam a ecoar pela casa. Corri até atravessar a porta do quarto de Andrew. Mael estava caído no chão, os olhos abertos, encarando o teto, seu rosto estava com uma expressão de horror.

— Não se aproximem. – alertou Stelar me puxando, antes que eu ajoelha-se ao lado dele. – Parece que o corpo dele esta eletrificado ou alguma coisa desse tipo.

Mael soltou outro grito, e se contorceu. Sua cabeça tombou para trás, enquanto ele começava a levitar.

— Mas que merda é essa? Perguntou Andrew, tentando segurar uma das mão de Mael. Seu corpo foi jogado contra a parede.

— Eu avisei pra não tocar nele. – gritou Stelar.

— Ele ta possuído? Perguntei encarando o corpo flutuante. – Vamos ter que chamar um exorcista?

— Que tipo de pessoa você é? Isso aqui é sério, sabia? Stelar arqueou as sobrancelhas e se virou.

— Eu sei, calma. Ele deve ter feito algum feitiço errado.

Mael ficou de pé no ar. Os braços caindo ao lado do corpo. Seus olhos encontraram os meus.

— Por que ele ta me olhando? Perguntei, enquanto um arrepio percorria meu corpo.

— Ele será sacrificado. Não adianta impedir, o sangue será derramado, e o mal será despertado. Todos morreram. Mas algo o deterá. O sacrifício da alma, á terra, o filho ira voltar.

— Mais profecia? Perguntei, enquanto Mael voltava a repetir as mesmas coisas.

— Não, é a mesma que já ouvimos, só que mais detalhada. – Andrew enfiou a mão no bolso e tirou o celular. – Vamos gravar, talvez de pra usar depois.

— Se é a mesma que já ouvimos, não tem a necessidade de usarmos ela. – disse Stelar.

— Nunca se sabe, melhor prevenir do que remediar. – continuei a encarar Mael.

Ele jogou a cabeça para trás e seu corpo caiu com um baque surdo. Me aproximei, colocando uma mão a frente do corpo. Vai que aquele campo elétrico ainda tava ali, nunca se sabe.

— Ele ta bem? Perguntou Andrew logo atrás de mim.

— Acho que sim, to ouvindo o coração dele batendo. – respondi, enquanto encostava o primeiro dedo em Mael. – E não tem mais aquela coisa elétrica.

Estava preste a pega-lo no colo, quando Mael abriu os olhos e me encarou.

— O que aconteceu? Perguntou ele. – Por que eu to no chão?

— Você foi possuído, por alguma coisa, e ficou repetindo uma profecia, bem, é a que já ouvimos, mas de um jeito diferente. – estendi a mão e segurei a dele, o ajudando a levantar.

— Do que você se lembra? Perguntou Stelar.

— Bem, eu tava aqui. Acho que praticando um feitiço, e dai, parecia que eu tava desmaiando. E acordei aqui, no chão.

— Você ta bem? Perguntou Andrew.

— To. – Mael deu um sorriso torto.

— Ta, isso é estranho, mas comparando ao nível de esquisitices que já vimos, e por você não ta sentindo nada, acho que não deve ter sido nada muito grave.

— Mas não deixa de ser estranho. – disse Stelar me encarando.

— Eu sei.

— Gente, o que essa profecia dizia? Mael se abaixou e pegou o livro caído no chão.

— Isso. – respondeu Andrew, reproduzindo a gravação.

Ficamos em silencio, enquanto a voz de Mael repetia a profecia.

— O que eu disse no final? Perguntou ele confuso.

— O sacrifício da alma, a terra, o filho ira voltar. – respondi.

— Eu nunca tinha ouvido essa parte.

— Eu também não. – disse Stelar, colocando uma mecha do cabelo pra trás da orelha. – Alguém entendeu o que isso quer dizer?

Mael pareceu pensar um pouco.

— Que para derrotar Daungher, outra pessoa terá que morrer. – respondeu ele, nos encarando. Seus olhos pareciam sombrios, mais escuros que o normal.

...

Marck já não sabia o que fazer. Sua casa estava lotada de adolescentes, deste Criens a lobisomens e um garoto que virava um urso enorme. Não que ele estivesse reclamando, ele sabia que aquilo era pra evitar que bilhões de pessoas morressem. Ta, talvez Daungher resolvesse escravizar algumas, mas ele achou apropriado não comentar essa parte.

— Aonde fica o banheiro? Perguntou um garoto loiro.

Marck levantou a cabeça e o encarou.

— No fim do corredor lá em cima. – respondeu ele, voltando a deixar a cabeça tombar sobre a mesa da cozinha.

— Valeu. – disse o garoto sorrindo.

Marck respirou fundo e fechou os olhos. Sua mente girava loucamente. Ele sentiu o frio percorrer sua espinha, quando o barulho de algo se quebrando, partiu da sala.

— Ei. – gritou ele se levantando. – Eu agradeceria se vocês deixassem a casa inteira.

Marck caminhou  até a sala. 

— Desculpa. – disse um  garoto, que devia ser irmão gêmeo do outro, que estava caído perto da janela. – Eu falei pra você segurar, Erick.

— Cala a boca Nathy. – disse Erick se levantando. – Não era nem pra gente ta jogando bola aqui dentro.

— Não era mesmo. – disse Marck os encarando. – Afinal, quantos anos vocês tem?

— Dezesseis. – responderam os gêmeos juntos.

— E o pai de vocês? Eles sabem que vocês estão aqui? Marck franziu a testa. – Tipo, o pai de todos vocês sabem que vocês estão aqui, não é?

— Na verdade, nossa família é a alcateia. – respondeu uma garota. Ela era a definição de negra incrível. Seu cabelo cacheado balançava com o vento que entrava pela janela quebrada. Seus olhos castanhos encontraram os de Marck e ela deu um sorriso gentil. – Eu me chamo Kalisto. E sou a alfa dessa alcatéia. E respondendo a sua pergunta, todos aqui são órfãs.

— Ah. – Marck sentiu o rosto esquentando. – Desculpa, eu não sabia.

— Relaxa cara. – disse um garoto, batendo de leve nas costas de Marck. – Eu sou o Ighot. E o cara sentado ali é o meu irmão, John. E a garota sentada do lado dele, é a Jess, namorada dele.

John virou a cabeça e olhou para Marck, que retribuiu o olhar. Jess sorriu.

— Bem, agora que eu conheço vocês. – Marck encarou Erick e Nathy. – Limpem os cacos de vidro, não quero ninguém cortado por aqui.

— Deste quando virou o cara responsável e protetor? Perguntou Finch parando ao lado de Marck.

— Sei lá, alguém precisa ser. – Marck deu de ombro e cruzou os braços. – Ainda sou o mais velho de todos vocês, então.

— Quem disse? Perguntou Finch sorrindo. – Você tem dezoito, amigo, eu tenho dezenove, vinte em dois messes.

— Nossa, grande mudança. – Marck revirou os olhos e sorriu. – Quem olha nem diz que vamos travar uma batalha daqui uns dias.

— Pois é, melhor aproveitar pra fazer essas coisas normais, enquanto temos tempo. Daqui a pouco vamos começar a bolar um plano.

— Verdade. – Marck olhou pros garotos e garotas em sua sala e sorriu. – Vamos galera. Quem quer jogar futebol?

Todos se viraram e o encararam.

— Que foi? Tão com medo?

— Isso foi um desafio? Perguntou Kalisto sorrindo.

~Droga, que menina linda. ~ Pensou Marck. ~Marck, você tem namorada, nada disso. ~

— Vamos. – disseram Erick e Nathy juntos.

...

Sentei na beirada da cama.

— Ótimo, duas pessoas morrem. – encarei meus amigos.

— Calma, ainda não sabemos se é isso mesmo. – disse Stelar sentando ao meu lado.

— É, talvez quando tudo começar de vez, achemos um jeito de ser diferente, e ninguém vai precisar morrer. – disse Mael ao lado de Andrew.

— Vamos deter Daungher, Évora e todo o resto. – disse Andrew. – E ninguém vai morrer. Somos demais, vamos vencer isso de letra.

— É assim que se fala. – sorri. – Obrigado galera.

— Vocês tão ouvindo isso? Perguntou Stelar se levantando.

— Parecem risadas. – respondi caminhando até a varanda. Encarei as pessoas jogando futebol no gramado.

— Eles realmente tão jogando? Perguntou Mael encostando os cotovelos na barreira de proteção.

— O Marck vai surtar. – disse Stelar.

— Acho que não. – sorri. – Ele é o goleiro.

— Gente, o que estamos esperando? Perguntou Mael.

— Como assim? Perguntei ainda olhando pra baixo.

— Vamos lá jogar também. – respondeu ele. – Talvez seja nossa ultima chance de se divertir antes do Halloween.

— Ele esta certo. – disse Andrew.

— Ta né. – sorri, saltando da varanda.  – Será que tem vaga pra mais quatro jogadores?

— Claro. – respondeu Marck da outra ponta do gramado.

...

Vini tirou as chaves do bolso e trancou a porta de casa. Seu coração deu um salto dentro do peito. Ele não sabia o motivo, era como se ele pressentisse que algo ruim ia acontecer. Ele sentiu o vento roçar em seu cabelo, lhe provocando um arrepio.

— Belo truque Mael. – sussurrou ele irritado. – Já pode parar com isso.

Vini se virou e encarou tudo ao seu redor, esperando que alguém saísse de trás de uma árvore, rindo. Mas isso não aconteceu. Tudo parecia calmo demais.

— Que ótimo, agora eu to surtando legal. – resmungou ele caminhando pra picape.

Um pássaro negro cruzou o céu, acompanhado de vários outros.

— Vocês de novo não. – disse ele batendo a porta da picape com força. – Já não basta na escola.

Vini deu a partida, acelerando o mais rápido que ele podia, ou seja, a sessenta por hora. Ele só queria chegar à casa de Paul, e poder fingir que nada estava acontecendo. Mas ele soube que tinha algo de errado, quando ela surgiu em meio à estrada. A picape derrapou, girando. Então o mundo inteiro pareceu rodar lentamente, o carro capotou, sua cabeça bateu violentamente contra o volante, então tudo parou de girar, e ele se viu de cabeça para baixo, o sangue escorrendo do enorme corte em sua testa. Sua mente foi se apagando, enquanto a mulher caminhava lentamente em sua direção. Então ela surgiu ao lado da janela, destruída.

...

Sabe aqueles momentos que você sente algo se quebrando dentro de você, mas não sabe o motivo? Bem, eu me senti assim. De repente, tudo pareceu ficar triste e distante, as risadas não pareciam tão alegres assim. Ninguém parecia feliz de verdade, e uma parte de mim parecia estar faltando. Joguei a bola para Erick e caminhei para dentro de casa. Meus olhos encheram de lagrimas assim que passei pela porta, e antes de chegar à sala, eu já estava chorando. Eu queria saber o motivo, e a primeira coisa que me veio à mente foi ele. Peguei meu celular no bolso e disquei lentamente o numero de Vini. As lagrimas continuaram a cair, enquanto chamava. A cada toque, meu peito parecia estar sendo esmagado, por uma pressão invisível.

— Você ta bem? Perguntou Kalisto. Ela se sentou ao meu lado e me encarou.

— Eu devia estar. Eu não sei o que aconteceu. – sussurrei, enquanto a ligação apenas chamava.

— Você tem uma ligação muito forte com alguém? Tipo, namorada, tio, algum parente que não seja seu irmão?

— Tem o Vini, meu namorado. – respondi, quando a ligação foi pra caixa postal.

— Aconteceu alguma coisa com ele?

— Eu não sei.

— Nós lobos, quando desenvolvemos um sentimento muito forte com alguém, acabamos nos ligando a essa pessoa, podemos sentir quando ela esta em perigo, com medo, triste, ou quando algo extremamente ruim aconteceu com ela. Então, se eu fosse você, largava o celular, e ia até a casa dele pessoalmente. Eu posso ir com você, se quiser. Assim, se algo tiver errado você não precisa lutar sozinho.

— O.k. – me levantei, enfiando o celular no bolso da calça. – Vamos então. – corri na direção da porta. Continuei correndo, o mais rápido que eu conseguia, eu sabia que Kalisto estava atrás de mim, então não diminui a velocidade.

Faltavam uns dois quilômetros pra chegar na casa de Vini, quando vi a picade tombada no meio da rua. Me abaixei ao lado da janela do motorista, meu coração disparava loucamente dentro do peito. Mas ele não estava lá.  Havia sangue no chão, misturado com vidro, e com varias penas de pássaros.

— Era o carro dele, não era? Perguntou Kalisto ao meu lado.

— Era.

— O que será que aconteceu?

— Évora. – respondi sentindo a raiva crescendo dentro de mim. – Évora e Daungher aconteceram. – levantei a cabeça e encarei Kalisto.

— Seus olhos. – disse ela dando um passo para trás. – Você realmente é o escolhido. – sussurrou ela, parecendo chocada.

Joguei a cabeça para trás e soltei um longo uivo. Tudo ao meu redor tremeu, enquanto Kalisto caia de joelhos.

— Agora, eu tenho um motivo para matar esses dois.


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Notas finais do capítulo

Mds. Gente,
Dois capitulos. To Bad e happy, com tudo isso.
Desculpem a demora pra postar. Mas sabem né.
Acho que vou demorar mais um pouco pra postar o cap 34, pq vou fazer umas pesquisas, e tentar fazer mais de duas mil palavras.
Espero que vcs gostem.
Amodoro vcs
Bejos



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