Magic escrita por Paul


Capítulo 34
Capitulo 34


Notas iniciais do capítulo

Você nunca ira aprender a lidar com a morte. Não importa quantas pessoas você perca. Sempre que uma delas partir, sera como se sua alma tivesse sido triturada em milhões de pedaços, e o buraco que ficar, nunca irá se fechar por completo.
Sempre haverá buracos em sua alma.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/654927/chapter/34

31 de Outubro

O Grande Dia

Assim como os outros dias, este amanheceu nublado e chuvoso. A chuva parecia estar furiosa com o mundo, já que caia com toda a sua força. O vento balançava as arvores com tanta força, que era como se ele estivesse tentando arranca-las do chão.

Dois dias haviam se passado, e eu não tive o menor sinal de que ele estava vivo. Procuramos em todos os lugares, mas nada. A cada minuto que passava, eu sentia o ódio crescendo dentro de mim. Eu estava pronto para matar Évora, arrancar sua cabeça, com as minhas próprias mãos. E massacrar qualquer um que resolvesse entrar em meu caminho.

Fiquei parado em meio à chuva, sem sentir o menor sinal de frio, pelo contrario, meu corpo soltava fumaça, até demais. Encarei um ponto indistinto, eu devia ta com olheiras enormes, meu cabelo grudado na testa. Não me importei com o fato do meu moletom favorito estar encharcado. Apertei a barra de proteção da varanda, fazendo com que ela rachasse.

— Paul. – a voz de Mael atravessou o quarto. – Temos que passar o plano novamente, e eu tenho uns presentes para você. – havia um certo tom de medo na voz dele.

— Eu já vou. – disse, sem me virar. – Só vou tomar banho antes.

— Vamos te esperar lá embaixo. – disse ele, fechando a porta.

Me virei, assim que ouvi o click da porta se fechando. Caminhei lentamente pro banheiro. Cada músculo do meu corpo estava tenso. Encarei meu reflexo no espelho, enquanto tirava a roupa encharcada. Meus olhos, bem, o castanho parecia brilhar em meio ao verde, como se fosse um raio em meio a nuvens escuras, ta, esse exemplo foi horrível. Meu cabelo realmente estava grande demais, talvez se eu sobreviver, eu acabe cortando ele. Por incrível que pareça, eu não estava com nenhuma orelha. Meus lábios estavam mais rosados do que da ultima vez que lembro de ter me olhado no espelho. Mas algo realmente legal eram os músculos, todos bem definidos, a barriga tanquinho. Permiti que um sorriso se formasse, enquanto eu caminhava pro chuveiro.

...

Ismael desceu a escada, ele não sabia o porquê, mas algo estava deixando o ar pesado dentro daquela casa. Ele se virou e caminhou lentamente pra cozinha, que estava praticamente cheia. Todos ali, quase estavam se espremendo para caberem ali dentro.

— E então? Perguntou Marck. Ele estava sentado ao lado de Stelar. Seus olhos pareciam mais escuros que o normal. – Preciso ir falar com ele?

— Não. – respondeu Mael, achando um lugar entre Nathy e Jess. – Ele só foi tomar banho.

— Menos mal. – disse Kalisto. Ela levantou o olhar, e olhou todos a sua volta. – Sabemos o que fazer e como devemos fazer.

— Sim. Mas melhor repassarmos tudo de novo. – Disse Joseph. Ele cruzou os braços, e encarou todos os presentes. – Pelo menos, só pra ninguém esquecer.

— Concordo. – disse John. Ele tirou um fio de cabelo do rosto e sorriu. – Mas vamos esperar o Paul.

...

Desliguei o chuveiro e apoiei uma mão na parede, deixando a água que escorria do meu cabelo, descer por meu rosto e cair em gotas na ponta do queixo. Abri os olhos lentamente e levantei a cabeça. Puxei a toalha e a enrolei lentamente, e sai do boxe. Passei a mão no cabelo e sai pro quarto. Ta, tipo, o que se usa em uma batalha?  Peguei uma calça jeans escura, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro.

 Sai do quarto e caminhei lentamente pelo corredor. Cada passo fazia meu corpo fervilhar. Desci a escada, um degrau de cada vez. Encarei a porta, antes de chegar ao ultimo degrau, algo queria que eu a abrisse e fosse lutar sozinho, mas eu sabia que isso era suicido. Mordi o lábio, enquanto entrava na cozinha, todos viraram suas cabeças para me encarar.

— Até que fim.  – disse Marck. Ele deu um sorriso de lado. – Pensei que tinha morrido afogado no banho

Revirei os olhos, enquanto sentava na única cadeira vazia. Algo me dizia, que eles haviam guardado pra mim.

— Ta, eu sei. Vocês todos estão me esperando. Vamos direto ao assunto.  – entrelacei os dedos. – Eu, Mael, Stelar, Marck e Finch, seremos a linha de frente. Seremos os primeiros a chegar. Kalisto, você levara metade do seu bando pra vir pela esquerda, Andrew, você traz a outra metade pela direita. Joseph e Beatrice, vocês ficam com as Criens, vocês serão nossas arqueiras, se virem que estamos com problemas sérios, não tenham medo de atirar, mesmo que acerte um de nós. Isso aqui é vida real, não tem esse lance de flecha não acertando membros da sua equipe. Eu sei, temos algumas armas magicas. Mas alguém vai acabar sendo acertado.

Todos concordaram com a cabeça, o que me deixou feliz.

— Lembrem, estamos indo impedir que Daungher acorde e pra salvar o Vini. – senti o vazio se instalando dentro de mim novamente. Tentei afasta-lo, não é hora para isso. – O Finch aqui, sabe a localização da onde eles estão. Por isso ele vai na linha de frente.

— Eu devia ter destruído o local. Mas fracassei. – disse ele baixando a cabeça. – Agora eu vou me vingar.

— Outra coisa. – encarei todos ali presentes, enquanto falava. – Eu sei que isso pode parecer cruel, mas não tenham pena de matar eles. Eles não terão um pingo de pena, em nos matar. Estamos lá para lutar, não para sentir pena de ninguém, se você ver algum amigo gravemente ferido, não se preocupe, o Mael fez um feitiço para traze-los de volta pra cá. Mas será em casos extremamente grave, a mãe e a tia da Stelar estarão aqui pra cuidar dos feridos. Os mortos também viram para cá.

— Bem, pelo menos não vamos morrer de ferimentos graves. – Brincou Erick.

Me levantei, apoiando as mãos na mesa.

— Eu só queria agradecer a todos vocês. Sério, alguns eu conheço a pouco tempo, mas já considero da família. – senti algumas lagrimas se formando. 

— Nossos pais estão orgulhosos de você. – sussurrou Marck me abraçando.

— Abraço em grupo. – gritou Nathy.

Sorri, enquanto varias mãos e corpos me envolviam. Senti as lagrimas escorrendo. Pela primeira vez em dias, eu me senti vivo, a chama da vida, ardendo com força na minha alma.

— Vamos acabar com eles. – disse Andrew.

— Vamos salvar o Vini. – disse Mael.

— Nós iremos salvar o mundo. – disse Stelar. Ela limpou as lagrimas e sorriu.

— Lutar por todos que amamos. – disse Marck.

— Vamos vencer. – disseram os gêmeos juntos.

— Ta, vamos todos nos preparar. – disse Kalisto. – Não podemos ir pra luta sem armas, equipamentos, e roupas.  

—Ela tem razão. – disse me sentando.  – Vão.

Fiquei sentado enquanto quase todos saiam. Encarei Mael e Stelar, que estavam parados na porta.

— O que foi? Perguntei confuso.

— Temos presentinhos pra você. – disse Mael sorrindo.

— Dois na verdade, o outro é pro Marck.  – disse Stelar.

— Pra mim? Perguntou Marck um tanto surpreso.

— Claro. – Stelar sumiu em meio ao corredor.

Troquei um breve olhar com Marck. Ambos parecíamos tão confuso, enquanto Stelar reaparecia com três embrulhos.

— Bem, o primeiro presente é seu Paul. – disse Mael. – Eu não sei muito bem como fiz isso, mas, aqui tem uma aljava, com flechas encantadas. Tipo, não importa o quanto você atire, elas nunca irão acabar. A ponta de cada flecha está banhada com fogo negro, ele é capaz de explodir o inimigo, assim que tocar ele. – Mael sorriu orgulhoso.

— Meu deus, que coisa incrível. –  me levantei e peguei a aljava. – Cara, a cada dia que passa você fica melhor. Obrigado. Sério. – sorri, maravilhado.

— O segundo é do Marck. – disse Stelar. Ela se aproximou e entregou um par de luvas para ele. Eram luvas de couro, simples, mas aquilo emanava magia.

— O que eu faço com isso? Perguntou Marck, confuso.

— Coloca elas. – disse Mael.

Marck deu de ombro e vestiu as luvas, que brilharam, uma luz roxa, que mudou, produzindo varias cores diferente, em meio a varias runas.

— Uou. – Marck levantou as mãos, apontando pra frente.

— Ei, cuidado. – disse Stelar, segundando as mãos dele. – Isso dispara bolas de fogo comum, fogo negro, bolas de ar, terra e água. Quer explodir a casa?

— Desculpa. – disse Marck corando.

— Ta, e o ultimo presente? Perguntei olhando pro embrulho, que era grande demais.

— Bem, toda flecha precisa de um arco. – respondeu Mael sorrindo.   

Estendi o braço e puxei o embrulho. Dentro dele estava um arco preto, com um desenho roxo, que começa em uma ponta e terminava na outra.

— Ele não quebra, e bem, as flechas vão ficar mais filmes, do que no seu outro. -  Mael deu de ombro. – Desculpa, eu não sei explicar muito sobre ele. E no seu quarto, tem uma roupa especial, que vai continuar com você, quando você se transformar em lobo. Tipo, assim você não vai ficar pelado, quando voltar a forma humana. E é isso.  

— Eu amei. – coloquei o arco sobre a mesa e caminhei até os dois. – Obrigado, sério, muito obrigado. Vocês dois são incríveis.

— Claro que somos. – disse Stelar sorrindo.

— Somos Batman e Robin. – disse Mael, enquanto nos soltávamos.

— Podíamos ser o quarteto fantástico, só acho. – disse Marck dando de ombro.

Trocamos um breve olhar e começamos a rir.

...

Andrew ficou parado na porta do quarto, os braços musculosos, cruzados na altura do peito, o olhar sério, perdido em meio ao corredor. Ele permitiu que um sorriso escapasse, assim que Ismael surgiu. Ambos se encararam, enquanto Mael caminhava na sua direção. Andrew estendeu o braço e puxou Mael para junto de si.

— Estava me esperando, ou isso é apenas impressão minha? Perguntou Mael sorrindo.

— Sei lá. Eu parei e fiquei pensando. – Andrew deu de ombro, e beijou a testa do outro.

— Em que?

— Também não sei. – Andrew sorriu, enquanto seu rosto se aproximava do de Mael. Seus lábios se tocaram, em um beijo lento. – Para o caso de não temos outras oportunidades. – sussurrou Andrew.

— Teremos muitas ainda. – sussurrou Mael de volta. – Vamos ganhar isso.

— Claro que vamos, mas quero que você me prometa uma coisa.

— Oque?

— Volte para mim. Por favor, apenas volte para mim.

— E...eu.- Mael sentiu as palavras se perderem no ar, enquanto ele olhava no fundo dos olhos de Andrew.

— Prometa. – sussurrou Andrew.

— Eu prometo. – sussurrou Mael.

— Eu amo você. – disse Andrew, enquanto eles voltavam a se beijar.

...

O dia passou mais rápido do que eu pude pensar. O céu começava a se tornar escuro, quando saímos pra fora. Meu coração batia forte demais, a aljava nas minhas costas, parecia pesar uma tonelada, como se o chão estivesse tentando me sugar para baixo e me impedir de prosseguir. Havíamos decidido não nos despedir um do outro, porque já havíamos feito isso mais cedo, e ninguém quis repetir essa coisa monótona. Mentira, todos fizemos  um pequeno minuto de silencio, enquanto todos se abraçavam.

Caminhamos em silencio pelas ruas vazias, todos encarando o horizonte. Os rostos com expressões vazias. Apenas nossos passos ecoavam, enquanto tudo mergulhava na mais perfeita escuridão. As luzes da cidade começaram a se acender, projetando nossas sombras em meio ao asfalto encharcado. O vento soprou lentamente, trazendo consigo algumas folhas secas, que passaram sobre nós. Tudo que eu queria, é que todos pudessem voltar para casa, todos em segurança e podermos ter algum tipo de vida, que consideraríamos normal. Sorri para Marck, enquanto nos aproximávamos do bosque. As arvoes altas começavam  a nos cercar, a escuridão a nos tragar. Passei minha aljava e o arco para Marck e comecei a me transformar em lobo, assim como Finch. Encarei a floresta, enquanto Marck e Stelar subiam em minhas costas. Senti o vento contra meu rosto, enquanto começava a correr.

....

Évora olhou todos a sua volta. Eles estavam em torno de uma enorme clareira, um enorme penhasco se projetava logo atrás, revelando as enormes cadeias de montanhas, muitas cobertas pela neve. Ela caminhou em torno da enorme fogueira, cujos os galhos secos se empilhavam até uma altura de mais ou menos três metros. O garoto jazia inconsciente do outro lado da clareira, seus braços estavam amarrados ao tronco de uma enorme sequoia, seu sangue escoria dos pequenos cortes em seus pulsos e do enorme ferimento em sua testa. Évora caminhou até ele, em suas mãos, um recipiente, contendo o sangue das outras doze vitimas de sacrifício. Ela mergulhou um dos dedos e o lambuzou com sangue, depois o levou aos lábios e sorriu satisfeita.

— Irmãos e irmãs. – disse ela voltando a encarar aqueles ali presentes. – Hoje é o grande dia, o dia pelo qual esperamos tanto tempo. O dia em que iremos despertar nosso pai, bem, o filho de nosso pai. – Ela sorriu, um sorriso tão malicioso quando sincero. Seu cabelo balançava com o vento, seu vestido vermelho caia perfeitamente em seu corpo, delineando cada curva e realçando seus seios.

Para uma pessoa como Évora, a sensação de frio percorrendo a espinha, foi algo novo e inusitado. Ela se virou e encarou o ponto em que a clareira começava a se fechar para voltar a ser a mata fechada. O primeiro a surgir foi ele, o escolhido. Seu rosto possuía uma expressão séria. Seu cabelo balançava com a forte brisa que o acompanhava, sua roupa preta, parecia apenas uma segunda pele, em seu corpo. Ele parecia segurar o arco com força demais, os nós de seus dedos já estavam começando a ficarem brancos. Seus olhos encontraram os de Évora, assim que os outros surgiram, mais três garotos e uma garota. Eles pararam um pouco atrás do escolhido. Todos olhando para  frente.  

...

Senti o ódio crescendo, assim que meu olhar encontrou o de Évora. Ela parecia tão surpresa, quanto todo o resto que estava ali. Seus lábios se curvaram em um sorriso, enquanto ela parecia nos analisar.

— Vejo que vocês realmente são muito burros para estarem aqui. – disse ela.

— Ou talvez você seja estupida demais para nos subestimar. – disse Finch.

Senti meu coração afundar dentro do peito, ao ver o que estava atrás de Évora. Vini estava preso a uma enorme sequoia, havia sangue saindo de sua testa e de seus pulsos.

— Que foi, Paul? Perguntou Évora dando um passo para frente. – Triste demais para ver seu namorado nessa situação?

Puxei uma flecha da aljava e disparei. A flecha cortou o ar com um zumbido seco, apenas para explodir a poucos centímetros do rosto de Évora.

— Você acha mesmo que isso iria me atingir? Perguntou ela sorrindo.

Eu não sei muito bem da onde eles vieram, apenas senti a dor percorrer meu corpo, enquanto teias escuras, começavam a subir pelos meus pés, indo em direção ao meu tronco. Cai de joelhos enquanto aquilo subia cada vez mais. Percebi que não era o único, já que meus amigos emitiam gemidos de dor.

— Mas que merda é essa? Perguntou Marck.

— Eu também não sei. – respondeu Mael.

— Paul, alguma ideia? Perguntou Stelar.

— Continuem firmes. – respondi me debatendo.

Évora caminhou até o centro da clareira, seu vestido balançava, a fazendo ficar graciosa. Vadia!

— Bem, se não temos mais nenhuma intromissão, acho que podemos começar o ritual. – ela parou em frente a enorme pilha de madeira, que devia ser uma fogueira, e despejou o liquido que estava dentro do recipiente que ela segurava com firmeza. Três pessoas se aproximaram de Évora, seus rostos escondidos por debaixo do capuz, eles me pareciam alguém fantasiado de morte. Senti o cheiro de lobo em uma delas.

— Como parte do ritual, o sangue do escolhido e de seus aliados, deve ser despejado junto com os dos doze sacrifícios.

Como eu vou poder explicar essa parte? Bem, nosso sangue, literalmente pareceu criar vida e rastejar na direção da fogueira. A linha de sangue girou em torno da pilha de madeira, e começou a formar algo, um desenho, aquilo devia s parecia com um enorme pentagrama invertido. Chamas em cor de vinho lamberam a madeira, assim que a ultima ponta do desenho se fechou, lançando um brilho avermelhado por toda a clareira. Todos os monstros ali presentes urraram satisfeitos.

— Quase lá. – disse Évora me encarando. – Tragam o garoto. – disse ela apontando com a cabeça, na direção de Vini.

Dois, das três pessoas, que estavam perto da fogueira, caminharam até a sequoia e cortaram a corda, presa aos pulso de Vini. Seu corpo caiu com um baque surdo.

— Marck? Chamei, quase em um sussurro.

— E...eu? Respondeu ele, sua voz estava tremendo, aposto que devido a perda de sangue.

— Consegue fazer fogo? – o olhei, com o rabo de olho.

— Posso tentar.

Fiquei em silencio, enquanto sentia o calor começando a emanar do chão. Senti meus punhos começarem a relaxar, assim como o resto do meu corpo. Estralei o pescoço enquanto me levantava.

— Larguem ele. – minha voz saiu mais alta do que eu esperava. Senti os cortes começando a se fechar, e minha força voltando. 

Évora se virou, uma leve expressão de surpresa passando por seus olhos. Ela levantou a mão. Senti meu corpo girando no ar, enquanto era jogado para longe.

— Você não vai interromper o meu ritual garoto. – gritou ela, enquanto meu corpo se chocava contra uma arvore.

Senti o gosto do sangue, na boca, enquanto caia no chão. Minha visão ficou turva por um segundo. Fiquei de quatro, tossindo. Levantei a cabeça e encarei Évora, um sorriso se formando em meus lábios.

— Só isso? Perguntei me levantando.

— Pega Paul. – gritou Finch, enquanto meu arco saia de sua mão, e voava em minha direção.

Puxei uma flecha da aljava, girei no ar, pegando o arco e caindo de joelhos. Soltei a flecha, que cortou o ar, deixando um rastro de linha negra brilhante. Ela se cravou no meio do peito, de um dos caras que seguravam Vini. Ele olhou pro próprio peito e então seu corpo explodiu em milhares de pedaços.

— Acho que você esta me subestimando demais, Évora. – limpei o sangue do canto dos lábios, e levantei. – Hoje nós iremos nos tornar os vitoriosos.

— Isso é o que veremos. – disse ela, seu rosto se transformando em uma mascara de ódio. – Matem todos eles. Nenhum tem mais valor mesmo.

Senti o chão tremer, enquanto vários lobos começavam a surgir. Bruxas seguravam adagas. Tentáculos se projetavam para todos os lados, do corpo do Slender Men, uma enorme raposa surgiu em meio aos lobos.

— São muitos. – disse Marck, segurando uma bola de cor alaranjada, em ambas as mãos.

— Nada que não possamos dar conta. – respondi sorrindo. – Afinal, também temos um exercito.

As folhas começaram a tremer, enquanto o resto da equipe aparecia. Andrew e Kalisto estavam na frente. Andrew abriu seu maxilar, revelando os dentes. Kalisto emitiu um grunhido bestial.

A clareira irrompeu em gritos, uivos e o barulho de corpos se chocando. O barulho das flechas, explodindo ao atingir os inimigos, fez meus ouvidos doerem.

Saltei sobre um enorme lobo cinza, e corri na direção da sequoia. Começou como um sussurro distante, mas conforme eu me aproximava da fogueira, mais alta ficavam as vozes. Centenas delas, todas sussurrando ao mesmo tempo. Senti meu corpo aquecer, ao passar a poucos centímetros das chamas. Olhei para a direita, Erick e Nathy estavam encurralados, o precipício se estendendo logo atrás dos dois. Continuei a correr, observando tudo ao meu redor.  Joseph estava um pouco a direita, cercado por um grupo de lobos e algumas bruxas. Kalisto e Jess lutavam contra a enorme raposa. O corpo de Tony jazia caído o chão, seu peito estava estraçalhado, Ighot estava ao seu lado, tentando afastar os inimigos. Puxei uma flecha e disparei, na direção dos lobos que pulavam em sua direção. Os corpos explodiram em pleno ar, enquanto Ighot olhava em minha direção. Marck lutava ao lado de Mael, ambos lançavam bolas de fogo e terra, ou criando muros de pedras, para proteger um ao outro. Até pareciam dominadores do fogo e da terra.

A voz de Évora ecoava, acima de todo aquele barulho, ela parecia estar recitando algo em latim.

Cujus corpus in cibo aut fumus apparuit redit.
Filius tenebris, constat novemente.
Surge tolle grabattum tuum et quam vincere.
Daungher excitare!

Procurei por todos os lados, tentando encontrar Évora, mas não consegui, até aquele momento.

...

Vini se levantou, seu corpo balançando lentamente, como se ele estivesse tentando encontrar seu equilíbrio. Ele estava confuso demais com tudo aquilo. Vini levou a mão até a cabeça, tocando o enorme corte em sua testa.

— Mas o que? Perguntou ele a si mesmo. Sua voz saiu fraca e baixa demais, para mais alguém ouvir.

Sua mente trabalhava loucamente, tentando achar uma explicação. Então tudo voltou, as milhares de imagens passando de uma vez.

— A invocação. – sussurrou ele.

Seus olhos percorreram por toda a clareira. Ele viu Marck lutando ao lado de Ismael, Stelar ao lado de Andrew, e Paul atirando flechas explosivas em todos, que pareciam não estar do seu lado.

Vini estava pronto para correr, tentar ajudar seus amigos de alguma forma. Mas teve sua passagem bloqueada. Évora parou em sua frente, o sorriso perfeito nos lábios.

— Aonde você pensa que vai? Perguntou ela erguendo as sobrancelhas.

— Ajudar meus amigos. – respondeu Vini, tentando manter a voz firme. – E salvar meu namorado.

— Você é corajoso, mas não vai a lugar nenhum. – Évora ergueu a adaga, que brilhou de forma ameaçadora, a luz da fogueira. – Você é a ultima parte.

Vinicius deu um passo para trás. Seu coração bateu forte dentro do peito, quando Évora levantou a mão e o segurou pela garganta.

— Hora de morrer bonitinho. – ela se encaminhou para trás do garoto, a lamina da adaga pressionando a pele do garoto.

Os olhos de Vini encontraram os de Paul, enquanto uma lagrima escorria por seu rosto.

...

Algo se agitou dentro de mim, o medo se misturou ao ódio e a vários outros sentimentos. Forcei minhas pernas a se moverem e corri, o mais rápido que eu consegui. Mas isso não foi o suficiente. O mundo parecia girar em câmera lenta, a terra parecia areia movediça, me impedindo de correr. Os lábios de Vini se moveram, ele parecia dizer “Eu te amo” enquanto seus olhos se fechavam, e o sangue começava a escorrer do corte por sua garganta. Senti algo fervilhando dentro de mim, enquanto as lagrimas caiam sem parar.

...

Dizem que quando você estar morrendo, sua vida passa diante dos seus olhos, bem, pelo menos todos os momentos bons que você conseguiu ter. E não foi diferente com Vinicius. Enquanto seu corpo caia lentamente em direção ao chão, todas as coisas boas que ele pode viver, passaram como um pequeno filme dentro de sua mente. Mas todas as imagens se resumiam apenas a uma pessoa, um sorriso, a aqueles olhos cor de âmbar que ele tanto amava olhar. Seu corpo se debateu. Ele queria poder ter tido mais tempo, poder amar Paul pelo resto da sua vida. Ele se prendeu as imagens do dia em que seus lábios tocaram os de Paul pela primeira vez. Vini sorriu, enquanto dava seu ultimo suspiro.

...  

O mundo havia ficado extremamente silencioso, todos olhavam para mim, e eu sabia o porquê, era como se eu estivesse pegando fogo. Fui impulsionado para a frente, meu corpo indo a uma velocidade incrível, tudo foi jogado para o lado, enquanto meus pés tocavam o chão. O barulho das arvores caindo, não me surpreendeu. Saltei, minhas unhas virando garras. Estava a poucos centímetros do corpo de Évora, quando uma lufada de fumaça cinza me jogou para trás.

A fogueira havia se apagado, o fogo havia se transformado em fumaça. A fumaça pareceu tomar a forma de um corpo. Os olhos brilharam, enquanto algo parecia ganhar vida. Olhar para aqueles olhos, era como olhar para um espelho de prata, eu podia me ver refletido neles. Senti meus pelos se arrepiarem, enquanto todos os que não eram meus amigos, se ajoelharam. Ali, parado a poucos metros de mim estava ele, aquele que eu devia ter evitado o despertar.

 - Finalmente livre. – disse a coisa. Sua voz era como a de milhares de pessoas gritando. Daungher riu. Sua risada era como a milhares de pessoas em agonia.

Senti cada requisito de coragem se esvaziando. Daungher estava livre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ola Pessoas que eu amo!!
Bem, como eu disse no cap anterior, eu demorei pra postar esse, porque foi um dos caps que eu mais trabalhei. Tentando colocar cada coisa em seu devido lugar. Encaixar as musicas com as cenas, porque elas tinham que estar nela.
Espero que vocês gostem. Tipo, espero mesmo.
Não me matem, por ter matado o Vini. Por favor. Não me matem, AMO MT VCS.

Soundtrack
Cena da partida - Aurora Home
Chegada do Paul a clareira - Aurora Under the Water
Morte do Vini e o despertar de Daungher - Drink the Water - Justin Cross

Comentem o que vocês acharam, coloquem suas criticas, e o que esperavam desse cap.
Isso vai me ajudar muito, e me incentivar na segunda temporada, que eu irei postar como uma nova história, e vou colocar o Link no ultimo cap.
Beijos do Tio Paul, que amodora vocês



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Magic" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.