Nicholas deu duas batidas na porta do apartamento de Theodore. Gostava de estar lá, principalmente hoje que sabia que em breve Matthew e Rose também iriam pra lá, pra um jantar entre amigos, e ele sinceramente sabia que precisava de uma distração. Passara a noite anterior quase que inteira dedicando-se ao sexo descompromissado com algumas funcionárias da Stormfield que viviam o perseguindo e lhe enchendo de flertes que ele fingia não ver. Estava totalmente determinado a ficar longe de Jennifer, afinal, não precisava disso. Não precisava se arrastar atrás de garota alguma, ainda mais ela, afinal, apesar de linda e inteligente Nicholas estava acostumado a ter modelos caídas a seus pés, por que ele ignoraria isso por ela? Não ia.

Pra sua surpresa a porta foi aberta dando lugar pra uma Elisabeth sorridente que parecia ainda proferir algo a alguma das crianças.

—Tio Nick! – Joshua disse animado pulando nos braços dele, algo que o fez rir antes de pegar o pequeno no colo.

—Olha só, é o meu garanhão. – Disse Nicholas zombeteiro fazendo Elisabeth rir. – E aí, Lisa. – Cumprimentou-a.

—Oi, Nicholas. – Ela disse sorridente. – Como você está? – Perguntou.

—Bem, quer dizer, eu finalmente me livrei do compromisso exaustivo de perseguir e conquistar sua amiguinha e tive uma noite muito divertida com algumas garotas do jeito que Nicholas Phillips sempre gostou. – Disse. Elisabeth torceu os lábios.

—O que você fez com as garotas? – Perguntou Joshua curioso.

—Um dia você vai saber, parceirinho e vai amar. – Nicholas disse espertamente enquanto via Theodore se aproximar da sala.

—Não ensine suas perversões pro meu filho, Nick. – Pediu fazendo todos rirem.

—Eu aposto que ele seria tão bom quanto eu. – Nicholas brincou enquanto Theodore o abraçava fortemente.

—Joshua agora está na hora de ir pra cama. – Disse Theodore.

—Mas papai, eu ainda nem vi a tia Rose e o tio Matt. – O menino fez um bico pidão.

—Eu sei, filho, mas já está tarde e eles vão demorar, e a Lisa precisa ir pra casa, é a folga dela. – Explicou.

—Ela não devia ter folgas. – Joshua constatou.

—Você não quer que eu tenha folgas pra descansar? – Elisabeth riu com sua pergunta enquanto via o menino esboçar uma careta pensativa.

—Você podia descansar aqui, eu prometo ir dormir na hora todo dia, mas não vai embora. – Falou.

—Meu amor, eu volto no dia seguinte antes de você acordar. – Elisabeth sorriu. – Além do mais, eu me sinto sozinha as vezes, sinto falta da minha colega de quarto. – Disse.

—Então arruma um outro colega de quarto. – Joshua disse animado e logo voltou seus olhos para o pai. – Papai, você podia ser o amigo de quarto da Lisa. – Suas palavras fizeram ambos arregalarem os olhos e se encararem com as bochechas coradas enquanto Nicholas entoava uma gargalhada característica.

—Achei a ideia ótima! – Nicholas disse zombeteiro.

—Filho, eu e a Lisa somos adultos, não podemos dividir um quarto sem sermos...casados... – Falou pausadamente, tentando explicar da melhor maneira possível a situação ao menino que estava atento as suas palavras.

—Com certeza... – Disse Nicholas maldoso fazendo as bochechas de ambos ali corar. Nesse momento, Matthew e Rose adentraram o lugar com as mãos dadas e sorrisos bobos em semblantes, algo costumeiro pra eles que eram de longe o casal mais sintonizado do mundo. Joshua logo correu para o colo de Rose que o abraçou com força.

—Meu príncipe! – Ela disse carinhosa enquanto o apertava entre seus braços finos. – Achei que você já ia estar dormindo. – O encarou sorridente.

—Eu esperei vocês! – Ele disse espertamente, como de costume.

—Muito bem, meu garoto. – Matthew falou bagunçando o cabelo de Joshua que gargalhava com isso, fazendo todos ali sorrirem também.

—Agora pra cama, mocinho. – Disse Lisa fazendo-o escorregar rapidamente pelos braços de Rose, tocando o chão rapidamente para sair correndo animadamente em direção ao seu quarto.

—Quando ele ficou tão obediente? – Brincou Matthew.

—Quando ele conheceu a Lisa. – Respondeu Theodore a encarando fazendo todos ali se entreolharem ao verem os olhares que um lançou pro outro, ainda mais quando o olhar intenso deles era acompanhado de sorrisos frouxos. Nicholas tossiu falsamente para despertá-los de seus transes, o que rapidamente aconteceu.

—Ah, eu tenho que ir. – Disse Elisabeth como se lembrasse disso no momento.

—Ir? – Rose franziu o cenho. – Achei que ia jantar com a gente. – Completou.

—Não, eu estou de folga. – Sorriu Lisa.

—Mas sabe que pode ficar se quiser. – Falou Nicholas de forma marota encarando Theodore que engoliu a seco, devido a vergonha.

—Eu tenho mesmo que ir, a Jennifer disse que quer companhia hoje. – Mentiu descaradamente.

—Mas a Jennifer falou comigo agora pouco e disse que não ia ficar em casa hoje. – Retrucou Rose fazendo Nicholas rolar os olhos enquanto Elisabeth corava sem graça pela mentira pega em flagrante. – Anda, fica com a gente! – Pediu Rose carinhosa como sempre.

—Não, eu não quero mesmo incomodar. – Disse Elisabeth.

—Você não incomoda. – Theodore falou numa voz máscula e quase sedutora, sua marca registrada, totalmente natural e sem esforços, mas que fazia Lisa se arrepiar desde a espinha até a nuca. Ela o encarou. – Fique. – Pediu. Ela encarou um sorriso quase maldoso de Nicholas e depois um olhar pidão de Rose, seguido de uma careta amigável de Matthew e um olhar tentador de Theodore.

—Tudo bem... – Respondeu quase num sussurro.

—Ótimo! – Vibrou Matthew animado. – Eu estou morrendo de fome. – Comentou. Ele logo passou um braço em torno de Lisa e outro em torno do irmão, caminhando junto a eles. Nicholas encarou Rose que franziu o cenho ao ver seu olhar curioso sobre ela.

—O que você tem? – Perguntou confusa.

—Então a sua amiguinha vai sair. – Disse como se não quisesse nada, mas logo Rose riu quase numa gargalhada.

—Nicholas Phillips, se eu não te conhecesse diria que está preocupado ou talvez enciumado que ela possa estar tendo um romance. – Rose sorriu espertamente fazendo Nicholas revirar os olhos num gesto entediado.

—Ainda bem que me conhece, Rose. – Riu. – Eu não ligo a mínima, essa garota é doida, e não vai me fazer perder mais tempo, por isso que eu vou jantar e depois sair com uma tremenda gostosa que tá louca por mim. – Concluiu com um sorriso vitorioso e agora foi a vez dela rolar os olhos.

—Sabe que algum dia vai ter que parar com alguém né? – Ela cruzou os braços sobre o busto ficando ainda menor que ele.

—Não tenho não. – Rebateu ele antes de rir junto a ela. – Vamos jantar. – Disse e os dois caminharam juntos até a mesa, onde Theodore, Matthew e Elisabeth já estavam sentados. Não demorou muito para que o jantar fosse servido, acompanhando os debates e conversas que arrancavam gargalhadas. Elisabeth não conseguia deixar de ficar admirada com a capacidade de Nicholas fazer Theodore rir. Não era um riso comum, era uma risada sincera, daquelas que arrancavam o melhor de você, e ela até podia jurar que o via colocar a mão sobre o abdômen vez ou outra, como se a gargalhada fosse tão forte que o fizesse sentir aquela dor gostosa de uma boa risada.

—Cala a boca, Nicholas, você é um tremendo idiota! – Riu Rose rindo junto a todos. Nem Elisabeth conseguia ficar avulsa a aquele momento.

—Ah vocês não são santos! – Ele disse em sua defesa.

—Mas não dormimos com duas mulheres na biblioteca da faculdade. – Agora foi Matthew quem se defendeu.

—Não mesmo? Ou tá querendo esconder seus podres da Rose? – Nicholas falou maroto fazendo-o gargalhar de novo.

—Meu namorado é totalmente confiável. – Rose disse abraçando-o e dando um selinho em seus lábios finos. Matthew por um momento sentiu a respiração ficar difícil quando se lembrou das investidas recentes de Hillary. Ele até agora não tinha tido a menor coragem de contar isso pra Rose. Não era como se gostasse do que acontecia, na verdade odiava sentir que estava sendo desonesto com ela, mas o medo de que ela interpretasse isso de forma errada e o deixasse era maior demais. Abandonou esses pensamentos logo e voltou a se concentrar na conversa que rolava empolgada.

—Vocês são muito chatos, a faculdade existe pra isso. – Nick falou prontamente. – Theo também aprontava. – Falou.

—Você sabe que não! – Theodore rebateu rindo.

—Lisa, ele não te contou que uma vez a fraternidade dele desafiou ele a colocar uma bomba na sala do reitor? – Perguntou. Elisabeth arregalou os olhos. – Foi o ato mais ilegal da família Stormfield. – Concluiu.

—E você colocou mesmo? – Perguntou Lisa curiosa.

—Era teste de honras. – Ele respondeu sem graça, mas logo riu também.

—Lisa, não acredita no Theo, ele aprontava muito. – Matthew provocou o irmão que rolou os olhos com um sorriso em semblante.

—Falou o cara que abriu todas as gaiolas do laboratório de biologia pra garota que roubava as frutas do vizinho. – Theodore falou numa careta fazendo Lisa arregalar os olhos antes de gargalhar.

—Não é justo! – Matt disse levantando as mãos como se estivesse prestes a se render. – Eles mereciam ser livres. – Disse.

—Aposto que foi por isso. – Zombou Rose fazendo-o dar língua pra ela. – Mas que história é essa? – Questionou.

—Essa ladra da Sullivan. – Theodore falou num tom brincalhão totalmente incomum pra todos ali. Elisabeth riu com suas palavras e bateu levemente em seu ombro antes de começar a apontar suas artimanhas também. Os dois riam sozinhos agora, enquanto todos os encaravam antes de encararem um ao outro também. Os dois sequer percebiam isso. Se olhavam com intensidade e sorrisos fartos que lotavam o ambiente, mas depois de um tempo o silêncio foi crucial para que ambos percebessem os olhos maldosos sobre si e fechassem os sorrisos, dando lugar a vergonha. – Mas então, o que acharam da codorna? – Perguntou Theo desconversando.

—Tentadora. – Rose respondeu marota.

—Suculenta. – Nicholas à acompanhou fazendo ela e Matt rirem. – Bom, o jantar estava ótimo, mas eu realmente tenho que ir, preciso me encontrar com uma garota. – Disse.

—Sabe o nome dela pelo menos? – Perguntou Theodore.

—E isso importa? – Ele perguntou numa careta enquanto colocava o blazer sobre o corpo. – Adeus, casais. – Brincou. Theodore engoliu a seco assim como Elisabeth com a brincadeira. Nicholas sem dizer mais uma palavra sequer fechou a porta atrás de si. Rose sorriu tentando quebrar o clima tenso que se instalou com aquele comentário.

—Então, e a Victoria, Theo, como ela está? – Perguntou desconversando.

—Bem, ela está com um cliente. – Ele respondeu curtamente.

—Bom, eu acho que agora eu já vou indo. – Elisabeth disse se colocando de pé.

—Nós também já vamos. – Matthew falou. – Rose tem um desfile pra organizar amanhã cedo e eu estou exausto já que Jonathan Stormfield resolveu que eu devo ser o mais novo robô Stormfield. – Zombou.

—Não seja tão duro. – Theodore pediu. – Essa empresa também é sua. – Completou.

—Não por escolha minha. – Retrucou o irmão antes de abraçar Theodore. – Boa noite, irmão, boa noite, Lisa. – Disse carinhoso abraçando-a em seguida. Rose fez o mesmo e logo ela e Matthew saíram abraçados um ao outro pela porta. Theodore e Elisabeth se encararam.

—Eu vou indo. – Ela disse sem graça.

—Espera! – Theodore falou pegando-a suavemente pelo pulso, trazendo ela de volta pra si. – Já é tarde pra ir sozinha, por que não fica? – Perguntou numa voz trêmula, mas ainda assim potente o suficiente pra deixa-la zonza com sua presença máscula e grandiosa.

—Eu tenho ficado muito por aqui. – Elisabeth riu frouxo.

—Se me disser que se sente mal por isso eu vou ficar bastante ofendido. – Ele sorriu também.

—Eu adoro ficar aqui... – Ela começou a falar, mas encarou os olhos azuis dele e sentiu que estava prestes a corar, então os desviou com afinco. – Com as crianças. – Completou. – Mas preciso mesmo ir pra casa, eu pego um táxi, não é longe. – Explicou.

—Então me deixa pelo menos levar você. – Ele falou fazendo cara de pidão, o que fez rir quase numa gargalhada. Não fazia muito o estilo dele, mas ela achava simplesmente encantador. Assentiu. Os dois foram então caminhando lado a lado até o elevador.

CONTINUA...