Behind Blue Eyes escrita por Two Lovely Girls


Capítulo 13
Capítulo 13 - Secrets (parte 02)




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Elisabeth deixava suas mãos escorrerem pela barriga de Annabeth produzindo cócegas na menina enquanto Joshua pulava em suas costas como se ela fosse seu próprio corcel indomável. Tinha que admitir que não conseguia nem em seus sonhos mais profundos pensar que duas crianças que viviam uma realidade tão diferente da sua poderia lhe trazer tantos ensinamentos e principalmente tantas alegrias. Os dois eram cheios de vida e a cada dia pareciam mais soltos desde a primeira vez em que os conheceu, como se Joshua e Annabeth só precisassem de alguém que lhes passassem segurança e afeto o suficiente para eles libertarem de dentro de si suas almas infantis.

—Lisa, para, por favor! – Annabeth implorou ainda gargalhando pelas cócegas e Lisa logo a obedeceu, a menina já estava vermelha de tanto rir.

—Não, Lisa! Continua, a pirata barba negra precisa ser punida! – Joshua gritou com tanta avidez em sua voz que era possível ver a empolgação do menino com a simples brincadeira.

—Podemos coloca-la pra andar na prancha mais tarde, chega de torturá-la capitão! – Ela disse rindo antes de pegá-lo num abraço desprevenido que fez o menino gargalhar ao sentir os beijos descompromissados que ela dava em sua bochecha gorducha. – Que tal um pouco de sorvete agora e depois um longo banho pra fazerem o dever de casa? – Perguntou.

—Eu não tenho dever de casa ainda! – Disse um Joshua relutante.

—É, mas tem um monte de brinquedos no quarto espelhados. – Elisabeth falou espertamente fazendo-o rir antes de se levantar pulando em direção a cozinha junto a ela e Annabeth.

—Eu posso pegar o Tod pra comer comigo? – Joshua perguntou se referindo ao urso de pelúcia que ele amava arrastar por todos os cantos da casa junto consigo.

—Claro! – Elisabeth sorriu em resposta enquanto enchia o pote de sorvete para os três. Seus olhos agora encararam Annabeth. Sabia que deveria esquecer a mudança de comportamento de Annabeth depois que saiu com Victoria, mas ela simplesmente não conseguia evitar a intuição de algo que estava muito errado ali. – Então, Annabeth, você nem me contou direito o que você e a Victoria fizeram no dia em que saíram... – Falou fazendo a menina abaixar a cabeça e encarar os pés.

—Nós compramos roupas e fomos ao salão de beleza. – Respondeu secamente.

—Deve ter sido divertido. – Lisa disse numa voz falsa agora se sentando ao lado da menina. – Vão fazer de novo? – Perguntou.

—Eu não sei. – Annabeth sorriu torto. – Posso terminar o sorvete no meu quarto? – Arqueou a sobrancelha. Elisabeth sentiu seu sorriso se desfazer, mas tinha ainda mais certeza de que algo estava muito mal contato.

—Claro, meu amor. – Respondeu. Sem dizer mais nenhuma palavra Annabeth correu para o seu quarto com o pote de sorvete em mãos. Elisabeth suspirou, seus olhos encaravam o vazio agora e sua mente tentava decifrar qualquer coisa no ar, mas nada vinha. De repente ela foi despertada por Gregory que adentrou a cozinha e pegou despreocupadamente uma garrafa d’água na geladeira antes de se sentar na frente de Elisabeth que franziu o cenho com tal atitude.

—Vim cobrar sua promessa. – Ele sorriu.

—Eu prometi algo? – Elisabeth perguntou confusa antes de rir,

—Qual é, Lisa, disse que ia me ajudar com a Laura e sinceramente eu to louco pra ficar com ela, então começa a agir logo. – Reclamou.

—Calma, garanhão. – Elisabeth gargalhou enquanto ele rolava os olhos. – Que tal convidá-la pra vir aqui em casa depois? Aí você se atrasa, ou demora um pouco no banho e me deixa a sós com ela pra dizer como você é bom e como fala bem dela. – Ela sugeriu.

—Tudo bem, pode ser, mas pelo amor de Deus não diga que é minha babá, isso seria totalmente vergonhoso. – Pediu. Elisabeth riu antes de assentir. – E nada de dizer que o pôster de tartarugas ninjas é meu, senão eu te demito. – Completou e agora ela gargalhou em resposta.

—Você não pode me demitir! – Ela disse zombeteira.

—Mas posso colocar veneno nas suas panquecas panquecosas. – Ele rolou os olhos.

—Minhas panquecas não são panquecosas, você nunca provou! – Elisabeth disse em sua defesa.

—Todas são. – Gregory riu como se disse o óbvio.

—Não as minhas, Greg. – Ela se gabou.

—Tá, então vamos fazer assim: Se você conseguir fazer a Laura e eu ficarmos juntos, eu prometo que provo suas panquecas. – Ele riu enquanto a via arregalar os olhos numa careta como se amasse a ideia e ela de fato amava.

—Combinado! – Elisabeth vibrou. – Se prepare pra se apaixonar pelas minhas panquecas. – Disse antes de estender a mão para Gregory apertar como se fechassem um acordo. Ele assim o fez e os dois logo riram juntos.

—Agora eu vou pro meu quarto. – Avisou ele já caminhando em direção ao mesmo.

—Mas já? Por que não fica aqui pra vermos um filme? – Questionou Elisabeth.

—Porque eu tenho que falar com a Laura, e você também! – Disse o garoto com as bochechas coradas fazendo-a gargalhar.

—Tem razão! – Gritou Lisa de longe enquanto o garoto apenas ria indo em direção ao seu quarto.

—Mas eu aceito um filme mais tarde. – Gregory disse num to calmo que surpreendeu Elisabeth e a fez sorrir em seguida. Ele sorriu de volta e caminhou para o quarto sem olhar pra trás, mas o sorriso no rosto de Lisa não desapareceu. As coisas finalmente estavam caminhando muito bem entre ela e Greg, e isso era recompensador depois do início desastroso que tiveram.

****

De: GregStormfield

Para: Lauparker

O que você acha de sairmos? Mas de verdade dessa vez. Nada de ir na biblioteca ou vir pra minha casa estudar e sim cinema, hambúrguer, batatas fritas e minha companhia comportada ( eu juro que me comporto)”

De: Lauparker

Para: GregStormfield

Hahahaha, até parece que você se comporta, Greg, mas confesso que eu adoraria umas batatas fritas com bastante ketchup! “

De: GregStormfield

Para: Lauparker

Isso é um sim? Eu prometo que consigo todas as fritas do mundo com todo o ketchup que você quiser.”

De: Lauparker

Para: GregStormfield

Eu não sei, Greg... Somos amigos. Não quero estragar as coisas, será que posso pensar mais um pouco?”

De: GregStormfield

Para: Lauparker

Claro... Pode sim. Mas só fique sabendo que eu não to aqui pra bagunçar nada. Eu realmente gostei, e gosto mais, de você a cada dia e só quero uma chance pra provar pra você que posso ser mais que seu amigo sem estragar absolutamente nada... Pensa nisso. Espero que aceite.

Laura respirou fundo ao terminar de ler aquilo. Sabia que a cada dia gostava mais de Greg também, mas seu medo era gigantesco. Primeiro porque criaram uma amizade verdadeira, a qual ela não queria perder de forma alguma, já que atualmente ele era o único amigo de verdade que ela tinha. Segundo porque os dois pertenciam a mundos totalmente diferentes. Ela só estudava no mesmo colégio que ele porque o pai conseguiu uma bolsa, como sempre dedicado a dar um futuro melhor que o dele para a filha, mas Gregory era cercado do luxo, com chofer, carros do ano, empresa da família pra assumir um dia, mansões, e principalmente o peso de seu sobrenome. Enquanto ela tinha como herança apenas os bons ensinamentos passados pelos pais sobre sempre ser humilde e verdadeira com ela mesma, nunca desistindo de seus sonhos. Tinha medo de se perder no meio do mundo de Greg. Tinha mais medo ainda de se apaixonar perdidamente por ele e quando encontrasse com essa nova realidade, vivendo-a de dentro, tivesse que perdê-lo por não conseguir se adequar, ou porque a família dele não a considere “a altura”. Não que se envergonhasse de quem era ou do pouco que tinha, na verdade nada nunca lhe faltou, principalmente amor e carinho, mas seria duro não ser aceita no mundo dele caso um dia ele virasse seu mundo. Por isso se negava, se afastava e presava por serem apenas amigos. Talvez assim fosse melhor. De repente seu celular tocou despertando-a. Era um número desconhecido.

—Alô? – Perguntou Laura.

—Oi, Laura? – Questionou Elisabeth.

—Sim, é ela, quem está falando? – Perguntou.

—É a Elisabeth... Lisa... Não sei se você se lembra, eu sou a ba... – Ia falando, mas lembrou que Gregory a mataria se ela proferisse o termo “babá do Greg”. – Babá dos irmãos do Gregory. Tudo bem? – Sorriu do outro lado da linha.

—Lisa! – Vibrou Laura. – Que surpresa. Tudo bem sim, e você? – Disse confusa. Não conseguia fazer a menor ideia sobre os motivos de estar recebendo uma ligação de Elisabeth.

—Tudo ótimo. – Respondeu. – Eu só estou ligando pra avisar que eu acho que você esqueceu um brinco aqui... – Mentiu.

—Um brinco? – Laura franziu o cenho.

—É, eu deduzi que fosse seu, porque ele não é meu, e você é a única garota que vem aqui além de mim. – Riu.

—Mas não são meus, Lisa. – Laura riu frouxo.

—Ah, devem ser da namorada do pai do Greg... Como não pensei nisso. – Forçou um riso falso, mas Laura a acompanhou caindo em sua armadilha. – Mas e então, quando você vem aqui de novo? – Perguntou.

—Eu não sei... – Laura disse um tanto desanimada.

—O que foi? – Perguntou Lisa.

—Posso confiar em você, babá do Greg? – Disse Laura antes de rir, fazendo Lisa rir também pela esperteza da garota.

—Claro. – Respondeu.

—Greg acabou de me chamar pela milionésima vez pra sair. – Disse.

—E você aceitou? – Perguntou Elisabeth animada.

—Não...Quer dizer, eu disse que precisava pensar, mas sinceramente eu não sei o que fazer, eu não sei se devo. – Completou.

—Laura, o Greg é um garoto incrível e está completamente caído por você, acho que devia dar uma chance a ele. – Sorriu.

—Somos de mundos diferentes demais. – Suspirou Laura desanimada fazendo Lisa torcer os lábios.

—Sabe o que eu pensei quando te conheci? – Questionou Lisa. – Essa menina é tudo o que o Greg precisa. – Riu frouxo. – Acho que a beleza da coisa é justamente o fato de vocês fazerem partes de mundos diferentes. Laura, querida, esse mundo é frio, cheio de problemas e obrigações, e tudo isso fazia do Greg um garoto mal educado e rebelde, mas depois que ele conheceu você e o seu mundo de sentimentos reais, sem interesses financeiros, cheio de sinceridade, cheio de oportunidades novas, ele se tornou uma pessoa incrível. – Sorriu Lisa.

—Você tá falando sério? – Laura sorriu feito boba ouvindo aquilo.

—Claro que é sério. – Lisa riu. – Não o prive de ter a primeira coisa real na vida dele por medo e não se prive também. Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas eu já vi de cara que você não é o tipo de garota medrosa e sim a que luta pelo que quer então não deixe que essas diferenças tolas atrapalhem vocês dois de viverem o que pode ser a maior aventura de suas vidas. – Completou Elisabeth quase que orgulhosa por conseguir transmitir exatamente o que acreditava.

—Tem razão. – Laura disse animada. – Eu não tenho que ter medo, caramba, eu não tenho medo de nada e não vai ser um sobrenome que vai me assustar agora. – Falou fazendo Lisa gargalhar. – Obrigada pelos conselhos, Lisa. Você é incrível. Vou falar com o Greg. – Disse.

—Vai sim, querida! – Lisa disse vibrando também. As duas desligaram logo. Laura agora deixou seus dedos digitarem com rapidez, astúcia e quase alegria enquanto um sorriso frouxo se formava em semblante.

De: Lauparker

Para: GregStormfield

Então...Vai ter mesmo todas as batatas que eu quiser?”

Greg sorriu lendo aquilo.

De: GregStormfield

Para: Lauparker

Todas as que quiser.”

De: Lauparker

Para: GregStormfield

Então a que horas você me busca amanhã? E lembre-se um cavalheiro sempre paga no primeiro encontro...”

***

Elisabeth estava sentada no sofá da sala folheando o trabalho de casa de Annabeth a fim de achar qualquer coisa que pudesse ser passível de correção, mas de repente foi surpreendida por dois braços que surgiram por trás de si lhe abraçando com força. Ela se virou um pouco pra ver Gregory abraçado a ela. Ainda surpresa, deixou suas mãos deslizarem pelos braços do garoto, acariciando-as como sua mãe costumava fazer com ela quando era pequena e lhe dava esses tipos de abraços.

—Obrigado, Lisa... – Disse Gregory numa voz totalmente rendida que fez Elisabeth se emocionar, tendo que, como de costume, prender o choro diante da situação.

—De nada, Greg. – Respondeu quase num sussurro. Os dois se encararam mais uma vez e Lisa se sentia tão grata por ver que ajudou a colocar aquele sorriso no rosto dele. Gregory caminhou de volta para o quarto, deixando uma Elisabeth emocionada ainda ali pensando sobre o que acabara de acontecer, mas de repente seu telefone celular tocou, despertando-a.

—Oi, mãe! – Disse animada. – Que saudade. – Completou.

—Oi, Lisa querida... – Ava disse carinhosamente do outro lado da linha. – Como estão as coisas? – Perguntou.

—Tudo bem. – Elisabeth riu. – Estou me dando melhor a cada dia com as crianças, mas e você o que me conta? – Perguntou.

—Nada demais. – Ava respondeu prontamente. Elisabeth franziu o cenho.

—Tem certeza? – Perguntou. – Porque você parece estar me escondendo algo, dona Ava Sullivan. – Completou.

—Achei que eram as mães que faziam isso com as filhas e não ao contrário. – Riu Ava fazendo Lisa rir também.

—Desembucha, mãe. – Pediu.

—Ah, não é nada, filha, é só o dono do restaurante que abriu aqui... Ele fica me cercando, me falando coisas sobre nos conhecermos melhor. – Ava corou.

—Sério? – A voz de Elisabeth vibrava fazendo Ava rolar os olhos, arrependida de ter contado tudo a filha que certamente daria apoio a Paul. – E aí? – Questionou.

—E aí nada, Lisa. – Respondeu Ava. – Tenho ido pelo caminho mais longo do trabalho até aqui em casa pra não encontra-lo mais. – Concluiu.

—Mãe! – Ralhou Lisa. – Por que está fugindo dele? Ele é feio? – Perguntou.

—Não... Na verdade e muito bonito e forte, e cozinha bem, e é educado e encantador... Mas filha, eu não tenho mais idade... – Ia dizendo, mas Elisabeth logo a cortou.

—Idade? – Riu. – Mãe, você ainda é nova, eu não vou admitir que perca um bom partido desse, ele parece interessado, dê uma chance. – Disse.

—Eu não vou dar chance alguma a ele, Lisa, está decidido. Eu não consigo mais me envolver. – Explicou.

—Você não consegue ou não quer, mãe? – Indagou Elisabeth. – Ele não é o meu pai, e eu não sou mais uma criança, você não tem nada que a prenda ou impeça então, por favor, por mim, prometa que vai se dar uma chance de ser feliz de novo ao lado de alguém, mesmo que talvez não seja ele... – Pediu. Ava suspirou. Entendia que de certa maneira a filha tinha toda a razão.

—Tudo bem, eu prometo. – Respondeu meio contrariada.

—Isso! – Vibrou Lisa. – Quando vai sair com ele? – Perguntou.

—Eu não vou sair com ele! – Ava disse quase incrédula.

—Claro que você vai! – Retrucou Elisabeth.

—Você acha mesmo que eu devo fazer isso? – Perguntou Ava.

—Claro, mãe... – Elisabeth sorriu. – Dê uma chance. – Pediu. Ava suspirou como se pensasse naquilo.

—Tudo bem, Lisa, vou fazer do seu jeito dessa vez, mas vai ser só uma vez. – Sorriu.

—Uma vez é o suficiente, mãe. – Elisabeth sorriu de volta. – Eu amo você! – Completou.

—Eu também amo você, filha. – Ava respondeu. As duas se despediram e logo Elisabeth caminhou em direção ao seu quarto para finalmente descansar um pouco.


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