Behind Blue Eyes escrita por Two Lovely Girls


Capítulo 1
Capítulo 1 - Stormfield


Notas iniciais do capítulo

Sejam Bem-Vindos ao primeiro capítulo. Esperamos que nos acompanhem e se divirtam conhecendo cada personagem.

Um beijo e boa leitura! ♥

Alina e Yasmin.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/654589/chapter/1

O vento levemente frio do fim do inverno bagunçou os cabelos de Elisabeth, fazendo com que ela apertasse seu casaco rente ao corpo. Seus passos eram apressados e firmes, seguindo em direção ao seu objetivo. Conforme caminhava, levava alguns esbarrões, mas isso não incomodava — já que sua mente estava focada em controlar o seu nervosismo para a entrevista de emprego. Sua mãe havia acabado de ligar com a costumeira curiosidade forçando Elisabeth e respondê-la com falsa animosidade, afinal, não era um grande trabalho assim.

Frustração era o que ela estava sentindo no momento. Havia ido para a universidade de medicina, mas descobriu que não era exatamente aquilo que queria fazer. Por um tempo, conseguiu um emprego razoavelmente bom, mas devido ao assédio do patrão — que achava que, só por ela ser secretária, teria que abrir as pernas para ele — pediu demissão. De lá para cá, conseguiu apenas alguns empregos temporários, e agora estava ali, indo fazer entrevista para ser babá. Só de pensar sobre isso, seu corpo tremia em frustração. Não deveria ter aceitado isso, mas a insistência da sua amiga em ajudar, terminou convencendo-a. Pelo que ela entendeu, o namorado dela tinha um irmão e ele precisava de alguém que cuidasse dos seus filhos.

O enorme prédio espelhado já podia ser visto quando o seu celular tocou pela segunda vez naquele dia. Rolando os olhos, ela o tirou do bolso e encarou o nome que piscava na tela. Ao ver quem era, um sorriso brotou em seus lábios.

— Olá senhor aventureiro! — Saudou ela, zombeteira.

Há, há... muito engraçado, Elisabeth! — Retrucou ele com certo mau humor. — Por que você me deixou beber tanto? — Indagou com indignação.

— Como assim? — Ela franziu o cenho. — Você bebe e eu tenho que tomar conta de você? Pelo amor de Deus, Harry! — Completou, totalmente incrédula.

Harry sempre fazia isso. Bebia toda vez que saíam e acabava acordando com alguém desconhecido na cama. No fim, ligava para Elisabeth para perguntar o porquê da ajuda negada.

Não grita! — Pediu ele choramingando. — Minha cabeça vai explodir, eu juro!

— Pois é bom que exploda! — Vociferou. — Você não a usa mesmo. Não faria falta.

Ouch, Lisa! Você é má!

— Realista. — Corrigiu ela, com um sorriso. — Olha... Vai lá para casa e come alguma coisa. Eu estou indo a uma entrevista de emprego agora. — Suspirou, olhando para o enorme prédio à sua frente. — Tenho que desligar.

Ok, boa sorte. — Desejou Harry, desligando em seguida.

Novamente o coração dela voltou a palpitar descontroladamente. Ela não entendia o motivo disso, já que sua vaga era certa. O namorado de Rose havia falado com o irmão e agora era só ir conversar com ele.

— Vamos lá, você consegue! — falou para si mesma, buscando força no seu interior. Respirou o mais fundo que conseguia e como se fosse um ato quase gigantesco colocou o primeiro pé calçado numa bota para dentro daquele prédio gigantesco que guardava não apenas uma empresa de peso no mercado econômico do país, mas também um nome extremamente conhecido para qualquer um que tivesse um mínimo de cultura econômica. Stormfield. Ela se lembra que a última vez que tinha lido esse nome, foi para ver a foto do belo Theodore Stormfield na revista Forbes como um dos homens de maior renda financeira da atualidade. Era um tanto que assustador pensar que agora, meses depois, ela estava entrando em sua empresa para se tornar babá de seus filhos.

Elisabeth adentrou o elevador e logo apertou o número do andar desejado, que logo se fez presente poucos segundos depois. Ainda um tanto deslocada ela caminhou até a mesa de uma bela jovem de olhos azuis e longos cabelos loiros, que certamente seria a empregada, visto que usava um uniforme com o nome da empresa e sentava do lado de fora da porta com os dizeres “Theodore Stormfield - presidente”.

— Bom dia! — Ela despertou a moça que logo lhe sorriu.

— Bom dia! Posso ajudá-la? — A moça sorriu de volta.

— Ah, eu sou Elisabeth Sullivan, eu tenho uma entrevista de emprego com o senhor Stormfield. — Disse prontamente.

— Prazer, Elisabeth, sou Hilary Clinton. — A moça sorriu fazendo Elisabeth franzir o cenho num ato confuso. Ela estaria brincando? Não tinha como saber se estava, principalmente por aquele olhar nada maldoso, mas ainda assim totalmente misterioso, que a secretária sorridente lhe dava.

— Como a ex-primeira dama? — Perguntou.

— Minha mãe certamente achou que seria divertido. Quem sabe eu fosse pelos mesmos caminhos, não é? — Hilary riu, contagiando Elisabeth. — Eu vou avisar ao senhor Stormfield que está aqui, Elisabeth. Espere um minuto, por favor. — Ela completou e logo se pôs de pé para caminhar para dentro da sala. Elisabeth aproveitou o momento para encarar tudo ao seu redor, e não podia negar como era de um ótimo bom gosto. Sua mãe certamente ficaria encantada se visse todos aqueles quadros e vasos que enfeitavam a sala de espera. Além disso, o cheiro amadeirado do lugar era extremamente convidativo pra ela, que agora, podia até dizer que se sentia mais calma a ponto de fechar os olhos para apenas continuar ali, naquela cadeira acolchoada que lhe aquecia os músculos rígidos, sentindo o cheiro que tanto apreciava. Porém, ela logo foi despertada quando a porta se abriu dando passagem para dois homens, um mais velho e o outro que ela, na verdade, já conhecia.

— Eu falo sério Matthew! Você precisa começar a ser mais responsável com a empresa! — O homem lhe falou enquanto o mesmo parecia fingir não o escutar.

— Claro, pai! Eu prometo que vou me tornar totalmente amargo como o senhor e me trancafiar pelo resto da minha juventude num escritório e transar com minhas secretárias. Tudo pelo bem dos Stormfields. — Caçoou, fazendo seu pai rolar os olhos.

— Quando você vai crescer, Matthew? — Ele perguntou.

— Espero que nunca! Não se for pra ficar como você. — Matthew completou fazendo o pai engolir a seco com desgosto e logo lhe dar as costas, caminhando para dentro do elevador. Matthew suspirou, mas logo levou seus olhos até o canto da sala percebendo a presença de Elisabeth ali. — Lisa! — Ele a saudou.

— Oi, Matthew. — Ela sorriu em resposta.

— Rose me disse que viria. Fico feliz em dizer que já falei com meu irmão e, com certeza, o emprego é seu. — Matthew respondeu animado. Ele era carismático desde os fios de cabelo castanhos que enfeitavam seu coro cabeludo até a ponta de seus pés. Ele e Rose já namoravam há certo tempo, e Elisabeth aprendeu a gostar dele, mesmo com esse jeito extremamente festeiro e até mesmo insolente, às vezes.

— A Rose me garantiu isso também. — Ela riu frouxo. Logo em seguida a tal Hilary saiu novamente da sala e sorriu pra garota.

— O senhor Stormfield vai recebê-la agora. — Ela falou num tom de voz baixo.

— Boa sorte. — Matthew piscou pra ela. — Nos vemos depois. — Completou e ela apenas assentiu, já se pondo de pé pronta para adentrar a sala. Ela mais uma vez respirou fundo e começou a caminhar na direção da mesma. Quando o fez, pôde ver um homem vestido num belo terno preto virado de costas pra ela encarando fielmente a janela que dava uma visão ampla da cidade lá embaixo naquele início de dia. Ela ficou inicialmente imóvel, sem saber exatamente o que devia fazer, nem ao menos sabia se ele já havia notado sua presença silenciosa ali, mas visto que alguns segundos depois ele permaneceu naquela mesma posição rígida resolveu deixar sua voz sair em seu melhor tom.

— Bom dia, senhor Stormfield, sou Elisabeth Sullivan, vim para a entrevista de emprego. — Falou. Ele logo se virou para encará-la. Nesse momento, foi impossível pra ela não deixar soltar um suspiro totalmente encantado e tímido. Aquele homem ali na sua frente, a fitou com os mais belos olhos azuis que ela já tinha visto. E isso somado a barba rala por fazer, e seus cabelos castanhos um tanto — propositalmente — desarrumados, e os músculos bem definidos e marcados dentro daquele terno que só o deixava ainda mais másculo, fazia se sentir no mínimo encantada. Mas diferente do que esperava, ele se manteve sério, não abriu um mero sorriso, nem lhe deu um simples bom dia, apenas caminhou até sua cadeira onde se sentou e fez sinal para que ela fizesse o mesmo. Ela então caminhou até a cadeira bem à frente dele e conforme sua vontade se sentou.

— Sou Theodore Stormfield. — Ele disse seco. Sua voz só o fazia parecer ainda mais sedutor. Ela era grossa, firme e decidida. E agora, aquele cheiro amadeirado parecia ainda mais acentuado, e ela pôde perceber logo, que aquele era o perfume do charmoso Theodore Stormfield, que lotava todo lugar pelo qual ele passava, e aquela sala que era sua era privilegiada a exalar aquele cheiro.

— É um prazer conhecê-lo. — Ela sorriu saindo de seu transe momentâneo.

— Você foi indicada por Matthew, meu irmão, então o cargo é seu, pois ele me garantiu que é de confiança. — Disse.

— O senhor não vai me fazer nenhuma pergunta? — Ela franziu o cenho.

— Quer o emprego ou não, senhorita Sullivan? — Ele perguntou um tanto grosseiro, fazendo-a se sentir um tanto incomodada pela grosseria.

— Sim, senhor. — Ela respondeu, ainda que incomodada, no seu tom mais educado. — É que eu pensei que, como vou ficar com seus filhos, o senhor me faria um interrogatório. — Tentou sorrir, mas a expressão de desagrado dele logo a fez manter-se séria.

— Não estaria sugerindo que não me importo com a segurança dos meus filhos, estaria? — Ele perguntou, novamente grosseiro, fazendo-a engolir a seco.

— De maneira alguma, eu só... — Ela ia se explicar, mas ele logo a cortou.

— Eu já disse que a senhorita foi indicada pelo meu irmão, que certamente é a pessoa pela qual tenho maior confiança nesse mundo e somente por isso está sendo aceita sem formalidades, pois ele me garantiu que é qualificada e de confiança. — Theodore falou e ela apenas assentiu. — Agora vamos a algumas regras. — Continuou falando. Ela logo pegou um bloco de notas a fim de anotar tudo o que ele lhe diria. — Preciso que fique diariamente em minha casa, inclusive aos finais de semana, e nos mesmos, estará livre depois do horário de almoço de meus filhos. — Falou.

—Eu vou ter que morar na sua casa durante a semana? — Ela perguntou pausadamente. Certamente Rose esqueceu de lhe dar esse detalhe de extrema importância.

— Sim. Obviamente que se tiver compromissos ou imprevistos pode ir para sua casa, portanto que me avise antes e no dia seguinte esteja pontualmente lá para buscar as crianças e levá-las até a escola. – Ele falou sem muitas expressões e ela apenas balançou a cabeça em sinal positivo. — Além disso, vai levar meus filhos a todos os lugares onde eles precisam ir, os alimentará e dará banho, colocará na cama para dormir, ensinará o dever de casa, enfim, fará tudo o que precisarem. — Explicou. Por um momento ela quis ironicamente dizer que faria tudo o que ele deveria, como pai, fazer, mas preferiu se manter quieta, afinal, sabia o quanto precisava desse emprego e não desperdiçaria a oportunidade de maneira alguma. — Agora vamos, vou levá-la até minha casa para que conheça meus filhos. — Ele disse já se pondo de pé. Elisabeth, um tanto assustada, levantou junto a ele e começou a caminhar também, tentando acompanhar o ritmo de seus passos apressados e longos. — Senhorita Clinton, por favor, dispense minhas reuniões até as três, pois preciso ir até minha casa, e remarque todas pra amanhã. — Pediu.

— Claro, senhor Stormfield. — Ela respondeu carinhosa.

Logo eles estavam no elevador ainda em silêncio, e foram até ao estacionamento do prédio onde um homem uniformizado esperava prontamente ao lado de um carro que certamente havia custado uma pequena fortuna. No mesmo instante que os dois se aproximaram, o homem abriu a porta e Theodore fez sinal para que ela adentrasse o veículo. Ela apenas o obedecia, queria causar uma boa impressão, mas ele não parecia se importar com nada disso, e o pior era que apesar do gênio um tanto grosseiro e seco dele, ela ainda conseguia sentir as pernas tremerem toda vez que ele deixava sua voz sair pela boca. — Tenho três filhos. — Ele a despertou. — Gregory, de quinze anos, Annabeth de sete anos e Joshua de cinco anos. — Falou.

— São belos nomes. — Ela sorriu.

— Obrigado. — Ele respondeu sem dar muita atenção para o que ela disse. — Gregory está passando por uma fase difícil, sabe como são os adolescentes. Ele está rebelde e um tanto insolente, por isso saiba que espero que tenha pulso firme com ele e o supervisione com toda a atenção que tiver, pois não o quero metido em confusões. — Completou.

— Tudo bem. — Ela respondeu, mas dentro de si só se perguntava como faria um adolescente mimado e rebelde de quinze anos a obedecer. Preferia pensar que aquilo era exagero do encantador senhor Theodoro Stormfield.

— Annabeth faz balé, e é crucial que ela esteja pontualmente em todas as suas aulas as terças e quintas as quatro. Já o Joshua tem colégio pela manhã, mas está em casa todos os dias no turno da tarde, então terá que criar atividades para deixá-lo entretido, pois preciso esperar mais algum tempo até que possa colocá-lo em alguma aula de língua estrangeira. — Explicou.

— Entendido. — Elisabeth sorriu.

— E senhorita Sullivan. — Ele começou a falar, mas ela o cortou.

— Ah, o senhor pode me chamar de Lisa se quiser. — Ela disse. Não que não gostasse de seu nome, mas o apelido Lisa era algo que ela particularmente apreciava e preferia. Sua mãe sempre a chamou assim, e os amigos também. Obviamente o senhor Stormfield não era um amigo, tampouco um parente carinhoso, mas era extremamente estranho ouvir o modo como ele a chamava pelo sobrenome.

— Posso apresentá-la assim aos meus filhos se preferir, mas não vejo o porquê dispensarmos formalidades entre nós dois, já que nossa relação será unicamente profissional. — Ele disse curtamente e mais grosso ainda do que todas as outras vezes. Mais uma vez aquele encanto por aquele homem extremamente belo lhe parecia loucura. Como se encantar por alguém que parecia simplesmente detestá-la e a cada tentativa de simpatia dela lhe cortava lhe dando um fora nada delicado? Estava certa de que ele não tinha ido nem um pouco com sua cara, e só torcia para que a relação com o resto da família fosse um pouco mais agradável. Elisabeth era forte e determinada, mas tinha que admitir um ponto fraco: odiava se sentir falhando, e seu outro defeito, talvez o maior de todos era o quanto era emotiva. Chorar não era um problema pra ela, na verdade sempre que se sentia falhando ela podia chorar e se quer saber, ela podia chorar agora mesmo recebendo aquelas grosserias de seu mais novo patrão, mas estava decidida a conseguir passar por isso. Precisava do cargo e o dinheiro que ganharia era o suficiente para que engolisse as lágrimas, os desaforos, e bancasse a insensível.

— Claro, senhor. — Respondeu depois de respirar fundo.

— Como eu ia dizendo, senhorita Sullivan, a última regra é que não me incomode enquanto eu estiver em meu escritório. Gosto de tirar alguns dias da semana vez ou outra para trabalhar em casa, pois assim dispenso reuniões demoradas, e nesses dias eu exijo que mantenha meus filhos ocupados para que não me atrapalhem, e, ao menos que alguém em minha casa esteja morrendo, acho bom que a senhorita também não me incomode. — Disse secamente.

— Entendido. — Ela respondeu. Achava totalmente absurdo o que ouvia. Ela teria que além de cuidar de seus filhos e fazer o papel dele, e deixá-los entretidos o suficiente para que os mesmos não percebessem a presença do pai.

— E antes que me pergunte se não passo tempo com meus filhos... nós jantamos juntos todas as noites, e aos finais de semana após o almoço nós interagimos. — Disse. Elisabeth apenas sorriu como respostas. O que significava “interagimos”? Levando em consideração sua personalidade nada carinhosa podia imaginar que ele cumprimentasse os filhos, lhe dava alguns presentes e ligava a Tv enquanto os mesmos brincavam correndo pela casa. Ele logo estacionou em frente a uma bela, e, diga-se de passagem, enorme casa. O motorista — que se manteve calado por todo o trajeto — abiu a porta do carro e Theodore saiu começando a caminhar na direção da entrada. Ela apenas o seguiu — depois de agradecer ao homem —, estando poucos segundos depois parada no meio da sala de estar mais bela que já tinha visto em toda vida. Mas logo uma menina de longos cabelos castanhos correu na direção dos dois e pulou nos braços do pai, o que certamente a surpreendeu.

— Papai! — A doce menina disse animada.

— Olá, princesa. — O pai respondeu, ainda um pouco seco, mas mais carinhoso do que Elisabeth poderia imaginá-lo.

— Vai ficar em casa hoje? — Ela perguntou.

— Não, eu só vim apresentar a vocês a nova babá. — Ele disse fazendo a menina finalmente notá-la ali. — Seja educada e a cumprimente, Annabeth. — Theodore falou antes de colocá-la no chão.

— É um prazer conhecer você, sou Annabeth. — Ela disse carinhosamente fazendo Elisabeth sorrir.

— Também é um prazer, querida. — Ela sorriu.

— Esta é a Lisa. — Theodore falou. Nesse momento, Elisabeth o encarou como se estivesse totalmente chocada. Tudo bem que ele dispensou chamá-la dessa maneira, mas quando saiu de sua boca, parecia tão doce e tão envergonhado ao mesmo tempo, como se ele tivesse exigido muito de si pra falar algo... Íntimo. Além do mais, ela se sentiu feliz por perceber que, ele mostrava ter — ainda que no mais profundo de si — algo realmente bom.

— Lisa... — A menina sorriu, após proferir o nome. — Gostei de você. — Completou.

— Eu adorei você, Annabeth. — Elisabeth respondeu carinhosa. Nesse momento, um menino, que provavelmente devia ser Joshua, Elisabeth pensou, veio correndo também, porém não na direção do pai, mas sim na dela como se estivesse realmente afobado por ver alguém diferente.

— Oi! — Ele disse fazendo-a rir.

— Olá, Joshua. — Elisabeth falou carinhosa.

— Como sabe quem eu sou? – Ele perguntou esperto, com uma carranca desconfiada. — Nem nos conhecemos ainda. — Completou.

— Seu pai me contou sobre você. — Ela sorriu fazendo-o rir.

— Você é muito linda. — Joshua disse em seu tom de voz infantil que só o tornou ainda mais amoroso pra Elisabeth.

— Obrigada, você é que é lindo. — Elisabeth riu totalmente sem jeito, enquanto o cumprimentava.

— Vá se acostumando, senhorita Sullivan. Joshua é extremamente galanteador. — Theodore sorriu pra ela. Mais uma vez aquele encanto. Ele tinha... Sorrido. Nem sequer pensou que isso era possível, mas logo aquele sorriso estonteantemente lindo se desfez quando um rapaz, que provavelmente era Gregory, veio caminhando em passos brutos até o recinto.

— Olha você está em casa! Quem diria... faz quanto tempo? — Ele perguntou sarcástico para o pai.

— Controle suas palavras, Gregory. — Theodore advertiu com impaciência.

— Tanto faz, eu to saindo. — Desdenhou o mais novo, começando a andar em direção à porta.

— Volte já aqui! Você não vai a lugar algum! — Theodore vociferou, com a face vermelha. Elisabeth pôde sentir que ali havia muito mais do que um simples ato de rebeldia. Claramente, Gregory tinha problemas sérios de relacionamento com o pai, diferente dos mais novos. — Quero que conheça a Lisa, a nova babá de vocês. — Disse, tentando controlar a voz, para não assustar as crianças. Mais uma vez ela sorriu mentalmente ao ouvir ele chamá-la pelo apelido.

— Babá? — Gregory riu zombeteiro. — Diz que tá mentindo?! Eu tenho quinze anos! Por que eu precisaria de uma babá? — Perguntou enquanto cruzava os braços e encarava o pai.

— Ah... não me veja como uma babá. Eu só estou aqui pra ajudar... sabe... no que você precisar. — Elisabeth deu de ombros, tentando quebrar o clima tenso, chamando a atenção pra si.

— E quem disse que eu preciso da sua ajuda? — Gregory retrucou no seu tom mais estúpido, algo que fez Elisabeth se irritar.

— Você não tem educação? — Ela questionou também grosseira.

— E você não tem respeito? Sou seu patrão, não fale assim comigo! — Gregory retaliou no mesmo tom.

— Na verdade, eu sou o patrão dela, e dei a ela a liberdade para que tenha pulso firme com você. — Theodore interveio. Teria sido isso uma defesa?

— Tanto faz! — O jovem bufou, rolando os olhos.

—Parece que vamos nos dar muito bem. — Ela ironizou, sorrindo em seguida.

— Não liga pra ele. — Pediu Annabeth. — Gostamos de você. — Completou fazendo-a rir.

— Obrigada. — Ela agradeceu, alisando os cabelos longos da menina.

— Bom, agora que já se conhecem, a senhorita está liberada e meu motorista irá levá-la em casa. Você começa amanhã mesmo. — Theodore informou ainda seco. — Mandarei um carro ir buscá-la às sete horas em ponto, senhorita Sullivan, e por favor, não se atrase, quero que eles cheguem em ponto no colégio. Mandarei para o seu e-mail todos os endereços para que planeje hoje mesmo as rotas para que não haja imprevistos. – Completou.

— Tudo bem, senhor Stormfield. — Ela respondeu um tanto seca também. Ele apenas balançou a cabeça em despedida e deu meia volta para abrir a porta para que Elisabeth saísse pela mesma e ela assim o fez sem hesitar, logo depois de se despedir de Joshua e Annabeth e lançar um olhar temeroso para Gregory que apenas rolou os olhos. — Obrigada pela oportunidade. — Ela agora direcionou seus olhos para Theodore e sorriu.

Theodore não sabia exatamente os motivos, mas sentiu todo seu organismo vibrar com a intensidade daqueles olhos azuis de Elisabeth. Na verdade toda ela em sua juventude e carisma parecia transbordar intensidade, uma intensidade que ele já havia esquecido que conhecia. Ela era viva e extremamente bela aos seus olhos, e isso não podia negar.

— Não há de que, senhorita Sullivan. — Respondeu novamente seco. Não entendia porquê ela ainda sorria pra ele depois de suas grosserias. Se perguntava o que passava dentro dela, mas esses pensamentos pareciam torturá-lo e era preferível abandoná-los. Fechou a porta atrás de si e encarou os filhos. Era impossível não sofrer ao encarar os olhos de cada um deles ali, especialmente o de Gregory que carregava desde anos atrás aquele mesmo rancor pelo pai. Amava os filhos, e sabia disso, mas a dor era profunda demais para que permanecesse ali com cada um deles. — Tenho que voltar para o trabalho. — Anunciou.

— Papai, fica com a gente. — Pediu Annabeth fazendo certo charme.

— Esquece, Annabeth! — Cortou Gregory com rispidez. — Ele não liga pra gente. — completou com desgosto na voz antes olhar de relance para ele de dar as costas abandonando o local, fazendo Theodore suspirar.

— Sinto muito, filha, mas não posso ficar. — Lamentou, alisando o pequeno rosto da menina que fez um bico.

— O senhor volta pra botar a gente na cama? — Perguntou Joshua o olhando atentamente.

— Eu não sei. — Ele respondeu passando levemente a mão sobre o rosto do menino e logo se levantou e saiu, batendo a porta atrás de si. Respirou fundo, e sacudiu a cabeça para finalmente abandonar todos os pensamentos e lembranças que só o faziam se sentir ainda pior consigo mesmo. Respirou fundo e, de repente, pôde ver os olhos dela. Aquela imensidão azul, extremamente convidativa de novo. Se odiava por estar pensando nisso, mas ao mesmo tempo era uma visão que relaxava seus músculos e o tirava da escuridão de suas lembranças pesarosas. Porém, era totalmente absurdo e por isso novamente sacudiu a cabeça para abandonar aquela imagem e se pôs a caminhar em direção ao seu carro para finalmente voltar ao trabalho.

****************

Naquele mesmo dia mais tarde, Elisabeth finalmente havia chegado a sua casa. Estava cansada, fora longo o caminho até que finalmente pudesse se sentar e tirar os sapatos para relaxar. Harry e Jennifer logo a saudaram quando perceberam sua presença ali. Jennifer e ela moravam juntas já há algum tempo e eram grandes amigas desde a infância. Achava incrível a beleza da amiga que tinha grandes olhos e cabelos castanhos cortados na altura da orelha, sem contar com sua seriedade totalmente responsável e carisma admirável. Já Harry, era certamente alguém que ela apreciava ter por perto. Ele era a pessoa mais capaz de fazê-la rir no mundo. Carismático e cheio de charme — que por sinal ele amava jogar pra cima dela que precisava sempre voltar a lembrá-lo que eram apenas amigos — Harry carregava em seu belo rosto, olhos num azul tímido e cabelos longos até a testa e castanhos também. Ela riu vendo os dois ali cobrindo-a de perguntas sobre o famoso Theodore Stormfield antes mesmo dela se acomodar.

— Me conta como foi. — Jennifer se adiantou, puxando-a para se sentar perto deles.

— Foi um pouco tenso, eu acho. — Ela fez uma careta fazendo os dois rirem.

— Lisa, o que importa é que conseguiu o emprego e vai ficar extremamente sexy como babá. — Harry falou fazendo-a rir.

— Você é mesmo um pervertido, Harry. — Jennifer rolou os olhos antes de rir também. — E como ele é? — Perguntou curiosa.

— Bom... — Elisabeth riu frouxo, totalmente sem jeito. — Ele é meio grosseiro e distante. — Informou com um suspiro.

— Ele te tratou mal? — Perguntou Harry fechando a expressão.

— Ele me deu algumas patadas na verdade, mas ele parecer ser simplesmente assim, e bom... eu preciso do emprego então ignorei isso. — Completou, dando de ombros.

— Que bom então. Meninas... eu tenho que ir agora. — Harry sorriu já se levantando. — Parabéns pelo emprego, Lisa. — Ele piscou pra ela e logo depositou um beijo demorado em sua bochecha enquanto ela sorriu em despedida.

— Vê se quando aparecer de novo traz mais geleia já que você comeu todas que tinham aqui. — Jennifer pediu fazendo todos rirem.

— Pode deixar! — Ele respondeu antes de fechar a porta atrás de si.

— Agora que o Harry já foi pode falando. — Ordenou Jennifer, marota. — Não foi apenas aquilo que achou sobre o senhor Stormfield, eu te conheço então me conta tudo. — Pediu.

— Não sei do que está falando. — Elisabeth rolou os olhos antes de sorrir.

— Lisa, te conheço desde sempre, e você não me engana, você está nas nuvens. — Ela riu. — Me conta, ele é tão lindo quanto nas fotos da Forbes? — Perguntou. Elisabeth riu por um segundo, como se lembrasse da presença máscula e desafiadora dele.

— Ele é lindo. — Admitiu ela, deixando suas bochechas corarem.

— Sabia que tinha mais pra falar! Anda, me conta tudo, Lisa! — Pediu Jennifer quase que numa súplica.

— Eu odeio abrir a boca pra dizer isso, mas confesso que quando o vi num primeiro momento fiquei totalmente encantada. — Elisabeth suspirou. — Ele é alto, forte, e os olhos dele são lindos. — Ela riu. — Ah, e ele tem uma voz grossa, sabe? Sem contar o cheiro dele e de todo aquele escritório dele, que são maravilhosos. — Completou ela, olhando para o teto com um sorriso bobo.

— Parece incrível. — Jennifer riu.

— É, mas sei lá, ele parece tão infeliz. Quando olhei nos olhos dele eu realmente vi uma carga de tristeza, não sei explicar, talvez seja loucura minha, mas parece que ele carrega uma dor dentro de si. — Sua voz agora era fraca.

— Nossa, que tenso, não é? — Jennifer fez uma careta. — Mas eu imagino o que seja isso. — Completou.

— Como assim? — Elisabeth franziu o cenho.

— Bom, você lembra que um dos trabalhos que eu fiz pra aula de jornalismo investigativo foi sobre ele e sua família? — Perguntou, tentando lembrá-la.

— É verdade, tinha me esquecido disso. Mas o que tem isso? — Elisabeth a olhou com curiosidade.

— A questão é que a esposa dele morreu num acidente de carro, pouco tempo depois do filho mais novo dele nascer. — Jennifer explicou.

— Acho que a Rose me disse algo a respeito também. — Disse, com um olhar perdido e totalmente sério.

— Certamente ele se abalou muito com isso. — Jennifer torceu os lábios.

— Provavelmente sim. — Elisabeth concordou prontamente. — Bem... eu vou tomar um banho, olhar no e-mail os endereços dos locais no qual terei que levar as crianças e dormir. Preciso estar na casa dele cedo amanhã. — Completou.

— Vai sim, e descansa. — Jennifer sorriu.

***********************

Enquanto isso, Theodore ainda se encontrava em sua sala, porém não estava sozinho. Sua avó caminhava de um lado para outro em sua costumeira altivez. O barulho dos saltos ecoando contra o piso já estava começando a irritá-lo de certa forma. A mania que ela tinha de se meter em todas as decisões — sendo da empresa ou de seus filhos — o irritava completamente.

— Tem como a senhora parar de ficar andando de um lado para o outro, por favor? — Pediu ele, controlando sua voz para não sair irritada.

Georgia parou de andar no mesmo momento e encarou o neto com a sobrancelha erguida. Por mais que ele aparentasse ter um punho de ferro, que aparentasse poder, ele não passava de um irresponsável amargurado. Era fraco, e ela precisava mudar isso nele.

— E como você quer que eu pare de fazer isso tendo você feito o que fez? — Retrucou ela, cruzando as mãos atrás do corpo e o olhando de cima. — Foi uma total irresponsabilidade contratar uma jovem inexperiente para cuidar dos seus filhos. —Acusou.

— Matthew me garantiu que ela é de confiança... — ele iria terminar sua explicação, porém ela o cortou.

— E desde quando o que Matthew fala é levado a sério por você?

— Ele é meu irmão! — Ele a olhou com irritação. Ela era tanto avó dele como do seu irmão. Não deveria usar tanto desprezo na voz para falar dele.

— E é meu neto e nem por isso eu o levo a sério. — Retrucou com desdém. — Se você tivesse falado comigo, eu arrumaria uma babá de renome, com o currículo excelente.

— Porém eu não falei. — Ele bufou, se levantando. — Olha, eu não vou discutir isso. Eu já decidi que vai ser ela e pronto. E não venha a senhora intervir, pois os filhos são meus e quem sabe o que é bom ou ruim para eles sou eu! — Vociferou, apontando o dedo para sua avó. Já não aguentava mais.

— O que é isso? — Questionou ela o olhando incrédula. — Desde quando a sua arrogância chegou nesse nível? Isso é jeito de me tratar? — Cuspiu, o olhando com ódio. — Pois bem... faça o que quiser com seus filhos, mas eu espero que esse seu ato irresponsável não afete o nome da nossa família. — Advertiu, voltando a caminhar, só que em direção à cadeira onde havia deixado a sua bolsa.

— Não vai manchar nome de família nenhuma, vovó. É só uma babá. — Ele suspirou cansado, tentando se acalmar.

— Pois assim eu espero. —Ela o olhou por cima dos ombros e caminhou até a porta, fechando-a atrás de si.

— Inferno! — Praguejou Theodore, dando um soco na mesa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

CAST:

Alexandra Daddario como Elisabeth Sullivan
Henry Cavill como Theodore Stormfield
Seamus Davey-Fitzpatrick como Joshua (Josh) Stormfield
Asa Butterfield como Gregory (Greg) Stromfield
Mackenzie Foy como Annabeth Stormfield
Natalie Portman como Summer Stormfield
Alexander Skasgard como Logan Donovan
Chace Crowford como Harry Trent
Lily Collins como Jennifer Hunnan
Scott Eastwood como Nicholas Phillips
Jennifer Connely como Ava Sullivan
Meryl Stripp como Georgia Stormfield
Michelle Pfeiffer como Christina Stormfield
Robert De Niro como Jhonatan Stormfield
Gerard Butler como Paul Wollin
Gemma Arteton como Victória Trumbell
Amanda Seyfried como Hillary Clinton
Zendaya como Laura Parker
Hugh Dancy como Matthew Stormfield
Deborah Ann Woll como Rose Newman



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Behind Blue Eyes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.