O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 40
Capítulo 40 - Sob o ceú negro, com os pés na grama


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?!
Sabem, há um tempinho atrás, descobri que meu querido professor de Educação Física também é fã dos Barbixas.
Nem é preciso dizer que surtei.
Tenham uma boa leitura!



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Como sempre, não haviam estrelas. As poucas que se viam, certamente estavam longe, a muitos anos luz.

Da varanda, Luana procurava por alguma, a menor que fosse. Mas infelizmente só havia o breu da noite e os raios solares no oriente, quase invisíveis aos olhos humanos. Estava frio e ventava forte.

Logo, sentiu algo tocar seus pés. Olhou para baixo e viu o pequeno filhote, dócil e tênue. Abaixou-se e o segurou nos braços. Voltou para a sala e fechou a porta de vidro que dava para a varanda. Sentou-se confortavelmente no sofá azul e começou a acariciar-lhe os pelos. Não teve noção de quanto tempo se passou ali. Só sabia que estava com os pensamentos longe, como já era de ser.

– Já está babando pelo Ozzy de novo, Lua? – Ellen apareceu repentinamente, com um saquinho de amendoins doces em mãos.

– Claro. Eu gosto dele. E você já está comendo esses benditos amendoins de novo, Ellen?

– Claro. Eu gosto deles. – A morena piscou para a outra, esta que agora punha o filhote no chão novamente. – Ozzy... Sabe, ainda tenho que me acostumar com essa ideia de que você saiu com as mãos abanando e voltou com um cachorro nos braços.

– Ah vai me dizer que ele não é uma gracinha?

– Claro que é. E ai de quem achar o contrário.

Um celular começou a tocar e Luana foi até ele às pressas. Certamente, já sabia de quem se tratava. Afinal, os horários em que o barbixa ligava eram típicos de seu conhecimento.

– Oi, Dan.

– Oi, ruiva.

– O que quer de mim?

– Nossa! É assim que me recebe? Tudo bem, tchau.

– Ei! – Ela ouviu risos.

– Brincadeira. Eu não costumo desligar na cara dura. Ainda mais quando quero convidar uma adorável moça pra sair.

– Sair?

– É. Tipo... sair de casa.

– Interessante essa sua explicação.

– Então? Topa?

– Claro, por que não?

– Ótimo. Vamos pra um lugar meio diferente hoje.

– E onde seria?

– Só posso dizer que é um ambiente natural. Nada de prédios e outras coisas mais.

– Pra mim, está perfeito.

– Ótimo! Chego aí em duas horas.

Luana pôs o aparelho sobre a mesa e virou-se para Ellen, com um belo sorriso.

– Que foi?

– Vou sair. – Ela bateu ligeiras palmas na altura do rosto.

– Quando será que eu vou arrumar um homem pra me levar pros cantos?

– E quem disse que você precisa de homem pra te levar pra sair?

– Hm... tem razão. Vou chamar as meninas pra madrugarem comigo, isso sim!

– Muito bem. Te acompanharia com muito prazer se eu já não fosse sair e se frequentasse baladas.

– Tudo certo. Tenho quase certeza de que a sua noite vai ser BEM melhor que a minha.

– Por que será que você acha isso não é, cara amiga? – Luana indagou irônica. – Só pensa em sexo, criatura!

– Já é de se esperar de alguém que está solteira há meses.

– Por esse lado você tem razão.

– Mas vamos logo nos arrumar, pois hoje a noite promete.

...

Luana então entrou no elevador e desceu os nove andares. Enquanto isso, olhava seu reflexo no espelho que havia dentro. “Será que a roupa está boa?” Perguntava-se, visto que usava uma blusa de moletom e calça jeans. Sim, dava pro gasto. Eram peças típicas para se usar em uma noite de frio como aquela. Arrumou os cabelos soltos e checou a hora pela milésima vez: 19:41. A porta abriu e ela dirigiu-se até a saída do prédio. O porteiro não estava lá dessa vez, sabe-se lá o porquê.

Já do lado de fora, ela procurou pelo carro de seu acompanhante. Era esperado que ele estivesse em frente à portaria como sempre fazia, porém isso não aconteceu. Haviam muitos veículos estacionados na rua aquela noite. Até que ao longe, viu um homem acenar para ela. Daniel.

Ao se aproximar, ela o via cada vez mais de perto, possibilitando assim que o enxergasse com mais nitidez. Ele usava um traje parecido com o dela. Trocaram olhares sérios, logo substituídos por sorrisos.

– Por que tão longe?

– Os carros estavam ali. Não tinha como estacionar mais perto que isso.

– Hum...

– Então, sem mais delongas... – A agarrou, beijando seu pescoço perfumado e seus belos lábios. Ela se deixou levar, enquanto punha uma das mãos em sua nuca e com a outra acariciava sua blusa quente e macia. De longe, pôde-se ouvir o estalo ao final do beijo. – Frio?

– Sim.

– Vamos pro carro. Lá está mais quente. – Ela ia abrir a porta do veículo, quando foi interrompida por ele. – Deixa que eu abro.

– Quanto cavalheirismo.

– Eu sou um cortês.

– Tá bom, cortês. Onde vamos exatamente?

– Eu disse que era em um lugar natural, certo?

– Certo.

– Então... é pra lá que nós vamos.

– Mas, lá onde?

– Você vai descobrir.

E foram, para “sabe-se lá onde”. Custaram um pouco a chegar. Por diversas vezes Luana tentou adivinhar para onde iriam, todas as tentativas falhas. Afinal, era difícil encontrar um lugar em uma cidade grande como São Paulo, onde houvesse natureza, paz e silêncio.

Era um parque enorme, repleto de árvores de todos os tamanhos, muitas flores e um grande gramado ao centro. Ao redor, havia a iluminação de postes de luz, e pequenos grupos de pessoas e casais sobre a grama verde e aparada.

– E... o que é isso mesmo?

– Chama-se: piquenique noturno. Coisa que uma mulher capitalista como você talvez não conheça.

– Como se você fosse a pessoa mais socialista do mundo, não é?

– Não, mas não pensei em um adjetivo melhor pra usar.

– É sério então?

– Lógico. Gostou da ideia?

– C-claro. – Gaguejou. Era felicidade demais.

Daniel pegou a mochila no banco de trás do carro e levou-a em sua mão. Seguiram até onde estavam as outras pessoas, uma distância de poucos metros.

– Eu nunca havia feito um piquenique. Juro pra você.

– Sinceramente, eu também. Mas daí veio a ideia à cabeça e eu pensei “Por que não?”.

– Já se deu conta de como suas ideias são incrivelmente incríveis?

– Então eu tenho ideias incríveis...

– ...sempre.

Logo sentaram sob um dos ipês, desfloridos naquela época do ano. Foram muitas conversas, sussurros, risos e mais risos.

– Você quem fez isso? – Perguntou ela enquanto comia um dos sanduíches que foram tragos em sua mochila.

– A Silvia.

– Essa mulher tem mãos mágicas. – Enquanto isso, uma música começou a tocar ao longe. Parecia ser clássica ou algo desse gênero. De onde quer que ela estivesse vindo, daria para ouvir a uma distância razoável. Um dos casais que estavam a poucos metros dali, levantou-se e começou a ariscar discretos passos de dança. Pouco tempo depois, um outro levantou-se também e fez o mesmo. Luana os observava de longe, até que sua distração foi cortada pela voz do barbixa ao seu lado, que disse-lhe baixo:

– Quer dançar também?

– Não. Definitivamente, não sei dançar.

– Idem. Os micos que você pagar, eu também pagarei. – Ele ajoelhou-se, ameaçando ficar de pé. – Vem? – Ainda insegura, Luana pensou que por mais que fosse totalmente desleixada em tal ação, não poderia deixar passar uma oportunidade como essa.

– Tudo bem.

– Bem, me dá a honra dessa dança?

– Com muito prazer. – Ela manteve o tom da pergunta, concedendo-lhe a mão.

Dançando lentamente e discretamente, eram aos poucos embalados pelo som do violino e do piano. Era praticamente mágico estar ali, sob o céu negro, com os pés descalços na grama, e abraçada a uma das melhores companhias que se poderia ter.

– Isso é surreal. – Sussurrou ela, ao pé de seu ouvido.

– Por quê? – Perguntou ele, também em sussurros.

– Se eu explicasse, talvez levasse a noite inteira.

– Gosto da sua voz, e não me importaria em te ouvir falar por horas e horas.

– Em suma, porque você não é um cara qualquer. – Ele riu fraco.

– Eu sou sim. Sou só um cara que gosta de Beatles e Monty Python, e que ganha a vida das piadas que faz.

– Mais especificamente, piadas ruins.

– Então quer dizer que não trabalho direito, minha cara?

– Você tem a incrível capacidade de ser um dos melhores, mesmo com certas piadas tão sem graça. – Ela viu formar-se um leve sorriso em seu rosto. E ele, desprendeu-se dela e rodou-a frente a si, ao ritmo da música clássica. Três angelicais giros, que finalizaram-se nos braços do mesmo, possibilitando-o sentir seu hálito quente e seus batimentos acelerados.

– Não quer finalizar a noite em outro lugar?

– Você sempre se supera nesses modestos convites.

– Eu sou demais.

– E convencido.

...

Quase meia hora depois, lá estavam eles no prédio em que a ruiva morava.

– Tem certeza que não tem ninguém? – Perguntou ele, enquanto estacionava o carro.

– Ellen saiu, e com certeza não volta hoje. – Por sua visão periférica, Luana pôde perceber um sorrateiro sorriso por parte dele.

Enquanto subiam, no elevador, ele já dava moderadas tentativas de agarrá-la.

– Pare com isso. As câmeras. O porteiro pode nos ver. – Ele pareceu não se importar com tal aviso.

Entraram na sala, até então escura. As luzes foram acendendo-se de uma a uma, aos poucos. Ele começou a tirar os próprios sapatos e a blusa de moletom, pondo-os ao lado do móvel azul. Só então Luana viu que ele vestia outra camisa por debaixo, branca. Tirou também o óculos e o relógio, pondo-os sobre a rack da sala.

Passou uma das mãos pelos cabelos castanhos e lhe depositou um simples beijo no lábio inferior. E outro, e mais outro, até cravar sua boca na dela. Clamando por mais, o beijo se fez duradouro e intenso. Por um curto período de tempo, ele cessou tal ato e uniu sua testa à dela, enquanto abria o zíper frontal de sua blusa.

– Eu quero beijar cada centímetro dessa perfeição de corpo. – Sussurrou baixo, fazendo-a sorrir involuntariamente.

Depois de descer a blusa por seu ombro e por seus braços, deixando a peça cair no chão, ela o segurou pela camisa e o levou até o quarto, onde tudo estava um breu, sendo unicamente iluminado pelas luzes que vinham da rua e passavam pelas frechas da janela.

Na cama, se pôs sobre ela, ao apertar seu pescoço com uma das mãos e com a outra sua coxa, pronto para mais. Foi então que lembrou-se de algo, e paralisou imediatamente.

– O que foi, Dan?

– Eu esqueci. Como pude ser tão burro? – Disse, levantando-se e sentando-se ao seu lado.

– Esqueceu? De que?

– De trazer preservativo. – Em milésimos de segundo, ela soube o que responder.

– Não tem problema, afinal já estamos aqui. – Ao dizer isso, e puxa-lo para si, ele a negou.

– Está maluca? Já pensou se você engravida? E aí?

– Eu tomo pílula. Simples assim. – Ele pareceu inseguro.

– E se falhar? Ou se você esquecer?

– Fique tranquilo, não vai acontecer nada disso. Hum? – Luana começou a puxa-lo novamente. Ainda receoso, ele acabou se rendendo. Não conseguiria resistir àquela mulher.

Começaram a beijar-se novamente, enquanto já livravam-se das demais roupas que ainda estivessem para ser tiradas.

Ele notava sua respiração, mais rápida que o normal. Tentava absorver comumente as desordenadas e caóticas sensações que sentia em si. Sensações essas, talvez causadas pela paixão e absurda felicidade de tê-la consigo.

Lá fora, o vento já não soprava mais, a lua não podia se ver, e tão pouco haviam motivos para que a noite se tornasse menos plena.


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Notas finais do capítulo

"Lembrando que se esse vídeo for pro youtube, nunca se esqueçam de usar camisinha, garotada! O titio Elídio falou besteira, foi só uma piada! Ê!" NASCIMENTO, Daniel.
Quem lembra?!
Façam das sábias palavras de Daniel, as minhas.
Obrigada por lerem e até a próxima!



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