O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 39
Capítulo 39 - Um presente


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Tenham uma boa leitura.



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E lá estavam os cinco, na sala. O lugar era amplo e espaçoso. Haviam dois sofás da cor parda e o mesmo número de pufes vermelhos no canto. A parede que dava para a grande TV, era no tom grafite, tendo um rack de madeira logo ao seu centro. A decoração era modesta, porém bem planejada.

Era a casa de Marco, este que agora assistia atentamente ao trielo de caraoquê entre Elídio, Anderson e Maurício. Eles mais gritavam do que cantavam. A música da vez era “Mulher de fases”. De pé, os três pulavam, achavam graça e exaltavam-se ao som da guitarra e da bateria.

Marco e Daniel, observavam-nos a gargalhar. Qualquer pessoa que passasse em frente à casa naquele momento acharia que fosse habitada por doidos.

– Uoooouuu! – Elídio disse animado. – Tirei a maior nota! Tomem essa! – E apontou para os dois competidores, ainda com os microfones em mãos.

– Tá errado! Não tem como VOCÊ ter tirado nota máxima. – Disse Anderson dando ênfase ao “você”.

– Cala a boca! Aceita que eu ganhei! Rá! – Repôs ele, ainda sorridente.

– Eu não sei você, Anderson, mas eu quero revanche. – Maurício propôs.

– Pois eu aceito! – Sanna confiante, os desafiou.

– Ah não! Vou ficar surdo! – Marco dramatizou pondo as mãos na cabeça.

Entretanto ninguém pareceu ligar para ele e seu drama convincente, e portanto, lá foram eles para mais uma rodada.

– Marcão. – O barbixa ao seu lado o chamou.

– Fala.

– Eu não aguento mais ouvir isso.

– Nem eu. Vamos logo sair daqui. – O moreno levantou-se do sofá, indo para mais à dentro da casa, seguido pelo amigo.

– Velho, eles estão cantando mal pra burro.

– Se você chama aquilo de cantar... pra mim aquilo é berro. – Gargalharam enquanto ouviam mais vozes desafinadas vindas da sala.

– Até daqui dá pra ouvir.

– Hum... vamos aproveitar que eles estão perdendo a voz pra comer umas coisinhas ali. – Marco andou poucos metros até a geladeira, de onde tirou um belo bolo de chocolate. Ou aos menos, metade dele.

– Por que ninguém nunca me dá a oportunidade de emagrecer, hein?

– Tudo bem, então você decide se não vai comer pra manter esse seu corpo “esbelto” ou se vai matar a fome. – Ele usou aspas com os dedos quanto ao “esbelto”. O outro o olhou com cara de dó.

– Tá, eu não resisto. – Fatiaram o bolo e puseram nos pratos. Comiam discretamente e em silêncio, talvez para que os outros não os notassem. Afinal, o objetivo ali era que sobrasse mais para ambos.

– E como vai a Lua?

– Lua?

– Huhum.

– Ela... surge lá pras seis da noite, no céu, bem alta e brilhante.

– Rárá. – Riu irônico. – Como você é engraçado, Daniel Nascimento. Você me entendeu.

– Ok, Senhor Guardião dos Segredos da Vida Alheia. Ela vai bem. A propósito, hoje mesmo vou dar um presente bem bacana à ela.

– Ah é? O que? – Nesse momento, os outros três invadem a cozinha.

– AAAAAEEEEEE. – Elídio gritou, praticamente derrubando Marco da cadeira.

– AI, LICO! QUE SUSTO, CARA!

– Estão escondendo o bolo da gente? É isso mesmo, produção? – Anderson indagou, logo sentando-se em uma das cadeiras e pegando um pedaço.

– Estava no roteiro. Mas e aí? Quem ganhou a rodada dessa vez?

– E precisa dizer, Dani? Precisa? – Sanna apontou para ele próprio, sorridente.

– Esse jogo só pode estar de marcação com a gente. – Mauricio defendeu-se. – Nem a letra da música o Elídio sabia direito.

– Diz isso é porque não sabe perder, não é, Mau? – O barbixa se fez autoritário.

– É. Definitivamente, não tem como ser normal com vocês por perto. – Anderson emoldurou a frase com mais um de seus contagiantes sorrisos.

...

Eram cerca de 17:00 da tarde, o sol já não era tão eminente, e devido ao horário, ele já estava para se pôr. Luana não estava em casa. Apenas em algum lugar de São Paulo. Mais precisamente, num shopping, um dos lugares mais amados pelas mulheres.

Ela agora, tinha um sundae em mãos e o saboreava enquanto olhava as peças expostas nas vitrines. Uma das lojas lhe chamou atenção, não só pelas belas roupas como também pelos descontos que eram propostos. Logo entrou e passou a observar toda e qualquer peça que a interessasse.

Saiu de lá com um vestido embalado. Era bege, e estampado com flores no tom café.

Logo Luana pôde ouvir o toque de seu celular e atendeu na mesma hora.

– Alô?

– Lua?

– Eu mesma.

– É o Daniel.

– Pensa que eu não sei ler no visor? E mais importante ainda: pensa que eu não conheço sua voz? – Ela ouviu fracas risadas do outro lado da linha.

– Eu sei que sabe. E pode vir aqui em casa agora? Tenho uma coisa pra te dar.

– Uma coisa?

– Sim. Um presente.

– Posso saber o que é?

– Só quando chegar.

– Hum... está certo. Só vou dar uma passada no apartamento e já estou indo pra aí.

– Não está em casa?

– Estou no shopping. Vim gastar dinheiro. – Ela riu, olhando para todas aquelas sacolas em sua mão.

– Tudo bem. Estou te esperando.

– Até daqui a pouco. Beijo. – Involuntariamente, deu um beijo no próprio telefone, como se aquilo adiantasse de alguma coisa. Riu de si mesma e em seguida desligou. Logo saiu do shopping e seguiu para o ap. Pegou um baita engarrafamento, já que estava em horário de pico. Se bem que em uma cidade como São Paulo, não existe hora certa para ter congestionamento, e qualquer hora é hora.

...

A campainha toca na casa do humorista. Logo ele aparece na porta e a vê. Ela trajava seu vestido novo, usava uma trança lateral, o sorriso fácil e o perfume de sempre, o qual ele tanto adorava.

– Boa noite, primeira dama. – A ruiva aproximou-se e se entregou a ele, permitindo que beijasse-a com fervura e agarrasse-a com vontade.

– Primeira dama?

– Sim. Não me pergunte por quê. Mas entre. – Logo quando entrou na sala, Luana viu uma grande caixa posta sobre o chão. Provavelmente se tratava do tal presente que ele citou.

– E aquilo? É meu presente?

– Ele mesmo. Já quer abrir?

– Claro. Senão eu morro de curiosidade.

– Então venha cá. – Ele a pegou pela mão e sentou-se no chão, seguido dela. Um à frente do outro, com a caixa entre eles e um sorriso largo no rosto de ambos. Ela era coberta por um papel de presente colorido e tinha um grande laço dourado em uma das laterais. Assim que sentou, Luana pôde ouvir um barulho, um tanto estranho, que provavelmente vinha de lá de dentro.

– Dani?

– Hã?

– Ouviu isso?

– Isso o que?

– Esse barulho estranho. Tipo um ruído. Você não ouviu?

– Não, não ouvi. – Mentiu. – Mas abre logo isso.

– Pelo visto você está tão ansioso quanto eu.

– Um pouco.

Sorridente a todo minuto, Luana começou a rasgar o papel. Abriu lentamente a caixa de papelão. Foi então que viu do que se tratava.

De inicio não teve reação. Levou as mãos à boca. Começou a gargalhar. Daniel já não sabia mais se ela chorava de emoção ou de tanto rir.

– O que achou? – Ela não conseguia dizer nada. Apenas ria. Logo ele foi contagiado por suas gargalhadas. Luana levantou-se de súbito e praticamente pulou em cima dele. Se pôs a abraça-lo, dar-lhe beijos e mais beijos sem fim, em cada centímetro de sua face.

– Eu amei amei amei! – Dizia freneticamente, enquanto aquele pequeno ser, ainda dentro da caixa, sequer tinha noção do que se passava ao seu redor. Era um filhote. Um pequeno cão da raça border collie, que agora os observava com um certo brilho nos olhos. – Muito, muito obrigada!

– De nada. – Ele ainda ria de sua reação. Foi então que com mais calma, ela aproximou-se da caixa novamente e pegou delicadamente o filhote nos braços.

– Oi... tudo bom com você, coisa fofa? – Dizia carinhosamente, como se o cachorro de fato a entendesse. – Ah Dani... que graça. É macho ou fêmea?

– Macho.

– E como teve essa ideia?

– Bem, eu lembrei daquele dia em que conversamos sobre cachorros aqui em casa, e pensei que seria um bom presente pra te dar.

– Tinha razão. É um dos melhores presentes que já ganhei. E... esses olhos coloridos? – Realmente, ele tinha olhos de cores diferentes. Enquanto um era negro, o outro era branco azulado, e isso lhe chamou a atenção.

– Ele é cego do olho direito, e já nasceu assim. Só espero que não se importe.

– Não, de forma nenhuma. Pra mim, é até bom que ele seja assim. É uma característica única dele.

– Inclusive, pouca gente estava interessada nele por causa desse probleminha. Mas aí... – Ele estalou os dedos. – ... apareceu o papai aqui pra adotá-lo.

– Papai? E você já tem essa liberdade? – Perguntou ela rindo.

– Sim, pois eu quem fui atrás, adotei, brinquei junto e até já comprei umas coisinhas pra ele.

– Ele precisa de um nome. – Luana então o pôs no chão para que andasse pela casa. E assim ele fez, tímido e quieto, o que já era de se esperar de um filhote de apenas dois meses de idade.

– E que nome quer dar?

– Podemos decidir juntos. – Passaram algum tempo quietos, ao observar o pequeno rondar e explorar cada canto da sala, imaginando possíveis nomes.

– Acha que ele tem cara de Félix?

– Acho que Félix está mais pra nome de gato.

– Hm... e quem sabe se a gente não homenagear alguém?

– E quem você sugere?

– Ozzy talvez?

– Pelo Osbourne?

– Exatamente.

– É... Ozzy me parece um bom nome. Além de que, o cara é o máximo. – Ela piscou pra ele, fazendo-o sorrir.

– Decidido então?

– Decidido.

– Então vem cá, Ozzy! – Daniel levantou-se do chão e foi até ele, que agora cheirava o sofá. O pegou e o pôs nos braços. Começou a acariciar seus pelos pretos e brancos, típicos de cães dessa raça.

Luana observava aquela cena com esmero. Jamais e nem em todos esses anos, havia o visto ter alguma relação com animais, quaisquer que fossem. E agora, ele estava ali em sua frente, afagando seu mais novo cachorro.

– E não me mantenha longe dele, viu, dona? Quero vê-lo sempre.

– Pode deixar. Eu vou cuidar bem dele. E realmente, esse foi o melhor presente que você poderia me dar.

– Fico feliz por ter acertado. O Ozzy também, não é, Ozzy? – Fez uma voz muito idiota para falar com ele, fazendo Luana rir. – Que foi? Vai me dizer que você também não parece uma retardada quando fala com animais?

– Na verdade eu pareço sim. E acho que é assim com todo mundo, mas é que com você é muito mais engraçado.

– Não liga não, Ozzy. Essa aí é meio doida às vezes, sabe?

– Ei, eu estou ouvindo, viu?

– Eu estou falando com o Ozzy.

– Definitivamente, não dá pra ser normal com você por perto.

– Por que será que eu acho que já ouvi isso hoje?


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Notas finais do capítulo

Música: Mulher de fases - Raimundos
Para quem não sabe como é um border collie, sugiro que pesquisem no google. E eu bem que tive a ideia de pôr links aqui, para facilitar o trabalho de vocês, porém não deu muito certo.
Enfim, obrigada por lerem e até a próxima!



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