O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 15
Capítulo 15 - A dama e o cavalheiro


Notas iniciais do capítulo

Olááá leitores, como vão?
Só uma observação: tenho consciência de que merecem ler algo de qualidade, e portanto tento me dedicar ao máximo. Antes de postar algum capítulo, eu o edito, verifico se existem os famosos erros ortográficos, e chego a lê-lo uma, duas, três, ou até mesmo quatro vezes se necessário, e tudo pra ter certeza de que está bom o suficiente.
Mas mesmo assim, é praticamente impossível que não hajam falhas, e sinto por isso.
É só algo que eu gostaria de ressaltar.
Bem, sem mais delongas, aí está o capítulo de hoje. Boa leitura!



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O escritório. Era de lá que saiam as melhores ideias daquele barbixa. Ele pensava um pouco, visualizava e anotava tudo. Ora ou outra escrevia textos, fazia contas, organizava os dias para cada qual pessoa podia comparecer aos ensaios e ao espetáculo, atualizava o site e as demais redes sociais, enfim. Muito do que partia dele vinha daquele escritório.

Dona Silvia, já trabalhava na casa de Daniel a muitos anos. Quase todos os dias ela executava seu trabalho ali, e como troca de favores, já estava combinado que ele não interromperia seu trabalho e ela não interromperia o dele. Ela já estava quase terminando a limpeza dos cômodos, e os únicos que ainda faltavam eram o escritório e o jardim. Mas como sabia que não podia interrompê-lo em sua sala, deixou para limpá-la depois.

No jardim, ela prosseguia seu serviço, quando algo lhe chamou a atenção: um carro estacionado, bem na frente da casa. Não era o carro de nenhum parente, amigo ou conhecido de Daniel, pelo menos, não que ela soubesse. Logo voltou para dentro, pois achou justo que o patrão soubesse.

Bateu duas vezes na porta e a abriu devagar.

– Seu Daniel.

– Oi, Silvia. – Ele tirou os olhos do notebook e lhe deu sua devida atenção.

– Desculpe atrapalhar o senhor.

– Quantas vezes eu tenho que dizer que não precisa me chamar de senhor, Silvia? – Ele disse com indiferença.

– Perdão. É que eu estava limpando o jardim e vi que tinha um carro parado em frente à casa.

– De quem é o carro?

– Não sei. Nunca vi.

– E ele ainda está lá?

– Sim, senhor.

– Silvia, não me chame de senhor.

– Desculpe, é que me acostumei a chamar o senhor assim. Digo... ah desculpe. – Ele sorriu com a confusão dela, e levantou-se da cadeira acolchoada.

– Tudo bem. Vou até lá.

Então o barbixa andou pela casa até chegar à porta, e quando saiu, viu um Palio 2014, cinza. Teve a ligeira impressão de conhecê-lo de algum lugar. Foi quando veio-lhe a cabeça que era o carro de uma certa ruiva de olhos verdes. Sorriu. Afinal o que o carro de Luana estava fazendo em frente a sua casa? Por que ela não avisou que vinha? E por que não entrou ou chamou por ele? Foi isso que ele foi atrás de saber, quando aproximou-se do veículo.

Estava com as escuras janelas fechadas, mas ainda assim era possível ver sem muita nitidez, o que se passava ali dentro. Aproximou-se ainda mais e viu a cena. Luana estava com as mãos e a cabeça escorada no volante. Parecia dormir, chorar, ou qualquer coisa desse tipo.

Bateu suavemente na janela do lado direito, onde sentava o carona. Logo que ouviu as batidas, ela olhou-o com espanto. Tudo que menos queria era que ele a visse naquele estado. Luana não abriu a janela, sequer moveu-se, apenas o observava. Ele insistiu e bateu com o dedo indicador no vidro do carro, como se pedisse para abrir. Ela enfim atendeu e baixou metade do vidro. Agora ele podia vê-la melhor, assim como seus olhos vermelhos, por onde corriam algumas lágrimas solitárias.

– Lua? O que aconteceu? Por que não disse que vinha? – Ela apenas pôs as mãos no rosto. Queria fugir dali. – Lua, abre a porta. – Sem mais, a ruiva obedeceu, delicadamente, abrindo a porta e saindo do carro. Ele foi até o outro lado do veículo, ao seu encontro, e a abraçou forte. Não largaram-se dali tão cedo. Aquele abraço era tão meigo, tão envolvente e tão bom, pareceu melhor que todos os outros. – Vem, vamos entrar. Eu vou te ajudar. – Ela pareceu receosa, e o outro, logo notou. – Eu moro sozinho, não tem problema. Só a empregada está aí. – Somente ao ouvir essas palavras, ela pareceu mais confiante.

O barbixa a levou até a sala, onde sentou-a no sofá, e chamou por Silvia.

– Silvia, pega um copo de água com açúcar por favor. – Ela o ouviu e em pouco tempo, já estava na sala com o copo em mãos.

– Desculpe perguntar, mas quem é a moça? – Ela disse lhe entregando a água.

– Uma nova amiga. – Ele respondeu, recebendo o copo e repassando-o para Luana.

– Silvia? – A ruiva dizia da forma mais meiga possível.

– Sim?

– Obrigada.

– Não há de que. Vou deixar os dois sozinhos. – Silvia saiu. Daniel agachou-se em frente a ruiva, ainda sentada no sofá e com o copo em mãos. Secou algumas de suas lágrimas, passando os dedos sobre suas delicadas sardas alaranjadas.

– Sente-se melhor?

– Um pouco.

– Agora vai me contar o que aconteceu?

– Eu... – Ela secou os olhos, por onde outra lágrima teimosa insistia em cair. – ... briguei com o meu melhor amigo, o Lucas.

– Lucas? Aquele rapaz que foi com você e aquela sua outra amiga pro teatro?

– Ele mesmo.

– Mas por quê? – Ela pareceu preocupada. Não queria que Daniel soubesse que ele era o motivo da discussão. Não mesmo.

– Nada demais. Acontece.

– Vocês moram juntos, não é isso?

– É isso. Mas depois do que aconteceu eu não acho que seja uma boa ideia a gente voltar a morar sob o mesmo teto.

– Fica um pouco aqui, ao menos até a coisa esfriar. Não pode decidir nada de cabeça quente. Depois você decide se é mesmo isso que quer.

– Eu realmente acho que devo sair de lá, Dani. Não preciso pensar mais.

– E a outra amiga que mora com vocês?

– Eu digo pra ela o que aconteceu. Ela vai entender, tenho certeza. Volta e meia encontro outro apartamento pra ficar.

– Bem, se você diz, tudo bem. Mas fica tranquila. Quem sabe vocês não fazem as pazes, não é mesmo? – Ela não disse nada, apenas ficou em silêncio. Sabia que depois de tudo aquilo eles não voltariam a ser os velhos amigos de sempre. – Vamos assistir alguma coisa, comer algo, jogar algum jogo? Pra você esquecer isso tudo. Hein? – Ela não queria sorrir, mas foi inevitável.

Juntos, ambos foram até a cozinha e prepararam brigadeiro de panela, fizeram pipoca e sanduíches. Comeram assistindo filmes e depois jogaram banco imobiliário e um jogo de mímica, ainda desconhecido por ela. Com tudo isso, Luana até chegou a esquecer o ocorrido, chegou a rir. Aquele homem realmente sabia como fazer bem a alguém.

O tempo passava. A TV ligada, e apenas o som que saía dela era o que se podia ouvir, fora isso, o silêncio rondava pelos demais cômodos da casa, grande e espaçosa. No sofá cama, Daniel estava deitado, com as duas pernas esticadas, e sobre elas, Luana dormia. A cabeça dela, descansada sobre suas coxas, era acariciada por suas mãos leves e macias. Quem visse aquela cena, poderia jurar que eram um casal. E que belo casal.

– Seu Daniel, já são cinco da tarde, estou indo embora. Ou vai precisar de mais alguma coisa? – Silvia apareceu na sala.

– Não, não preciso de mais nada. Pode ir. – Ele notou que ela os fitava. Meio envergonhado e sorridente, o barbixa perguntou. – O que foi, Silvia? – Silvia aproximou-se deles e tirou alguns fios de cabelo do rosto da ruiva, possibilitando-a assim, vê-la melhor.

– Ela é tão linda.

– Eu sei.

– Tem certeza que são só amigos?

– Sim. – Ele disse indiferentemente.

– Mas o senhor tem interesse nela, não é?

– Silvia...

– Tudo bem. Não precisa responder. – Ela interrompeu-o. – Já sei a resposta. – Disse como uma mãe diz com um filho. Afastou-se e saiu pela porta, deixando Daniel com cara de bobo no meio da sala.

“É, Silvia... talvez você tenha uma certa razão” pensava. Voltou a acariciar seus cabelos, e com o tempo, também dormiu. Estavam os dois, num sono ameno e amorável, adormecidos no sofá da sala, graciosamente, como dama e cavalheiro.


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Notas finais do capítulo

Sei não hein. Acho que eu estava meio good vibes no dia que escrevi esse capítulo.
Obrigada por lerem, até a próxima, e feliz ano novo!



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