Contos escrita por Carlitos


Capítulo 10
À noite




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Cores. Saltos Altos. Brilho. Lábios vermelhos. Noite de lua cheia. Luzes da cidade. Álcool. Diversões caras e envolventes. Companhias noturnas. Cartões de crédito. Vinhos e espumantes.

 

Tinha toda a vista da cidade em seu apartamento. Vista da cidade. Carros a passar, ir e vir. Ônibus urbanos, passageiros, poluição. Engravatados do setor financeiro. Celulares que tocam. Ações que sobem.

 

Estava ali, sentada no sofá. Bebia um espumante. Fumava um cigarro mentolado. Vestia sutiã e um short de lycra. Fitava o teto. Absorta em pensamentos.

 

Música ambiente. Pessoas do lado de fora, a caminhar pelas ruas. A cidade nunca dorme. Caminham e caminham. Um gato de rua. À noite, todos os gatos são pardos. Becos e vielas, pesssoas mal encaradas. Saltos altos em passos compassados.

 

Estava na banheira, cheia d'água e com densa espuma. Saiu e vestiu-se, um vestido provocante. Saltos altos. Maquiagem. Queria alguma coisa. Brincos brilhantes. Tinha um encontro marcado.

 

Ele foi buscá-la. Ela desceu sozinha, ele esperou lá fora. Viu-a de cima a baixo. Seu vestido preto, seus saltos e sua maquiagem de lábios avermelhados.

 

Ajudou-a a entrar no carro, visto que já a esperava do lado de fora. Sentiu seu perfume e seu hálito de menta. 

 

— E então, como estou? — perguntou ela quando já estavam dentro do carro.

— Deslumbrante, para não dizer outra coisa.

— Que outra coisa? — suas palavras em sussurros.

 

Aproximou-se dela:

— Você tá muito gostosa!...

 

Carros, pessoas, animais de rua. Pessoas de rua. Policiais, bandidos. Revólveres. Prostitutas. A lua prateada banhava a cidade. Uns e outros faziam caminhadas noturnas, sempre em duplas ou grupos. Alguns poucos solitários.

 

Ela tinha escrito "solitude" na nuca. Marcas de um tempo passado. Tempo que queria esquecer, ao passo que decidiu eternizar quando fez sua tatuagem. Tocava músicas eletrônicas no rádio. Combinavam com a noite.

 

— Para onde vamos hoje?

— Vamos naquele restaurante novo…

— Hum, estava com vontade de ir lá — disse ela. — Como advinhou? — Aproximou-se dele, suas mãos passeando por seu corpo.

— Tenho meus métodos… Sabe de uma coisa?

— O quê? — Sussurrou-lhe ao pé do ouvido, ele pôde sentir um arrepio passar por sua espinha.

— Preferia que você dirigisse… — disse ele, dividindo-se entre ela e a estrada.

— Que eu dirigisse? — fazia-se em sussuros, seus lábios roçando-lhe a orelha. — Tem algum fetiche, alguma tara em ver uma mulher dirigindo? 

E antes que ele respondesse, sentiu as mãos dela apertarem suas coxas.

 ———XX———

Um restaurante à meia-luz, pratos servidos. Tinha ela cabelos pretos e curtos, olhos verdes. Ele, mais velho, tinha uma barba curta e grisalha. Cabelos curtos, em corte social. Era um homem respeitado, que saia com ela em segredo.

 

— O que achou da comida, da bebida? — perguntava para ela.

— Muito bom… delicioso — tomou vinho da taça. 

— O que acha de uma sobremesa?

— Acho que podemos pedir uma só. Pedimos uma e dividimos.

 

Pediram uma entre as muitas tortas quentes servidas com sorvete que tinham no cardápio. Em suma, todas eram variações de  de petit-gateau. Chegaram os garçons com a sobremesa. Trouxeram talheres a mais. Dividiram, revezando-se. Sorrindo. Provocando-se. Um ao outro. Olhares cruzados, trocados, correspondidos.

 

Ele pagou a conta. Achou o valor justo pelo serviço. 

 

Ruas escuras, lixo nas esquinas. Acompanhantes de luxo, marginais a caminhar. Carrões de luxo nas avenidas. Pessoas ocupadas em plena madrugada. Caminhões dos bombeiros, viaturas da policia. Chamados da madrugada.

 

Vizinhos que brigam, gritos que ecoam na vizinhança. "Eu vou te denunciar", "Eu vou te matar", "Você está fodido comigo". Ameaças veladas, ameaças explícitas que nunca se cumprem.

 

Olhos com rímel. Sombras. Lábios com batons matte. Perfumes caros. Perfumes baratos. Diversões baratas. Alucinações. Baladas, farra. Ressaca. Tudo isso antes das seis da manhã.

 

Subiram o elevador, adentraram o apartamento. Tinham uma bela vista da cidade, através de uma janela panorâmica. Beijos, abraços calientes. Arrepios, sussurros e gemidos. 

 

Gritos, crimes. Assassinatos, pessoas correndo desesperadas. Quando a noite chega e as trevas sobem, tudo acontece na madrugada. Corridas de táxi que nunca terminam, viram manchetes de jornal. Pessoas que desaparecem. Bares onde se joga e se bebe. Bêbados, boêmios, toda a sorte de tipo de gente, a frequentar a noite madrugada a dentro.

 

A noite, a lua e as estrelas a iluminar os céus da cidade.








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