Dutch Love escrita por AfilhadaDeApolo


Capítulo 5
Everybody is tired of being alone




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Ao ouvir o doce som da voz de Karma dizer o meu nome, eu apenas sorri e a abracei durante alguns segundos. Após o cumprimento, ela gentilmente se afastou para que eu pudesse adentrar o seu quarto e assim eu o fiz.

– Como foi o passeio? – A ruiva indagou-me logo após fechar a porta do aposento.

– Foi inacreditável, juro! – A animação de mais cedo parecia ter voltado. – Eu consegui ver obras primas que eu sempre sonhara em conhecer pessoalmente.

– Parece ter sido bem legal mesmo. – Karma respondeu, sentando-se e sua cama e me chamando com um gesto para que eu sentasse ao seu lado. – Encontrou alguém conhecido lá?

– Curti o passeio com a Reagan, na verdade. A encontrei logo na entrada do Museu. – Assim que a respondi, percebi uma pequena e repentina mudança de comportamento por parte de Karma, que me olhava um pouco mais séria agora.

– Se divertiram juntas? – Ela indagou-me, seca.

– É... Hum... Foi legal. – Falei, tropeçando com as palavras. – Mas, e você, o que fez hoje? – Perguntei enquanto me sentava no lugar “indicado” e tentava mudar de assunto.

– Nada demais... – Ela suspirou – Fui em um spa aqui perto para tentar relaxar um pouco antes das aulas começarem. Sabe como é, nervosismo de começo de ano. – Karma disse enquanto se recostava na cabeceira da cama.

– Sei sim. Eu estou tentando não pensar muito nisso porque, afinal, todos temos medo do desconhecido. – Falei enquanto me arrumava ao lado da ruiva. – Não tenho a mínima noção de como serão esses anos estudando aqui, em Amsterdã.

– Exatamente. – Fez uma pausa e pegou o notebook. – Não tenho nenhum plano em mente ainda. – Ela disse um pouco tensa. Eu assenti e a ruiva logo mudou de assunto. – Mas e ai, a qual filme iremos assistir?

– A gente não deveria pedir alguma coisa pra comer antes?

– Eu já pedi. – Karma sorriu. Sua animação de antes parecia ter voltado. – Pizza. – Anunciou, vitoriosa.

– Muito bom, srta. Ashcroft. Estou impressionada. – Falei, de brincadeira.

– Espero que goste de frango, milho e bacon, srta. Raudenfeld.

– Eu adoro! – Respondi, entusiasmada, gerando um pequeno riso na ruiva. – Parece que em pouco tempo você já conheceu a parte mais importante em mim: o estômago.

– Pois é. – Ela riu ainda mais, e começou a me fazer cócegas, gerando gargalhadas de minha parte também.

– Golpe baixo. – Falei quando finalmente consegui segurar os punhos da ruiva, impedindo que ela continuasse com o “ataque”.

Karma sorriu pra mim e, durante alguns segundos, ficamos ambas a encarar uma a outra. Logo que percebi um clima se formando, desviei os meus olhos dos dela e comecei a digitar o endereço virtual da Netflix no notebook da mesma. Enquanto buscávamos por algum filme que agradasse a nós duas, a campainha do quarto de Karma tocou.

– Deve ser a pizza. – Ela disse, se levantando da cama e indo atender a porta. Após alguns minutos, voltou com uma caixa de pizza de tamanho médio na mão esquerda e, na outra, carregava uma garrafa de coca cola.

– Mas não é que você pensou em tudo mesmo? – Comentei, me referindo a bebida.

Karma apenas sorriu e balançou os cabelos, em um gesto do tipo “sou fabulosa”.

Levantei-me da cama para ajudá-la com a pizza e logo nós duas estávamos novamente lado a lado saboreando o primeiro pedaço daquela delicinha.

– Meu Deus, isso aqui é dos deuses! – Comentei, levantando os braços e fingindo agradecer aos céus.

– Com certeza. – Karma respondeu, mordendo mais um pedaço da pizza e acabando por derrubar um pouco de queijo em si mesma. – Droga! – Comentou, apanhando um guardanapo e se limpando.

– Desastrada. – Falei, em tom divertido.

– Cala a boca, Amy. – Karma retrucou, rindo.

Quando fomos decidir a escolha do filme da noite, escolhemos um de terror. Havíamos conversado mais cedo sobre filmes desse gênero e ambas adorávamos, mas não tínhamos muitos amigos que compartilhavam da mesma paixão, então raramente assistíamos a eles.

Assim que decidimos o filme, eu cliquei no “play” e, enquanto esperávamos o mesmo carregar um pouco, devoramos mais um pedaço de pizza.

– Ó Karma, só pra te avisar, eu sou um saco sem fundo. – Comentei, rindo.

– Então temos um problema, porque eu também sou. – Ela riu junto comigo.

– Vamos dividir a pizza certinho para ninguém comer mais ou menos do que a outra? – Sugeri. A ruiva apenas assentiu e riu novamente.

O filme então começou. Por mais que eu amasse terror, eu era muito medrosa e ficava apreensiva antes mesmo da cena na qual eu levaria um susto aparecer. Todas as vezes que éramos surpreendidas pelo assassino ou por alguma cena assustadora, eu e Karma gritávamos bem alto e nos agarrávamos aos travesseiros a nossa volta.

– Daqui a pouco o cara da recepção virá reclamar que os nossos gritos estão incomodando os outros hóspedes. – Karma comentou, e eu dei de ombros.

Após duas horas, havia uma caixa de pizza vazia no chão, uma garrafa de coca pela metade ao lado da cama e eu e Karma ainda agarradas aos travesseiros.

– Amy... – Karma virou o rosto para mim. – Você sei lá... Não poderia dormir aqui?

– Tá com medo, né? – Falei, em tom de deboche.

– Não me zoa porque eu sei que você também tá.

– Culpada. – Falei, abaixando o rosto e rindo em seguida. – Tudo bem, eu durmo aqui com você. Caso tentem nos matar de noite, pelo menos morremos juntas.

– Ai Amy, para com essa morbidez! – Karma me repreendeu.

– Calma, Karms, só to brincando.

– Karms? – A ruiva olhou pra mim com a sombrancelha direita arqueada.

– É. Um apelido que acabei de inventar pra você. – Falei, corando.

– Gostei. – Ela sorriu. – Vou te chamar de Aimes então.

– Ótimo. – Sorri, envolvendo-a em um abraço lateral.

– Agora vamos dormir porque amanhã temos que ir naquela reunião antes do começo do ano letivo lá na faculdade. – Karma disse, ajeitando-se na cama.

– Droga, eu havia esquecido disso. – Falei, soltando um suspiro.

– Pois é. - Karma virou-se para mim após eu me ajeitar ao seu lado. – Boa noite, Aimes. – Ela disse, aproximando o seu rosto do meu e me dando um beijo (que ao meu ver, deveria ser na bochecha, mas acabou sendo um pouco mais em baixo, no canto de minha boca).

– Boa noite, Karms. – Falei, ignorando o ocorrido (mesmo que eu já estivesse sentido minhas bochechas corarem).

Virei-me para o outro lado e a ruiva repetiu o movimento, fazendo com que ficássemos de costas uma para a outra. Esfreguei os olhos tentando me livrar dos pensamentos que já começavam a invadir a minha mente insistentemente. Karma era tão delicada e gentil, nossa conversa fluía sem nenhum problema e nossa amizade estava crescendo tão rápido que parecíamos nos conhecer há anos. Seria maravilhoso poder contar com uma pessoa tão especial quanto Karma durante os anos que se seguiriam, mas eu temia que outro sentimento além de amizade e admiração pudesse aparecer dentro de mim.


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