As Crônicas de Skarion escrita por Dan Skarion


Capítulo 12
Capítulo 12




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Após tantas horas de caminhada, os três amigos não estavam dispostos a perder a chance de molharem as gargantas em uma estalagem. Assim, dirigiram-se pela rua central em direção ao estabelecimento, já pensando no delicioso hidromel que beberiam.

Enquanto caminhavam, notaram aspectos do vilarejo. Embora houvesse diversas pessoas na rua, a maioria demonstrava um semblante sério, sem o menor vestígio de um sorriso. E mesmo aqueles que conversavam, o faziam praticamente sussurrando. Aproximaram-se da estalagem então pensativos, analisando o que aquilo poderia significar.

Max abriu a porta de madeira, e instantaneamente um delicioso cheiro de carne de porco assando e hidromel invadiu suas narinas. O lugar, embora estivesse com poucos clientes visíveis, estava bem mais animado que o resto da cidade. Duas mesas estavam cheias, com homens bebendo e rindo. "Parece que o povo sabe rir, afinal", pensou Dan. A outra mesa notou a entrada dos três forasteiros, mas continuou conversando amigavelmente. Haviam outras duas pessoas na estalagem, em mesas diferentes e sozinhos. Um era um homem de capa verde, ocultando seu semblante. O outro era um idoso, de cabelos ralos e brancos, com uma cicatriz que ia da orelha direita até o nariz.

O velho olhou curioso para o trio enquanto sentavam. Após isso se acomodarem, uma bela jovem de cabelos ruivos e olhos verdes se aproximou. Tinha cerca de 1,65 metros de altura, com uma cintura fina e um quadril largo. De início, os três amigos ficaram estupefatos com a visão de tão bela jovem. Porém, após um segundo, Kress disse:

– Hã, poderia nos dizer o que vocês oferecem?

A jovem deu um leve riso e respondeu com uma voz aveludada:

– Estamos servindo carne de porco, vinho e hidromel. Também temos café, mas se o quiser terá de esperar.

Os três se entreolharam, ainda um pouco atônitos com a beleza da mulher. Kress novamente respondeu:

– Quanto nos custaria um grande pedaço de porco e uma jarra de hidromel?

– 20 moedas de ouro, senhor.

"Quase não sobra nada", pensou Kress. Durante a preparação para a fuga, os três haviam roubado 50 moedas de ouro. Em Silverheim, haviam duas moedas: Ouro e Prata. Uma moeda de ouro valia 10 de prata.

– Pode trazer - respondeu Dan.

A moça então dirigiu-se até a cozinha. Enquanto isso, a porta novamente se abriu. Três soldados entraram fazendo escarcéu; gritavam e riam a plenos pulmões. Todos trajavam a armadura característica de guardas de cidades. Uma cota de malha coberta por um colete de lã com o símbolo real e o da família do nobre que gerenciava a sua respectiva guarita.

Foram até o balcão e começaram a gritar:

– Djira! Onde você está meu bem? Vem cá, vou te esquentar.

Logo após, um dos homens da mesa ao lado tentou dizer algo em protesto, mas recebeu uma bela bofetada em resposta. Assim, todos se aquietaram. Entretanto, a mão de Dan havia instintivamente deslizado para o cabo da espada às suas costas. Kress então disse:

– Não faça nada. Não podemos ser descobertos.

Dan então recolheu o braço e continuou a assistir. Um dos soldados, aparentemente aborrecido com a espera, adentrou o lado interior da estalagem, pulando o balcão. Foi recebido pelo estalajadeiro, que deveria ser o pai da bela moça.

– Você não vai...

Suas palavras foram interrompidas quando o cabo da espada do soldado atingiu a lateral de sua cabeça. O homem desabou e imediatamente sua filha o alcançou gritando: Pai!

O soldado a agarrou pelo braço e a puxou, dizendo:

– Ele está vivo, mas agora você vem com a gente.

A moça gritava e chorava, mas o povo em volta apenas escondia o rosto. "Este tipo de situação deve ser comum", pensou Dan, enquanto os homens a arrastavam para fora. "Não mais".

Dan levantou-se, mas Kress o deteve.

– Sabe que se for lá fora pode arruinar todo o plano que construímos? Olha, eu sei que é difícil ver, mas não devemos nos intrometer. Não temos nenhuma responsabilidade com eles, Dan.

Dan olhou-o com fúria e disse:

– De que vale a nossa liberdade se não agimos corretamente? Vale a pena todo este esforço apenas para nos escondermos como ratos enquanto o errado corrói tudo à nossa volta? Não, Kress. Já vi, li e estudei todo tipo de erro que pode-se cometer. Você me disse certa vez que esta guerra era errada. Pois bem, ela é tão errada quanto o que estes homens vão fazer com aquela jovem. Eu prefiro morrer como um sonhador do que viver como um covarde.

Assim, Dan saiu pela porta à procura do grupo. Ouviu um grito vindo de trás de uma casa e correu até lá. Viu então os três soldados em volta da jovem. Dois a seguravam enquanto um terceiro rasgava suas roupas.

Os soldados o viram, e um disse:

– Vá embora, garoto. Você não viu nada.

– Não vou. E você vai deixar de ver muito em breve.

Os três então largaram a jovem e sacaram suas espadas. "Péssimo posicionamento, armas fracas e olhar vacilante. Já estão mortos", Dan pensou. No segundo seguinte, o soldado que estava mais à frente avançou tentando dar um corte vertical. Dan porém já havia sacado suas espadas e, enquanto sua espada esquerda aparou o golpe, a direita atravessou o peito do oponente sem maior esforço.

O aparente líder dos soldados gritou por ajuda; simultaneamente o cadáver de seu companheiro caía no chão. Dan disse:

– Saia daqui, Djira. - com uma voz ao mesmo tempo calma e decidida.

A garota correu de volta à estalagem. Dan então disse:

– Vocês estão mortos. Os dois.

Antes que o soldado seguinte pudesse dizer algo, a espada direita de Dan atravessava seu tórax. Nem um segundo havia se passado, mas Dan cobrira toda aquela distancia em um único passo sem nem saber como. Em seguida sua espada esquerda atravessou o olho esquerdo do "líder", fazendo sangue jorrar, sujando a ele e a rua.

Naquele momento, Dan apenas sentia raiva. Sua visão estava muito focada e ele sentia seus reflexos mais ágeis do que nunca. Voltou então à rua principal, vendo diversos soldados o esperando de armas em riste.

Dan estava de costas para o beco de onde saíra, e à sua frente se encontrava uma meia-lua de cerca de 20 soldados. A expressão de Dan irradiava fúria. Seus olhos negros se fixavam em um único objetivo. Eliminar todos.

O garoto de cabelos negros assumiu sua posição de batalha, com os joelhos levemente dobrados, a espada esquerda de forma horizontal à sua frente e a direita na diagonal ao largo do corpo, apontando para a frente.

Na mesma hora as duas espadas começaram a emitir faíscas negras em toda a extensão da lâmina, fazendo um leve chiado. Simultaneamente uma aura negra recobriu o corpo de Dan e sua expressão passou de raiva total para uma frieza incalculável.

No segundo seguinte Dan havia avançado os cinco metros que o separavam do soldado mais próximo e lhe cortava o peito lateralmente. A velocidade de Dan agora era algo sobre-humano. Os soldados não tinham a mínima chance. Eles mal conseguiam ver os golpes de Dan. O que se via era uma nuvem de poeira com raios saindo dela, que onde passava deixava corpos estraçalhados pelo chão.

Após cerca de dois minutos, tudo estava acabado. Dan estava em meio a um círculo de corpos mutilados, com a ponta das espadas tocando o chão e pingando sangue. Neste momento, Dan viu Kress e Max na porta da estalagem, olhando-o incrédulos. O garoto então sentiu um fraquejar e sua visão se apagou. Na mesma hora caiu no chão, desmaiado.

Seus amigos correram até ele e o seguraram, sem acreditar. Sua roupa estava encharcada no sangue dos soldados que jaziam à sua volta. Kress então segurou a respiração por dois segundos e disse:

– Temos que pegar o chefe.


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