Quinta-feira, 01/12/2016

Christina tinha acabado de se arrumar em seu apartamento quando o telefone tocou:

— Alô? — era a voz de Jess novamente – Christina?

— Oi Jess pode falar!

— É que queria perguntar o que você ia fazer agora. Sei lá, estava a fim de jogar uma conversa fora. Se pudesse passar aqui em casa.

— Poxa Jess – disse Christina se lamentando – É que agora não vai dar. Estou indo na casa do Oliver me encontrar com Ryan lá. Acho que Emma também vai estar.

­- Estranho... — disse Jess meio em dúvida – Nem percebi que o Ryan tinha saído.

­— É! Ele me ligou faz alguns minutos perguntando se eu não queria ir com ele.

 Christina já estava se dirigindo a porta do seu apartamento. Para pegar o elevador. Ela teria que adiantar o passo, se quisesse chegar a tempo, já que a sua casa era mais longe que a dos outros.

— É! Ele já saiu daqui sim.

— Então já vou saindo aqui também Jess, tchau... – mas ela foi interrompida.

— Christina, sobre aquele assunto... — e ele também foi interrompido.

— Fale com o Dexter. Ele pode resolver. – e com essa frase ela desligou o telefone.

 Saiu do seu apartamento, trancou a porta e chamou o elevador.

 Christina morava sozinha em um apartamento no Upper East Side. As vezes ela achava sua casa grande demais e cara demais para se morar sozinha, mas quando os seus pais são o chefe do tráfico de Miami, aquilo tudo dali era pechincha.

 Ela veio escondida da América Central com os pais. Morava em Miami antes de ir para Nova York, sempre foi uma criança bonita morena e bem-educada, mas seus pais com medo de que acontecesse alguma coisa com a família e ela fosse injustiçada por conta desse meio em que eles viviam – eles achavam muito perigoso para uma menina de quinze anos – mandaram ela para Nova York com uma desculpa ensaiada de que “as melhores faculdades ficavam para aquele lado do país.”

 Ela teve que gravar essa desculpa para todos que perguntassem.

 Quatro anos se passaram e já estava feita com seu círculo de amizade, mesmo que tivesse alguns membros que não gostassem tanto dela – Rachel Cross – mas ela não entendia por quê. Vai ver era por que Christina era educada demais com todos. Isso poderia incomodar alguns.

 Ela hoje era uma mulher feita, era morena e tinha um corpo muito bonito, se vestia bem, mas não era consumista como a maioria das pessoas daquele bairro, que gastavam milhares de dólares em algumas roupas na Quinta Avenida.

 Às vezes passava pela cabeça dela de que seus pais pudessem estar correndo algum perigo, mas isso não seria possível naquele momento, pois ela conversava com eles todos os dias por mensagens e a deixavam por dentro de toda a situação. Ou seja, se ela teria que arrumar as malas e sair correndo dos Estados Unidos, ou não.

 Ela olhou para o relógio de viu que já eram três horas da tarde, foi quando o elevador chegou ao lobby do edifício. Cumprimentou o porteiro e saiu pela porta principal.

* * *

 - Então quer dizer que depois de tudo você convidou Christina Cruz – disse Blake para Rachel. Ainda estava na casa dela.

 As duas estavam na cozinha, Blake estava em pé atrás da ilha e Rachel estava sentada nos banquinhos de bar que tinham no balcão da ilha.

— Convidei. – respondeu Rachel – Não é que eu não goste dela. Não tenho nada contra, mas foi porque achava que ela deu em cima de uns namorados meus uma época. Mas todos me falaram que era só impressão.

— Acho que você poderia aproveitar essa festa e criar um vínculo novo de amizade com ela – sugeriu Blake – afinal, ela anda com nossos amigos também.

— Se é que ela vai para a festa.

— Claro que ela vai. – disse Blake abrindo a geladeira – ela namora Ryan Shaw esqueceu? Ele meio que esta patrocinando sua festa – disse ela com uma risada enquanto pegava uma jarra de suco de laranja.

— Engraçadinha... – disse Rachel enquanto checava o seu celular – não sei porque essa Gossip Girl não usa o twitter. Não seria mais fácil?

— Mas é porque ela tem que atingir todo mundo, nem todos usam twitter.

— Bem pensado.

 A campainha do apartamento dela tocou.

— O porteiro não tem que autorizar a subida? Quem é que está aqui? – perguntou Rachel, para ninguém em específico, e levantou do banco e seguiu até a porta.

— Não está esperando ninguém? – perguntou Blake.

Rachel já estava chegando na porta quando respondeu:

— Não. – e abriu a porta. – Dexter?

 Blake foi correndo para a porta ver se era realmente aquilo.

— Meu amor! – e se jogou contra ele – achei que só te veria amanhã.

— É, mas é porque amanhã eu vou ter que ir ao trabalho de meu pai então acho que vou demorar. Então decidi vir te ver hoje, eu já sabia que você estava aqui.

— Muito bonito da sua parte. – e deu um beijo na boca dele.

 Rachel revirou os olhos enquanto segurava a porta.

— Vamos logo, entrem! – exigiu ela.

 Os dois entraram e Rachel bateu a porta atrás deles.

— ...Além do mais, não queria deixar para ir ao trabalho no sábado.

— Você não é maluco de faltar sábado! – exclamou Rachel enquanto se dirigia ao mini bar da sala. – algo em específico?

— Aquela vodca. – respondeu Dexter enquanto ele e Blake sentavam no sofá – Irresistível.

— Ela acabou hoje de manhã. – disse Rachel.

— Nossa... De manhã cedo Rachel? Acho que a próxima a ir para a reabilitação será você. – e sorriu para Blake, a qual deu um beijo.

— Vocês dois estão bem piadistas hoje. – respondeu ela enquanto ela colocava outra vodca no copo e entregava para Dexter.

— Aproveite.

 Depois de um tempo Dexter perguntou:

— Cadê Nick Hill, Rachel?

 Nick Hill era mais um do círculo de amizade deles. Não tão próximos quando Rachel e Blake mas eram do mesmo grupo. Vamos dizer que o grupo era separado em dois: Christina, Emma, Nick, Jess e Oliver de um lado e Blake, Rachel, Dexter e Ryan do outro. Enquanto Ryan e Dexter transitavam entre os dois grupos.

 Nick era um garoto de futuro ganho, por trás dos cachos ninguém dizia que era um dos mais ricos de Nova York. Os pais eram donos de fazendas de vinícolas, um dos vinhos mais famosos do país. Mas Dexter fez essa pergunta por saber que Rachel também tinha uma quedinha por ele. Ninguém sabia se era recíproco.

— Deve estar com Emma e Ryan Shaw. – disse Rachel não ligando muito para a pergunta dele.

— Hm, soube que Ryan, Oliver e essa galera estavam indo se reunir no apartamento de Oliver. – olhou para Blake, já que ela morava no mesmo prédio que ele.

— Não tenho nada a ver com isso. – disse ela brincando.

— Soube que iam alugar uma limusine. – disse Rachel.

— Alugar? – perguntou Dexter meio surpreso – Pra mim é do pai de Nick. Fica guardada lá na garagem da casa dele nos Hamptons.

— Já soube que é uma casa enorme. – disse Blake.

— Não sei por que nunca nos chamaram para passar o verão lá. – disse Rachel.

— Calma... O fim do ano está chegando, acho que é só esperar os convites. – disse Dexter e o seu telefone começou a tocar.

 Ele olhou para o visor e viu quem era.

— Me dê licença um estante. – e saiu para a varanda para falar ao telefone. – Fala.

— Dexter? — era Jess no telefone - Queria falar com você sobre aquele assunto. Christina disse que eu poderia resolver com você.

— Se acalma rapaz. – disse Dexter – Esta tudo sobre o controle.

 Ele deu uma olhada pela porta da varanda em direção a sala para ter certeza de que as duas não estavam ouvindo e nem vindo em direção à sala.

— Mas até a festa a gente não vai poder usar – continuou Dexter – Amanhã tenho que ir à Wall Street resolver uns problemas de meu pai enquanto ele não volta de Moscou.

— Entendi. – consentiu Jess – Mas na festa a gente devia usar com bastante cautela, para ninguém perceber.

— Contanto que você limpe o nariz, ninguém vai perceber. – disse Dexter com um tom engraçado.

— Falando nisso... Meu irmão sabe disso. — disse Jess com um pouco de medo.

— Como assim? – exclamou Dexter, mas sem muito alarde para ninguém dentro do apartamento perceber.

— Ele nos viu no Central Park. Não pude negar. Mas está tudo no controle, ele não contará para ninguém.

­— Reze. Porque se ele contar, nós estamos ferrados. Ninguém pode saber disso.

* * *

Christina chegou ao prédio de Oliver, que coincidentemente é o mesmo que o de Blake. Entrou pela porta da frente e subiu o elevador.

 - Olá Christina – disse Oliver quando ele abriu a porta do apartamento.

 Christina entrou no apartamento e viu todos eles lá, Ryan, Emma, Nick, e claro, Oliver. Cumprimentou a todos.

 O apartamento era imenso, era quase o dobro do dela. Mas onde mais, um garoto com uma rede de restaurantes pelo mundo na herança, poderia morar? O estilo era moderno, sofá e poltronas da sala bege. Uma lareira só de enfeite, já que era eletrônica, não servia nem para marshmallows. No momento estava ligada, não sabia porque já que era primavera.

 - Então, vocês estão falando do que? – perguntou ela enquanto sentava no sofá da sala de estar. Onde todos estavam.

— Estávamos falando da limusine, mas já está tudo certo. Agora estamos falando da vida mesmo. – disse Nick.

 Christina teve uma queda por Nick no último ano do colegial, um garoto de cabelos cacheados caindo na testa e branco dos olhos castanhos. Do jeito que ela gostava. Um garoto com aparência que poderia ter nascido no país dela. Afinal muitas meninas caíram de amores por ele, mas essa época já tinha passado, a maioria estava independente ou então pararam de falar com o círculo de amizades mais requisitado do bairro.

— Já não basta a Gossip girl fazer isso por nós? – disse Christina com uma risada.

 Todos riram. Que foi bem na hora que o celular deles receberam a notificação do site de fofoca mais acessado de Nova York. Dessa vez a notificação vinha com um anexo:

“Flagrada: morena do Brooklyn foi vista saindo do prédio em que o famosinho Dexter da Wall Street mora. Será que o lenço do blazer Tom Ford dele será suficiente para cobrir toda essa sujeira?”

— Nunca vi essa menina antes. – disse Emma – Ela estudava lá no colégio?

— Não... – disse Oliver – mas acho que é ela que as pessoas suspeitam estar com Dexter.

— Mas ele não está com Blake? – perguntou Ryan

— Mas quem sabe o que ele fez no tempo em que ela passou fora.

 Perceberam que o clima começou a ficar pesado.

 Oliver pensou em como Blake estava depois daquela notícia. Mas se ele a conhecia realmente, ela não deixaria se abalar por causa disso. Pensou em Emma, sua namorada que estava bem na sua frente. Ela tinha um pouco de ciúmes da amizade de Blake e Oliver, e ainda mais ciúmes por morarem no mesmo prédio. Mas ele já deixou bem claro pra ela que entre eles dois só tem amizade, nada mais. Colocou a mão no bolso e tirou uma caixa de cigarros de menta, os seus preferidos.

— Servidos? – mostrou para os outros a caixa aberta.

 Todos pegaram. Mas todos ali, excluindo Oliver só aceitaram o cigarro porque estavam socialmente, não tinham costume de usar aquilo, além do mais, deixavam os dentes amarelos e a voz roupa depois de uns quinze anos.

— Vocês acham realmente que essa festa vai ser badalada? – perguntou Emma – Não estou criando muitas expectativas.

— Eu acho que vai ser – disse Nick, enquanto soltava uma fumaça no ar – Afinal, vai ser na 1 OAK.

— Eu sei que a 1 OAK é luxuosa – respondeu Emma – apesar de ser no lado oeste da cidade, mas do jeito que a Rachel é, vocês sabem, meio metidinha, esperava algo maior.

— Tipo o que? – perguntou Christina levando o cigarro à boca como se fosse Audrey Hapburn.

— Tem pessoas nem tão ricas quanto nós em Nova York que alugam hotéis inteiros para festas.

— Mas a festa não vai ser nessa magnitude – disse Ryan – É só mais para aparecer e para as pessoas lembrarem-se dela.

— Só sei que não se fala de outra coisa no bairro – disse Oliver.

* * *

— Dexter eu espero muito que isso seja mentira. – disse Blake.

— Qual o problema de uma garota ter saído do meu prédio. Eu não moro lá sozinho.

 Eles ainda estavam na casa de Rachel. Os dois estavam discutindo na varanda enquanto Rachel estava enviando mensagens para suas abelhas no seu celular.

“- Quero ir com um vestido bege – disse Sarah

— Vai com o que você quiser – respondeu Rachel”

— O problema não é esse Dexter – disse Blake – A questão é que eu já ouvi falar de boatos em que você estava saindo com outra garota do Brooklyn. Agora “coincidentemente” uma garota do Brooklyn sai do seu prédio hoje de manhã. Tudo bem que eu saí durante três meses... mas agora eu voltei, estou aqui!

— Como você sabe de toda essa fofoca? – disse Dexter meio irritado mas tendo em mente quem seja.

* * *

A campainha de Oliver tocou, ele se levantou e foi atender.

 - Dexter? – que surpresa, não esperava ver você aqui. Disse meio nervoso.

 Dexter olhou para dentro do apartamento e viu todas as pessoas, soltou um aceno. O apartamento estava com um cheiro de tabaco terrível, ficou imaginando o que estariam fazendo ali. Mas quem era ele pra julgar?

— Oliver venha aqui fora.

 Oliver fechou a porta atrás de si, só tinham os dois no hall social.

— Quem pediu para você sair por aí soltando fofoca sobre mim e a Taylor para a Blake?

— Não foi bem assim... – disse ele meio nervoso, mas já esperando que essa pergunta viesse uma hora. – ela perguntou se você estava vendo alguém no tempo que ela estava fora, sem dar noticias e tudo mais... Então eu disse, mas eram só boatos.

Dexter respirou fundo, apontou um dedo na cara de Oliver e disse:

— Não diga mais nada para ela. Ela não tem que saber de nada, e nem você tem que ficar falando essas coisas para ela. Nem para ninguém. Senão eu paro de te fornecer aquilo. E você sabe que quer, ainda mais no sábado. Jess hoje veio me ligar quase desesperado atrás disso, espero que você não esteja viciado também.

E com isso voltou para o elevador que por sua sorte já estava no andar e foi embora.

 Oliver voltou para dentro de casa.

— Então, o que ele queria? – perguntou Ryan

— Nada, só queria saber o que eu ia fazer amanhã.