Quinta-feira, 01/12/2016

Dexter Wyatt desligou o celular. Colocou-o em cima do criado mudo ao lado da sua cama e cobriu as mãos com o rosto respirando bem fundo. Estava exausto, ainda mais pela noite que teve.

— Quem era?

 Uma mulher sai da cozinha, usando somente uma blusa social e calcinha, segurando duas xícaras de café, entrega uma para Dexter.

 A garota em questão era Taylor Johnson.

 - Era só a Blake. – respondeu ele.

 Dexter sabia que o que estava fazendo era errado. Ele gostava muito de Blake e de todo o tempo que passavam juntos. Mas esses três meses que ela passou fora na reabilitação e sem dar notícias estava matando ele com perguntas: Será que ela ainda está comigo? Será que não arranjou outro par por lá? E a pergunta que intrigava a todos: Será que ela vai voltar?

 - Ah...! – exclamou – Não sabia que ela já tinha voltado. Bem estranho todo esse sumiço dela não acha?

— Ela foi para a reabilitação. Na verdade não queria que ninguém soubesse, mas a notícia aqui corre. Ainda mais com um blog de fofocas por aí.

— Estou me sentindo culpada agora. – disse Taylor se levantando da cama e vestindo a própria roupa da noite anterior.

— Não sinta. Quem está errado sou eu. Você não sabia de nada.

 Realmente, Taylor era nova na cidade quando começou a sair com Dexter. Depois de Blake ter sumido. Então já era tempo suficiente para o bairro inteiro saber do seu caso.

 Mas isso não foi o que aconteceu. Ninguém sabia oficialmente sobre isso. Só uma pessoa chamada Jess Shaw, seu melhor amigo, para quem contava tudo.

— Não Dexter... Eu não posso continuar com isso! – exclamou Taylor enquanto vestia sua calça da Forever 21, uma loja de departamento comum – Não quero ficar mal vista no Upper East Side, sou nova na cidade e com isso posso viver uma vida nova, não quero me queimar.

— Entendo o seu ponto de vista, mas... – Dexter não teve tempo de terminar a frase.

— Temos que terminar. Ou melhor, não dar continuidade com esse lance. Já que não somos namorados.

— Se é assim que você quer. – disse Dexter com um tom sério, do jeito que o próprio era. – A porta é por ali. – e apontou com um dedo enquanto o resto da mão segurava a xícara de café.

* * *

 Ryan Shaw estava sentado no sofá de sua sala com uma mão no copo de uísque e outra segurando o celular a orelha.

 - Uísque à uma hora dessas? – indagou o irmão, Jess Shaw – Não são nem meio dia.

 Ryan fez sinal com a mão como se fosse para deixar para lá. Estava no telefone com Rachel para resolver coisas sobre a festa, já que seria seu pai quem distribuiria as bebidas para ela. Ele fez um tremendo desconto para ela – como se eles precisassem disso.

 - Eu entendi Rachel – dizia ele – mas para o nível das pessoas que estarão na sua festa, elas não vão passar nem perto da cerveja.

— Ok! Ok! Já entendi isso – disse Rachel – Mas então o que você sugere? Não que eu não entenda de bebida, mas quero saber a sua opinião, já que é mestre no assunto.

 Isso Ryan não poderia negar.

 - Martinis, vodcas, uísques, mojitos, piñas coladas, cosmopolitans, bebidas elitizadas. – disse ele como se essas palavras saíssem naturalmente.

 Jess olhava do balcão da cozinha o irmão falar com Rachel. Ele se preocupava com ele, por ele beber demais e serem quase da mesma idade, diferença de uns dois anos para o outro. Ryan era mais velho.

 - Ok Ryan. Tudo bem, eu entendi. Agora vou desligar, vai passar algo que quero assistir na TV. Estou tomando uma vodca das suas aqui. Beijos.- e ela ouviu o interfone de sua casa tocar.

Ryan retribuiu o beijo e desligou o celular. Olhou para a mesa no centro da sala e viu o notebook nela. Pegou-o e o ligou para começar a fazer uma planilha com tudo que falou com Rachel para passar para o pai.

 - Ryan... – disse Jess.

— Fala irmãozinho. – respondeu ele

— Eu as vezes fico preocupado com você.

 Ryan parou o que estava fazendo e colocou o copo de uísque – agora já vazio – em cima da mesa de centro. Lançou um olhar para Jess.

— Nós já conversamos sobre isso... – disse Ryan – Não tem nada com o que se preocupar...

— Eu sei – Jess lançou um olhar para o copo de Ryan – mas é que não são nem meio-dia...

 Ryan se levantou com um pulo e foi andando para o balcão onde estava Jess.

— Olha... Como eu disse: já conversamos sobre isso. Se você falar para meu pai eu te esgano. – respirou Ryan – Não que ele não saiba que a gente bebe, mas você vai deixa-lo preocupado falando o que você vai dizer.

— Mas é exatamente por isso.

— Por isso o que?

— Eu me preocupo com você e não acho nada saudável, além do mais Christina...

— Olhe aqui – disse Ryan, pontuando a frase – eu gosto muito de você Jess, realmente gosto, mas se você falar algo pra meu pai, ou comentar algo com Christina, eu conto para ele também o que você tem usado com o Dexter nessas suas andadas pelo Central Park. – e apontou pela janela. Já que o parque era a duas quadras naquela direção.

Jess não disse mais nada e foi andando para o seu quarto.

 Ligou a TV e estava passando um desenho infantil que era bem famoso quando eram crianças.

 Ele mudou de canal, eles não tinham mais idade para aquilo.

* * *

 Já era depois de meio dia quando todos receberam a notificação:

“Olá upper east siders, só passando para informar que dentro de dois dias teremos a badalada festa de Rachel Cross, em prol da reserva dos Hamptons. Mas sabemos bem para que essa festa servirá: pura divulgação da própria família. Vejamos pelo lado bom vamos ter para onde ir esse fim de semana. Xoxo Gossip Girl”

 - Mas será possível isso? – disse Rachel – Esse blog não tem limites.

 Blake deu uma risada.

— É verdade, mas veja pelo lado bom, está te divulgando. Mesmo não sendo do jeito certo. – disse ela enquanto comia um cookie. Estavam as duas no quarto de Rachel.

 Rachel lançou um olhar para ela:

— É só para isso que as pessoas ligam hoje afinal. – disse Rachel meio contraditória, por que a festa dela tinha um motivo que é justamente de divulgação. – Mas agora me conta. Como foi... Você sabe, na reabilitação?

— Ah... É aquela coisa – disse Blake – tomam seu celular, você faz terapia e tudo mais... Não são coisas que eu goste muito de falar. É um momento bem triste para minha família.

— Entendo. – Rachel respondeu com compaixão e colocando o cabelo de Blake atrás da orelha – Mas vamos falar de coisa boa, como você vai vestida para a festa?

* * *

 Christina Cruz estava olhando o convite da festa de Rachel.

“Venham compartilhar comigo e nos ajudar nesse momento tão importante para o nosso planeta, a salvação de uma reserva, será bom para você e para mim”.

 Christina nunca tinha visto tamanha hipocrisia em um só papel. Ela sabia que Rachel não era uma grande fã dela, mas não sabia se era porque era hispânica ou porque Rachel tinha uma tremenda queda por Ryan Shaw – que hoje é namorado de Christina.

 Ela também sabia que só tinha sido convidada para essa festa por causa de Ryan, já que ele tinha um papel fundamental nessa festa. Então ela tinha que ir também.

 Não iria comprar roupa nenhuma nem sapato nenhum para essa festa, ia com algum que já tinha no seu guarda roupa. Não queria ter que gastar dinheiro com uma ocasião que você nem queria ir.

 Ela pegou o celular e discou um número da agenda.

 - Jess? – perguntou ela

— Oi Christina. Estava pensando em você agora. – e Jess se lembra da conversa que teve com o irmão. – Como você está? Tudo certo?

— Está tudo ótimo por aqui. Só queria uma informação. Você vai para essa festa da Rachel?

— Para falar a verdade, sou obrigado a ir. Você sabe, por todo o lance de meu pai e as bebidas. Por quê? Você estava pensando em não ir?

— Sim. Pensei até em dar uma desculpa para não ir. Você sabe que Rachel não é muito boa comigo.

— Não deixa isso te abalar, vai ser divertido. Vai ter tanta gente que você não vai nem perceber que ela está lá. Qualquer coisa liga para o Nick ou para Emma, vocês três podem marcar para ir junto e também com Oliver Davis – namorado de Emma Green – e o Ryan — namorado de Christina. Ouvi uma conversa do Ryan falando em alugar uma limo ou chamar um UberBlack.

— Pode ser eu vou pensar no assunto. Uma limusine não seria nada mal. Chegar já um pouco alta na festa só com o bar do carro.

— Jess eu vou à casa do Oliver! Se cuida! – Christina ouviu Ryan gritar do outro lado da linha.

 Christina desligou o telefone sem dar tchau para o Jesse e ligou para Ryan no mesmo estante.

* * *

— Só vou na casa do Oliver. O que tem isso? — perguntou Ryan meio confuso. – É do outro lado da rua.

— Mal algum. Só queria que você me avisasse.

— Você poderia até ir comigo se não morasse mais longe que todos nós.

— Eu posso ir com vocês. O que planejam fazer?

— Jogar conversa fora. A Emma vai estar lá se quiser ir.

— Pode ser. Me encontra lá. – e com isso desligou o telefone.