Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 16
Migalhas do mal


Notas iniciais do capítulo

OIIIIII! Finalmente cheguei! Nossa, dessa vez eu demorei... Me desculpem por isso, hehe, mas é que a preguiçosa aqui estava 100% indisposta para fazer qualquer coisa, fora o fato de que semana passada eu estava cheia de trabalhos para fazer e provas para estudar, então, espero realmente que compreendam e que me perdoem por esse capítulo estar pronto faz tempo e eu não ter postado.... Rsrs.

É isso então. Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/653683/chapter/16

— Vocês querem o quê?

— Isso mesmo, Crowley — afirmou Dean, despreocupado. — Queremos a localização da Fome.

Observei o rosto do Rei do Inferno inchar e ficar vermelho feito um tomate. Logo, ele tratou de esconder sua irritação através de um revirar de olhos. Cruzou os braços e ergueu as sobrancelhas, como se examinasse a ousadia do Winchester ao meu lado. Uma lâmpada pareceu acender-se sobre a sua cabeça e ele deu um sorrisinho. 

— O que eu ganho em troca? Afinal, vocês tentaram descobrir a localização de Lúcifer para mim e falharam. Não há um acordo. 

— Crowley, ou você nos diz onde está Fome, ou nós o matamos. Quem está preso em uma armadilha do diabo é você — rebati, colocando as mãos na cintura. 

Meus braços tremeram. Eu ainda estava nervosa pelo fato de que, segundo Miguel, eu estava usando meus poderes para mal, usando a raiva. Eu sabia que não deveria usá-la, mas não havia saída, e eu só pensei em salvar os meus amigos. Uma bigorna parecia estar sobre a minha cabeça, quase a ponto de me esmagar. Crowley suspirou assim que viu que essa era sua única opção, rendendo-se.

— Tudo bem, parceiros. Eu vou lhes dar a localização de Fome, mas somente porque quero aquele bastardo do Lúcifer bem longe do meu belo trono de veludo — resmungou o demônio. — Ele está em Fairfield, Iowa. Não sei se andam checando os jornais, mas há um caso no qual um cidadão de Fairfield comeu a própria esposa com a justificativa de que estava com muita fome — gesticulou. — Andem logo, quero meu cargo de Rei de volta. 

Encarei Dean, que tinha uma expressão determinada estampada no rosto. Virou-se para trás e eu o segui. Antes de sair da sala, consegui ouvir Crowley praguejando e berrando alguns insultos em nossa direção, mas não me preocupei com isso. Tínhamos coisas mais importantes para fazer. 

{...}

A lua estava alta no céu. Já estávamos viajando a algumas horas, porém, tivemos que parar devido ao fato de que havíamos deixado o bunker tarde demais e eu insisti que parássemos para um descanso, afinal, os olhos de Dean estavam quase se fechando e eu definitivamente não queria morrer.

Sam também estava dormindo, o que me deixou sozinha a não ser por Castiel, que estava acordado, já que anjos não dormem. Entretanto, sua presença não parecia contar, afinal, ele não falava comigo. Tudo que fazia era encarar a janela de maneira pensativa, apreensiva, e eu por um segundo me perguntei no que ele estava pensando. Suspirei e ele não ousou olhar para mim, então, enfiei a mão no bolso da jaqueta e tateei algumas notas de dinheiro dentro dela. Olhei para a loja de conveniência vazia bem próxima ao carro e voltei a encarar o anjo, que estava imóvel.

Hey, Cas... — chamei, e ele finalmente olhou para mim. Não consegui reprimir o sorriso ao notar seu constrangimento durante sua própria distração. — Quer ir naquela loja comigo? 

Ele assentiu, fechando os olhos como se estivesse cansado. Desci do carro e Castiel fez o mesmo, me acompanhando até o pequeno estabelecimento. Não dissemos mais nada, e novamente eu me questionei — no que ele estava pensando? Tentei ignorar essa interrogação gigantesca que rondava a minha mente e saí do local com um doce japonês esquisito em mãos, seguida por um Castiel robótico e silencioso. Eu senti que precisávamos conversar, senti que ele queria, e eu também queria, por isso, convidei-o para sentar em um banco de madeira ali perto. Para a minha surpresa, o anjo aceitou sem hesitações, mas a expressão aflita não parecia querer abandonar sua face.

— Não se sinta mal por ontem — murmurou ele, lendo os meus pensamentos. Quase cuspo o biscoito japonês em formato de coala, mas trato de engolir o doce, sentindo um gosto de morango descer por minha garganta queimando.

— Como? Eu matei aquele demônio de maneira tão... Brutal. Ambos sabemos que ele merecia, mas também sabemos que eu exagerei. Assustei aquela pobre garota e... Droga, Cas... — meneei a cabeça, largando o pacote de biscoitos sobre o meu colo e passando os dedos entre meus cabelos castanho-avermelhados. — Eu não consigo me reconhecer. 

Castiel piscou, suspirando em um ar de consolo. 

— Você exagerou, Beth, mas sei que isso não se repetirá. Foi um momento de descontrole, e sabe como sei isso? Porque eu conheço você. A verdadeira Elizabeth, a que eu encontrei desolada em um estacionamento sujo, está aí dentro, sei que está. Sei que é capaz de trazê-la de volta e sei que pode domar os seus poderes. Você consegue. É a filha de Deus. 

Sorri mais uma vez e Castiel devolveu o sorriso timidamente, me fitando com as órbitas azuis hipnotizantes. O desenho que eu havia feito passou por minha cabeça, e naquele momento, a palavra escrita naquele papel sujo nunca havia feito tanto sentido — família. Castiel era minha família, e eu estava disposta a dar o melhor de mim para não perdê-lo. Estava disposta a tentar, por mais que eu pudesse cair. Disposta a lutar, por mais que eu me machucasse, e, acima de tudo, disposta a aceitar o meu destino e cumprir a minha missão. Eu seria a chave e seria a esperança.

Terminei de comer os doces japoneses e eu e Castiel voltamos para o carro. O anjo permaneceu encarando a lua cheia altíssima no céu através da janela, e eu refleti sobre as palavras dele. Meu coração batia forte, e eu sentia-me forte. Sentia-me preparada. Sentia-me a verdadeira filha de Deus.

Enquanto eu imitava o serafim ao meu lado, olhando a lua pela janela, minhas pálpebras desabaram e eu peguei no sono, adormecendo com o coração tranquilo, repleto de paz e serenidade.

{...}

Acordei com Dean batendo palmas na frente do meu rosto. Resmunguei coisas incompreensíveis e não ousei abrir os olhos. Se eu não estava enganada, até consegui sentir o revirar de olhos do Winchester. Ouvi os seus passos e reprimi um sorriso, aliviada por ele ter desistido de me acordar, porém, a minha paz encerrou-se assim que um barulho estridente de buzina atormentou os meus ouvidos. Abri os olhos, alarmada, e cobri as orelhas, fazendo uma careta e sussurrando palavrões na direção do Losechester. Dean encarou-me, apreciando a minha desgraça e dando um sorrisinho sacana. Me segurei para não socá-lo e quebrar aquele nariz bonito de uma vez por todas.

— Temos coisas para fazer, Bela Adormecida, portanto, trate de tirar essa carranca do rosto e sorria! Hoje é um novo dia! — bradou animado, gesticulando e saindo do carro.

Assim que concluí que não me restavam outras opções, saí do carro, ainda inconformada com o sono que tentava me domar incansavelmente. Dean lançou roupas na minha cara e apontou para um banheiro no posto de gasolina onde estávamos estacionados. Rolei os olhos e caminhei até o tal, entrando na primeira cabine que vi. Retirei minhas roupas rapidamente e vesti as roupas formais, junto da saia justa que eu tanto odiava. Prendi os cabelos em um rabo de cavalo alto no topo da minha cabeça e saí do banheiro, voltando ao Impala.

Bastaram mais cinco minutos para que chegássemos na delegacia de Fairfield, e para a minha surpresa, uma porção de policiais caminhavam por ela, alienados e apressados. Franzi o cenho, mas quando um policial se aproximou, me recompus, mantendo o semblante sério e profissional que eu deveria manter. O policial acenou com a cabeça e meus olhos se dirigiram à estrela dourada colada no seu uniforme. Aquele era o xerife. Mostramos nossos distintivos e ele cumprimentou-nos com um aperto de mão.

— Agentes, desculpem pelo tumulto. Outro corpo foi encontrado, vítima de canibalismo. É por isso que estão aqui, não é mesmo? — perguntou ele, erguendo uma sobrancelha com ar de dúvida. 

— Sim, é por isso. A primeira foi Genevieve Hall, mas quem é a segunda vítima? — disse Dean.

— Phillip West — respondeu de prontidão. — Sua esposa, Annie, se entregou para a polícia e teve a mesma justificativa que Robert Hall. Disse que estva com muita fome — fez uma careta.

Eu, Sam e Dean nos entreolhamos. Uma ideia surgiu em minha cabeça e eu não pude conter as palavras que eu acabei por dizer.

— Será que podemos falar com a Annie? 

— Acho que não conseguirão muito dela, mas podem tentar. Sigam-me, eu pedirei para os meus auxiliares buscarem-na e levarem-na até a sala de interrogatório.

O xerife fez o pedido a alguns tiras e gesticulou para que fossemos atrás dele. O caos era mais do que visível na delegacia — pelo o que ouvi, vários crimes estavam sendo cometidos pelos cidadãos de Fairfield. Enquanto eu era guiada pelo xerife junto de Sam e Dean, ouvi uma policial fazendo perguntas sobre um ladrão. Esse tal ladrão, aparentemente, havia assaltado uma lanchonete e roubado comida, além de ameaçar comer a própria atendente. Foi aí que percebi o que a Fome fazia, e me perguntei quando isso começaria a fazer efeito em todos os cidadãos, incluindo Sam e Dean. Castiel fora falar com a filha dos Hall, que presenciou a cena, porém fugiu antes que o pai a devorasse também. Tentei ignorar a situação constrangedora e me sentei em uma das cadeiras da sala de interrogatório. Sam e Dean fizeram o mesmo, e segundos depois, uma Annie chorona entrou pela porta. O policial obrigou-a a sentar e eu pude notar a expressão cansada estampada em seu rosto.

— Muito prazer, senhorita West. Sou o agente Gomez e gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre a morte de seu marido, Phillip West — pediu Sam, sendo o mais educado possível. 

— Eu já disse tudo o que sabia para a polícia — choramingou ela.

Suspirei, tentando encontrar uma maneira de não ofendê-la.

— Annie, eu sei que você está sofrendo mas se você não quer sofrer mais consequências e sabe de mais alguma coisa, conte-nos agora.

Foi a vez de Annie suspirar. A loira plastificada passou a mão pelos cabelos platinados, aparentemente úmidos, já que ela provavelmente havia tomado um banho para limpar o sangue do corpo. Me encarou, exausta, e rendeu-se.

— Tudo bem, mas acredito que não é algo significativo ou que fará sentido. Essa é a última coisa que eu sei, eu juro.

— Tudo bem, nos conte — Dean entrelaçou os dedos das mãos sobre a mesa de maneira severa.

— Bem, tudo começou quando eu fui a um bar novo de Fairfield, o Enchiridion. Foi há uma semana atrás, eu acho. O bar ainda não possui uma clientela grande, mas é um lugar agradável, e o que eu não sabia era que isso poderia me mudar. Desde então, eu vinha tendo uma fome incontrolável, e até mesmo Phillip estranhou isso. Até que ontem... Eu vi ele... Não tinha nada na dispensa e... Eu simplesmente não consegui me segurar. Me desculpe — ela soluçou, tratando de limpar as lágrimas que desciam por seu rosto.

Eu, Sam e Dean nos entreolhamos. Uma pista. 

Agradecemos à Annie e ao xerife e partimos ao Impala. Dean pediu para que eu ligasse para Castiel, e assim eu o fiz — pesquei o telefone da minha bolsa e disquei o número do anjo, colocando no viva-voz assim que atendeu.

— Me deixe adivinhar, Robert Hall também foi ao Enchiridion nos últimos dias? — dei um palpite, ouvindo uma risada abafada do serafim.

— Exatamente. Nos encontramos lá, então? — sugeriu.

— Combinado. Vejo você lá.

Desliguei o telefone e Dean pisou fundo, rumo ao tal Enchiridion. Pouco tempo depois, vi o nosso destino através da janela — um bar bastante aconchegante, com uma aparência rústica e convidativa. Através da pequena vitrine do bar, consegui visualizar uma bancada alta de madeira, uma estante alta com bebidas, mesas igualmente feitas de madeira e paredes pintadas em um tom de bege relaxante. Castiel estava logo na frente, e assim que nos reunímos, entramos no bar, torcendo para que o feitiço de Fome não fizesse efeito. O bar estava vazio, já que era dia, e havia apenas um atendente — um jovem, deveria ter por volta de 20 anos, usava roupas caras e que combinavam com a decoração do estabelecimento. Nos dirigimos até ele, mostramos nossos distintivos e ele estremeceu, como se soubesse de algo. A esse ponto, eu já desconfiava do rapaz. 

— Muito prazer. Você é... — Dean levou o olhar até a plaquinha onde dizia o nome do atendente. — Elijah. Certo. Bem, Elijah, aparentemente, os canibais que deixaram pessoas mortas vieram aqui recentemente. Não estou insinuando nada, mas precisamos seguir as pistas. Poderia nos dar a lista de clientes, por favor? 

Elijah engoliu em seco e eu pude ver o seu pomo de adão subindo e descendo repetidas vezes. 

— Só com um mandato — gaguejou.

— Olha, Elijah, só nós sabemos dessa estranha coincidência, e podemos muito bem espalhar ela, o que pode causar a sua demissão e o fim desse lugar. Prefere nos mostrar a lista ou quer que voltemos com um mandato? 

O atendente me encarou por alguns segundos, incrédulo, e aparentemente, concluiu que não lhe restava outra opção. Retirou um fichário bem grosso de um compartimento da bancada e colocou o objeto sobre ela, abrindo-o e revelando os nomes dos visitantes. Pude ver que Elijah estava muito nervoso, e Dean também percebeu, eu só não esperava que o Winchester puxasse o rapaz pela gola da camisa e o ameaçasse. Enquanto eu percebia a presença dos nomes de Annie e de Robert na lista, tomei um susto com o grunhido que Elijah deu ao ser puxado por Dean e com o barulho da faca de demônios sendo arrancada do bolso dele.

— Quem está pedindo para você fazer isso? Eu percebi a sua reação, Elijah. Se é que esse é o seu nome.

— P-por favor — sussurrou ele, quase sem ar, e Dean afrouxou o aperto em seu pescoço. — Sou Erin, um demônio de encruzilhada. Meu supervisor disse que eu ganharia uma promoção se eu ajudasse ele e outros comparsas a proteger Fome. Eu não fiz nada, juro! Só estou tentando camuflar o bar.

— Onde Fome está? — questionou o loiro, Dean, pressionando ainda mais a adaga contra o pescoço de Erin. — Diga! Esse demônio pode acabar matando você se nos contar, mas acredite, faremos muito pior se não contar.

Erin fechou os olhos e tentou não gritar de medo. Tive que reprimir a risada. Eu nunca havia visto um demônio tão medroso.

— Tudo bem, tudo bem! Tivemos muitas visitas ontem, e essa noite, o feitiço que Fome fez trará para ele muitas almas. Não sei onde Fome está agora, mas eu juro que ele virá! Juro! 

Nos entreolhamos mais uma vez e Castiel tocou a testa de Erin, matando-o. 

— Os seus olhos podem mudar, Beth, mas os meus não vão, e por mais inocente que ele parecesse, ele fazia pactos, tirava vidas. Ele poderia estar armando. 

E com essa deixa, voltamos ao Impala. Castiel deu um sumiço no corpo de Erin e deixamos o bar sozinho. Logo os demônios veriam que Erin não estava lá e procurariam por ele, o que deixaria Fome com menos proteção. Não tínhamos um plano, mas faríamos de tudo para matar o bastardo e pegar seu anel. 

Dean abriu o porta malas e tirou o paletó quente que vestia, largando ele e a faca de demônios lá dentro e fechando o compartimento rapidamente.

— Temos trabalho para fazer.

{...}

Bufei e Dean me olhou com uma cara, como se quisesse me dar um tapa. Cobri a minha boca, admitindo a mim mesma que eu havia feito barulho e me aproximei, cutucando o seu binóculos careta. Assim que ele me entregou, levei o objeto até os olhos e através dele observei a vitrine do Enchiridion. Afastei cuidadosamente o arbusto que atrapalhava a minha visão do bar e Dean me deu uma cotovelada. Entreguei o binóculos a ele.

— Por quanto tempo vamos ter que ficar aqui, praticamente mofando? — sussurrei o mais baixo que pude.

— Se você ficar fazendo muito barulho, vamos sair daqui bem rápido... Só que mortos — ironizou, murmurando enquanto segurava o binóculo. 

Comprimi os lábios e olhei para trás, encarando a expressão apreensiva de Sam e Castiel, que pareciam apreciar a nossa pequena discussão. Suspirei e me surpreendi quando levei outra cotovelada do Winchester mais velho. Antes de eu ter a chance de praguejar algo, ele tirou o binóculos do rosto e apontou para um homem distante. Era alto e caminhava na rua com uma maleta em mãos, além de vestir roupas bastante formais. Ele andava em direção ao Enchiridion, porém, deu a volta e pareceu buscar uma entrada dos fundos. Logo depois, ele desapareceu em meio ao breu, e todos concordamos em segui-lo.

Cautelosamente e tomando cuidado para não fazer nenhum ruído, contornamos a rua e seguimos o homem, provavelmente um demônio. Observei-o entrando no estabelecimento e quando ele girou a cabeça para checar as coisas ao seu redor, encolhi-me, apressando-me em sair de seu campo de visão. Devagar e seguida pelos Winchester e o anjo, entrei no Enchiridion pela porta dos fundos. Esgueiramo-nos dentro de um pequeno cubículo nos fundos do bar.

— Senhor, eu trouxe as almas. Você só precisa assinar aqui... — disse uma voz desconhecida.

Com os meus ouvidos aguçados, ouvi o barulho de uma caneta sendo pressionada contra o papel. Encarei Sam, Dean e Cas, confirmando o momento de ataque. Assim que escutei a maleta sendo destravada, parti até o local de reunião dos demônios no Enchiridion. No meio do bar, havia um cadeirante velho, de cabelos brancos e usando um terno. Sua boca estava entreaberta, e o demônio ao lado dele assinava no lugar dele, já que ele parecia estar bastante incapacitado de fazer isso. Os demônios notaram a nossa presença e partiram para cima. Apressei-me em revidar, erguendo o meu braço e mentalizando o meu desenho — família — e mesmo com toda a minha fé nos meus próprios poderes, nada aconteceu. O demônio entortou a cabeça para o lado. É, eu estava ferrada.

 Ele então lançou-me para longe, e eu rezei para todos os santos possíveis para que os meus poderes funcionassem. Me reergui e a criatura estava parada na minha frente, me encarando com um olhar de escárnio. Ao meu lado, em cima de uma mesa, estava a maleta. Olhei para ela e o sorriso do demônio sumiu, como se conseguisse prever o meu ato. Peguei a maleta e joguei-a para Castiel, que desviando dos demônios com os quais lutava, tocou nela e seus olhos adquiriram uma coloração forte e reluzente de azul. A maleta em suas mãos se abriu e as almas ficaram igualmente azuis, subindo até o céu. O demônio na minha frente rugiu, pulando na minha direção.

As mãos do bastardo rodearam o meu pescoço e apertaram-no, me fazendo sufocar. Meus olhos pareciam querer saltar para fora, e eu grunhi, sentindo o sangue subir até a minha cabeça. Arfei e busquei por oxigênio, mas o mesmo parecia não existir mais. O sorriso demônio voltou a estampar seu rosto e caracterizá-lo como um verdadeiro babaca.

 — Como alguns dos meus colegas conseguiram perder para... — ele pressionou as mãos em minha garganta. Emiti um ruído quase inaudível, ofegando. — Você.

 Uma risadinha escapou de seus lábios e mesmo não conseguindo respirar, esgueirei o meu olhar para o ambiente atrás do demônio na minha frente. Sam e Dean estavam caídos no chão, Fome estava intacto e Castiel machucado, cheio de cortes feito com lâminas angelicais. Estaria tudo acabado? A risada do demônio ecoava por minha cabeça e o ar era cada vez mais escasso. Minha garganta doía, as mãos quentes da casca do demônio me proporcionavam uma sensação de queimação que corria por meu corpo inteiro. Minha cabeça estava explodindo, meu rosto formigando e senti tudo ficar embaçado. Minha visão ficou turva, e parecia que aquele era mesmo o fim. 

 Até que o demônio abriu a boca, e uma luz branca quase me cegou — consegui fechar os olhos a tempo. Ouvi barulhos de luta e caí no chão. Senti o ar voltando aos meus pulmões e mantive os olhos fechados, até que escutei a voz de Dean.

 — Gabriel?

Os flashbacks usuais vieram à minha mente mais uma vez. A pintura de um anjo. A imagem de um homem de barba, loiro e portador de uma aparência cômica invadiu os meus pensamentos e eu ousei abrir os olhos, piscando-os freneticamente e observando este mesmo homem parado à minha frente. Era ele. O anjo Gabriel. Ele sorriu para mim, estendendo-me a mão. Hesitei um pouco, observando os dedos longos me aguardando e então eu a peguei. Ergui-me e desejei soltar alguns palavrões. Todos eram mais altos do que eu... 

 Castiel, Sam e Dean já estavam de pé e Gabriel se afastou um pouco, sorrindo para todos nós ao mesmo tempo e lançando-nos olhares. Olhei para ele e em seguida para a cadeira de rodas ao lado dele, vazia. Ele ergueu a mão e mostrou o anel de Fome em seus dedos, girando-o e ainda sorrindo, zombeteiro.

 — Heya, kiddos! Sentiram a minha falta?

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Não esqueçam de deixar um review bem lindinho sobre o que acharam do capítulo, vou adorar!

Kisses sz

TWITTER: @winxchestwr
TUMBLR: http://fallen-fanfic.tumblr.com



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fallen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.