Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 15
Resquícios de escuridão


Notas iniciais do capítulo

OOOOI meus cabritinhos! Tudo sussa?

Isso mesmo, I'm back e trouxe um capítulo fresquinho, recém saído do forno para vocês. Nesse aqui, verão o quão a Beth é poderosa (e pode ficar ainda mais) e ao mesmo tempo, o quanto ela é perigosa (também pode ficar ainda mais), portanto, preparem os corações e não comam nada com LDL (colesterol ruim, para os esquecidos) alto enquanto leem o capítulo, pois as chances de um infarto são ainda maiores!

Por fim, gostaria de pedir desculpa aos autores dos comentários que ainda não respondi (responderei logo) e gostaria de agradecer aos 71 acompanhantes! Sério, muito obrigada, até os fantasmas (apareçam, deixem um review neste capítulo!), eu amo todos com todo o meu coração.

Bom, chega de encher linguiça e boa leitura!



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Amarrei os cabelos no topo da minha cabeça e olhei-me no espelho, assim como há alguns dias. Dessa vez, me senti mais confiante. Um brilho se instalou nos meus olhos e o meu coma temporário pareceu acender algo dentro de mim. Corri para a sala onde Miguel me aguardava e abri a boca ao ver que Crowley também estava lá. Perto deles, cerca de quatro demônios — pelo menos era o que eles pareciam, pois estavam enfurecidos — encontravam-se presos por algemas com pentagramas entalhados nas mesmas em quatro cadeiras, todas bem no meio de um pentagrama no chão alinhado com um no teto. Funguei, encarando Miguel.

— Demônios? Vou ser treinada com demônios?

Miguel pareceu sorrir sob a casca de Adam, porém, seu rosto continuava sério. Ele balançou a cabeça uma vez, como um soldado. Crowley me encarava com o cenho franzido, como se esperasse que eu fizesse alguma coisa. Uma risada soou pela sala inteira e eu levei meu olhar ao demônio que gargalhava, com um sorriso zombeteiro estampado em seu rosto. Entortei a cabeça para o lado, notando com nitidez que o demônio duvidava da minha capacidade.

— Pensei que você era mais alta, Elizabeth. Para uma filha de Deus, não acha que está um pouco pequena? — interrogou com a voz carregada de escárnio.

Meneei a cabeça com as sobrancelhas erguidas e os olhos fechados, tentando me convencer de que eu não havia escutado aquilo. Fitei o arcanjo próximo a mim e os seus olhos rolaram, demonstrando que também achava as palavras do demônio bastante inúteis para alguém que estava prestes a morrer.

— Pois bem, estes são alguns lacaios de Lúcifer. Torture os idiotas e tente extrair alguma informação que seja útil — gesticulou Crowley, fazendo uma careta de “tanto faz”.

— O que eu ando me perguntando desde quando cheguei nessa sala é… — segurei o riso, mordendo o lábio. — Como um anjo e um demônio conseguem ficar tão próximos um do outro e não acabarem se matando?

Miguel hesitou, olhando para Crowley de canto e travando o maxilar, de maneira que seu ódio pelo ser ao seu lado se sobressaísse. O demônio alisou a barba rala sobre o seu rosto e em seguida, enfiou as mãos nos bolsos do grande sobretudo preto, dando de ombros. Sorri e encarei o arcanjo, posicionando minhas mãos em minha cintura.

— Está de acordo com a tortura?

— Elizabeth, estes quatro mataram mais de vinte anjos esta semana. Anjos inocentes, cujos apenas estavam tentando proteger seus irmãos e acabaram falecendo injustamente. Além do mais, precisamos encontrar Lúcifer e essa é a nossa única chance — expôs severamente, me fazendo assentir.

— Pode me orientar? Sabe, como usar o meu mojo* sem acabar, sei lá, simplesmente desmaiando? — satirizei, sacudindo meus dedos sarcasticamente.

Miguel acercou-me, pousando a mão em minha omoplata, pressionando-a levemente, fazendo-me enrijecer bem onde eu estava. Girei a cabeça para o lado, de modo que eu pudesse vê-lo.

— Encontre a sua âncora e foque-se nela. A raiva pode lhe ajudar, porém, não acho uma boa ideia usá-la para elevar o seu poder, confie em mim. Ah, e lembre-se — ele elevou seu supercílio rigidamente. — Quando a sua âncora não funcionar, não use a raiva, apenas concentre-se e tente novamente.

Concordei e me aproximei do demônio que outrora caçoava do meu tamanho. Seu sorriso gélido ainda estava ali, enfeitando seu rosto. Me abaixei para que eu pudesse olhá-lo de perto e ele soltou uma risada tenebrosa.

— Precisa de ajuda para controlar os seus poderes inúteis? Como eu disse anteriormente, para filha de Deus você não serve — debochou, aumentando mais ainda a chacota visível em sua expressão.

Cerrei os dentes e depositei um belo soco na face do demônio, que rosnou feito um leão, mostrando-me seus verdadeiros olhos — fendas negras e obscuras, me encarando cheias de fúria. Apreciei aquilo. Me abaixei novamente, e para a minha surpresa, ele cuspiu o sangue que saía de seus lábios em meu rosto. Fechei os olhos, não acreditando na sua atitude insolente. Ele pareceu gostar da careta que fiz, então, dei-lhe outro soco, dessa vez mantendo-me em pé, para talvez intimidá-lo. Não pareceu funcionar, pois mesmo com os lábios e um dos olhos inchado, ele ainda sorria. Um filete fino do líquido escarlate escorreu do seu nariz.

— Não ouse ameaçar-me, ou eu quebro isso que você chama de casca — prometi, apertando mais os meus dedos contra a palma da minha mão.

— Acha que vamos simplesmente entregar a localização de Lúcifer pra você assim, de bandeja? — zombou o demônio ao lado deste que estava bem na minha frente, possuindo uma bela casca loura, provável modelo.

Foi impossível me segurar. Virei meu corpo com determinação e apertei meu punho, fazendo a criatura loira engasgar. Ela puxou o ar que ainda lhe restava e olhou para Crowley, cujo assistia aquilo como se estivesse na estreia da continuação de seu filme favorito.

— Pobre Fergus… Perdeu o seu trono para o… — o demônio tossiu e eu apertei meu punho mais ainda. — supremo líder. Tolo! Nunca o terá de volta! Queimem no inferno, seres inúteis!

— Queimar no inferno? Não… Nenhum de nós fará isso, muito menos você. Mas sei quem vai morrer agora mesmo, apenas por ser um demônio teimoso — intimidei, girando a mão.

A fumaça que saía da boca da casca loura voltou para dentro dela e tudo começou a brilhar, indicando a morte do demônio. Escutei um grito de raiva vindo do demônio zombeteiro e sorri, indo até ele e mentalizando minha âncora novamente.

Lembrei-me do desenho. Sam, Dean e Cas. Família.

Desenhei uma linha no ar e o pescoço do demônio foi cortado. Suas cavidades faciais brilharam como as do outro demônio e assim que tudo voltou ao normal, me posicionei próxima aos outros dois demônios.

— E então? Serão teimosos como os outros?

— Nunca lhe diremos o paradeiro de nosso Senhor supremo. Prefiro morrer — o outro demônio parecia mais ingênuo, porém, aparentava esconder uma personalidade macabra através dos olhos verdes e doces da sua casca.

— Ótimo — proferi.

Sorri, apertando minha mão e enforcando-o no mesmo segundo. Família. Morto. O demônio que restou debateu-se nas algemas, tentando fugir.

— Só falta você…

— Faça das palavras dele as minhas — sussurrou, sorrindo com escárnio.

Ergui o braço e lancei-o para o lado, fazendo a cadeira do demônio bater na parede. Com a força da mente, elevei a cadeira no ar e encarei-o, dando-o uma última chance. Percebi um olhar indiferente de Miguel caindo sobre mim, porém, ignorei e estalei os dedos, fazendo o demônio explodir e sangue jorrar para todos os lados, inclusive em meu rosto.

Limpei o líquido avermelhado do meu rosto com minha camiseta e suspirei, evitando olhar para o anjo e o demônio que estavam bem atrás de mim. Família. Saí pela porta da sala, tentando de alguma maneira esquecer o prazer que senti em matá-los.

{...}

Batidas na porta do quarto interromperam minha leitura. Ergui os olhos e ordenei a quem batia que entrasse, e para a minha surpresa, era Dean. Foi quase inevitável não corar, mas tentei esconder. Fechei o livro e ele pareceu aguardar esse ato.

— Beth, pode me ajudar a limpar a bagunça que você fez? Está tudo sujo de sangue — gesticulou, abrindo um sorriso constrangido.

— Me desculpe — respondi timidamente, me levantando da cama. — Acho que exagerei.

Ele ergueu as sobrancelhas e abriu mais a porta para que eu passasse. Eu parei do lado de fora e ele fechou a porta, virando-se para me encarar.

— Você acha?

Sorri, envergonhada, e ele me guiou até o quarto do bunker no qual eu havia matado os demônios. Os corpos não estavam mais ali  — provavelmente, Miguel deu um sumiço nos mesmos. As paredes e as estantes que ficavam próximas ao gigantesco pentagrama no chão estavam imundas. Dean me entregou rapidamente um pano para limpar as estantes — me disse que não adiantaria esfregar o chão pois o mesmo era de pedra e o sangue já estava seco. Obedeci e me dirigi à uma das estantes, começando a esfregar as pequenas gotas secas e tirá-las, provavelmente sem sucesso.

Escutei um pigarro e engoli em seco.

Hey… Você não está falando comigo por causa do beijo?

Estreitei o olhar, permanecendo em silêncio. Eu não sabia a resposta certa daquela pergunta, apenas continuei esfregando a mancha de sangue na parte superior da estante, cuja não parecia querer sair. Ouvi o suspiro de Dean e mordi o lábio. Não queria deixá-lo sem resposta, mas também não sabia o que responder.

— Não sei — sussurrei por fim, conseguindo retirar o respingo da estante.

— O que quer dizer com isso? — perguntou com a voz carregada de dúvida. Eu conseguia captar o som do irritante do tecido sendo esfregado na outra estante.

Virei a cabeça para o lado, e vi que ele me fitava. Eu fiz o mesmo e parei de esfregar, encarando-o nos olhos. Droga… Eu havia piorado tudo, piorado a situação. Mordi o lábio mais uma vez e tentei mentalizar qualquer desculpa, qualquer justificação. Impulso definitivamente não era uma, por mais que fosse verdade, e eu queria convencer a mim mesma de que havia sido somente por impulso, mas a verdade é que eu não tinha certeza. Voltei a olhá-lo, suas órbitas verdes como esmeraldas permaneciam imóveis.

— Eu estou constrangida. Mais do que nunca. Você não beija um cara que você conhece a um mês e diz que foi por impulso. E estou mais constrangida ainda pelo motivo de que eu queria beijar você. Simplesmente não sei o porquê — desabafei, bufando.

Ele piscou algumas vezes e só então eu percebi a gravidade do que eu havia dito. Encolhi os ombros e senti meu rosto esquentar como uma fogueira. Dirigi meu olhar a outra mancha de sangue, esfregando-a com força. Eu sabia que Dean ainda estava me encarando, mas de canto de olho, vi que ele virou-se para continuar a limpar a minha bagunça. Meneei a cabeça, me culpando cerca de um milhão de vezes por abrir a boca. Era tudo tão novo para mim… Eu estava viva somente a um mês e definitivamente não sabia o que eu estava sentindo, o que eu sentia por Dean, só sabia que era algo quase que incontrolável. E eu admiti a mim mesma — eu queria beijá-lo de novo, só não sabia o motivo.

— Se foi impulso ou não — disse ele, próximo a mim, erguendo sua mão para que eu o entregasse o pano. Eu o fiz. — Não deveria se envergonhar disso.

Ele sorriu de canto e eu franzi o cenho.

— Por quê?

— Porque você queria me beijar, e não há nada de errado isso. Como eu já disse, para o seu primeiro beijo, não foi nada mal — elogiou discretamente, saindo da sala e me deixando sozinha.

Fiquei ali, encarando aquela porção de livros. Eu não conseguia entender nem a mim mesma, como eu entenderia o significado das palavras que o Winchester havia acabado de me dizer? Suspirei e passei a mão por meus cabelos castanho-avermelhados, tentando compreender a confusão presente não somente em meu coração, mas em minha cabeça. O que eu estava sentindo?

{...}

— Harrisonville, Missouri — afirmou Sam, fechando o notebook.

— Então, Cas, qual é a sua teoria? — perguntou Dean, bebendo um pouco da cerveja e em seguida largando a garrafa vazia em cima da mesa.

Eu encarei o anjo. Parecia distraído, disperso, mergulhado em seus pensamentos, porém, ele ergueu o olhar. Suas órbitas azuis pareciam pensativas e distantes, então ele apenas meneou a cabeça e coçou o queixo, aparentemente tentando formular uma resposta concreta. Em instantes, uma lâmpada pareceu acender acima da sua cabeça.

— Houveram registros de situações estranhas em Harrisonville no dia em que Lúcifer se reergueu, correto?

— É, sim — concordou o Winchester mais novo, erguendo seus supercílios de maneira confusa.

— Portanto, os demônios que andam atormentando a cidade são lacaios de Lúcifer, preparados para exterminar a população que testemunhou o renascimento do mesmo. Típico.

— É típico que pessoas relatem ver seus parentes com olhos negros e aparentando estarem diferentes, mais frios e arrogantes? — satirizei, rodando uma caneta entre os meus dedos.

Castiel entortou a cabeça para o lado, como se pensasse em como responderia a minha pergunta. Eu apenas me concentrei na caneta que girava entre meus indicadores, tentando não lembrar da noite anterior, na qual eu e Dean havíamos passado por um momento esquisito juntos. Seus olhos semelhantes a diamantes rolaram por todo o bunker. É, ele estava realmente distante.

— Talvez. Precisamos tirá-los de lá — refletiu o serafim, encarando a mim, a Sam e a Dean.

— Você quer dizer matá-los, certo? — Dean riu. — Certo. Eu topo.

E com essa deixa, partimos.

Depois de cerca de seis horas — acabei dormindo durante a viagem inteira —, havíamos chegado a Harrisonville. Agradeci o fato do relógio indicar meio-dia e sentir o calor do sol esquentando o meu corpo, quase sempre frio. Decidimos começar visitando a última testemunha da elevação de Lúcifer — Christine White, estudante de medicina da universidade mais aclamada de Missouri, garota cuja presenciou o diabo tomando forma. Havíamos lido a matéria no qual ela contava sua experiência, porém, como esperado, ninguém havia acreditado nela. Em um piscar de olhos, Sam tocou a campainha e a porta se abriu, revelando uma garota loura de olhos azuis com bolsas arroxeadas debaixo dos mesmos, denunciando sua falta de sono. Eu sorri com simpatia, erguendo a mão educadamente.

— Christine White? Muito prazer, sou a agente Vancamp do FBI — chacoalhei a sua mão e não pude deixar de sentir o quão fria ela estava.

— Mais depoimentos? De que adiantará? — perguntou com a voz arrastada, revirando os olhos. — Ninguém acreditou, de qualquer forma.

— Bem, queira acreditar ou não, mas somos especialistas em casos estranhos, por mais bizarros que sejam, ou seja, queremos ouvir a sua história — declarou Dean, ajustando o seu paletó cordialmente.

Christine cedeu — abriu a porta e convidou-nos para entrar, obrigando-nos a sentar no seu sofá de couro. Em seguida, disse que buscaria café e alguns biscoitos, típico de anfitriões, e isso nos proporcionou um pouco de tempo a sós.

— Trouxe o spray? — perguntou Castiel, encolhendo-se desajeitadamente em seu paletó.

Ri baixinho da sua deselegância e virei-o para mim, ajustando sua gravata, pois a mesma estava um tanto quanto torta. Depositei alguns tapinhas leves em sua omoplata e Dean entregou o aerossol da cor vermelha para Cas. Nosso anjo de sobretudo possuía um plano — usaríamos Christine como isca, por mais que não quiséssemos, desenhando um símbolo que só demônios entendem, Castiel só entendia por uma exceção, dissera-me que era uma longa história. Em seguida, os lacaios de Lúcifer viriam todos juntos para matar Christine e nós os mataríamos primeiro, protegendo-a e salvando-a da morte certa. Não era um plano para lá de espetacular, mas esperávamos que ele funcionasse.

Christine voltou com o café e os biscoitos e entregou-nos. Tratei de ser uma boa atriz e levei a porcelana frágil aos lábios, esperando que Castiel iniciasse o plano. Como eu já esperava, ouvi um pigarro vindo do anjo e Christine ergueu o olhar triste até ele.

— Posso usar o seu banheiro? — pediu ele.

— Claro. Subindo as escadas, primeira porta à direita — respondeu ela, tentando esconder seu mau humor, sem sucesso, é claro.

Cas assentiu e subiu as escadas. Mexi os ombros debaixo do casaco justo de secretária e, delicadamente, deixei a xícara sobre a mesa, desistindo do teatro que eu estava fazendo e não comendo os biscoitos. Parti logo para o assunto.

— Então, Christine, o que você viu?

A garota White mordeu o lábio inferior, parecendo hesitante. Ela não parecia triste nem nada do tipo, apenas perturbada. Era mais do que possível imaginar o quão aterrorizada ela estava — não deveria nem conseguir dormir direito, por isso as olheiras. A estudante suspirou.

— É claro que não vão acreditar nisso… — sussurrou ela, meneando a cabeça. — Eu estava na festa da Alexia, em comemoração ao início do nosso primeiro ano da faculdade. Todos os nossos amigos estavam lá, a festa estava incrível, até que começou a ficar tarde e a maior parte dos convidados estavam bêbados ou desmaiados. Lembro que Alexia também estava bêbada e me arrastou para fora, onde alguns dos nossos amigos estavam bebendo e curtindo a brisa, como ela dissera. Permanecemos junto deles por um tempo, até que sentimos um tremor debaixo de nós e tudo ficou claro. Lembro também de virar para trás e sentir minha visão sendo ofuscada por um clarão amarelado, que aos poucos se tornou chamas avermelhadas. Das chamas, um homem surgiu. Era louro, possuía uma barba rala e vestia uma camisa social cinza com as mangas arregaçadas por cima de uma camiseta preta. Sua expressão era amedrontadora, ele apenas me encarou e tudo que eu pude ver no seu o olhar era ódio e escárnio. Alexia estava bêbada demais para perceber o que estava acontecendo, mas alguns dos meus amigos viram. O problema é que agora eles estão mortos — disse rigidamente, cerrando os dentes. — Devo ter dançado pole dance na cruz…

De repente, a porta se abriu com um estrondo. Cinco homens e duas mulheres entraram na casa, sorrindo para mim. A maioria deles vestia roupas pretas e tinham aspectos assustadores. Lacaios de Lúcifer.

— Ora, ora, ora, se não foi a rebelde que matou quatro de nossos irmãos, quatro fiéis seguidores do líder supremo Lúcifer. Que sorte a nossa encontrar você! Digo, já sabemos que estava aqui, sentimos a sua presença! Iríamos vir mais tarde para levar a doce Christine, mas não podíamos perder a oportunidade de arrancar esses seus lindos cabelos castanho-avermelhados e vingar a morte injusta de nossos companheiros.

— Sabia que só fala merda? — praguejei, erguendo a minha mão, porém nada aconteceu.

Paralisei. O demônio sorriu friamente, e eu virei para trás, vendo a reação um pouco desesperada de Sam e Dean. Onde estaria Castiel? Ouvi passos e observei outro demônio descer as escadas, segurando uma faca e rodando-a entre os dedos.

“Ache a sua âncora”.

Família.

Ergui a mão novamente e novamente, meus poderes não funcionaram. Parti para o plano B, por mais que Miguel não o aprovasse. Encarei o punhal que o demônio sentado no pé da escada segurava e disse a mim mesma — fique com raiva.

Levantei os dois braços olhando para dois dos demônios e suspendi-os no ar, girando minhas mãos e quebrando seus pescoços. Fiz o mesmo com outros dois e cortei a garganta de outro, sobrando três.

Um deles correu até mim e me derrubou, pressionando as mãos contra a minha garganta. Dean e Sam estavam prensados na parede pelo demônio líder daquele pequeno bando, que parecia apreciar a dor que os irmãos sentiam. Me enfureci e libertei-me das mãos do demônio, cortando sua garganta com facilidade.

Meu instinto me dizia para matá-los cruelmente. E eu o faria.

Corri até a lareira e arranquei uma estaca de ferro dela, não sabendo que eu possuía tal força. Passei por Dean, pegando a faca de demônios de dentro do bolso de seu paletó e me aproximando do penúltimo demônio restante, enfiando o punhal em seu pescoço.

Restando apenas um, corri até ele e ele soltou os Winchester. Duelou comigo, lançando-me para longe. Senti uma dor excruciante tomando conta do meu corpo inteiro assim que minhas escápulas se chocaram contra a parede e isso, de alguma maneira, despertou algo em mim. Arfei e me levantei. Algo parecia brilhar ao meu redor. Ignorei e marchei até ele, fazendo um gesto com a mão. O demônio voou e caiu sobre as escadas. Minha fúria somente aumentou e eu me aproximei dele, enfiando a estaca de ferro em seu peito. Repeti isso diversas vezes, vendo-o vomitar o sangue de sua casca, e assim que concluí que aquilo era o suficiente, cravei o punhal para demônios em seu baço, finalizando a sua vida.

Larguei a estaca e o punhal no chão e me virei para Sam, Dean, Castiel e Christine, que pareciam me assistir atentamente. O terror estava estampado no rosto da estudante, seu rosto estava vermelho e inchado. Lágrimas escorriam por ele e ela caiu em seus joelhos, horrorizada com a cena. Olhei para Sam, Dean e Cas, que me encaravam e encaravam a minha monstruosidade.

— Seus olhos… — balbuciou Castiel.

Balancei a cabeça e pisquei diversas vezes. O rosto de Castiel pareceu mais relaxado e deduzi que meus olhos haviam voltado ao normal. Encarei minhas mãos, vendo o sangue que as manchavam. Abri a boca e quis chorar. O que eu havia feito?

Não conseguimos dar uma desculpa para Christine e eu me arrependi amargamente de ter lutado tão brutalmente com o demônio. Christine ia ter um trauma para o resto da vida e iria perguntar-se — o que eram aquelas coisas? A única coisa que pedimos era para ela não contar nada a ninguém, e ela estava com tanto medo de mim que acabou aceitando e jurando pela sua vida.

Depois as seis horas de viagem, acabamos chegando em Lebanon no pôr do sol. Quando Dean estacionou, o céu estava escuro, porém, alaranjado em uma parte distante do horizonte. Todos nós descemos do carro e os Winchester entraram no bunker, porém, Castiel parou ao meu lado.

— O que foi aquilo?

— Me deixe sozinha, Cas — pedi, encarando suas órbitas paralisadas, como se estudassem cada detalhe do meu rosto. — Por favor.

O anjo abaixou a cabeça, obedecendo e dando as costas para mim. Suspirei ao vê-lo entrar no bunker. Uma brisa fina e congelante balançou meus cabelos, fazendo-me pegar a jaqueta de couro em minhas mãos e colocá-la sobre minhas omoplatas.

Caminhei pela pequena trilha ao redor do bunker, sem rumo ou sem intenção. Meus pensamentos fervilhavam e minha cabeça parecia que ia explodir. Como eu poderia ter sido tão cruel? Só lembrava-me de usar a raiva — e eu sabia que isso era errado, porém, aquela era a minha única opção. Senti o sangue debaixo das minhas unhas, cerrando os dentes e denunciando a minha angústia.

— Elizabeth.

Ao ouvir o meu nome, virei para trás. Miguel estava bem ali, a apenas dez centímetros de mim, me encarando com os olhos pegando fogo. Eu sabia que iria levar um sermão. Me encolhi mais ainda, evitando olhá-lo nos olhos.

— Está usando os seus poderes incorretamente. Usando-os para o mal — proferiu severamente, ainda me encarando de maneira constrangedora.  

— Para o mal? — pronunciei boquiaberta, espantando-me com os meus próprios atos mais do que eu já estava espantada.

Ele meneou a cabeça, parecendo querer me insultar, porém, ele apenas bufou, tentando recompor-se. Quando ergueu a cabeça, seus olhos me fitaram e eu pude ver o cansaço presente neles, como se tudo estivesse sobre as suas costas. Tentei devolver um olhar de consolo, mas não pareceu ajudar, pois ele meneou a cabeça novamente.

— Certamente. Vi como matou aquele demônio e vi a cor dos seus olhos.

— E que cor eles estavam? — indaguei, temendo a resposta.

Miguel suspirou e mordeu o lado interno da sua bochecha. Resposta difícil. Me preparei para a surpresa, engolindo em seco e aguardando. Senti o gosto de bile na minha boca e senti meus neurônios agindo, como se eles também pressentissem que algo ruim estava prestes a sair da boca do arcanjo parado em minha frente.

— Alaranjados, assim como o fogo do inferno.


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Notas finais do capítulo

*Mojo: poderes

E então, gostaram? Deixem seus comentários e me digam: o que acham que a Beth fará para controlar-se? (aquela carinha) Não pensem coisa feia!

Até o próximo!

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