Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 17
O último cavaleiro


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeee! I'm back, cabritinhos lindos do meu coração! Sentiram a minha falta e de Fallen? Espero que sim, hehe.

Primeiramente, gostaria de pedir desculpas por essa imensa demora que levei para postar esse capítulo. Ele já estava pronto há algum tempo, mas eu estou gripada e a preguiça também contribuiu para essa demora... Hehe.

Segundo, quero agradecer pelos 80 acompanhantes. Meu Deus! Eu nunca pensei que a fanfic atingiria esse número (que para mim, é bastante) e mesmo que nem todos comentem, eu sou grata a cada um desses acompanhantes. E você, leitor, que nunca comentou em Fallen, não tenha medo! Eu não mordo, então pode comentar nesse capítulo, se quiser :)

Terceiro, mudei a capa de Fallen pela milésima vez, e eu juro que dessa vez é definitivo. Também troquei os banners e os nomes dos capítulos. É só isso que eu tinha para dizer mesmo.

Enfim, boa leitura a todos!



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Naquele momento, tudo que pude fazer foi encarar Gabriel, boquiaberta. Outro arcanjo estava parado bem na minha frente, e eu me senti um pouco responsável. Afinal, eu era a filha de Deus e estava diante de outro filho de Deus. Não tão legítimo quanto eu, mas era um. O pior de tudo era que ele me encarava com um sorrisinho sarcástico nos lábios, como se eu fosse algum filme de comédia. Desviei o olhar até Castiel, que parecia temeroso, e eu sabia o motivo.

— Desde quando está vivo, Casa Erotica? — questionou Dean, de maneira irônica.

— Bem como pensei. Castiel não lhes disse que eu estava vivo. Puxa vida, Hotpants, me odeia tanto assim? 

O olhar que Dean direcionou a Castiel doeu até em mim, queimando e penetrando na pele de Castiel como um choque. O anjo apenas estreitou os olhos, aparentemente constrangido, e foi surpreendido por Dean, que rapidamente prensou o serafim contra a parede. Segurou firme a gola da camisa de Castiel, puxando-o para perto e deixando-os muito próximos. 

— Por que diabos não nos contou que ele estava vivo? Ele poderia ter nos ajudado em todas as vezes que precisamos! 

Castiel não parecia ter resposta, e Dean não parecia querer um motivo para bater em Castiel. Por isso, me aproximei, repreendendo-os e apartando a briga de ambos, afastando-os. Dean me encarou, dessa vez mais calmo, e olhou para Castiel como se pedisse desculpas telepaticamente. O anjo pareceu entender, e ouvi um barulho atrás de mim. Quando virei para trás, vi que Gabriel tinha um saco de pipoca nas mãos e comia-o ansiosamente. Parou de comer e me encarou.

— O quê? Eu adoro conflitos.

Aquele cara era uma verdadeira piada. Gabriel deu de ombros, estalou os dedos e o saco de pipoca sumiu das suas mãos.

— Enfim... Vocês, meus adoráveis fãs devem estar pensando... Como estou vivo? E eu lhes respondo, meus caros. Papai trouxe de volta os seus soldados, e eu estou de volta no jogo.

— O que você quer dizer com isso? — indagou Samuel, curioso.

— Eu sou o Lázaro, Samsquatch. Papai não deu uma chance somente para Lúcifer, mas para nós também. Alguns de nós anjos que morremos recentemente fomos ressuscitados. Demônios também... Não me admira, às vezes papai é piedoso até demais. 

Nos entreolhamos, e Castiel ainda parecia constrangido por não ter contado para os Winchester que Gabriel estava vivo. Eu sabia, mas ao mesmo tempo não sabia que eu deveria contar a eles. 

— E você, Matilda, é bem diferente do que eu pensava! Pensei que você ia ser mais como... A mulher maravilha, ou algo do tipo. Não que você não seja adorável, na verdade, você é tanto que eu gostaria de trancar você em um pote e colocar você em uma estante para poder admirar você e chorar, porque garota... Tenho que admitir, tenho inveja do seu cabelo. Qual é a cor? Castanho cereja? 

— Obrigada, mas de qualquer forma, quem é Matilda? — franzi o cenho.

Gabriel não pôde conter a gargalhada que soltou de repente, o que me fez ficar ainda mais confusa. Por que as pessoas esperavam que eu entendesse todas essas malditas referências, afinal? Eu estava viva há pouco tempo, e tempo para assistir todos os clássicos presentes neste pequeno planeta azul era o que eu menos tinha, portanto, o fato de citarem isso relacionado à mim me irritava um pouco — talvez muito. 

— Você está muito desinformada. Whatever, tenho mais coisas para fazer. Segura! — lançou-me o anel de Fome e eu peguei no ar. 

— Para onde você vai? — perguntou Dean, se aproximando um pouco. 

Gabriel fez uma careta, como se a resposta fosse bastante óbvia. Ele estalou os dedos e em segundos ele estava com um bigode e vestindo roupas mexicanas, se é que não estou confundindo com árabes. Um sorriso travesso instalou-se nos lábios do arcanjo e ele ergueu as sobrancelhas, passando rapidamente a mão pelos cabelos loiros e fazendo uma pose um tanto quanto ridícula.

— Retomar os meus negócios, é claro! — respondeu ironicamente. — Adeus, Samsquatch, Hotpants, Matilda e... Desculpe, Dean, eu não lembro do apelido que dei para você. Xoxo. 

Ouvimos um farfalhar de asas e Gabriel havia sumido. Eu não imaginava que um arcanjo pudesse ser cômico. Se não estivéssemos em tempos difíceis, eu teria rido à beça. Mas como não estávamos em uma Miami Beach, ajudei os meninos a sair daquela lanchonete fedida.

{...}

Puxei uma das cadeiras e me sentei nela, soltando um longo suspiro na direção de Sam, que me encarou de maneira apreensiva. Já estávamos procurando um modo de rastrear a Morte já fazia algum tempo, e não tínhamos nenhuma pista. Nem mesmo Castiel sabia, e quando tentamos chamar Miguel, ele não atendera nossas orações. Já faziam cinco dias desde que havíamos roubado o anel de Fome e isso era um absurdo. Cada dia, cada hora, cada minuto e cada segundo eram preciosos, e já havíamos gastado tempo demais. Precisávamos achar uma solução, e rápido, ou ficaríamos sem saída. Sam meneou a cabeça e fechou o notebook com toda a sua calmaria. Se fosse Dean, provavelmente teria abaixado a tampa com toda a força e jogado na parede. Reprimi uma risada ao pensar nisso. O tal Winchester estava encostado em um dos pilares que se encontravam na biblioteca do bunker, de braços cruzados e com uma expressão séria. Ele estava mais frustrado do que ninguém, inclusive havia gritado comigo há alguns dias por eu ter pedido que ele me alcançasse uma caneta. Se tem uma coisa que Dean é, essa coisa é explosivo. 

— Precisamos achar algo — disse Castiel, quebrando o gelo.

Dean revirou os olhos e bufou.

— É mesmo, é? Não me diga — rebateu ele com um tom ignorante.

Fechei o livro que se encontrava em minhas mãos e encarei todos ali presentes, que quando notaram o meu olhar, devolveram me encarando também. Comprimi os lábios e apertei o exemplar contra o meu peito, pensando em todos os feitiços falhos que havíamos tentado para rastrear o maldito cavaleiro. Ele era realmente um mistério, mas por incrível que parecesse, eu estava confiante. Tínhamos os anéis de todos os outros três cavaleiros, mas o  que me preocupava era se poderíamos usá-los novamente para prender Lúcifer na jaula. Dean e Sam me contaram que haviam feito isso para trancafiar o diabo, mas acho que eu era a única que permanecia com essa dúvida, grudada em cada um dos meus neurônios. Mesmo assim, preferi ficar quieta. 

— Sejamos otimistas — sugeri, pela primeira vez na minha vida, já que a insegurança era como meu nome do meio. — Vamos conseguir encontrá-lo.

— Beth está certa — concordou Sam calmamente. — Vai dar tudo certo.

Massageei minhas têmporas, ignorando a dor excruciante que se instalava nelas e olhei para Dean, que aparentava estar furioso. Ignorei a sua falta de paciência.

— É um ótimo momento para otimismo, Sammy — o escárnio era bastante visível na fala do Winchester mais velho. — Mas nesse caso, não precisamos de discursos cheios de arco-íris e unicórnios. Precisamos de um feitiço, de uma saída, de ajuda. 

Fechei os olhos, me preparando para o sermão. Dean às vezes parecia uma mãe irritada com o seu filho, como a dos filmes que eu havia visto no pouco tempo em que eu estava viva. Eu entendia a sua irritação — na verdade, eu até sentia o mesmo, mas explodir como ele não ia ajudar em nada. Nossos suspiros de cansaço e falha preencheram a biblioteca fria e silenciosa na qual estávamos e um farfalhar de asas foi escutado. Já imaginando quem seria, virei a cabeça para o lado e me deparei com Miguel e um outro homem, ambos com expressões serenas. Miguel sorriu, olhando para Dean e Sam, mas não parecia prestar atenção em mim. O outro homem pôs-se na frente de Miguel e revelou olhos azuis e extremamente cintilantes. Aquele era Miguel. Então, fiquei me perguntando — seria aquele Adam, o irmão dos Winchester?

— Sam, Dean, Elizabeth e Castiel — cumprimentou-nos com um aceno de cabeça. — Eu finalmente terminei de fazer os reparos na alma corrompida de Adam. Deem as boas vindas ao seu irmão, que está de volta em carne e osso.

Adam finalmente se permitiu, aproximando-se de Sam e abraçando-o carinhosamente. Fez o mesmo com Dean e eu pude ver a emoção do reencontro em seus olhares. O Winchester perdido, depois de cumprimentar Castiel, me encarou, intrigado. Seus olhos ciano como os de Castiel me fitaram. Dean pareceu entender a pergunta mental de Adam. Corei levemente. 

— Essa é Elizabeth. Ela é nossa... — percebi a hesitação em sua fala. — Amiga. 

Adam veio até mim e apertou minha mão suavemente. Sorri de maneira mais educada possível e ele devolveu o sorriso. Parecia um bom garoto, no final das contas, e eu podia imaginar o quão dolorido ele estava por dentro. Aliás, quem não ficaria? Permanecer trancafiado em uma jaula no inferno durante anos — que no inferno, provavelmente pareceriam muito mais — junto de Lúcifer não me parecia uma atividade para lá de divertida. 

— E então, o que você é? — ele indagou, como se soubesse que eu não era exatamente uma pessoa normal. 

— Você adivinhou. Eu carrego um título até meio engraçado... Eu sou a filha de Deus — fiz uma careta.

Adam riu.

— E eu pensei que ser a casca de Miguel era um fardo terrível — satirizou, olhando de relance para os irmãos, que assistiam nossa socialização atentamente, o que de fato me deixava constrangida.

Miguel pigarreou e nossa atenção foi dirigida até ele. Só então parei para analisar sua casca. Era um homem bonito, até. Seus olhos azuis me chamaram atenção, e eu não pude deixar de me lembrar de quando Castiel me alertou sobre os meus olhos extremamente cintilantes e azuis. Afastei essa memória balançando a cabeça, e então outra veio até mim. "Alaranjados, assim como o fogo do inferno". Engoli em seco.

— Se me permitem, tenho alguns assuntos para resolver. Arranjei morada e dinheiro para o Adam aqui mesmo em Lebanon, então não se preocupem com ele. Poderão visitá-lo quando quiserem — informou.

— Eu ouvi dizer que estão procurando pela Morte. Por que não posso ajudar? — Adam fez a típica cara de cachorrinho que caiu da mudança na direção do arcanjo entre nós, que não pareceu abalar-se diante da mesma. 

— Porque você já passou por muita coisa nos últimos anos, Adam. É melhor para você e para a sua segurança — respondeu Sam, interrompendo a fala de Miguel. — Nós vamos ficar bem e queremos que você também fique, afinal, você é o nosso irmão. 

Adam sorriu, não se contendo e andando até Sam. Os dois se abraçaram fraternamente e isso repetiu-se com Dean. A emoção ainda se fazia presente no olhar dos mesmos, e eu acreditava que a mesma nunca abandonara os olhos azuis de Adam. Também sorri diante do reencontro e logo, Adam despediu-se de mim, desejando-me boa sorte. 

— Você por acaso sabe onde está a Morte? — Dean franziu o cenho, interrompendo a partida do arcanjo. 

Miguel fechou os olhos suavemente, como se estivesse ativando algum radar interno da Morte dentro da sua cabeça. Poucos instantes depois, ele os abriu, e eles estavam brilhando na cor azul. Como diria Dean, mojo. Poderes angelicais. Logo, o brilho se esvaiu de suas órbitas.

— Arizona.

Permanecemos em silêncio, esperando por um complemento, mas nada. Sem que percebêssemos, o bater de asas soou e Adam e Miguel rapidamente desapareceram da biblioteca do bunker. Eles haviam ido embora. Dean confirmou isso com um grunhido de insatisfação. 

Arcanjo maldito!  

Mais tarde naquele dia, quando desci as escadas após tomar um banho, ouvi murmúrios vindos do andar de baixo. Chegando lá, me deparei com Sam e Dean. Sam estava sentado diante de seu laptop e bebia algo em uma xícara, provavelmente café. Sua expressão era tensa assim como a de Dean, que encarava algo no aparelho tecnológico em sua frente. Me aproximei deles enquanto esfregava a toalha no cabelo molhado, afim de secá-lo. Assim que notou a minha presença, Sam me entregou uma caneca quente que estava sobre a mesa, ainda com um olhar apreensivo. Deixei a toalha sobre a mesa, aceitei a xícara e puxei uma cadeira no outro lado de Sam, me sentando nela para ler a tal matéria na qual os Winchester estavam tão interessados. Beberiquei o líquido quente e quase o cuspi quando bati os olhos na manchete. "Pequena cidade do Arizona registra 40 mortes em apenas três dias". 

— Isso significa concentração de ceifadores. Miguel estava certo. Morte está lá — esclareceu Samuel, me olhando aflito. 

— Ótimo. Partiremos amanhã. E você, Beth, você não vai — determinou Dean, se afastando de nós e caminhando até a escada.

— O quê? — exclamei.

O que ele queria dizer com aquilo? Me impedir de sair? Aí já era demais. Interrompi-o e o Winchester girou nos calcanhares, dirigindo seu olhar até mim. Semicerrei os meus olhos e cruzei os meus braços sobre os meus seios, encarando-o e aguardando uma resposta. Quem era ele para determinar se eu iria ou não? A indignação estava estampada no meu rosto, eu não precisava nem mesmo me olhar no espelho para saber isso.

— Eu já disse. Você não vai — repetiu, inabalável.

— E por quê? Você não pode dizer o que eu devo fazer.

Dean semicerrou os olhos, aparentemente surpreso diante do meu repentino protesto, mas ainda estava inabalável. Se o mundo fosse um verdadeiro mar de rosas, eu pularia no pescoço daquele cara naquele mesmo instante e o estrangularia até a morte, por mais que ele fosse meu amigo, porque o que eu menos tolerava era toda essa autoridade sobre mim. Mas como nem tudo era do jeito que as pessoas queriam, permaneci em silêncio, esperando a sua justificativa.

— Você está vulnerável. Quando roubamos o anel de Fome, se não fosse Gabriel, estaríamos todos mortos, inclusive você, que é a destinada a salvar o mundo. Não podemos correr esse risco mais uma vez e não podemos perder você — respondeu, dessa vez mais calmo e com um tom de voz preocupado.

Logo, a raiva que eu sentia se esvaiu e o afeto substituiu ela. Dean estava preocupado comigo, era isso. Sorri sem descolar os lábios, descruzando os braços e dando alguns passos na direção de Dean. Assim que eu estava próxima à ele, olhei em seus olhos.

— Eu consigo, Dean. Eu só preciso treinar, é isso. Vocês precisam de mim, e eu acho que posso correr esse risco. Não saberei se eu não tentar, no final das contas. Eu posso arriscar.

As órbitas verde-esmeralda de Dean Winchester me encararam. Eu havia o convencido. 

{...}

A chuva torrencial que caía sobre a cidade de Litchfield Park, no Arizona, me deixou um pouco mais relaxada. Ao contrário da maioria das pessoas, eu amava chuva profundamente. A chuva era como um calmante para mim, suavizava minhas emoções e me deixava com um surpreendente bem-estar. Eu trocaria, de fato, um dia ensolarado por um dia chuvoso e nublado, e eu nem mesmo sei o porquê. Mas o que realmente me surpreendeu foi a horda de homens engravatados infestando a cidade inteira. Alguns habitantes circulavam entre eles como se eles nem mesmo estivessem ali, e esses misteriosos homens engravatados permaneciam imóveis, olhando para um ponto fixo no horizonte. A foice que seguravam em suas mãos me assustou mais ainda, e quando eu pedi para Dean estacionar, finalmente abri a boca, saindo do carro e apontando para os homens.

— O que é isso? Quem são eles? — perguntei, de cenho franzido. Ao contrário da entrada da cidade, aquela rua estava vazia. Nenhum cidadão transitava entre eles, o que tornava aquela cena ainda mais horripilante.

— Eles quem? — Sam estranhou, me encarando com um ar de dúvida.

Logo, eu tinha um problema. Só eu os via.

— O quê? Você não consegue enxergá-los? — engoli em seco, e tive a sensação de que algo estava muito errado.

— Beth, o que você está vendo? — Dean se aproximou de mim, enquanto eu observava de maneira desesperada os homens engravatados que nem sequer pareciam perceber a nossa presença. 

Sam, Dean e Castiel se entreolharam, como se soubessem do que eu estava falando. Mas por que só eu os enxergava, afinal? Nem mesmo Castiel conseguia enxergá-los. Talvez fossem os meus poderes celestiais, ou algo do tipo — por mais que eles estivessem tirando uma bela de uma folga —, mas Castiel também os tinha. Não tão poderosos quanto os meus, eu acho, mas ele ao menos poderia sentir a presença daqueles homens. Seriam eles...

— São os ceifadores — disse Castiel.

Colei os lábios um no outro e olhei ao meu redor mais uma vez. A face pálida, o corpo imóvel e inerte. Essas eram as características de cada um dos homens engravatados que nos rodeavam. As foices reluziam com a luz do sol, que mesmo escondido entre as nuvens carregadas de água que tomavam o céu inteiro, ainda brilhava, emitindo uma luz esbranquiçada e sem graça, mas que ao mesmo tempo, me deixava relaxada. O casaco de couro agora molhado pesava em meus ombros, e só então fui perceber que eu estava debaixo da chuva. Não me importei com isso, pois os meninos também não estavam ligando para esse fato. Me surpreendi quando vi uma pessoa em especial caminhando entre os ceifadores. Um homem de sobretudo preto, muito velho e magro. Até mesmo seu rosto era magro, olheiras fundas, e seu cabelo descia ao redor da cabeça em um tom castanho desbotado. Suas mãos estavam dentro de seus bolsos e ele caminhava despreocupadamente. No início, achei que fosse apenas um cidadão normal de Litchfield Park, mas quando vi que ele olhava para os ceifadores ao seu redor, estranhei. Em uma tentativa de me aproximar desse homem misterioso, me esgueirei entre os ceifadores na minha frente.

— Onde você está indo? — exclamou Sam, quando eu já estava longe dele.

Me aproximei mais ainda e finalmente, o homem misterioso notou a minha presença. Seu olhar penetrante dirigiu-se até mim, fazendo-me estremecer e encará-lo de olhos semicerrados. Ele tirou a mão de seu bolso e eu observei ela. Um anel. Morte. Era ele. E era por isso que enxergava os ceifadores. Ele era Morte, o último cavaleiro, o maior dos ceifadores, aquele que possuía o último anel e o anel que restava para trancafiar Lúcifer de volta em sua jaula. Sem pestanejar, cheguei ainda mais perto, entrando totalmente em seu campo de visão.

— Você... — apontei na sua direção.

Ele deu um meio sorriso e de repente, eu me vi em uma sala. Em uma sala não, em um... Possível restaurante, sentada em uma mesa de frente para Morte. Dean, Sam e Castiel estavam sentados ao nosso redor, e pareciam tão confusos quanto eu. Um garçom se aproximou e entregou à Morte um prato com um pedaço de pizza e talheres. Entregou a mim e aos meninos toalhas quentes. Sequei meus cabelos rapidamente.

— Que bom recebê-los. Aliás, já provaram esse sabor? Pepperoni... — disse enquanto cortava um pedaço do alimento, e logo, colocou o mesmo na boca, saboreando-o e fechando os olhos suavemente. — Esplêndido.

— Morte — proferiu Dean, encarando o cavaleiro.

— É uma surpresa vê-los novamente, sabiam? E você, Elizabeth, eu ouvi falar muito de você, sabe? Me conte mais... — pediu ele, ainda cortando o pedaço de pizza.

Suspirei.

— Meu nome é Elizabeth Corpus, e eu sou a filha de Deus. É isso. Agora... Sem querer ser intrometida, mas nós precisamos do seu anel — expliquei rapidamente, seguido de uma pequena ameaça. — A não ser que você prefira morrer.

Morte quase engasgou-se com a comida e deu uma breve risadinha. Eu não imaginava que alguém tão sério quanto ele fosse capaz de rir, mas aconteceu. Encarei-o, confusa.

— Bem, já que eu sei que você é mais do que capaz de acabar com a minha... Como é que dizem hoje em dia? Acabar com a minha raça, desejo propor um acordo. Eu não estou com vontade de morrer, então, quem sabe possamos fazer uma troca?

— Que troca? — Castiel pronunciou-se.

— Eu lhes dou a localização de Lúcifer e essa belezinha aqui — ele ergueu o seu anelar enrugado no ar, balançando-o levemente e se referindo ao anel preso em seu dedo. — E vocês não me matam. É um bom acordo, não acham? 

— De qualquer forma, você desaparecerá depois de tirar o seu anel — falei.

Morte cortou mais um pedaço da pizza e levou o alimento até a boca, mastigando lentamente e deixando  um leve suspense no ar, o que me deixou um pouco irritada. Me segurei para não bater na mesa e chamar a atenção daquele cavaleiro maldito.

— Nenhum dos cavaleiros morre quando seu anel é retirado. Ele apenas desaparece. Porém, sou diferente dos meus irmãos, já que sou o mais forte deles. Eu não desapareço. Eu continuo aqui, aliás. Mas e então... Temos um acordo?

Encarei Dean, Sam e Castiel, que também me encaravam. Aquela era um boa proposta, um bom acordo, mas eu não tinha tanta certeza. Mesmo que eu tivesse minhas dúvidas, ergui a minha mão na direção de Morte, que apertou-a educadamente.

— Fechado.

Morte me entregou o seu anel e revelou onde Lúcifer estava — no estado de Kentucky.  


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Tenho uma pergunta a lhes fazer, se quiserem responder nos comentários, ficarei muito feliz: acham que esse truque dos anéis funcionará novamente e conseguirá trancafiar Lúcifer de volta em sua jaula? Fica no ar esse mistério... Hehe.

Não esqueçam de deixar um comentário bem bonitinho, ok?
Beijos!

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