Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 14
Súplica


Notas iniciais do capítulo

Oi, lindosss! Voltei!

Perdoem a minha imensa demora. Para compensar esse atraso, tem uma coisa nele que estão esperando há muito tempo, então, aproveitem!

Gostaria de alertar que estive bem insatisfeita com o trailer que fiz e acabei fazendo outro, portanto, assistam e deixem nos comentários o que acharam, okay? Assistam em 720p.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=-To5LPmDjgQ

É isso. Beijocas e boa leitura!

Música do capítulo:

— Arsonist's Lullabye — Hozier



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Narrador

Sam colocou Elizabeth sobre a cama delicadamente e arregaçou as mangas, olhando para o irmão. Suspirou e tirou o telefone do bolso, discando o número do anjo Castiel.

— Cas? Oi, Cas, precisamos da sua ajuda — disse Sam, assim que o anjo atendeu.

O que aconteceu?

— Beth… Ela está ferida. Está perdendo muito sangue — balbuciou, encarando Dean, que estava ao lado da garota na cama pressionando a ferida que manchava a toalha branca. — Precisamos de você. Agora.

A ligação encerrou-se e ouviu-se um farfalhar de asas. Castiel se aproximou e ajoelhou-se ao lado do corpo imóvel e pálido de Elizabeth. Virou-se para Sam e seus olhos azuis encheram-se de preocupação.

— Como isso aconteceu? — perguntou, visualizando a toalha branca se tornando vermelha.

— Beth teve uma visão na qual Lúcifer ordenava que os demônios matassem ela aqui no bunker. Por isso, fomos para um galpão bem longe daqui e quando nos acomodamos dentro, ela pediu para ir buscar o casaco que havia esquecido no carro. Quando percebemos que ela estava lá fora a tempo demais, vimos que ela estava lutando com os demônios e um deles apunhalou ela — explicou Dean, com um tom de voz melancólico.

— Aliás, por que ela queria tanto buscar o casaco? — Sam sussurrou.

Castiel caminhou até a escrivaninha presente no quarto e pegou o casaco encharcado de Elizabeth. Examinou-o e enfiou a mão no bolso do mesmo. Ali dentro, havia uma folha de papel dobrada que estava um pouco molhada, porém ainda intacta. Castiel desdobrou a folha, revelando um desenho. Sam, Dean e Castiel. Esse era o desenho. Na parte inferior da folha, com uma letra cursiva bastante delicada, estava escrita a palavra família.

O anjo mostrou o desenho para Sam e Dean e os três ficaram perplexos. Não souberam o que dizer. Castiel voltou para perto de Beth e pediu licença a Dean. Tocou em sua testa e assim que viu o estado da garota, retirou a mão de imediato, como se tivesse levado um choque. Ele estremeceu e abriu os olhos azuis, ainda mais aflito.

— Ela está uma bagunça. Não sei se consigo curá-la sozinho.

— O que quer dizer com bagunça? — o nervosismo estava estampado no rosto de Sam.

— Além da facada, Beth usou seus poderes demais. Qual era o estado dos demônios que ela matou?

— Estavam estraçalhados — respondeu o Winchester mais velho.

— É... Isso explica tudo — concluiu, suspirando.

Sam e Dean se entreolharam. Tudo que sabiam fazer era pensar no destino da garota — ela viveria? Ou esse seria seu fim? Não sabiam, mas fariam de tudo para que a primeira opção se realizasse. Aquela era a sua maior prioridade naquele momento. Não importa como, mas lutariam para salvá-la.

— Preciso de ajuda — declarou Castiel, encarando os irmãos Winchester.

***

— Por que estamos fazendo isso? Você não pode simplesmente usar os seus poderes angelicais e chamar os dois aqui? — perguntou Dean, revirando os olhos e demonstrando sua impaciência, afinal, Beth poderia morrer a qualquer segundo.

Castiel virou-se para Dean antes de lançar o último ingrediente na tigela.

— O único meio de comunicação que nós anjos possuímos para convocar outros anjos é a rádio angelical, e como eu já disse diversas vezes, ela está um caos após a saída de Lúcifer da jaula. Eles não escutarão. Essa é a única saída.

— Tudo bem — suspirou o Winchester mais velho, observando Castiel terminar o feitiço de convocação.

Castiel ergueu a mão para Sam e o mesmo lhe entregou um isqueiro. Castiel o acendeu e jogou dentro da tigela, fazendo os ingredientes queimarem. O serafim pensou nos dois anjos que o ajudariam e após alguns segundos, abriu os olhos.

Bem na frente de Castiel e dos Winchester, surgiram Miguel e Hannah. Eles se entreolharam, perguntando a si mesmos o motivo de estarem ali. Miguel pareceu prever o que estava acontecendo, então, deu um passo a frente, longe o suficiente para ficar cara a cara com Castiel.

— O que aconteceu?

— Privacidade, Miguel — pediu Castiel, olhando para Dean, que estava atrás dele. Esse é o meu garoto, pensou Dean.

Miguel franziu o cenho e obedeceu, dando um passo para trás. Hannah ainda os encarava confusa. Ela sabia que Lúcifer havia sido libertado, porém, não fazia ideia de que Miguel estava vivo.

— Castiel? O que fazemos aqui? Aliás, como está vivo? — Hannah olhou para Miguel.

— Longa história. Preciso da ajuda de ambos — o anjo de sobretudo decidiu partir logo para o assunto, sem distrações. — Elizabeth está ferida, não só externamente, mas também internamente. Não consigo curá-la sozinho, e por isso, eu os convoquei aqui.

— Elizabeth? A filha de Deus? Achei que eram apenas boatos — Hannah entortou a cabeça para o lado, encarando Sam e Dean.

— Ela não é — disse Sam, se aproximando. Dean fez o mesmo. — E ela está à beira da morte. Precisamos da ajuda de vocês. Por favor.

Miguel não hesitou, porém, Hannah pensou se valia a pena gastar seus poderes com alguém que ela nem mesmo conhecia. Hannah não possuía afeto por ninguém a não ser seu pai, afinal, ela era um anjo, e afeto era um sentimento humano. Ela sabia que Castiel só entendia esse sentimento por já ter sido um humano, e achava que nunca compreenderia. Contudo, Elizabeth era a única que podia salvá-los e derrotar o Lúcifer, e mesmo que não quisesse gastar seus poderes, concluiu que era o certo a se fazer.

— Ajudaremos vocês — afirmou Hannah.

Sam, Dean e Castiel saíram daquele quarto isolado do bunker e guiaram os dois outros anjos até o quarto onde Beth descansava — ou melhor, lutava por sua vida. Ao ver a garota, Miguel tentou sentir compaixão, porém, apenas encarou aquele corpo pálido e imóvel. Os lábios da garota estavam roxos e rachados, como se ela estivesse mesmo morta. Mas não estava. Castiel sabia que ainda havia uma parte de Elizabeth lutando para viver, e ele ajudaria essa parte a vencer a batalha contra a parte dela que desejava desistir. Assim como Hannah, Miguel fazia aquilo por pura sobrevivência e para derrotar Lúcifer. Ele não sabia o que era compaixão.

Miguel se ajoelhou ao lado de Beth e olhou para Castiel e Hannah.

— Venham me ajudar — pediu.

Os dois anjos se aproximaram e os três colocaram as mãos na testa de Elizabeth.

— Isso pode ser um pouco perturbador — alertou Miguel, direcionando-se a Sam e Dean. Os dois se encararam, aflitos.

Miguel lançou um olhar para Castiel e Hannah e os olhos dos três anjos começaram a brilhar. Seus rostos se contorceram em dor e os olhos dos anjos passaram a iluminar o quarto inteiro, obrigando Sam e Dean a cobrirem os seus. O corpo de Elizabeth se ergueu e ela gritou, sentindo os efeitos da cura. Seus olhos transmitiram um azul brilhante e cristalino, que quase cegou Miguel, Castiel e Hannah. Eles seguraram a cabeça de Elizabeth ainda mais forte e seus olhos brilharam mais ainda. Ela fechou os olhos e os três anjos afastaram suas mãos da testa de Beth, levantando-se ao mesmo tempo.

— Ela se recuperará — disse Castiel, acalmando os Winchester. — Porém, pode levar um tempo para ela acordar. Conseguimos restaurar suas feridas.

Dean olhou para o corte na barriga da garota. Ele havia sumido.

— Ela é mais poderosa do que pensei. Viu os olhos? — questionou Miguel, olhando para Castiel. — Ainda mais brilhantes do que os seus.

— Eu nunca vi algo como aquilo em todas as minhas centenas de anos — confessou Hannah, em um sussurro.

Miguel suspirou e olhou para Castiel.

— Tenho que ir. Eu o vejo em breve, irmão — falou o arcanjo, sorrindo de canto e sumindo em seguida.

A sala ficou em silêncio, e logo Hannah pigarreou. Castiel guiou-a até a saída do bunker, mesmo que ela pudesse se teletransportar para outro lugar. Quando os dois chegaram lá, ficaram encarando um ao outro por um certo tempo, até que o silêncio foi quebrado.

— Por que confiou em mim, Castiel? Como sabia que eu não pioraria a situação? Eu já o deixei uma vez — ela franziu o cenho.

— Mesmo que tenha me deixado, você já me auxiliou contra Metatron, e isso foi o suficiente para que você receba a minha confiança.

As palavras do anjo em sua frente deixaram Hannah ainda mais confusa.

— Como é sentir?

— O quê? — indagou.

— Sempre tive muita curiosidade — desabafou ela, encarando a escada. — Você já foi humano. Como é amar alguém? Você parece amar aquela garota lá em cima. E não como… Aquilo… Você sabe. Mais como uma irmã. Como é o sentimento do afeto?

O serafim levou seu olhar até as escadas. Hannah estava certa. Elizabeth era mesmo alguém especial para Castiel, era como uma irmã para ele. Uma irmã que ele não ousaria perder e lutaria pela tal. Voltou a olhar para Hannah, transmitindo-lhe tranquilidade.

— Existem coisas que são impossíveis de serem explicadas. Como o amor. O afeto. São indescritíveis.

Hannah sorriu e olhou para baixo.

— Sentimentos são fraquezas — comentou, desafiadora.

— Está errada. São nossa força — rebateu Castiel, semicerrando os olhos. — Talvez um dia entenda.

Ela entortou a cabeça para o lado.

— Talvez. Ou talvez eu já entenda.

E em um piscar de olhos, Hannah desapareceu. Castiel continuou a olhar para o nada, pensando no que ela havia acabado de dizer. Os olhos azuis do serafim rolaram até o chão, e ele cutucou a barra do próprio sobretudo. O que significava aquilo e por que Hannah era tão curiosa? Isso perturbou perturbou o anjo mais do que ele desejava.

Dias se passaram e Elizabeth ainda não havia acordado. Castiel e os Winchester estavam a ponto de ficarem mais preocupados do que já estavam e Castiel não tinha certeza se a cura havia sido um sucesso e se Miguel estava certo, porém, o brilho dos olhos da garota indicavam algo — ou sua recuperação, ou sua morte.

Dean suspirou e subiu as escadas lentamente, segurando no corrimão e observando o corredor largo na sua frente. Ele olhou para trás e assim que se certificou que já era tarde o bastante e que ninguém o veria, deu um passo à frente para chegar ao seu destino.

Abriu a porta do quarto, fechou-a e caminhou até Elizabeth. Seu rosto ainda estava pálido, o rosado de seus lábios e bochechas era agora inexistente e seu corpo estava inerte, como se estivesse mesmo morta. O Winchester olhou para o relógio no móvel ao lado da cama e o mesmo marcava quatro horas da manhã. Posicionou a cadeira presente no quarto ao lado da cama com cuidado para não causar nenhum ruído e sentou-se nela, apoiando seus cotovelos em suas pernas. Cobriu a testa com a mão e bufou, cansado de repetir aquelas palavras todas as noites desde o dia que Miguel, Castiel e Hannah supostamente curaram Elizabeth.

— Oi… É, sou eu de novo. Você deve estar cansada de ouvir isso, certo? Eu sei que está ouvindo. Uma parte de você está acordada.

Silêncio. Nem mesmo um barulho sequer era escutado.

— Eu vim dizer que.. Essa será a última vez. Se amanhã você ainda estiver desacordada… Darei um jeito. Nem que eu tenha que vender minha alma para o próprio Lúcifer. E acredito que está se perguntando por que eu faria isso se a conheço há pouco tempo…

Dean a encarou. Um fio castanho avermelhado permanecia em seu rosto, imóvel. Ele balançou a cabeça e travou o maxilar.

— Não é importante só para o mundo, mas para Cas também. Para Sam. E… Para mim. Mais do que imagina. Então se por algum acaso a verdadeira Elizabeth que eu conheço está aí dentro, lute. Use todas as suas forças. Agarre a oportunidade. Não desista. Não por mim, mas pelo mundo. Por favor, Beth, acorde…

O silêncio prevaleceu e Dean abaixou a cabeça. Segurou a mão fria de Elizabeth e permaneceu ali. O que ele não esperava era a sensação de alguns dedos se mexendo em torno os seus.

Elizabeth

Apertei a mão dele o máximo que eu conseguia e lutei. Lutei contra a parte de mim que desejava desistir mais do que tudo e rugi para ela, mandando-a embora. Aquele era o meu destino, e eu tinha que lutar para atingí-lo.

Abri os olhos e senti o controle do meu corpo sendo entregado a mim mais uma vez. A dor da facada havia ido embora, e uma sensação esquisita indicava que o ferimento também. Virei a cabeça para frente e vi Dean me encarar, perplexo. Tudo que eu consegui fazer foi soltar a sua mão e abraçá-lo. De todas as vezes que eu já havia o abraçado, deduzi que aquela tinha sido a melhor.

Apoiei minha testa em seu ombro e senti algo. Meu estômago embrulhou e eu me lembrei da cena. Me lembrei do momento em que quase nos beijamos, e eu não sei o que deu em mim, mas quando percebi, já havia me afastado dele e me posicionado a centímetros dele. Também sem nem mesmo notar, eu o fiz.

Pressionei meus lábios contra os dele, sem nem mesmo saber o que eu estava fazendo. Segurei seu rosto e beijei-o, sentindo um calor invadir o meu corpo e a minha mente. Eu estava mesmo fazendo isso? E por que ele estava correspondendo? Por que ele segurava a minha cintura, como se eu estivesse certa em fazer aquilo? E por fim, por que eu estava gostando?

Afastei meus lábios dos dele e minhas mãos de seu rosto lentamente e abri os olhos. Ainda estávamos muito próximos, mas Dean parecia não se importar com isso. O que era aquilo que eu sentia, e por que ele me olhava nos olhos tão intensamente como fazia naquele exato momento?

— Por que fez isso?

Engoli em seco e senti gosto de bile. Ele havia gostado ou não? Isso me deixou confusa, e eu apenas pisquei.

— Impulso — respondi em um sussurro, sorrindo de canto involuntariamente. Olhei para baixo e ri pelo nariz. — Desculpe.

Levantei a cabeça para encará-lo e ele sorriu sem mostrar os dentes, revelando a beleza de seus olhos, como se ambos ficassem mais bonitos quando ele sorria. Pareciam mais duas esmeraldas. Ele ergueu as sobrancelhas.

— Esse foi o seu primeiro beijo?

Assenti, mergulhada em um mar de constrangimento — ou melhor, submersa.

— Nada mal — elogiou, sério.

Continuei encarando-o, tentando compreender porque diabos eu havia feito aquilo. Ele olhou para os meus lábios mais uma vez, e depois para os meus olhos. Ele não disse mais nada nem fez mais nada, apenas saiu por aquela porta e apagou a luz do quarto.

Eu observei o escuro e deitei o corpo na cama, mesmo não estando com sono. Eu provavelmente nunca mais iria conseguir olhar para ele, mas fiquei aliviada de aquilo ser memorável o bastante para espantar qualquer pesadelo que tentasse tomar minha mente.

***

Desliguei o chuveiro e saí debaixo da água quente, enrolando-me em uma toalha. Sequei o meu corpo, vesti os jeans e a flanela vermelha, calcei meus coturnos e fiz a minha higiene rapidamente. Deixei o banheiro e corri até o segundo andar, dando de cara com Sam e Dean em frente ao laptop de Samuel. Dean me encarou e eu coloquei as mãos dentro do bolso, tentando esconder o meu nervosismo.

— O que estão fazendo? — perguntei, tentando soar despreocupada.

— Procurando por Peste. E acho que temos uma pista — respondeu Sam, gesticulando para que eu me aproximasse.

Obedeci e me esgueirei no meio dos dois Winchester para poder enxergar a matéria estampada na tela do laptop. Gothenburg é assombrada por doença que mata cinquenta habitantes de uma vez só.

— É um cavaleiro? — franzi o cenho, observando a foto desagradável de uma paciente doente coberta de vômito.

— Sim — ele fez uma careta e desceu a página, fazendo a foto subir. — Isso é típico. Os cavaleiros pegam cidades pequenas e matam dezenas de pessoas em um só dia. Uma doença aparecer assim de repente e matar essa quantidade em uma cidade tão minúscula quanto Gothenburg é quase impossível.

— E se for um engano? — ergui as sobrancelhas.

— Voltamos para cá e continuamos a busca — concluiu Dean, saindo de perto e apanhando uma jaqueta que estava em cima da mesa. — Espero os dois no carro.

Dean simplesmente saiu pela porta e deixou-nos sozinhos. Olhei para Sam e recebi um olhar confuso. Dei de ombros e corri até a cozinha, pegando um copo de água. Eu não sabia se Castiel apareceria, mas preferia entrar em ação novamente. Ficar parada me enfraquecia.

Antes de seguir Dean, ouvi um pigarro assim que encostei na porta. Girei nos calcanhares e observei Sam arregaçando as mangas da camisa xadrez.

— Aconteceu algo entre você e Dean, não aconteceu?

— O quê? Não — menti, tentando soar convincente.

Ele riu baixinho.

— Eu consigo perceber, sabia? Conheço o que acontece depois e conheço e o olhar. Você e Dean possuem ele.

— Olha, não acon…

Naquele mesmo instante, fui interrompida por ele.

— Vocês se beijaram, não foi?

Fiquei em silêncio. Ele apenas sorriu e me seguiu para fora, onde Dean nos esperava. Entrei no Impala e encarei minhas mãos. As mesmas mãos com as quais segurei o rosto de Dean e o beijei. Me perguntei quando isso sairia da minha cabeça, e por algum motivo, talvez fosse porque ele estava muito distante, Dean pensava nisso também.

Nada mal, disse ele.

***

— E como vamos saber quem é Peste?

— Considerando que Guerra usou a mesma casca da última vez, algo me diz que Peste fará o mesmo. Basta irmos na sala de monitoração — respondeu Sam, abrindo a porta dos fundos do hospital.

Entrei sorrateiramente seguida pelos Winchester e olhei para trás, pedindo um guia. Sam passou na frente e se esgueirou, colado na parede, até o corredor. Assim que verificou que o mesmo estava vazio, gesticulou para que o seguíssemos e ele pediu a Dean que entrasse e distraísse o guarda das câmeras. Ele obedeceu.

— Oi, eu estou aqui pela minha vó. O nome dela é Eunice, Eunice Kennedy. Ela é baixinha, deste tamanho, usa fraldas… — ouvi ele dizendo e em seguida escutei o barulho de um soco. Me segurei para não rir.

Sam abriu a porta e entramos na sala, fechando a mesma em seguida. Dean arrastou o corpo do guarda até um pequeno armário dentro da sala e trancou. Sentamo-nos e observamos as câmeras que monitoravam cada canto do hospital.

Passadas três horas, já eram oito horas da noite e Dean não encontrava Peste. Também não havíamos percebido nenhum tipo de falha nas câmeras que acusasse algum indivíduo de cavaleiro. Estávamos prestes a desistir, até que Sam apontou para uma das gravações. O homem era velho, magro, alto e usava óculos quadrados. Quando ele chegou mais perto da câmera, ela começou a falhar na altura dos olhos dele. Peste.

Saímos imediatamente da sala e avançamos até o corredor onde Peste estava. Ao passarmos por um dos corredores, percebi que uma enfermeira me encarava. Suspeito, mas apenas ignorei.

Quando estávamos quase chegando, Sam e Dean urraram e foram ao chão, ambos tossindo sangue. Me ajoelhei para ajudá-los. Aquilo era obviamente obra de Peste, e como previsto, eu era imune. Ajudei-os a levantar e ambos se apoiaram em mim.

— Não acredito que caí nessa de novo. Maldito deja vú! — bradou Dean, com o resto das forças que possuía.

— Cale a boca e concentre-se em não morrer — ordenei, resmungando pelo peso dos dois irmãos sobre os meus ombros.

Manquei com os dois até uma sala e lá estava ele — Peste. Disse a Sam e Dean que se afastassem e cheguei perto dele, erguendo a mão para cortar sua garganta, mas ele também ergueu o braço e eu comecei a levitar e sufocar. Senti meu sangue subindo à minha cabeça e ele sorriu, entortando a cabeça para o lado.

— Olá, Elizabeth. É um prazer conhecê-la pessoalmente. É uma honra, aliás. Vejo que meus poderes não funcionam em você. É uma pena… Gostaria de fazer você sentir na pele, mas posso fazer você sentir algo semelhante. Sabe o que é?

— Vá se ferrar — sussurrei, sentindo meu ar se esvair.

— Mais boca suja do que pensei — debochou, erguendo as sobrancelhas. Me enchi de raiva, mas eu não era capaz de fazer nada, eu mal conseguia respirar. — Não será dessa vez que conseguirão meu anel, querida. Eu lhe garanto. Ponto para mim. Aliás, ainda ganho um bônus! A sua cabeça.

Ele apertou ainda mais sua mão e minha visão ficou turva. Comecei a subir mais no ar e sufocar mais ainda, e mesmo assim conseguia escutar a risada de Peste e as tossidas e lamentos de Sam e Dean. Eu precisava revidar. Lutei contra o seu poder e quando eu pisei no chão novamente, ouvi um resmungo vindo de Peste. Ele estava virado para trás, olhando para ninguém mais ninguém menos do que Crowley.

Crowley segurava o anelar de Peste e o cavaleiro virou-se para mim, revelando uma expressão raivosa.

— Isso não acabou — declarou, sumindo.

Peste não estava mais ali, mas o demônio usando o corpo de uma enfermeira ainda estava. Ele partiu para cima de mim e tentou me enforcar, assim como Peste, mas ele foi esfaqueado no mesmo instante e seus olhos brilharam. O corpo rolou para o lado e Crowley sorriu para mim, estendendo a mão para me ajudar.

— Você. O que quer aqui? — exigiu Dean, já de pé, fuzilando Crowley com o olhar. Sam apenas o encarava.

Crowley sorriu e limpou o sangue de demônio da faca, guardando-a em seu sobretudo preto. Olhou para mim e em seguida para os Winchester, fazendo uma careta.

— Acabo de salvar suas vidas e é assim que me agradecem?

— Com você há sempre um preço, Crowley. O que quer? — Sam perguntou, revirando os olhos.

Crowley pareceu ofendido, mas logo esqueceu.

— Satã roubou o meu trono. Quero ajuda.

Encarei-o, semicerrando os olhos. Antes, Crowley adoraria me matar. Agora, precisava da minha ajuda. Que irônico, pensei.

— Ajuda para quê? — desconfiou Samuel.

— Não é óbvio, alce idiota? Encontrar Lúcifer.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem reviews e eu juro que não vou demorar para trazer o próximo capítulo. Beijos de luz!

xoxo, M.W.



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