Dark suspirou com o ar do novo dia, ele tinha passado a noite em claro...Lucy também não havia dormido, como poderiam? O peso do assasinato pesava em suas cabeças, passaram a noite conversando sobre coisas diversas.
Mas quando o sol começou a raiar ambos se calaram.
O suspiro de Lucy cortou o silêncio.
– Provavelmente , ela deve estar bêbada em algum canto...Você não precisava ter ficado aqui... -Ela o encarou. Ele tinha o ar pensativo, estava sentado perto da porta da varanda, sentado no chão, e ela estava sentada em cima da cama de lençóis roxos, e estilo gótico.
Ele a encarou de volta, e sorriu sem perceber.
– Você não parece ter medo da sua irmã...- Ele murmurou, ainda a fitando.
–Eu deveria? - Ela retrucou -Sei do que ela é capaz mas não temo a morte...Não mais... -Ela acabou pensando alto.
Dark nunca tinha esquecido do episódio que passaram juntos na infância, talvez ela não lembrasse, mas isso não importava, desde daquele dia ele sentia grande empatia por ela.
–Sua vida é mais preciosa do que imagina...- Ele sussurou mas ele sabia que ela tinha escutado.
– Por que achas isso? - Dark desviou o olhar , corado, não deveria dirigir palavras poéticas para princesas...
– Dark, vidas de mulheres não são preciosas... Não aqui, porque eu vivo apenas para me casar com um conde qualquer e aumentar esse reino...- Dark não entendia o motivo dela não concordar em se casar com um nobre...Ela vivia em luxo e ainda assim se odiava... Sua primeira impressão foi que ela fosse mimada...Mas as pessoas mimadas querem coisas ... E ela negava coisas...
– Não entendo... - Ele suspirou - Se você casar-se com qualquer homem daquele salão você viveria em completo luxo... - Ela o encarou.
– Eu não quero luxo ... Eu quero liberdade... Quero poder liderar sozinha , quero poder escolher meu companheiro... - De certa forma essa resposta por si, já surpreendia ele - De preferência alguém que não me espanque ou me use como um objeto... - Ela murmurou.
Dark não entendia o porque, mas sorriu, esse espírito de uma princesa luxuosa querendo a liberdade que, na época, apenas as mulheres que escolhiam a liberdade de uma prostituta tinham... Mas ele conseguiu entender o que ela queria...Era o mesmo que ele sentia quando era servo de Kira...
– Eu te conheci à tão pouco tempo e já estou dizendo besteiras não estou? - Ela lamentou - Mas você me ouve melhor do que qualquer outra dama de companhia - Ela riu.
Dark encarou a paisagem do lado de fora... O Sol estava nascendo, precisava ir embora, pela manhã alguém o veria ali.
– Eu entendo o que sente... Acho que é por isso, mas por hora eu tenho que ir... - Ele se levantou.
– Não pode esperar? Digo, logo servirão café e bolos - Ao ouvir isso Dark segurou a fome que sentia, não podia ficar.
– Eu não posso ... Eu tenho que ir , no céu claro eu estou vulnerável... - Ela se levantou da cama e fez uma reverência com a cabeça.
– Entendo... - Dark se dirigiu à varanda e lentamente formou suas asas. - Haverá um outro baile essa noite...Caso queira vir... Seria bom uma companhia agradável naquele salão. - Ela sorriu.
Dark a olhou sobre os ombros , não pode deixar de notar que o cabelo dela contra o sol da manhã era uma imagem realmente magnífica.
– Eu... Adoraria ter mais um tempo para conversar com você - Ele quase se bateu quando disse isso, o que o tinha deixado tão poético? Essas palavras não devem ser ditas para qualquer um...Mas ele não negava que ela era uma dama.
Ela não respondeu, mas deu um sorriso sincero, mas com o olhar melancólico.
Ele não podia mais gastar tempo com palavras, bateu suas asas contra o chão, o que fez seu casaco se levantar um pouco, e se levantou no ar, suspirou, disse coisas que talvez ele não devesse...Deveria ter mais cuidado com o que dizia para ela...
Mas ela mudou muito depois do crime...Parecia depressiva... Parecia melancólica... Mas ele entendia o porque... Talvez porque soubesse que estava fardada a se casar com um dos barões violentos ou aos príncipes esnobes.
Ao contrário dele, ela não parecia ter escolha, Ele seguiu vôo para o Farol, onde era sua casa, do alto via que as pessoas se preparavam para suas longas 16 horas de trabalho em plantações, fábricas, navios...