Novamente Alice - Stories escrita por Sol


Capítulo 3
[Especial Tweedle's] Magia, vozes e proteção


Notas iniciais do capítulo

Yooo! ~Se esconde~ "Sinto que vou ser assassinada" Maaaass não façam isso, sou uma boa pessoa :) Ok agora vamos ao que interessa, diferente dos outros contos que postei aqui esse será um especial e ao todo poderá ter uns 3 caps, não sei ao certo :v Mas é por ai, vai contar um pouco da vida dos gemeos pimpolhos, nesse cap com 7 aninhos e esse primeiro é mais de apresentação mesmo, tanto do mundo em que eles viviam quando da vida que levavam.
OBs: Se Deus, que é Pai amém, ´permitir o cap 56 da fic sai logo, se querem saber eu só estou saindo de férias agora :/



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 Tweedledum

   Do alto do escorregador eu pude ver meu irmão executar sua brilhante ideia de tentar escalar pela parte da frente ao invés de subir normalmente pela escada como eu havia feito. Dee às vezes parecia um pequeno serzinho irracional, a princípio pensei que fosse um problema somente dele, mas depois, infelizmente, percebi que se tratava de um problema claramente comum entre nós: Pequenos projetos de adultos em evolução.

—Vai dar errado desse jeito! – Tentei argumentar, mas nada parecia fazer com que ele mudasse de ideia, suas pequenas perninhas tentavam, em vão, não deslizarem para baixo. — Crianças são tão... – Mas então me lembrei que, tecnicamente, eu também tinha sete anos.

Dee então se irritou e começou a tentar subir com mais motivação.

—Você podia desistir.

—Você pudia me ajuda! – Ele reclamou, erguendo as mãozinhas, eu suspirei e ergui a minha mão, ele começou a se esticar mais para me alcançar.  —Dum, se esfoça!

—Não dá mais que isso! – Resmunguei emburrado.

 —Eu vo caí! – Ele esperneou, esquecendo se de seu objetivo, a queda foi bem rápida e sua revolta mais ainda. Dee, como bom serzinho irracional, ao invés de se limpar, rolou mais na areia do parquinho, revoltadíssimo por não ter atingido seu objetivo.

  Comecei a rir incontrolavelmente, Dee se levantou, o rosto, o cabelo, as mãos e as roupas formavam um conjunto decorado com areia e ele se sacudia todo para tentar se limpar.

—Céus! – Minha mãe apareceu correndo, ela conversava com uma amiga a distancia e Dee havia se aproveitado disso para inventar moda, como sempre os longos fios negros dela estavam presos em uma trança, estava lindo, brilhante e sedoso, porém não foi poupado da chuva de areia que meu irmão causou ao sacudir o cabelo e chutar a areia do chão, revoltado. — Dee! Sabe que eu odeio que se suje assim e agora só piorou tudo, vai demorar muito para tirar toda essa areia de você.

—Posso ajudar com magia! – Me ofereci, inocentemente... Ou quase, já fazendo uma bolinha de ar com a mão e me aproximando do meu irmão, o cabelo dele começou se esvoaçar e ele começou a rir, tentando pegar a bolinha.

  Mas logo me arrependi quando minha mãe olhou ao redor para ver se a amiga estava distante o suficiente e logo pegou Dee pelo braço, batendo em minha mão e me forçando a parar.

—Já disse que não quero que fale nisso e muito menos use isso.

—Mas... Mãe... O que há de errado? – Montei um pequeno bico.

—Mas nada! Pensei que tinha deixado claro. Vamos embora!

  Emburrei a cara, os adultos às vezes esqueciam que eu não era como os outros projetos de adultos.

Odiava quando ela agia assim.

—E se eu quiser usar? – Retruquei, mas ela apenas segurou meu braço e saiu me puxando rapidamente para longe do parque.

~ # ~

—Derick isso não pode ficar assim. E se mais alguém visse? – Mamãe havia despejado nos ouvidos do papai todo o ocorrido no parque, eu estava sentado no sofá, bem no meio dos dois, no outro sofá Dee estava encolhido, quietinho, apenas observando a cena enquanto cutucava com o dedo do pé o notebook do papai.

―Dum, nós já conversamos não é mesmo? – Papai falou diretamente comigo, me fazendo encará-lo. ―Você não pode falar sobre isso para ninguém, é perigoso demais, você ainda é jovem e não entende os riscos.

―Mas papai eu sei... – Resmunguei e ele suspirou. —Sei que vocês não gostam disso por causa daquela guerra, eu sei de tudo, nós vivemos em Naish e Naish prefere a tecnologia e se isolou dos países de magia, eu sei isso.

―Dum, você sabe o que os livros contam, mas nunca esteve em uma guerra. – Ele segurou em meus ombros. ― Guerras iniciadas por causa de pessoas que insistiam nessa loucura, mas nosso país não foi feito para a magia, Dum, esqueça isso.

―Mas se nosso país não tivesse iniciado a guerra contra Neal talvez nem o papai e nem a mamãe precisassem agir assim. – Retruquei e mamãe imediatamente se levantou impaciente. ―Se Naish não tentasse destruir todos os portais de Neal essa guerra teria acabado. Por que não conseguem simplesmente viver em paz um com o outro?

―Dum, nós sabemos que você é um prodígio. – Mamãe rapidamente se adiantou a falar. ―Mas você tem que entender uma coisa: As pessoas têm medo.  A magia é algo antepassado. Mesmo que algumas pessoas nasçam com a magia isso não significa, e nunca vai significar, que seja algo bom.

―Por quê? – Dee se manifestou pela primeira vez, mamãe apenas parou e o encarou com consternação.

―Fala mamãe! – Pedi, com raiva. ―Eu já ouvi e sei que vocês também... Fala o que as pessoas acham de quem usa magia.

―Dum, pare de falar assim! – Ela mandou, segurando meu braço com força.

―Por quê? Ele vai acabar ouvindo mesmo!

―Chega, Dum! – Papai se levantou e nos encarou com uma expressão séria. ―Já conversamos sobre isso.

― Mas papai e eu? – Dee perguntou baixinho. ―Eu também posso usar magia. Mas você nunca me disse nada. – Ele resmungou manhoso.

―Não é assunto para ser tratado agora e esqueçam essa magia. Naish foi feito para cientistas, não magos! – E dizendo isso ele caminhou até a porta do nosso quarto e a abriu. ―Sua mãe e eu vamos ter que sair. Vocês dois fiquem no quarto, não saiam e nem abram a porta para ninguém.

―Mas papai... – Dee tentou novamente e eu segurei sua mão. Nosso pai apenas permaneceu em silencio. Então eu simplesmente o puxei para o nosso quarto.

~ # ~

—Eu sou azul... – Dee resmungou pela milésima vez, ele havia deitado na cama enquanto eu me sentei no tapete do nosso quarto, a princípio eu pensei que ele fosse dormir, mas depois ele começou a filosofar. —Mas você é roxo.  

  A vantagem dos meus pais não estarem em casa era que minha mãe geralmente deixava um celular de reserva para emergências, que é claro que não usávamos somente para emergências, eu o segurava em minhas mãos e tentava acessar uma pagina do Google, era difícil achar coisas uteis sobre magia, tudo o que tinham eram aqueles sites de gente viciada no assunto e coisas de livros de ficção e fantasia que já li escondido dos meus pais, mas nada tão legal e útil como os livros de Neal, mas meus pais sempre os escondiam de nós.

—Você é roxo... – Dee tornou a enfatizar, dessa vez começando a rodar pela cama. —Dum...

—O que?

Mas ele nada disse, então voltei meu foco a pesquisa.

—Dum... Dum...

—Que? – E novamente ele não disse nada.

—Dum...

   Permaneci em silencio, havia achado um site interessante sobre o país das maravilhas.

—Dum! – Dessa vez ele chamou mais alto e ouvi quando pulou da cama. —Dum!

    O site era apenas sobre aquele livro de sempre, o livro que meus pais tinham me proibido de ler, que era sobre o país das maravilhas.

—Dum!

 Mas é claro que eu havia lido, bibliotecas servem para esse tipo de coisa, por sorte meus pais demoraram a perceber que eu já sabia ler livros, comecei a ver algumas imagens.

—Dexa eu joga um joguino?

  Quase deixei o celular cair quando a cabeça daquele serzinho entrou na minha frente.

 —Deus do céu, não! Estou estudando.  - Dee se ajoelhou ao meu lado e começou a lentamente cair em cima de mim, deitando a cabeça no meu ombro e me empurrando para o chão. —Dee, sossega! Você não consegue ficar quieto um segundo?

—Nun tem nada pa faze e você nu me ensina mais magia! – Ele se emburrou e eu suspirei entregando o celular para ele.

—Isso se chama hiperatividade sabia? – Resmunguei, mas ele havia focado no celular e esquecido de mim.

  Desisti da luta e decidi eu mesmo ir para a cama, talvez dormir me fizesse bem, não gostava de me irritar com meus pais, mas eu queria poder parar de me sentir tão mal por poder usar magia, queria poder parar de pensar que eu os decepcionava cada vez que tocava nesse assunto e eu queria não ter tanta consciência de mim mesmo, não agora, deitei na cama e comecei a encarar meu irmão, queria ser um pouco como ele ás vezes.

Fechei os olhos, já sentindo o cansaço me abater, é realmente dormir não seria uma má ideia...

—Não... Não. – Ouvi a voz de Dee novamente, dessa vez como um sussurro, permaneci de olhos fechados. —É alto! – Ele resmungou e ouvi seus passos, com quem estaria falando? —Isso vai deixa o papai brabo.  – Ele parecia meio choroso e comecei a me preocupar mais. —Mas... Eu posso sim! Eu uso magia também... Tá! Então tá.

  Pensei um pouco, se eu abrisse os olhos agora ele desistiria da ideia, mas em compensação ele nunca me contaria o que aconteceu, mas algo ruim poderia acontecer.

 Trinquei os dentes e abri os olhos, rapidamente me levantando, olhei por todo o quarto e nada do meu irmão, comecei a tremer um pouco, sentindo as lágrimas apontarem.

—Uoou! – Ouvi a voz dele vinda da direção da varanda do nosso quarto, meu desespero aumentou, corri até lá e olhei para baixo, esperando o pior.  —Dum! – Ouvi o resmungo vir de cima, e não posso dizer se senti o desespero ou um pouco do alivio aumentar quando o vi pendurado, segurando com as duas mãos na beirada do telhado. —Dum! Não quero mais brincar disso! – Os olhinhos dele já estavam se enchendo de lágrimas.

—Céus! Dee! O que é isso?

Precisava pensar em algo, algum jeito de tirar ele de lá.

—Elas mandaram... – Meu irmão gritou entre lágrimas.

  —Calma Dee, vou te tirar dai, só espera um pouco, só deixa eu pensar. – Olhei ao redor, nosso quarto tinha muita coisa: Brinquedos, cadernos, livros, travesseiros, mas nada disso era útil no momento. Respirei fundo, tentando não surtar. —Pensa! Pensa! – Murmurei comigo mesmo.

—Dum! Me ajuda!

—Deus! Deus! O que eu faço? – Eu estava quase redando de um lado para o outro quando uma ideia passou pela minha cabeça. —Certo! – Me voltei a ele. —Dee, fecha o olho e confia em mim, faz tudo que eu disser, mas confia em mim.

  Ele não disse nada, apenas fechou os olhos e se encolheu um pouco, eu suspirei e ergui as mãos, sentindo a direção do vento, me concentrei o máximo que podia em salvar ele, em trazer ele de volta, em não deixar ele se machucar.

  Senti a energia sair de mim e o vento se acumular, era como uma corda, se não fosse pela agitação do vento pareceria invisível. Fiz com que a corda fosse lentamente até Dee, enrolando em suas pernas e passando por sua cintura e seus braços.

—Ok! Dee, agora pode soltar.

—Dum...

—Confia em mim.

  Ele, ainda de olhos fechados, soltou as mãos e eu comecei a trazê-lo para baixo calmamente.

  Quando os pés dele tocaram o chão eu pude lembrar como se respirava, meu irmão imediatamente começou a chorar mais, se ajoelhando no chão, eu quis chorar junto, mas me contive em me ajoelhar ao lado dele e o abraçar.

—Esta tudo bem agora. – Sussurrei, tentando acalma-lo.

—Eu ouvi... Ouvi vozes... – Ele soluçava enquanto falava. —Não quelo ouvi mais... Não... Não quelo.

—Tudo bem! Estou aqui, vou te salvar sempre que precisar.

—Jura? – Ele enxugou algumas das próprias lágrimas, eu sorri e assenti.

—Para sempre. – Voltei a confirmar, tentando passar alguma confiança, Dee me abraçou mais forte, chorando baixinho.

   Era sempre assim, ele se enfiava em algum problema e eu me desesperava, no fundo eu sempre senti que minha função era protegê-lo, do que exatamente era o que eu precisava descobrir.


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Notas finais do capítulo

OH GOD CELULAR? NOTEBOOK? GOOGLE? OQ? OH GOD!
ok parei de fogo, e sim é isso mesmo que vocês leram, ah nunca pararam para pensar em onde Naish havia se enfiado? É só raciocinar um cadinho, ;) Onde mais o país da ciência e da tecnologia poderia estar? ahahah
Obs: Mdss o Dum pensa como um adulto? Psé, ele sempre fez de tudo para ser criança só na aparencia mesmo.
Obs2: Antes que me perguntem os portais permitem a transição entre mundos e épocas distintas e por muitos anos o país que tinha o domínio sobre os portais foi Naish.
Amém? Amém!
Até o prox capitulo! (Aqui ou na fic ;) )
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