As Demoras de Floyd escrita por Majora Rollins


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

- Agradeço por estar aqui. Vejo que a minha sinopse o agradou.

— Espero que goste do capítulo e que Floyd Louis Williams o agrade tanto quanto agradou a mim. ♥

— Tenha uma boa leitura e se gostar do capítulo, deixe sua opinião. ♥



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Durante o meu ensino médio em uma das escolas publicas da cidade do Kansas, passei por coisas bem estranhas e questionáveis a mim. Todos os meses, precisamente na segunda sexta feira do mês, o time de futebol da escola leiloava as lideres de torcidas para arrecadar fundos para algum projeto futuro. Os valores iam de vinte dólares à cem ou cento e cinquenta, no máximo. Quem conseguisse a líder de torcida por tal valor, iria a um jantar romântico onde poderia conversar com ela e torcer para não ter refrigerante jogado em sua cara. Eu nunca gostei desses leilões. A euforia das pessoas me assustava um pouco. Era como se aquelas belas garotas, com seus pompons e saias curtas, fossem pedaços de carne e o melhor, seriam comidas em um churrasco no final de semana. Perguntei a minha mãe se um dia ela foi leiloada. Ela se assustou. Perguntou-me de volta por que eu estava a questionando sobre aquilo, então a respondi sobre os leilões na minha escola. Ela ficou furiosa, me proibiu de participar dos leilões e que eu nunca comprasse uma das garotas. Elas não eram objetos para serem compradas. E minha mãe tinha toda razão.

Quando sai da escola especial — aos dezesseis anos — para uma escola de pessoas normais, me senti muito, mas muito indiferente. As pessoas me olhavam torto pelo jeito que eu andava, as garotas davam risadinhas incomodas e os valentões me chamavam de retardado. Eu nunca me importei, pois sabia que aquelas pessoas eram invejosas e não tinham o dom especial que eu tinha.

Nas aulas de álgebra, eu tinha dificuldades com os números. Não entendia ao certo o que os livros queriam dizer sobre achar o X ou Y. Aquilo incomodava o meu professor, senhor Adam Trevor. Um senhor gorducho, careca, bigode branco e de penetrantes olhos verdes. Ele tentava ter paciência comigo, mas as minhas notas baixas não permitiam. Nas aulas de história, sempre questionava minha professora Rebecca Summer. Eu ficava deslumbrado com alguns fatos históricos como guerras e os ditos tratados de paz. Ela ficava feliz por ver que alguém estava interessado em sua aula. A senhorita Summer era muito gentil, educada e sempre me dava chocolate quando eu era o último a sair da sala. Fiquei triste quando a demitiram depois de saberem que ela trocava beijos com um aluno do último ano do ensino médio. Ele foi expulso da escola e dizem que apanhou muito de seus pais depois de tudo.

Alguns diziam que a senhorita Summer foi presa, mas logo foi solta por pagar fiança num valor muito alto. Seu marido terminou o casamento de quatro anos e então, a senhorita Summer nunca mais lecionou ou teve outro marido.

Nas aulas de educação física, eu era o último a ser escolhido para participar dos times de futebol, vôlei e basquete. Eu era muito bom jogando futebol. Toda vez que eu tentava fazer gol, eu fazia gol, o que deixava o técnico, senhor Fritz, interessado em mim.

— Você jogou muito bem, Floyd. — disse ele dando tapinhas nas minhas costas depois de uma partida. Eu apenas levantei meu polegar e prensei meus lábios um ao outro, numa tentativa de sorriso. Não conseguia pensar em nada para responder, meu raciocínio não permitiu. Não sou bom com conversas longas e aquela seria uma conversa longa.

O técnico ficou me olhando, sorrindo, a espera de uma resposta. Eu peguei minha toalha e minha garrafa de água com o simbolo de uma marca esportista. E sai com os outros rapazes da minha turma. Naquele dia, ir ao vestiário não foi muito bom. Roubaram minhas roupas e aquilo deixou o técnico furioso. Deu suspensão ao capitão do time, responsável pelo roubo das minhas roupas e gritou para ele nunca mais repetir tal atitude, caso contrário, seria expulso do time.

Eu não me senti mal pelo técnico ter brigado com o capitão do time, Eddie Groom, mas também não me senti feliz.

Em meio aos acontecimentos da escola normal, em um dos leilões do mês de novembro, eu estava sentado bem ao fundo, nas últimas cadeiras desconfortáveis do ginásio da escola, bem próximo a porta de entrada e saída. Uma garota de pele castanha e cabelo preso em um rabo de cavalo, tipico das lideres de torcida, subiu ao palco montado. Dois garotos que estavam sentados a minha frente começaram a assoviar e gritar palavras como "gostosa", "delicia" e "quente". Com isso, uma mare de palavras semelhantes começou a surgir naquele ginásio. Minha cabeça começou a doer. Sai daquele lugar com as mãos nos ouvidos, sendo seguido pelos olhares de um dos professores. Ele perguntou se eu estava bem e eu respondi que só queria ir para casa.

Quando cheguei em casa, minha mãe perguntou o que eu estava fazendo nos leilões da escola. A sua voz era brava e eu só conseguia ficar de cabeça baixa. Ela sentou do meu lado na cama e repetiu para eu nunca mais frequentar os leilões. E eu então prometi que nunca mais voltaria.

Os muitos dias que fui para escola normal eram os mesmos. Ainda me chamavam de retardado, mas um novo xingamento havia surgido, doente mental. Haviam momentos em que eu ficava chateado, triste e me trancava no banheiro masculino, como as meninas que sofriam bullying.

— Onde está aquele retardado do Floyd? — gritou Eddie Groom pelo banheiro masculino. Ele parecia furioso.

Naquele dia fui para a enfermaria com um olho roxo e sangue saindo pela minha boca. Apanhei de Eddie Groom, por mentiras inventadas pelo pessoal da escola normal. Eles disseram que eu estava dando em cima de sua namorada, Emma Burns. Ela mesmo desmentiu, dizendo que tudo não passava de uma brincadeira de mal gosto dos seus colegas, mas em uma insistência de um de seus amigos, Eddie acabou acreditando e eu acabei apanhando.

— Seu retardado! Idiota! Burro! Imbecil! Doente mental! Isso é para você aprender a não mexer com a namorada dos outros, seu lerdo!

Meu corpo ficou em baixo de uma das pias do banheiro masculino. Eu estava tendo espasmos e aquilo assustou um garoto mais novo que eu, que havia acabo de urinar. Ele chamou o zelador enquanto Eddie Groom e seus amigos saíram correndo do banheiro. Eu fui carregado até a enfermaria e fiquei com medo de dizer quem me bateu para o diretor.

— Floyd, quem bateu em você? — era a sexta vez que ele fazia aquela pergunta. Ele estava preocupado, assim como a enfermeira e o zelador.

Eu permaneci quieto. Não movia nada alem do meu globo ocular. Aos poucos o diretor ficava impaciente e então pediu para o zelador chamar o aluno mais novo que eu, para responder a sua pergunta.

— Você! Quem bateu em Floyd Williams? — perguntou o diretor em um tom mais alto que as perguntas feitas para mim.

— Edward Groom, senhor diretor. — o garoto respondeu.

— Quero esse moleque na minha sala, agora! — gritou o diretor.

O diretor saiu furioso da enfermaria. Eu ainda fiquei sob os cuidados da enfermeira, senhorita Young, ela tinha um sorriso gentil e pele macia. Ela parecia ser japonesa, até me explicar, em uma segunda visita a enfermaria, que era americana. Apenas sua mãe era japonesa e seu pai americano, dono de uma revendedora de carros usados, que ficava no centro da cidade do Kansas.

Minha mãe foi na sala do diretor depois daquele ocorrido. Ela falava muito alto com ele. O diretor só sabia pedir desculpas e que nunca mais se repetiria tal atrocidade comigo. Os pais de Eddie Groom não sabiam o que dizer a minha mãe. A senhora Groom pediu sinceras desculpas enquanto segurava a mão da minha mãe. O senhor Groom fez a mesma coisa, mas não havia dito a palavra sincera antes de pedir desculpas. Eddie Groom foi suspenso e aquilo deixou o time de futebol da escola desfalcado. O técnico tentou me recrutar, mas eu disse que no momento não estava disponível para jogar. Ele pareceu triste, mas depois de duas horas, ele conseguiu alguém que substituísse Eddie Groom.


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Notas finais do capítulo

- Obrigada por ler. *--*



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